"MY ASIAN MOVIES"マイアジアンムービース - UM BLOGUE MADEIRENSE DEDICADO AO CINEMA ASIÁTICO E AFINS!!!

quarta-feira, julho 29, 2009

Eleição 2/Election 2/Hak se wui yi wo waa kwai - 黑社会:以和为贵 (2006)
Origem: Hong Kong
Duração: 88 minutos
Realizador: Johnnie To
Com: Louis Koo, Simon Yam, Wong Tin Lam, You Young, Lam Suet, Eddie Cheung, Nick Cheung, Gordon Lam, Mark Cheng, Andy On, Tam Ping Man
"Jimmy Lee"

Atenção! Spoiler!

“Eleição 2” é a sequela de “Eleição”, filme já anteriormente criticado neste espaço AQUI. Pelo exposto, o texto abaixo poderá conter “spoilers” em relação ao primeiro filme. Se não viu ainda “Eleição”, não deverá continuar a ler este escrito.

Sinopse

Dois anos após “Lam Lok” (Simon Yam) ter saído vitorioso sobre “Big D” (à altura interpretado por Tony Leung Ka Fai), na disputa sobre o comando da tríade Wo Sing, é tempo de eleger um novo líder para a organização, considerando que o mandato está a chegar ao fim. A liderança de “Lok” foi considerada bastante positiva, mas a tradição exige que se mude de chefe de dois em dois anos. Os candidatos que se chegam à frente são “Kun” (Gordon Lam) e “Jet” (Nick Cheung), mas ambos revelam ser marionetas de “Lok”. Por outra via, existe uma falange forte da tríade que pretendia que “Jimmy Lee” (Louis Koo) assumisse os destinos da Wo Sing, mas este apenas importa-se com os seus negócios pessoais.

"Lam Lok"

Na realidade, “Lok” não se mostra predisposto a deixar o lugar de chefe da tríade, e começa em maquinações para renovar o seu mandato, desafiando todas as regras da organização. Acontece que “Jimmy Lee” recebe um golpe muito duro nos seus proveitosos ganhos, quando o inspector chinês “Xi” (You Young) lança-lhe um ultimato, afirmando que ele só poderá continuar no seu negócio dos dvd piratas, se obtiver uma posição mais importante no “ranking” da tríade. Face a esta perspectiva das coisas, “Jimmy Lee” entra na corrida para líder da Wo Sing. Cedo, “Lok” e “Jimmy Lee” convencem-se que a única forma de serem eleitos, é matarem o rival. Uma batalha sangrenta tem o seu início.

"Jet"

"Review"

Um ano após o sucesso de “Eleição”, um dos mais importantes filmes acerca do quotidiano das tríades, Johnnie To daria corpo a “Eleição 2”, uma película que visa concluir de certa forma os eventos passados na primeira obra, assim como selar o destino tanto de “Lok”, como de “Jimmy Lee”, tendo esta última personagem um protagonismo central na história. “Eleição” constituiu um marco na compreensão do “modus operandi” das organizações do submundo do crime de Hong Kong, tendo demonstrado ser um bom produto de entretenimento, mas igualmente imbuído de um factor cultural bastante assinalável. “Eleição 2” faz jus à notoriedade do seu predecessor, e encarna muito do espírito do primeiro filme. Simplesmente, entendo que consegue ser, na generalidade, uma película mais violenta e brutal. A cena do canil é bastante ilustrativa deste aspecto.

