"MY ASIAN MOVIES"マイアジアンムービース - UM BLOGUE MADEIRENSE DEDICADO AO CINEMA ASIÁTICO E AFINS!!!

sexta-feira, abril 02, 2010

Tales from Earthsea/Gedo Senki - ゲド戦記 (2006)

Capa

Origem: Japão

Duração aproximada: 115 minutos

Realizador: Goro Miyazaki

Vozes das personagens principais (versão japonesa): Junichi Okada (Arren), Aoi Teshima (Therru), Bunta Sugawara (Ged), Yuko Tanaka (Cob), Teruyuki Kagawa (Hare), Jun Fubuki (Tenar)

Arren

O príncipe Arren”

Sinopse

Num mundo chamado “Earthsea” (“Terra-Mar”), uma força invisível conhecida como “Equilíbrio” mantém a harmonia da natureza. Dragões começam a digladiar-se sobre o mar, e esta visão indica que algo está errado com o “Equilíbrio”, atendendo a que estas criaturas não se aventuram no leste do mundo, pois não gostam de conviver com os humanos. O jovem príncipe “Arren”, com apenas 17 anos, vive sob uma dualidade entre o bem e o mal, e num momento inexplicável, acaba por assassinar o rei, seu pai, fugindo para o exílio.

Ged 2

O arquimago Ged”

“Arren” acaba por travar conhecimento com “Ged”, um arquimago e o feiticeiro mais poderoso à face de “Terra-Mar”, e que deambula à procura da fonte dos males que presentemente sucedem. Contudo, a sombra que assola “Arren” impele-o na direcção de “Cob”, um feiticeiro maléfico e poderoso, cuja demanda pela imortalidade é a verdadeira razão pela qual o “Equilíbrio” está a ser afectado. Para salvar “Terra-Mar”, “Arren”, auxiliado por “Ged” e pela sua amada “Therru”, terá de parar a loucura de “Cob”, mas igualmente lutar contra o seu lado mais obscuro.

Therru

“Therru”

Review”

O nome Miyazaki é a estrela mais cintilante do panteão dos realizadores dedicados à animação, e praticamente todas as suas obras fizeram-nos sonhar . Desta vez, é o filho que se lança no mundo do cinema, carregando nos seus ombros uma herança pesada e a sombra do progenitor. Trata-se de um fardo hercúleo, com potencial para poder fazer Goro vacilar ou ser mal sucedido. Aquando da estreia de “Tales from Earthsea”, a primeira e até agora a única obra do realizador, o filme conheceu um grande sucesso na terra-natal, tendo sido líder das bilheteiras no Japão durante cinco semanas. No entanto, a crítica, no geral, não tem sido muito meiga com esta película, reduzindo-a a uma obra banal e por vezes sem alma. Julgo que esta orientação estará relacionada com a expectativa gerada em torno do nome Miyazaki, deturpando um pouco a identidade própria do filho e criando-se expectativas desmesuradas quanto à longa-metragem de estreia de Goro. Desde já se adianta que o filme tem mérito, e é passível de ser considerado uma obra com qualidade, pelo que manifesto desde já a minha discordância com a maior parte da opinião especializada.

À semelhança do pai, Hayao, com por exemplo “Howl's Moving Castle”, Goro baseou-se num escrito de uma autora ocidental, Ursula Kroeber Le Guin, e na sua saga “Earthsea”. E nem aqui o realizador teve sorte, porque a escritora teceu uma dupla crítica à película, afirmando que achava que a mesma não fazia jus à sua obra, embora tivesse gostado bastante do desenho dos dragões, principalmente o que ilustra o poster mais conhecido do filme. Le Guin igualmente deixou transparecer que teria preferido que Hayao Miyazaki tivesse tomado o leme de “Tales from Earthsea”. Dizem igualmente as más-línguas, numa situação a confirmar, que o próprio Hayao se opôs a que o filho realizasse “Tales from Earthsea”, mas a direcção da Ghibli (o famoso estúdio de animação nipónico) permitiu que Goro levasse a cabo o projecto, pois o pai estava ocupado a realizar a obra que mencionei acima. O rumor assumiu ainda mais força, porquanto supostamente Hayao nunca foi um pai muito presente no crescimento de Goro, fazendo com que a relação entre os dois não fosse a melhor. Curiosamente, “Tales from Earthsea” começa com uma sequência onde o herói “Arren”, assassina o próprio progenitor.

Cob

O maléfico Cob”

