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domingo, março 21, 2010

Last Life in the Universe/Ruang rak noi nid mahasan - เรื่องรัก น้อยนิด มหาศาล (2003)

Capa

Origem: Tailândia

Duração aproximada: 112 minutos

Realizador: Pen-Ek Ratanaruang

Com: Tadanobu Asano, Sinitta Boonyasak, Laila Boonyasak, Yutaka Matsushige, Riki Takeuchi, Takashi Miike, Yoji Tanaka, Sakichi Sato, Thiti Rhumorn, Junko Nakazawa

Kenji

Kenji”

Sinopse

“Kenji” (Tadanobu Asano) é um bibliotecário japonês, com tendências suicidas e uma mania obsessiva por limpezas, que vive em Banguecoque. O seu quotidiano sofre um abalo quando o seu irmão “Yukio” (Yutaka Matsushige), um “yakuza”, foge para a capital da Tailândia, de forma a escapar à ira do seu patrão, por ter dormido com a filha deste. “Yukio” esconde-se no apartamento de “Kenji”, e cai no erro de confiar em “Takashi” (Riki Takeuchi), uma decisão que lhe sai caro.

Noi 2

Noi”

“Kenji”, devido à insensatez do irmão, vê-se obrigado a fugir. O homem conhece “Noi” (Sinitta Boonyasak), uma típica rapariga vivida de Banguecoque, e pede-lhe para ficar na casa dela. Uma relação fora do normal começa a desenvolver-se entre o casal, algo que não podemos definir como amor ou amizade, mas quase como uma terceira via.

Casal

Apaixonados?”

Review”

Quando se junta um realizador com uma extrema sensibilidade como o tailandês Pen-Ek Ratanaruang, um enorme mestre da imagem como Christopher Doyle e um actor de notáveis predicados como Tadanobu Asano, estão reunidas as condições para obtermos um produto cinematográfico de elevada qualidade. Certo é que, infelizmente nem sempre é assim, como tive a oportunidade de partilhar no texto que elaborei a propósito de “Invisible Waves”. Contudo, no que concerne a “Last Life in the Universe”, o filme que me proponho agora a analisar um pouco, o resultado é francamente melhor. Esta obra fez furor em alguns certames de cinema ocorridos na Ásia e até na Europa, onde Tadanobu Asano viria a vencer um prémio na qualidade de actor, atribuído no Festival Internacional de Veneza – edição de 2003.

“Um dia o lagarto acordou, e apercebeu-se que estava sozinho nesta terra”. Assim começa o livro infantil japonês denominado “The Last Lizard”, e esta frase praticamente que dá o mote a “Last Life in the Universe”. Somos confrontados, através dos caminhos tortuosos da vida, com um casal, “Kenji” e “Noi”, que possuem personalidades bastante distintas. Ele é obsessivo com a correcta ordem das coisas, ela é espontânea e desliga-se de comportamentos que induzam a qualquer tipo de planeamento; ele é um maníaco da limpeza, ela vive num ambiente onde tudo se encontra por arranjar ou arrumar; ele é introvertido, ela adora falar, não tendo pejo em partilhar as suas experiências. No entanto, e desculpe-se o costumeiro “cliché”, os opostos atraem-se e isso que aqui acontece. Não se pense que estamos perante um argumento redutor e simplista, como o acima parece indicar e onde já tivemos oportunidade de observar em tantas obras de duvidosa qualidade. “Last Life in the Universe” é uma malha de pormenores e detém uma abordagem muito significativa e marcante da natureza humana.

Nid atropelada

Nid, a irmã de Noi, é atropelada”

Tadanobu Asano demonstra mais uma vez que é, sem margem para qualquer dúvida, que joga na divisão maior dos intérpretes asiáticos. Em “Last Life in the Universe”, o actor japonês irradia, como lhe é habitual, um carisma puro e dá azo a mais uma excelente actuação, entre as várias que constam no seu currículo. No papel do obsessivo “Kenji”, Asano consegue dar corpo a uma personagem fascinante que nos capta a atenção e desperta a curiosidade desde o início. E mais. Muito nos faz reflectir acerca de nós próprios, da pureza dos nossos sentimentos e das várias sensações que inundam a nossa mente, perante as mais diversas situações da vida. E de uma forma que, arriscaria a afirmar camaleónica, confunde-nos nas conclusões e faz-nos questionar acerca das motivações, tanto de “Kenji”, como até de nós próprios. O grande mérito da tailandesa Sinitta Boonyasak é conseguir uma química apreciável com Asano. Contudo, existe espaço para a actriz destilar uma saudável energia, em contraponto a um Asano mais filosófico e propositadamente tímido. E concluímos que nada de artificial é transmitido pela dupla, mas tudo do mais natural possível, como respirar, comer, dormir, olhar e, talvez, amar.

O realizador Pen-Ek Ratanaruang tem um instinto muito elevado para o detalhe, e isso é transposto completamente para a tela. O resultado do grande sentido de estética e sensibilidade de Ratanaruang, é a criação de um mundo à parte, semelhante a um sonhar acordado e de uma beleza brutal. Muito ajuda ser auxiliado por Christopher Doyle, um dos grandes responsáveis pelo opinião globalmente positiva que tenho acerca desta obra. A fotografia explanada, a cargo desta verdadeira lenda viva, é de uma beleza admirável e por vezes de tirar verdadeiramente a respiração, o que contribui para adensar ainda mais o ambiente que norteia “Las Life in the Universe”.

Não estamos perante uma clássica história de amor, ou melhor, nem sabemos se estamos perante uma história de amor, tal é o manancial de sensações incomuns que nos é dado a observar. É preciso reconhecer, de certa forma, que não estamos perante uma película de fácil apreensão, sendo dada a interpretações diversas. No entanto, não restam dúvidas que estamos perante um filme eivado de uma beleza muito singular. E embora entremos no domínio do contemplativo e da reflexão, “Last Life in the Universe” não é uma obra que reputemos de chata, ou que nos provoque uma súbita vontade em adormecer. Pelo exposto, só me resta aconselhar vivamente que vós, sem qualquer tipo de pruridos ou rodeios, embrenhem-se no mundo dos sentimentos e da beleza exteriorizada por esta longa-metragem competente de um dos melhores realizadores tailandeses da actualidade. Significativo e poético!

Lagarto

The last lizard on earth”

imdb 7,7/10 (5.322 votos) em 21 de Março de 2010

Outras críticas em português:

  1. Art is Fucking Dead
  2. bitlogger!

Avaliação:

Entretenimento – 7

Interpretação – 9

Argumento – 9

Banda-sonora – 7

Guarda-roupa e adereços – 7

Emotividade – 8

Mérito artístico – 9

Gosto pessoal do “M.A.M.” – 8

Classificação final: 8

 

4 comentários:

Márcia Àvila disse...

Curioso, quando me surgiu a idéia de uma sessão de cinema asiático lembrei-me deste mesmo filme, que vi há alguns anos, já não recordava o nome!!!! Muito bom :)

Battosai disse...

No termino de pillarle el punto a este director. De las 3 suyas que he visto la única que de verdad me ha gustado es 6ixtynin9. Si no la has visto, te la recomiendo. La verdad es que no es gran cosa, pero sí es muy entretenida.

Pásalo bien.

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá Márcia!

Trata-se de uma obra revestida de uma sensibilidade tremenda, e que aprecio bastante.

Seria, sem dúvida, uma boa escolha!

Bjs.!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Eu gostei bastante de "Last Life in the Universe". Já em relação a "Invisible Waves", a minha opinião não é tão favorável. Ainda tenho de ver "6ixtynin9".

Abraço, Battosai!