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segunda-feira, maio 07, 2007

Neon Genesis Evangelion: The End of Evangelion/Shin seiki Evangelion Gekijô-ban: Air/Magokoro wo, kimi ni (1997)

Origem: Japão

Duração: 90 minutos

Realizadores: Kazuya Tsurumaki (Ep. 25)/ Hideaki Anno (Ep. 26)

Vozes das personagens (versão japonesa): Megumi Ogata (Shinji), Megumi Hayashibara (Rei), Yûko Miyamura (Asuka), Kotono Mitsuishi (Misato), Yuriko Yamaguchi (Akagi), Fumihiko Tachiki (Gendô), Akira Ishida (Kaworu), Motomu Kiyokawa (Kôzô), Mugihito (Keel), Takehito Koyasu (Shigeru), Hiro Yuuki (Makoto), Miki Nagasawa (Maya)

Breve Apontamento

Deverá o estimado leitor levar em consideração que “The End of Evangelion” não é uma longa-metragem com princípio, meio e fim, mas sim uma proposta, composta por dois episódios, para um novo final no que concerne à aclamada série de “anime” “Neon Genesis Evangelion”. As motivações para tal será um dos aspectos a abordar mais abaixo. A sinopse, assim como a crítica, fará uma abordagem conjunta dos dois segmentos, em nome da clareza e economia de raciocínio.

"Eva 1, pertencente a Shinji"

Estória

Após ter derrotado completamente os seres conhecidos como “Anjos”, a organização conhecida como NERV, enfrenta a oposição do misterioso grupo SEELE. Com a ameaça terminada, a SEELE entende que a NERV é descartável e prepara-se para assumir as responsabilidades no que toca ao denominado “Terceiro Impacto”, ou seja, o projecto que visa artificialmente forçar a evolução da humanidade, convertendo-a numa entidade una e indivisível.

Para que a SEELE possa concretizar os seus projectos, necessita impreterivelmente das unidades mecânicas Evangelion (comummente conhecidos por Eva’s), que estão na posse da NERV. Escusado será dizer que a NERV não está disposta a ceder sem mais, e em virtude desta situação, a sua base é atacada pelo exército japonês, a mando da SEELE.

"A major Misato Katsuragi encoraja Shinji com um beijo"

Os jovens de 14 anos, que são pilotos dos Eva’s, encontram-se todos imersos em graves problemas. “Shinji” está mentalmente exaurido devido à sua luta com o 17º Anjo. “Asuka” encontra-se fora de combate devido a um colapso mental provocado pelo combate com o 16º anjo, que a torna num ser vegetativo. A major “Misato Katsuragi” tenta motivar “Shinji” de diversas formas, mas os seus esforços invariavelmente fracassam.

Com o ataque da SEELE, “Asuka” desperta do seu coma, e pilotando o “Eva 2”, a sua unidade mecânica de combate, envolve-se numa batalha épica com os “Eva’s” em série do inimigo. “Shinji”, com a ajuda de “Misato”, acaba eventualmente por voltar a dirigir o “Eva 1” para a sua última missão.

Entretanto, “Rei”, a rapariga que pilotava o “Eva 00”, consegue fundir-se com “Adam” e “Lilith”, os primeiros “Anjos”, e juntos iniciam o processo final do Terceiro Impacto.

"O Eva 2 de Asuka é atingido pela lança de Longinus"

"Review"

Como já foi abordado nas considerações introdutórias, “The End of Evangelion” visa constituir um final alternativo a “Neon Genesis Evangelion”, cujas motivações passaram essencialmente pelo descontentamento revelado pelos fãs, no que concerne ao epílogo que entretanto pontificou na popular série de anime.

O resultado a nível de aceitação foi relativamente satisfatório, tendo os episódios 25 e 26 que compõem este segmento, vencido o prémio de “filme mais popular” atribuído pela Academia Japonesa de Cinema.

“End of Evangelion”, como já foi depreendido no parágrafo anterior, é composto por dois episódios, intitulados respectivamente de “Air/Love is Destructive” (Episódio 25) e “My Purest Heart For You/One More Final: I Need You” (Episódio 26).
No episódio 25 é abordado essencialmente as sequelas mentais praticamente irreversíveis deixadas nos jovens pilotos dos “Eva’s”, devido à grande batalha travada com os seres conhecidos por “Anjos”, assim como a épica luta entre os “Eva’s” da NERV e os “Eva’s” em série, construídos pela SEELE.
No episódio 26, entramos verdadeiramente na proposta de fim da série, com a abordagem psicadélica, digamos assim, do denominado “Terceiro Impacto”. As deambulações mentais de “Shinji” e o papel apocalíptico de “Rei” assumem o relevo total.