Certo é que do ponto de vista da animação, “Tales from Earthsea” está quase ao nível da maior parte dos produtos de animação dos estúdios Ghibli. Aqui é-nos apresentado um mundo mítico e de sonho, onde a feitiçaria e os dragões ditam a lei, e a escuridão de alguma forma impera. Castelos grandiosos, cidades medievais, desertos sufocantes, oceanos em fúria e paisagens campestres deslumbrantes são elaborados em pormenores reputados como quase de sonho, onde tudo é cuidadosamente desenhado e animado. Embora faça uso de temas e dualidades recorrentes, tais como a escuridão em oposição à luz, ou o bem contra o mal, a magia marca a sua presença vivamente ao longo da película. E esta premissa, só por si, é capaz de fazer apaixonar aqueles que, como eu, apreciam imenso um épico recheado de lendas e mitos. Por outra via emoção e acção não faltam, o que faz com que “Tales from Earthsea” tenha um ritmo bastante razoável e que entreterá o espectador. Um dos momentos mais emotivos desta longa-metragem de animação será sem dúvida a cena em que podemos observar “Therru” nuns campos lindíssimos, a cantar uma música que nos toca a alma e cuja letra foi escrita pelo próprio Goro Miyazaki e a melodia da autoria do compositor Hiroko Taniyama. Trata-se de um dos pontos altos do filme e muito digno de se apreciar e até de rever. Outro aspecto interessante, embora longe de ser inovador, trata-se da temática da convivência dos humanos com os dragões, que admito, carecia de mais exploração em “Tales from Earthsea”, embora seja obrigado a reconhecer que se tal fosse profusamente aproveitado, algo do impacto final do epílogo poderia se perder. Apesar de me ter dado como satisfeito pela generalidade da trama, há que admitir de alguma forma, que a duração desta película parece ser excessivamente curta para o que se pretende contar. Convenhamos, e sem ter lido a obra de Le Guin que serviu de inspiração à esta longa-metragem, que não será fácil expor uma trama tão em rica em pormenores em quase duas horas. Provavelmente, e de forma a que o espectador entenda tudo o que se lhe depara, teria de existir mais dois ou três “Tales from Earthsea”, elaborando-se desta forma uma saga à semelhança dos livros. Certo é que o produto de Goro Miyazaki tem um ambiente mais negro que os filmes do pai, e isso sente-se por todos os poros e de alguma forma saúda-se.

As personagens, regra geral encontram-se bem caracterizadas, embora pouco desenvolvidas por força do “calcanhar de Aquiles” que acima referi. Efectivamente a quantidade de situações que se pretendem abordar em pouco tempo, ferem neste particular. “Arren” não tem um brilho de um “Ashitaka” da película “Princess Mononoke”, mas consegue colher alguma da nossa simpatia devido ao seu ar algo trágico e à dualidade que enfrenta no seu interior. A jovem “Therru” cativa imenso com a sua simplicidade e complexos pessoais, recolhendo muita da nossa complacência, e a meia-surpresa relacionada com a rapariga no final é sem dúvida um dos grandes momentos de “Tales from Earthsea”. “Cob” é um vilão mediano, com algum carisma, mas que nada traz de espectacular ou de novo. A grande personagem é sem dúvida o arquimago “Ged”, que no fundo acaba por ser a figura principal desta película. O seu ar sensato, paternalista e piedoso, transformam-no no clássico arquétipo do feiticeiro do bem, que tantas vezes anteriormente já foi usado, mas que tem sempre lugar nas sagas mitológicas de pendor fantástico.

“Tales from Earthsea” está longe de ser um dos melhores produtos da Gibhli, não podendo ombrear com as obras dos gigantes Hayao Miyazaki e Isao Takahata. No entanto, é altamente injusto certas opiniões que foram emitidas acerca da obra do filho do grande mestre, qualificando-a como um produto amador ou menor. “Tales from Earthsea”é uma longa-metragem de animação muito competente, e que terá o condão de nos prender ao ecrã com a sua aura medieval e a lógica aventureira que norteia qualquer saga de fantasia que se preze. E sim, por vezes, conseguirá mesmo fazer-nos sonhar e despertar a criança ou adolescente que reside um pouco em cada um de nós.

Aconselhável!

Arren e o dragão

“Arren e o dragão”

imdb 6,5/10 (3.898 votos) em 2 de Abril de 2010

Outras críticas em português:

  1. Animehaus
  2. Cinema ao Sol Nascente
  3. Anime Max
  4. Cinema em Cena

Avaliação:

Entretenimento – 8

Animação – 8

Argumento – 7

Banda-sonora – 9

Emotividade – 8

Mérito artístico – 8

Gosto pessoal do “M.A.M.” – 7

Classificação final: 7,86

5 comentários:

Nuno disse...

Caro Jorge,

"Long time no see"

A verdade é que já vi o filme faz algum tempo, e não me recordava da hostória, o que não é bom sinal. Das duas ,uma: ou estou a ficar senil, ou o filme não era bom. Também pode ser um pouco de cada ;)

Este mês vou à nossa terra, ligo-te para ver se nos encontramos.

Mais uma fantástica análise...na minha opinião, muito melhor que o filme.

Um Abração

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá Takeshi!

Nós temos o mesmo problema em Portugal. Aliás, atrever-me-ia a dizer qu ainda é pior...

Abraço!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá, Nuno!

Já estávamos a sentir a falta dos teus comentários por aqui ;) !

Apesar de reconhecer que "Tales from Earthsea" está longe de ser uma das obras-primas do Miyazaki (pai), achei de certa forma injusto algumas das críticas que fizeram ao filme. Pessoalmente posso dizer que até o apreciei.

Se vieres á santa terrinha, liga para tomarmos um café.

Grande abraço!

Dewonny disse...

Ainda ñ vi esse, mas tenho grande interesse!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Embora exista muita gente que critique negativamente este filme, eu achei-o muito interessante. Vale a pena conferir!