"MY ASIAN MOVIES"マイアジアンムービース - UM BLOGUE MADEIRENSE DEDICADO AO CINEMA ASIÁTICO E AFINS!!!

segunda-feira, maio 31, 2010

Peking Opera Blues/Do ma daan – 刀馬旦 (1986)

Capa

Origem: Hong Kong

Duração aproximada: 104 minutos

Realizador: Tsui Hark

Com: Brigitte Lin, Cherie Chung, Sally Yeh, Kenneth Tsang, Wu Ma, Paul Chun, Mark Cheng

Ling e Cao Wan

“Ling e Cao Yan”

Sinopse

Em 1913, o general Yuan Shikai tomou o poder após a queda da monarquia ilustrada na dinastia Qin. Yuan precisa de uma grande quantidade de dinheiro proveniente dos governos europeus para se manter no poder, e o general “Cao” (Kenneth Tsang) ajuda-o a tomar providências para segurar os empréstimos. Contudo, a filha de “Cao”, “Cao Yan” (Brigitte Lin) está aliada aos rebeldes que se opõem à ditadura militar, e conspira para furtar ao pai os documentos que comprovam o negócio com as potências ocidentais.

Sheung Hung

“Bai Niu”

Durante o seu plano para sonegar ao pai os acordos que titulam os empréstimos, “Cao” inesperadamente conhece duas mulheres. Uma é “Bai Niu” (Sally Yeh), a filha de “Wong” (Wu Ma), que dirige uma companhia de ópera chinesa, onde só são admitidos homens em respeito pela tradição. “Bai” não se conforma com este costume, pois ela adora representar e adoraria ser uma actriz profissional. A outra companheira que não estava nos planos é “Hong” (Cherie Chung), uma fura-vidas que se embrenha na companhia de ópera, de maneira a recuperar uma caixa cheia de jóias de grande valor. As três mulheres envolvem-se ainda mais na intriga política, quando travam conhecimento com o espião “Ling” (Mark Cheng), e todos juntos travam uma luta para evitar que o regime corrupto que domina a China leve a sua avante.

Hong

Hong”

Review”

Quando existem referências às grandes obras produzidas pelo cinema de Hong Kong, e foram muitas, em quase todas aparecerá inapelavelmente “Peking Opera Blues”, considerado um dos expoentes máximos do conhecidíssimo Tsui Hark. Efectivamente, um dos pontos fortes desta película passa pela grande e feliz mistura de géneros, que o realizador de origem vietnamita conseguiu urdir. O filme encontra-se imbuído de referências históricas de um período importante e delicado da história chinesa, assim como passeia pelos caminhos da intriga política, do drama, do romance, deambulando ainda pela comédia e uma dose apreciável de acção.

Efectivamente, o período onde decorre a trama de “Peking Opera Blues” é deveras interessante para aqueles que se interessam e apreciam a componente da ciência histórica na sétima arte. Como já foi aflorado na sinopse, a China vivia uma altura onde a monarquia milenar tinha tombado há poucos anos, e o general Yuan Shikai tinha tomado o poder, governando como o primeiro Presidente da República. A questão é que Shikai enveredou por uma orientação autocrática, tendo a certa altura tentado reviver o império chinês, onde chegou a declarar-se imperador. Esta atitude revelou ser potenciadora de rebeliões, um pouco por todo o Império do Meio, onde se revelou nesta altura o conhecido Sun Yat Sen. É pois nesta época conturbada, retratada por Tsui Hark com algum rigor e espectacularidade, que decorre a acção desta longa-metragem.

As 3 amigas

As 3 aventureiras”

Feito o pequeno enquadramento histórico, o pano de fundo da trama decorre essencialmente na ópera chinesa, onde é denotada uma abordagem muito interessante, como momentos muito apreciáveis. Mas onde existe um “glamour” muito próprio e associado a esta arte, igualmente há lugar para a paródia. Os homens por vezes parecem muito efeminados (relembramos que às mulheres naquela altura não era permitido representar) assim como por sua vez as raparigas têm de se fazer passar por homens, de forma a que lhes seja dada a oportunidade de actuar num palco. A acção, a cargo do quase insuspeito Ching Siu Tung, tem momentos verdadeiramente espectaculares, quer a nível do domínio das artes marciais, como dos duelos com armas de fogo. O entretenimento, com margem para dúvidas mínimas está bem conseguido. Por sua vez, a caracterização da época e das personagens, constitui um dos pontos fortes de “Peking Opera Blues”. Tudo cuidado, com muito atenção aos pormenores e um guarda-roupa portentoso, em especial as vestes dos intérpretes da ópera chinesa.