A guerra que a certa altura desencadeia-se entre os outrora aliados “Lok” e “Jimmy Lee”, é um conflito sem quartel e que impressiona imenso o espectador. À semelhança da primeira película, o conflito não é corporizado em gloriosos “stand off” à John Woo ou batalhas infernais onde as saraivadas de balas ditam a lei. Os confrontos são travados com argúcia e engenho, onde as movimentações nos bastidores do crime e as jogadas políticas marcam o passo. E quando se passam a coisas mais sérias, de um ponto de vista de acção, a mesma é exposta de uma forma crua e fria, mas muito mais palpável e realista. A tensão é enorme, pois sentimos que apesar de muito do que nos é apresentado passar pelo jogo duplo da traição, a presença do “banho de sangue” está sempre presente e poderá emergir a qualquer momento. Não existem causa justas, ou qualquer espaço para a moralidade. O que subjaz passa apenas por conseguir os objectivos, e usar as pessoas como meros peões para a obtenção do prémio máximo. “Os fins justificam os meios”, já dizia Nicolau Maquiavel, e “Eleição 2”, encarna muito bem esta premissa. Tanto “Lok”, como “Jimmy Lee” não vão em pruridos, e dá-se um autêntico embate de gigantes onde, inevitavelmente, só um poderá sobreviver.

"Lam Lok, rodeado dos membros da tríade"

À semelhança igualmente do primeiro filme, em “Eleição 2” não existem heróis, embora se reconheça alguma simpatia não desmedida pela causa interesseira de “Jimmy Lee”. No meio de tanto fora-da-lei, sempre se poderá tomar algum partido. Contudo, não repugnará que alguns fiquem do lado de “Lok”, desafiando as tradições instituídas e criticando os motivos de “Jimmy Lee” no ataque à liderança. No meio de tanta amoralidade, e alguma imoralidade, com certeza que eventualmente haverá algum partidário da lei e da ordem, que pugnaria pela extinção completa da tríade Wo Sing, e das suas actividades criminosas. Mas esta questão é claramente secundária. O que interessa é que, mesmo sem conhecimento prático de causa, é minha firme convicção que Johnnie To conseguiu capturar o verdadeiro espírito da vivência das tríades, tornando a saga “Eleição”, um documento de reputável interesse.

“Eleição 2” continua o bom trabalho evidenciado na primeira obra, e um dos seus grandes méritos foi não cair na tentação que muitas sequelas infelizmente prosseguiram. Ambos os filmes foram provavelmente os maiores feitos do género “tríade” dos últimos anos. Não caem na tentação da violência fácil. Outrossim, tentam nos imbuir num espírito mais realista no sentido de percebermos o que realmente são as organizações do submundo de Hong Kong e o seu impacto na sociedade. Por outra via, To teve o condão de reunir um grupo de actores que perceberam efectivamente qual o espírito da película e a interpretam muito bem. No caso particular de Louis Koo, estamos perante um dos melhores papéis da carreira do actor. No fim, só resta declarar que a mensagem da primeira película, mantém-se essencialmente a mesma. Há quase sempre alguém que nos suplanta em algo, assim como, de uma forma ou outra, todos somos vítimas dos nossos próprios desígnios. Nas tríades, pelos vistos e em razão da sua natureza intrínseca, estas realidades têm um campo natural de aplicação!

A ver, juntamente com “Election”, num “2 em 1” eivado de qualidade!

"O Tio Teng"

Trailer

The Internet Movie Database (IMDb) link

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 8

Argumento - 8

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8





segunda-feira, julho 27, 2009

Beldades do Cinema Asiático - Miho Kanno









Esta sugestão de beldade do cinema asiático é do Battosai que, diga-se de passagem, revelou um extremo bom gosto. Mais informações sobre esta bela actriz e cantora japonesa AQUI.

sábado, julho 25, 2009

Departures/Okuribito - おくりびと (2008)
Origem: Japão
Duração: 130 minutos
Realizador: Yojirô Takita
Com: Masahiro Motoki, Tsutomu Yamazaki, Ryoko Hirosue, Kazuko Yoshiyuki, Kimiko Yo, Takashi Sasano, Mitsuyo Hoshino, Tarô Ishida, Hiroyuki Kishi, Miyuki Koyanagi, Tôru Minegishi, Sanae Miyata, Ryôsuke Ohtani, Tatsuhito Okuda, Genjitsu Shu, Tetta Sugimoto, Taro Suwa, Yukiko Tachibana, Takao Toji, Tatsuo Yamada