Praticamente tudo neste anime consome e exaura a nossa mente, à semelhança de um filme de David Lynch (salvo as devidas diferenças). A trama é apresentada sob o signo da profundidade e da extenuação, levando-nos a conjecturar imenso e porventura a obter respostas de certa forma inesperadas e chocantes. A sexualidade, embora na maior parte das vezes não seja directa (com excepção de algumas cenas, como a de “Shinji” a mirar “Asuka” em coma, ou de “Shinji” e “Rei” desnudados), encontra-se bastante presente. A interacção das personagens nunca é efectuada de uma forma corriqueira, mas sempre com propósitos filosóficos e idealistas por detrás. O drama é pujante, e a paranóia gritante. Neste particular, tão cedo nunca esquecerei os gritos agonizantes e verdadeiramente horrendos de “Shinji”, motivados pela degradação interna da sua pessoa. Jamais tirarei da minha mente e consciência, o breve segmento passado na parte One More Final: I Need You”, em que “Shinji” tenta exorcizar demónios interiores usando “Asuka”. A batalha do “Eva 2”, com os “Eva’s” em série é uma orgia de violência que deveras nos marca. Mas acima de tudo, o delírio surrealista interno de “Shinji”, que se prolonga por alguns minutos, deixa cicatrizes profundas no nosso âmago.

"Rei, fundida com Adam e Lilith, ampara o Eva 1"

A animação é de uma beleza crua, com momentos brilhantes e curiosamente interpolada com imagens reais no segundo episódio. Imagens essas que reconduzem-se a cidadãos japoneses no seu quotidiano urbano, às actrizes que dão voz a “Misato”, “Asuka” e “Rei” e a uma audiência de um cinema. Surrealismo, pós-modernismo, uma quantidade de epítetos foi usada para tentar explicar estas “nuances”, à primeira vista imperceptíveis. Por mim, chamem-lhe do que quiserem.

A música, feita de muitas composições do alemão Johann Sebastian Bach, fala por si. É sempre difícil opinar acerca de um génio, pelo que nestes momentos devemos parabenizar quem teve o bom senso e sensibilidade para escolher as melodias e posteriormente enquadrá-las no filme.

“End of Evangelion” é uma experiência que tem tanto de belo, como de extenuante para os nossos olhos e mente. Merece rasgados elogios, atendendo ao extremo cuidado e devoção posto por Kazuya Tsurumaki e Hideaki Anno, para além da restante equipa, que se nota praticamente em todos os momentos. No entanto, confesso que não é uma experiência a repetir frequentemente, e que sem dúvida só fará completo sentido, caso o espectador se predisponha a rever os primeiros 24 episódios da série, antes de embarcar na viagem alucinante que constituem estas duas últimas partes, em especial a derradeira. Caso contrário, no meio de tanta beleza e pensamento, teremos pela frente um objecto indecifrável à primeira vista.

"Apocalipse...Terceiro Impacto"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português: AnimeHaus, Anime Blade

Avaliação:

Entretenimento - 7

Animação - 9

Argumento - 8

Banda-sonora - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 8





2 comentários:

Ookami disse...

Bem, falar de Evangelion é muito difícil. Isto porque há uma complexidade tal que ficamos praticamente malucos. Fala o exemplo, alias, comenta o exemplo.

Eu tenho a minha compreensão deste anime/filme, no entanto é diferente da tua, do outro gajo que está a ler isto, por aí fora, e isto porque todo o enredo deixa muitas pontas soltas que temos de descobrir e interpretar. E tal requer que vejamos os 24 episódios e o filme bastantes vezes, para além de pesquisar algumas coisas na net (uma delas inclui uma pesquisa à biblia hebraica!)

Sim, porque Evangelion é tão bruto que quer falar de tudo. Ora fica aqui uma pesquisa feita por mim e pelos mais curiosos:

"Lilith, o tal Anjo que está na posse da Nerv, em termos bíblicos trata-se de facto da Primeira Mulher e foi criada do mesmo modo que foi criado Adão (Adam, o primeiro Anjo que supostamente desencadeou a história do anime). Esta mulher via Adão como igual e recusava-se a submeter às suas ordens. Continuamente a entrarem em conflitos os dois acabaram-se por separar (o primeiro divórcio da humanidade), Lilith saiu do paraíso e Adão ficou só. Foi então que Deus lhe arrancou uma costela e fez Eva(ngelion)"

Abraço

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Fica aqui o precioso apontamento deixado pelo Andador!
De facto, eu já vi todos os episódios de "Evangelion", e tinha noção da base "bíblica" em que o mesmo assentava. E de facto, mesmo vendo a série completa, existe sempre uma margem de interpretação bastante grande para cada um de nós. Tal é francamente positivo!

Abraço!