Os actores exibem-se no plano que lhes é exigido e pouco mais. No entanto, e não obstante ser conhecida a minha admiração pessoal pela actriz, a verdade é que Brigitte Lin mais uma vez marca a sua presença e destaca-se dos restantes intervenientes. A versátil actriz de Hong Kong, que muitos clamam pelo seu regresso, confere uma personalidade muito própria a “Cao Yan”, a filha rebelde do general, e ainda tem tempo para dar um ar da sua graça no que mais a celebrizou nos filmes, ou seja, a exibição de artes marciais.

Apesar de não concordar com aqueles que colocam “Peking Opera Blues” como uma das melhores películas de sempre do espectro de Hong Kong, forçosamente terá de ser admitido que estamos perante uma longa-metragem com uma qualidade acima da média e que terá de constar na galeria dos filmes notáveis da região administrativa chinesa, nem que seja pela sua importância histórica. A sua miscigenação feliz de predicados assim o exige, e nós na qualidade de fãs, nada temos a opor.

A conferir!

Ópera chinesa

Fabulosa caracterização na ópera chinesa”

imdb 7.6 em 10 (969 votos) em 31/05/2010

Avaliação:

Entretenimento – 8

Interpretação – 7

Argumento – 7

Banda-sonora – 7

Guarda-roupa e adereços – 9

Emotividade – 8

Mérito artístico – 8

Gosto pessoal do “M.A.M.” – 7

Classificação final: 7,63

 

domingo, maio 30, 2010

Beldades da Cultura Asiática - Yui Aragaki








Mais informações acerca desta fascinante actriz e modelo japonesa, AQUI.

domingo, maio 23, 2010

The Taste of Tea/Cha no aji - 茶の味 (2004)

Capa

Origem: Japão

Duração aproximada: 142 minutos

Realizador: Katsuhito Ishii

Com: Tadanobu Asano, Maya Banno, Takahiro Sato, Satomi Tezuka, Tatsuya Gashuin, Tomokazu Miura, Tomoko Nakajima, Anna Tsuchiya, Ikki Todoroki, Ryo Kase, Ken'ichi Matsuyama, Hideaki Anno, Saki Aibu

Hajime e Aoi

Aoi e Hajime”

Sinopse

Na rural Tochigi, a norte de Tóquio, a aparentemente corriqueira família “Haruno”, tem alguns aspectos que fogem do lar convencional.“Nobuo” (Tomokazu Miura) é um terapeuta que usa a hipnose para tratar dos seus pacientes. A sua esposa, “Yoshiko” (Satomi Tezuka), está a dar tudo o que tem para voltar ao seu emprego de antigamente, uma profissional ligada aos desenhos animados. O idoso patriarca da família “Akira” (Tatsuya Gashuin), que evidencia laivos de senilidade, faz tudo para ajudar “Yoshiko”, fazendo poses estranhas e até cómicas.

Em meditação

A família em sessão de meditação”

Por sua vez, o inseguro adolescente “Hajime” (Takahiro Sato) encontra-se apaixonado pela sua nova colega “Aoi” (Anna Tsuchiya), e junta-se ao clube de “Go/igo” da escola, de forma a se aproximar mais da rapariga. A pequena “Sachiko” (Maya Banno) tem problemas que nada têm de normal, pois vê-se permanentemente acompanhada por uma visão gigante da sua própria pessoa. Por fim, o solteirão “Ayano” (Tadanobu Asano), irmão de “Yoshiko” e tio de “Hajime” e de “Sachiko”, um desenhador de manga e técnico de som, encontra um antigo amor da sua vida “Terako” (Tomoko Nakajima), que se encontra prestes a casar.