"Mika e Daigo"

Sinopse

“Daigo Kobayashi” (Masahiro Motoki) é um violoncelista profissional, que toca numa orquestra de Tóquio. As audiências das actuações são cada vez menores, e chega o dia em que o grupo de músicos é desmantelado. Desempregado e com um violoncelo de 180 milhões de ienes para pagar (cerca de 136.000 euros!!!), “Daigo” vê-se obrigado a devolver o instrumento que era um sonho de uma vida. Sem objectivo imediato na capital, decide partir acompanhado pela sua mulher “Mika” (Ryoko Hirosue) para Sakata, Yamagata, a terra onde nasceu.

Ao consultar os classificados de um diário, “Daigo” fica animado com o anúncio de um emprego que parece promissor. Trata-se de uma estabelecimento que lida com “partidas”, e “Daigo” fica firmemente convencido que se trata de uma agência de viagens. Cedo, o protagonista tem uma desagradável surpresa, pois o que está em causa é a despedida do mundo. O objecto da firma em questão, a “NK Agent”, consiste em proceder a uma cerimónia em frente dos membros da família do falecido, que passa por embelezar e tornar apresentável o cadáver, antes de o mesmo ser depositado no caixão.

"Daigo, acompanhado pelo mestre Sasaki"

Apesar dos obstáculos e problemas iniciais, “Daigo” sob a orientação do seu patrão “Ikuei Sasaki” (Tsutomu Yamazaki), acaba por apreciar o seu trabalho, auferindo uma excelente remuneração. Contudo, nem tudo são rosas, e atendendo a que socialmente a sua profissão é considerada desonrosa, “Daigo” nada conta à esposa. No entanto, é impossível esconder tal facto para sempre...

"Daigo toca a sua triste melodia"

"Review"

Na edição dos óscares de 2008, o favorito para ganhar na categoria “melhor filme estrangeiro” era sem dúvida “Waltz With Bashir”, o candidato de Israel. Para além do “frisson” todo gerado à volta desta película, havia o quase determinante facto de a mesma ter sido a vencedora na categoria de melhor filme estrangeiro, nos “Globos de Ouro”, considerados com propriedade a antecâmara dos óscares. Foi pois, com alguma surpresa, que o vencedor do galardão da academia seria “Okuribito”, uma longa-metragem japonesa que nem sequer tinha defrontado o filme israelita na “pool” derradeira dos “Globos”. A vitória de “Okuribito” constituiu um grande feito para o cinema nipónico, pois foi o primeiro filme japonês a vencer esta importante distinção. É certo que em 1955, “Samurai I: Musashi Miyamoto”, de Hiroshi Inagaki, tinha obtido um prémio honorário da academia que visava honrar a melhor película estrangeira. Mas o que é certo é que a categoria só viria a ser oficialmente reconhecida no ano seguinte. Quanto à surpresa pelo facto de “Okuribito” ter ganho o galardão referenciado, esta sensação só ocorrerá para quem ainda não visionou o filme.

Remotamente baseado na obra “Coffinman: The Journal of a Buddhist Mortician”, “Okuribito” demorou, imagine-se, dez anos a ser filmado! Durante todo este tempo, o actor Masahiro Motoki estudou os rituais de preparação do cadáver tendo em vista a sua inumação, assim como aprendeu a tocar o violoncelo de uma forma bastante competente. Por sua vez, o realizador Yojirô Takita, assistiu a várias cerimónias fúnebres, de forma a tentar perceber melhor a consternação das famílias dos falecidos. Pelo facto dos aspectos relacionados com a morte e os funerais serem uma espécie de tabu no Japão, Takita confessou que ficou um pouco reticente quanto à receptividade do filme perante o público. Embrenhando-me um pouco mais numa das temáticas principais desta obra, todos nós temos um pouco a noção que o país do sol nascente é uma terra de rituais. “Okuribito” foca-se num dos seus costumes mais fascinantes, a arte do Nokanshi, um profissional cuja função é, como já acima induzi, preparar o corpo antes de ser colocado dentro do caixão. É deveras fascinante observar os nossos Nokanshi, “Daigo” e o mestre “Sasaki”, a exercerem o seu ofício. Uma tarefa que não tem nada de simples, é exercida com um cuidado e uma elevação espantosa. Podemos observar os homens com uma indelével delicadeza, a limpar e a vestir o corpo dos falecidos. Trata-se de uma espécie de cerimónia refinada, praticada com movimentos elegantes, que verdadeiramente transmitem compaixão e um enorme respeito pelo ser humano e a sua memória. Com a sua arte muito própria, sentimos que o Nokanshi consegue dar um semblante de vida ao falecido e uma alegria aos seus seres amados.

Sendo um misto extremamente bem equilibrado de muito drama e alguma comédia, “Okuribito” é uma película quase infinitamente enternecedora, que merece algumas lágrimas derramadas (algumas foram-me confessadas) durante o seu visionamento. Está longe de ser uma obra “lamechas” ou de sentimento artificial. Constitui, isso sim, um desfilar de sentimentos tão díspares, mas ao mesmo tempo muito caros e próximos de qualquer ser humano que se preze como tal. Neste particular, e acreditem que para quem me conhece é um grande elogio, apenas “Cinema Paraíso” e mais meia-dúzia de películas me fizeram sentir assim. Ninguém consegue ficar indiferente à forma como o realizador Yojirô Takita, expõe brilhantemente o drama pessoal de “Daigo” no exercício de uma profissão supostamente desonrada, ou a dor progressiva e atroz, até à rendição total, que os familiares sentem à medida que os seus entes queridos são preparados para a derradeira viagem. E o culminar de tudo chega com o significativo epílogo, em que nos curvamos totalmente quão muro já carcomido que é finalmente derrubado. Parafraseando uma pessoa com a qual troquei impressões acerca do filme, “é um filme que fala sobre a morte, mas que diz muito sobre a vida.” (Rodrigo C. Palma dixit).


"A equipa da NK Agent"

Os restantes aspectos artísticos de “Okuribito” são, à falta de melhor expressão, um sonho. A banda-sonora é de uma qualidade extrema, a que não será alheio o facto de ter sido um trabalho com a marca de Joe Hisaishi. O compositor tem um currículo enormíssimo, tendo arquitectado o som que ouvimos em vários filmes desde os anime de Miyazaki, passando pelas películas de Kitano, entre muitas mais, num conjunto de cerca de setenta registos. No caso particular de “Okuribito”, Isaishi aplicou-se ao máximo e destaca-se no seu trabalho, o som do violoncelo que penetra no âmago das nossas pessoas, exteriorizando exemplarmente a aura desta longa-metragem. À medida que escrevo este texto, vou ouvindo-a, enterneço-me ainda mais, o que me faz perder um pouco alguma objectividade que é necessária quando opinamos acerca de um filme. Por sua vez, a fotografia é belíssima, onde predominam as paisagens invernosas, num misto de cinzento e branco, que anuncia um pouco a tragédia, o saudosismo e a tristeza.