Sachiko e a visão

Sachiko e o seu clone gigante”

Review”

Quem lê a sinopse acima exposta, facilmente se apercebe que “The Taste of Tea” é na realidade um conjunto intrincado de tramas, onde cabe dizer que o signo do surreal marca muitas vezes a sua posição. Muitas vezes, de um ponto de vista exterior, muitas famílias podem ser perfeitamente normais, conseguindo algumas o feito de parecerem mesmo o grupo de pessoas ideal para viverem juntas e partilharem a sua vida em comum. Mas se tomarmos um contacto mais próximo com esse núcleo, não amiúde descobriremos que certas características, por vezes excêntricas, tornam aquela família única, para o bem ou para o mal.

Em “The Taste of Tea”, as experiências de cada um dos membros da família são cuidadosamente desfiladas perante o espectador, onde um grande número de situações ditas mais corriqueiras, são por vezes tratadas com uma loucura surpreendente que anima muito a película. Pense-se nas imagens do clone gigante de “Sachiko” o comportamento do ancião da família “Akira”, ou a perfeitamente lunática interpretação da canção “Yama yo” (Ó Montanha!). Contudo, esta forma alienada de apresentar a história, não afugenta o espectador desta longa-metragem, mas possui precisamente o efeito contrário. Aproxima-o efectivamente das personagens e dos seus dilemas, prendendo a nossa atenção na forma como as mesmas lidam com os seus dilemas. O argumento (existe quem defenda que o mesmo não existe, mas eu discordo) é extremamente dotado de pertinência e originalidade, que nos dará pano para mangas para reflectirmos serenamente sobre muitos aspectos vivenciais, do foro familiar, mas não só. Tem o condão de provocar a nossa teorização acerca do amor, da amizade, dos laços que nos prendem à terra e de muitas outras situações com as quais nos deparamos ao longo do nosso dia-a-a-dia e da vida em geral. Se alguma crítica de maior pudesse ser feita neste particular, seria apenas ao pouco desenvolvimento que a relação amorosa entre “Ayano”, interpretado por Asano, e “Terako”, a cargo de Nakajima, mereceriam.

Actuação pouco convencional

“Yama yo, uma actuação que nada tem de convencional”

O elenco posiciona-se de uma forma bastante positiva. A pequena Maya Banno interpreta uma adorável “Sachiko”, cujos problemas de criança nada têm de convencional, e de uma forma corajosa tenta supera-los sem importunar ninguém. O casal composto Takahiro Sato e a bela e sexy Anna Tsuchiya, dão corpo a uma história de amor marcada por algum platonismo, mas que enternece aqueles mais sentimentalistas. O outro casal, formado por Tomokazu Miura e Satomi Tezuka, no papel de chefes da família, possuem uma postura equilibrada que serve bem o que lhes é pedido. Quanto a Tadanobu Asano, o normal, ou seja, situa-se num plano muito acima da média. É impressionante o carisma que um dos melhores intérpretes japoneses da actualidade detém. A fatia maior da comicidade pertencerá ao veterano actor Tatsuya Gashuin, que nos faz arrancar algumas gargalhadas com as suas posturas mirabolantes e actos sem sentido nenhum.

Dotado igualmente de uma cinematografia belíssima, e cheia de pormenores ricos espalhados um pouco por toda a película, “The Taste of Tea”, a terceira obra do realizador japonês Katsuhito Ishii, aposta em premissas interessantes, que fazem deste filme um objecto a seguir muito atentamente.

Hajime

Hajime sofre com a despedida”

imdb 7.8 em 10 (2.178 votos) em 23/05/2010

Avaliação:

Entretenimento – 7

Interpretação – 8

Argumento – 9

Banda-sonora – 8

Guarda-roupa e adereços – 7

Emotividade – 8

Mérito artístico – 9

Gosto pessoal do “M.A.M.” – 8

Classificação final: 8

domingo, maio 16, 2010

Beldades da Cultura Asiática - Noriko Aoyama











Mais informações sobre esta beldade estonteante do país do sol nascente, AQUI.

segunda-feira, maio 10, 2010

JSA - Joint Security Area/Gongdong gyeongbi guyeok – 공동경비구역 (2000)