Os actores destilam sobriedade, competência e acima de tudo são autênticos. Já tinha aludido ao esforço enorme que o actor Masahiro Motoki dispendeu na preparação para a sua personagem. Imagino que não será nada fácil embrenhar-se no mundo dos Nokanshi, ou a aprender a tocar um instrumento como o violoncelo. Para além destes aspectos, Motoki convence-nos da sua vergonha inicial pela profissão, da sua escondida dedicação pela esposa, mas acima de tudo pelo seu fenomenal desempenho nas cenas em que tem de exercer o seu ofício e na paixão que começa a ganhar pelo mesmo. A actriz Ryoko Hirosue é um encanto, e possui um dos sorrisos mais queridos que já vi. A sua serenidade e acima de tudo a maneira como exterioriza o apoio e preocupação pelo bem-estar do marido é algo de bastante assinalável. Destacaria igualmente o veterano Tsutomu Yamazaki, no papel do mestre “Sasaki”. O seu ar rezingão, mas orgulhoso de “Daigo”, e as experiências que vive com o jovem, provocam dos momentos mais cómicos e desafogados do filme, mas também dos mais introspectivos e com mais significado. Por vezes, assume o papel do conselheiro e, porque não dizê-lo, do pai que “Daigo” tanto recrimina, mas que lhe fez falta na vida , tratando-se de um aspecto que lhe revestiu a personalidade de algum ressentimento.

Que dizer mais? Apenas que “Okuribito”, mais do que um marco, é um grande triunfo do cinema japonês. Facilmente considero-o um dos melhores filmes que tive a felicidade de ver nos últimos anos. Posso dizer que raramente vejo uma película até acabar o genérico. De atordoado, só despertei quando o leitor voltou ao menu inicial...

Um pecado mortal se não o verem!


"O ritual dos Nokanshi"

Trailer

The Internet Movie Database (IMDb) link

Site oficial

Outras críticas em português/espanhol:

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 9

Argumento - 9

Banda-sonora - 10

Guarda-roupa e adereços - 9

Emotividade - 10

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 9

Classificação final: 9,13

Beldades do Cinema Asiático - Jeon Do-yeon







Mais informações acerca desta bonita e talentosa actiz AQUI.

terça-feira, julho 21, 2009

Banda-sonora de Okuribito - Memory

Amei a música e o filme! É por estas e outras razões que não consigo viver sem cinema.

O próximo texto aqui no "My Asian Movies" é sobre "Okuribito - Departures", e posso desde já adiantar que a opinião é muito, mas mesmo muito, positiva!

sexta-feira, julho 17, 2009

Quiz: Que personagem do cinema asiático és tu?

Caros visitantes deste blog,

Acabei de elaborar um quiz no Facebook, intitulado "Que personagem do cinema asiático és tu?". Trata-se de uma brincadeira infantil e bem-disposta, que visa divertir-vos um pouco com a cinematografia que todos nós gostamos. Existem 11 soluções possíveis, e uma delas, como se depreende da foto, é "Nameless",a personagem que Jet Li tão bem interpretou em "Herói", de Zhang Yimou. O quiz já me passou uma rasteira bem grande, pois a "rifa" que me saiu foi "Gennosuke", de "Shinobi: Heart Under Blade"...Quem quiser ser submetido a este escrutínio, pode ir AQUI.
Não se esqueçam depois de vir aqui comentar, nem que seja para me ofender a torto e a direito devido ao resultado :)))!
Abraço a todos!

Origem: Índia
Duração: 213 minutos
Realizador: Ashutosh Gowariker
Com: Hrithik Roshan, Aishwarya Rai, Punan Sinha, Sonu Sood, Kulbhushan Kharbanda, Suhasini Mulay, Ila Arun, Shaji Chowdhari, Nikitin Dheer, Visswa Badola, Raza Murad, Yuri, Rajesh Vivek, Pramod Moutho, Sayed Badrul Hasan, Indrajeet Sarkar, Pramathesh Mehta, Disha Vakani
"O imperador Akbar"

Sinopse

No século XVI da nossa era, “Jalaluddin Mohammad Akbar” (Hrithik Roshan) é o grande imperador dos Mughal e o governante mais poderoso do Industão. Depois de ter consolidado o seu império no Hindu Kush, Akbar estende as suas fronteiras do Afeganistão até à baía de Bengala, e doa Himalaias até ao rio Narmada, dominando desta forma um vasto território. Tendo em vista consolidar ainda mais o seu poder político e militar, e de forma a forjar uma aliança entre duas culturas e religiões distintas, “Akbar” aceita a proposta do rei Rajput “Raja Bharmal” (Kulbhushan Kharbanda) que passa por casar com a filha deste chamada “Jodhaa Bai” (Aishwarya Rai).