Capa

Origem: Coreia do Sul

Duração aproximada: 110 minutos

Realizador: Park Chan-wook

Com: Lee Yeong-ae, Lee Byung-hun, Song Kang-ho, Kim Tae-woo, Shin Ha-kyun, Christoph Hofrichter, Herbert Ulrich, Gi Ju-bong, Kim Myoeng-su, Kim Tae-hyeon

Major Sophie Jean

Major Sophie Jean”

Sinopse

Na zona desmilitarizada que separa as duas Coreias antagonistas, disparos soam numa fria manhã de Outubro. Momentos depois, o sargento sul-coreano “Lee So-hyeok” (Lee Byung-hun) emerge ferido do lado norte-coreano, e uma troca acesa de tiros deflagra dos dois lados da fronteira. A tensão cresce entre os dois países vizinhos, mas ambos concordam em entregar a uma comissão independente, a investigação do caso. A tarefa é entregue à Comissão Supervisora das Nações Neutrais (CSNN), um organismo europeu composto pela Suíça e a Suécia. A CSNN envia a suíça descendente de coreanos, Major “Sophie Jean” (Lee Yeong-ae), conferindo-lhe a missão de apurar o sucedido.

O sargento Lee So-hyeok

O sargento Lee So-hyeok”

Duas teses se debatem. Os sul-coreanos defendem que o sargento “Lee So-hyeok” foi raptado pelas forças inimigas, e que teve de matar dois soldados das forças norte-coreanas, de forma a poder fugir. Por sua vez, os norte-coreanos entendem que “Lee So-hyeok” atravessou deliberadamente a fronteira de forma a matar os dois soldados norte-coreanos e ferindo um terceiro, o sargento “Oh Kyeong-pil” (Song Kang-ho). Perante um mistério intrincado e cheio de factos contraditórios, caberá à Major “Sophie Jean” descobrir a verdade e evitar um novo conflito entre as duas Coreias.

O sargento Jeong Woo-jin

Soldados norte-coreanos”

“Review”

Park Chan-wook, o realizador da espectacular trilogia da vingança, trouxe-nos no virar do século um dos maiores êxitos de sempre da cinematografia sul-coreana, cujo enredo versa acerca do tema mais sensível que se pode tratar naquelas paragens: o antagonismo e divisão entre as duas Coreias. O impacto desta película foi tal que o dvd chegou a ser mostrado pelo presidente sul-coreano de então, Roh Moo-hyun, ao seu homólogo norte-coreano, Kim Jong-ill. Por sua vez, o realizador Quentin Tarantino, sempre sensível às produções asiáticas, chegou a eleger “JSA”, como um dos seus 20 filmes preferidos realizados após 1992.

Porventura não será fácil tratar de um aspecto tão polémico como a divisão das Coreias, em dois regimes tão opostos e que nasceram do sangue de dois povos que na realidade são irmãos. A realidade não é nova na cinematografia sul-coreana, e existiram diversas abordagens ao problema, umas pró-união, outras de cariz mais divisionista e contra o regime musculado norte-coreano, que muitos reputam como a ditadura mais extrema do mundo. Não cabe aqui tomar partidos, mas apenas referir que “JSA” envereda mais pelo primeiro diapasão, ou seja, o do nacionalismo favorável a uma unificação coreana e a um caminho que se descobre do individual para o geral. A mensagem passa para o espectador a partir das pessoas isoladamente consideradas, ou através de um pequeno grupo de indivíduos, evitando-se qualquer tipo de massificação ideológica.

Fogo

As minas rebentam”

Park Chan-wook tem o mérito de manter uma saudável neutralidade na forma como aborda a questão do conflito coreano, mantendo uma saudável distância entre o tomar partidos, não abdicando de expor as razões de ambas as partes. Contudo, e julgo não estar muito longe da verdade, Chan-wook parece pertencer à facção da população que almeja assistir um dia à união das duas Coreias. Vários sinais apontam nesse sentido ao longo do filme, destacando a maneira escorreita como é permitida a crítica aos Estados Unidos da América e à sua influência marcante sobre a Coreia do Sul. A amizade entre os soldados de ambas as Coreias, explanada como uma esperança exteriorizada de reunificação dos dois países, muito induz a esta conclusão. Como acima aflorado não existe uma tentativa de educação política do espectador, nem qualquer tentativa de sublimação da ideologia comunista norte-coreana perante o capitalismo sul-coreano e vice-versa. Apenas e tão-só, através de indivíduos olhados singularmente, são escorridas as razões de uns e outros para agirem como agem, ou fazerem o que fazem.