"A princesa Jodhaa Bai"

Mal imagina “Akbar”, que um casamento feito por estrita conveniência, cedo se tornará numa jornada para um grande amor. “Jodhaa” é uma mulher destemida e de convicções fortes, que se recusa a ser um mero peão numa jogada política. Resiste aos avanços iniciais de “Akbar”, fazendo com que o monarca tenha de travar a maior batalha da sua história. Mas Akbar é um vencedor, e através de uma reflexão sobre vários aspectos da sua vida pessoal e política, descobre o caminho para o coração da bela “Jodhaa”.

"Orando"

"Review"

Ashutosh Gowariker, o realizador que nos trouxe o premiadíssimo “Lagaan”, parece ter alguma queda para o épico, apesar da sua algo que curta carreira como realizador, pelo menos a julgar pelo número de filmes que constam no seu currículo. “Jodhaa Akbar” foi o grande vencedor dos últimos “Filmfare Awards”, realizados este ano num conhecido hotel luxuoso de Macau, tendo arrebatado quase todos os principais prémios, mormente para melhor filme, melhor realizador e melhor actor principal. O brilho só poderia ter sido maior se a estonteante Aishwarya Rai tivesse levado para casa o galardão para melhor actriz principal, e o inevitável A.R. Rahman o de melhor director musical. Não foi isso que aconteceu, mas o saldo afigura-se como francamente positivo. Fica bem ainda referir que no Festival Internacional de cinema de São Paulo, essa grande cidade do país irmão Brasil, “Jodhaa Akbar” acabaria por ser considerado o filme estrangeiro preferido da audiência, tendo obtido o respectivo reconhecimento por tal facto. Acima de tudo, há que reconhecer que a película que presentemente é objecto de análise do presente texto tem causado muito “frisson”. Será merecido? Já vos darei conta da minha opinião, até porque confesso que a minha expectativa em visionar esta longa-metragem era imensa.


“Jodhaa Akbar” é acima de tudo duas coisas: um épico e uma história de amor. Doutra perspectiva, igualmente correcta, poderá ser passível considerar-se como uma história de amor épica. Como qualquer longa-metragem que pretenda, de forma directa ou indirecta, narrar eventos históricos, alguma celeuma acaba sempre por surgir. Quando estamos a falar da Índia, uma nação assente numa pluralidade étnica e religiosa bastante acentuada, que degenerou (a) em vários conflitos, o risco de tal suceder aumenta exponencialmente. Mesmo com Gowariker a admitir que cerca de 70% do argumento é ficcionado e da sua autoria pessoal, académicos atacaram este filme afirmando que Jodhaa Bai nunca foi esposa do imperador Akbar, mas sim do seu filho Jahangir. O erro teria nascido do livro subscrito pelo tenente-coronel inglês James Tod, intitulado “Annals and Antiquities of Rajasthan”. Os Rajput, por sua vez, também não gostaram da forma como foram retratados em “Jodhaa Akbar”, tendo a exibição do filme sido proibida nos estado de Uttar Pradesh, Rajasthan, Haryana e Uttarakhand. Tais actos levaram a uma batalha judicial entre os produtores do filme e os grupos de Rajput indignados, tendo o Supremo Tribunal da Índia ordenado aos governos provinciais que levantassem o embargo a esta obra.