A cinematografia é belíssima e é-nos mostrada uma perspectiva muito abrangente da zona desmilitarizada que separa as duas Coreias, conseguindo a linha divisória e a ponte “sem retorno” transmitir-nos alguma tensão. As cenas invernais, em especial a neve, proporcionam momentos de grande beleza, e os “flashbacks” estão muito bem filmados e inseridos na trama, conferindo o efeito “Rashomon” que tantos gostam e que eu aprecio particularmente. Os actores, de grande quilate na cena cinematográfica sul-coreana, exibem-se em bom nível, destacando-se neste particular Lee Byung-hun, no papel do Sargento “So-hyeok”, e o grande Song Kang-ho, actualmente um dos meus intérpretes de eleição, na representação do norte-coreano “Kyeong-pil”. A actriz Lee Yeong-ae não consegue estar ao nível dos outros actores principais, mas não por sua culpa. Aqui as responsabilidades terão de ser assacadas ao realizador Park Chan-wook. Nota-se que Yeong-ae não possui um bom domínio da língua inglesa, assim como não parece ser muito credível que uma mulher tão nova, já possua uma patente elevada como a de major.

“JSA” é um filme essencial para compreender as emoções de ambas as partes e as razões para o conflito entre as duas Coreias, assim como é um dos obrigatórios para quem quiser conhecer um pouco do melhor cinema que se faz na Coreia do Sul. Como qualquer filme sul-coreano que se preze, não consegue fugir a algum dramatismo forçado, principalmente no epílogo, como é natural. É uma película dotada de grande profundidade e interesse histórico e embora o seu enredo pareça algo limitado (gira unicamente em torno do incidente entre os soldados), o mesmo é exposto de uma forma atraente para o espectador e longe de ser insossa ou chata.

Aconselhável!

As forças sul-coreanas

As forças sul-coreanas”

imdb Nota 7.8 (7.688 votos) em 11/05/2010

Outras críticas em português:

  1. Cinedie Asia
  2. Cineasia
  3. Nem todos são arte

Avaliação:

Entretenimento – 8

Interpretação – 8

Argumento – 8

Banda-sonora – 8

Guarda-roupa e adereços – 8

Emotividade – 8

Mérito artístico – 8

Gosto pessoal do “M.A.M.” – 8

Classificação final: 8

sábado, maio 08, 2010

“Testemunhos” de Raphael Aka “Pinhead” (Meia-Noite no Templo de Shaolin)

Foto 2

O convidado desta semana é o Raphael Dias, também conhecido por “Pinhead”, em homenagem à célebre personagem do filme de terror “Hellraiser”. O Raphael é um devoto fã das películas orientais, em especial das que versam sobre artes marciais e o “kung fu old school”. O Raphael actualmente anda um pouco arredado das lides da blogosfera, sendo a sua última experiência (que seja do meu conhecimento) o blogue “Meia- noite no Templo” de Shaolin” (para aceder clicar na foto acima). Pessoalmente, fico bastante feliz que o Raphael tenha acedido a responder às minhas perguntas, pois além de eu já ter tomado contacto com ele há algum tempo, ele percebe e sabe bem do que fala.

Abaixo segue o resultado da entrevista.

“My Asian Movies”: O que achas que distingue genericamente a cinematografia oriental das demais?

Raphael Dias: O que fez eu me encantar pelo cinema asiático sempre foi a ousadia do cinema oriental, ao contrário da grande maioria dos ocidentais que sempre tentavam agradar a todos os públicos e assim formatando seus filmes para que não agredissem à censura ou aos estômagos sensíveis do publico o cinema asiático nunca teve medo de ser visceral, amoral e brutal.

Em outras palavras enquanto o cinema ocidental é um tapa de mão aberta no rosto o cinema asiático é uma pedrada na cara.

“M.A.M.”: O que te fascina mais neste tipo de cinema?

R.D. : Tentar sem medo de errar, diretores e atores que nunca tiveram medo de exagerar, nem sempre acertam é verdade, mas nunca tiveram medo de executar suas idéias, mesmo que elas parecessem absurdas.

“M.A.M.”: Tens ideia de qual o primeiro filme oriental que visionaste?

R.D. : Não tenho certeza, me lembro que o primeiro filme de kung-fu que assisti foi o Snake in the Eagle´s Shadow com Jackie Chan, mas se eu não me engano antes eu já tinha assistido o clássico da animação Akira de Katsuhiro Otomo.

“M.A.M.”: Qual o país que achas, regra geral, põe cá para fora as melhores obras? No fundo, a tua cinematografia oriental favorita?

R.D. : Acho que o país que sempre manteu um nivel de boas obras foi o Japão, em épocas como o final da década de 70 e o "boom" do cinema de kung fu a China/Hong-Kong/Taiwan tiveram sem dúvida a maior quantidade de bons filmes, porém com a década de 90 e o sucesso de Once Upon a Time in China os filmes de "wire-fu" infestaram o cinema e como eu nunca fui muito fã do gênero eu me sinto decepcionado ao analisar tal década. Enquanto isso o Japão sempre teve bons filmes em todas as décadas em um grande leque de gêneros, da ficção cientifica (com os filmes do Godzilla, Gamera e similares) até ao explotation visceral (como a doentia série Guinea Pig), passando pelas artes marciais (com Sonny Chiba e Etsuko Shiomi) e os excelentes filmes de Yakuza.

Mas no fundo, Hong Kong vai ser sempre o meu país favorito, graças a década de ouro dos filmes de kung-fu.

“M.A.M.”: E já agora, qual o género com o qual te identificas mais? És mais virado (a) para o drama, épico, wuxia, “Gun-fu”...

R.D. : Escolher apenas um gênero é uma tarefa impossivel, os filmes de kung-fu me acompanham desde minha infância o que fez eu nutrir certo carinho pelo gênero, porém, mesmo tendo me aprofundado no gênero já com certa idade eu sinto um enorme apreço pelo cinema gore/explotation, a dêmencia e o bizarrice sempre me agradaram hahaha.

“M.A.M.”: Uma tentativa de top 5 de filmes asiáticos?

R.D. : Odeio essa tarefa, sempre me sinto mal por não citar todos meus filmes favoritos, mas acho que meu top 5 seria algo assim (sem ordem de preferência):

All Night Long, 1992, dir. Katsuya Matsumura

Confesso que a vingança sempre foi um dos meus temas favoritos nos filmes e All Night Long trata disso, a vingança de 3 jovens contaminados por uma sociedade decadente, fora que a musica tema é uma das musicas mais lindas do cinema.

Bullet in the Head, 1990, dir. John Woo

Woo foi responsável por verdadeiras obras-primas no gênero de ação com seus tiroteios, mas nenhum de seus filmes conseguiu ter um roteiro tão criativo e com tamanha intensidade quanto Bullet in the Head, aonde podemos perceber que os anos em que ele trabalhou sendo assistente do diretor Chang Che influenciaram a sua maneira de contar uma história, pois assim como o diretor Chang Che aqui ele conta uma linda história sobre a amizade e até onde você é capaz de ir por seus amigos.

Knockabout, 1979, dir. Sammo Hung

Yuen Biao em sua melhor forma, Sammo Hung no auge da sua criatividade e ainda temos todo o carisma de Leung Kar Yan, com certeza um dos filmes de kung-fu com personagens mais carismaticos e uma das lutas finais mais arrasadoras que eu já assisti.

The Victim, 1980, dir. Sammo Hung

Um filme que é infelizmente muitas vezes esquecido pelos fãs de kung-fu, novamente temos Sammo Hung e Leung Kar Yan, mas dessa vez a grande estrela é Leung Kar Yan um mestre de kung-fu que é perseguido pelo seu irmão adotivo, mas todos nós sabemos que em filme de kung-fu só existe uma maneira de resolver as coisas certo? A luta final desse filme é uma das poucas que podem competir com a luta final de Knockabout.

Police Story, 1985, dir. Jackie Chan

Acho que sem esse filme talvez eu não seria tamanho fã do cinema asiático como sou hoje (e provavelmente muitos outros atuais fãs do cinema asiático), não há muito o que dizer sobre esse que deve ter sido uma das maiores revoluções no cinema de ação.