"Duelo dos amantes"

História e política à parte, a primeira ideia que terá de ser retida acerca de “Jodhaa Akbar”, é que se trata de um filme sumptuoso. Desde as paradisíacas paisagens ao belo guarda-roupa, passando pelos palácios de sonho, tudo nesta película parece brilhar com uma luz incandescente. Só para termos uma ideia da dimensão megalómana como as coisas são aqui levadas a cabo, Gowariker usou 80 elefantes, 100 cavalos e 55 camelos nas cenas de batalha, para além de milhares de figurantes. Na música “Azeem O Sham, Shahenshah” (que já postei o videoclip AQUI) intervieram 1000 dançarinos, todos devidamente vestidos com indumentária da época, acompanhados de adereços como espadas e escudos. Como expoente máximo de luxo, direi igualmente que a soma de todo o ouro usado pelas personagens de “Jodhaa Akbar” ascende a 400 quilos!!! Julgo que com estes dados, ninguém se atreverá a pôr em causa que estamos perante uma produção com uma magnitude imensa, não se aplicando esta premissa apenas às películas de “Bollywood”.

Apesar da intriga política/religiosa/social e o manancial bélico terem uma parte importantíssima na trama, “Jodhaa Akbar” é antes de tudo uma história de amor. E quase todos nós sabemos que no campo do deflagrar de sentimentos, o cinema de “Bollywood” não pede meças praticamente a nada ou ninguém. Estamos perante a saga de uma linda princesa que ensina um jovem monarca que para governar bem tem de conquistar não apenas reinos ou povos, mas acima de tudo o coração dos seus súbditos. E a parada é posta num nível bastante elevado, pois “Akbar, o Grande” terá forçosamente de cumprir os objectivos propostos pela sua amada, de forma a que possa almejar ao prémio máximo, ou seja, ela própria. Imagino que naquela época, se isto acontecesse na realidade, “Akbar” não iria na conversa de “Jodhaa” e resolveria as coisas como habitualmente o fazia, ou seja, à força. É óbvio que aqui tal não poderia suceder, e “Akbar” orgulhosa, mas pacientemente, acede aos desejos de “Jodhaa” e através da sua descoberta pessoal, ganha o respeito dos seus subordinados, não apenas como um temível guerreiro, mas também como um governante justo, bondoso e compreensivo.

É extremamente apelativo num romance que se preze, o surgir de dificuldades a atravessarem-se no caminho dos apaixonados e as tentativas destes em superá-las. Aqui os problemas derivam sobretudo da diferença de costumes e religião entre ambos, que muitas vezes irá criar tentativas de descredibilização de “Jodhaa” na corte de “Akbar”. A princesa, sob a promessa de anuência do imperador, tenta manter alguns dos seus hábitos que considera fazer parte da sua própria essência como pessoa. Mas tal não granjeará simpatias numa sociedade muçulmana conservadora, que não vê com bons olhos o casamento da sua figura mais emblemática com uma hindu. Existem “complots” urdidos contra “Jodhaa”, que no início até acabam por chegar a bom porto, mas como aqui o amor vence sempre, “Akbar” acaba por se aperceber das maquinações contra a sua paixão, e toma atitudes que, contra tudo e todos, acabam por salvar os seus sentimentos e como decorrência secundária, mas importante, provocam uma nova visão política do seu império. É pois, fácil de perceber, que estamos perante uma longa-metragem que vive sob o signo do “love conquers all”, e neste ponto do texto já devem ter notado que a designação deste filme é a junção dos nomes do casal de enamorados “Jodhaa” (a princesa) mais “Akbar” (o imperador), que visa personificar esta simbiose de corpos e almas.