Esse é um TOP 5 básico, é impossível fazer algo do gênero sem sentir que estou sendo injusto, mesmo com obras mais recentes como Oldboy e Ichi the Killer.

“M.A.M.”: Realizador asiático preferido?

R.D. : Chang Che, muitos costumam comparar filmes de kung-fu a filmes pornográficos, aonde tudo o que importa é a ação.

Chang Che é o diretor que conseguiu provar que era possível unir ótimas cenas de luta com um roteiro bem escrito.

“M.A.M.”: Já agora, actor e actriz?

R.D. : Meu ator favorito é com certeza o "irmão" mais novo de Sammo Hung e Jackie Chan, o baixinho Yuen Biao, um ator incrivelmente carismático, acrobático e com alguns dos chutes mais bonitos do cinema de ação, como diria uma frase que eu li em um site em sua homenagem: "Yuen Biao, little tiger... big talent!"

“M.A.M.”: Um filme oriental sobrevalorizado e outro subvalorizado?

R.D. : Um filme superestimado é com certeza o primeiro filme do falecido Bruce Lee, The Big Boss.

Eu entendo que foi uma revolução no cinema, eu entendo que na época ninguém chutava como ele, sério, eu consigo entender que foi uma diferença enorme dos filmes que antecederam Big Boss como The Chinese Boxer com Jimmy Wang Yu, mas isso não muda o fato de que é um filme sem sal, com lutas monótonas e um roteiro tão mal escrito que chega a ser ofensivo.

Já um filme que é subestimado (além do The Victim que eu já comentei no Top 5) é o Miracles, tambem conhecido como Mr. Canton and Lady Rose, com Jackie Chan. De todos os filmes da década de 80 do Sr. Chan esse é o menos comentado e por muitos nem mesmo conhecido, o que é um absurdo já que foi nesse filme que Jackie Chan conseguiu unir uma fotografia linda, um roteiro interessante, um visual genial e lutas extremamente criativas.

“M.A.M.”: A difusão do cinema oriental está bem no teu país, ou ainda há muito para fazer?

R.D. : Não mesmo, ainda ocorre um certo preconceito com o cinema asiático por parte do público e um medo das distribuidoras em investir nesse mercado, mas com um certo sucesso de filmes como Ong-Bak, Tom Yum Goong e Flashpoint já tivemos alguns lançamentos interessantes, tanto em animação (o lançamento de Akira em DVD), tokusatsu (lançamentos de Dengeki Sentai Changeman, Kyojuu Tokusou Jaspion, Sekai Ninja Sen Jiraiya), quanto em filmes (Ichi the Killer, Dynamite Warrior e o aparente interesse de uma distribuidora em re-lançar o catálogo da finada China Video).

“M.A.M.”: Que conselho darias a quem tem curiosidade em conhecer o cinema oriental, mas sente-se algo reticente?

R.D. : Corram atrás, pesquisem e leiam sobre esse cinema tão exótico, ainda mais com as facilidades da internet que permite assistir à aqueles filmes que não foram lançados em seu país, mas lembre-se que baixar filmes que foram lançados em seu país também prejudica aos fãs do cinema asiático, afinal de contas como podemos cobrar o interesse das distribuidoras em lançarem esses filmes se nós também não fazemos nossa parte?

quarta-feira, maio 05, 2010

Esclarecimento - O My Asian Movies continua vivo!!!

Caros amigos e visitantes,

O "My Asian Movies" esteve temporariamente "off line", porque existiu uma actividade suspeita na minha conta do Google, e por questões de segurança a mesma foi bloqueada. Por essa razão, quando acediam, aparecia uma mensagem a referir que o blogue tinha sido removido.
Entretanto, o problema já foi resolvido, e ele aqui está com amesma pujança de sempre. Contudo, o enorme susto que apanhei de 4 anos de trabalho esfumarem-se, ainda não desapareceu...
No final, correu tudo bem e isso é que interessa.
A todos os que me contactaram a transmitir a sua preocupação, o meu grande obrigado!

segunda-feira, maio 03, 2010

Beldades da Cultura Asiática - Sora Aoi










Mais informações acerca de uma verdadeira beldade japonesa, AQUI.