As batalhas e as restantes cenas de acção são do melhor que já vi na sétima arte, com momentos verdadeiramente arrepiantes e realistas. Fiquei particularmente impressionado com o treino dos elefantes presentes no filme, e o seu protagonismo durante as batalhas. Como já abordei em anteriores textos neste espaço, uma batalha que conte com elefantes, é algo de inexcedível. Os tanques de guerra da antiguidade conferem uma dimensão suplementar, que uma cavalaria não consegue almejar, por mais perfeita que seja em formação e número. Neste caso em particular, podemos observar elefantes verdadeiramente enraivecidos a esmagar com as patas os corpos de soldados desamparados, ou a varrer tudo o que podem apanhar com as suas trombas. É de igualmente admirar o diálogo físico que o imperador “Akbar”, mantém com um elefante e que faz parte do treino, julgo que de ambos. A cena tem muito de belo, numa clássica confrontação entre homem e besta (esta expressão não é usada com sentido depreciativo). No restante, as cenas bélicas possuem momentos de luta verdadeiramente excitantes, onde podemos observar setas a passar a milímetros dos alvos, ou uma verdadeira orgia de sangue que ilustra os costumeiros terrores da guerra. Merece igualmente um destaque especial o interessante duelo travado entre “Akbar” e o seu rival “Sharifuddin”, que pela envolvência e própria técnica de manejo das lanças, traz à memória a luta entre Aquiles e Heitor, no filme “Tróia”, de Wolfgang Petersen.

A banda-sonora, da autoria do mestre A.R. Rahman, exibe-se ao nível do que já nos habituamos, ou seja, bom. Destaco a música fenomenal “Azeem O Sham, Shahenshah”, que inclusive faz também parte da banda-sonora da novela brasileira “O Caminho das Índias”. Possui um pendor épico que se ajusta na perfeição ao ambiente da película, e que eleva imenso a réstia de heroísmo que, em maior ou menor medida, reside em cada um de nós. Ao contrário de algumas críticas que podem ser consultadas na internet, corroboradas por prémios que os principais actores venceram em certames de cinema, entendo que os intérpretes não denotam nada de transcendente na sua actuação. É certo que a beleza do outro mundo de Aishwarya Rai é sempre uma mais-valia imprescindível, para além do facto de a conceituada actriz conseguir arrancar alguns bons momentos durante esta longa-metragem. Igualmente Hrithik Roshan demonstra ter estampa para desempenhar o papel do imperador “Akbar”, e consegue cativar a audiência, assumindo uma figura de um homem duro, mas bom e justo. Uma muralha de pedra que se desmorona perante os inegáveis encantos de Rai. No entanto, é preciso reafirmar que estamos perante prestações ditas normais dos citados actores, sem demasiada elevação. Se existe algo que ressalta à vista, e aspecto que reconheço imprescindível nesta obra, é a inegável química que existe entre Rai e Roshan.


“Jodhaa Akbar” tem como predicados positivos a exposição de uma história de amor que encanta, a fricção política que ocorre sempre que se tenta quebrar com o instituído e as cenas das batalhas verdadeiramente fenomenais. Mas acima de tudo, e saúda-se o trabalho que vários filmes de “Bollywood” têm demonstrado neste particular, “Jodhaa Akbar” passa uma mensagem assaz positiva de tolerância religiosa e étnica. Tenta-se demonstrar que é possível e desejável uma reconciliação e aceitação mútua entre hindus e muçulmanos, numa desejada união entre todo o povo indiano, independente de credos ou costumes. Contudo, “Jodhaa Akbar” desilude um pouco, pois por vezes não consegue fugir dos trilhos do previsível ou da superficialidade. Embora se entenda que o mundo de sonho, normalmente domina a cultura do espectro de “Bollywood” (embora existam exemplos em que tal não sucede), falta credibilidade em alguns momentos da obra de Gowariker. E muitas vezes são estes parâmetros que distinguem uma obra grandiosa de um bom filme. “Jodhaa Akbar” fica-se pelo último espectro.

Aconselhável!


"A corte Mughal celebra a grandeza do seu imperador"

Trailer

The Internet Movie Database (IMDb) link

Site oficial

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 7

Argumento - 7

Banda-sonora - 9

Guarda-roupa e adereços - 9

Emotividade - 9

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 8,13




quinta-feira, julho 16, 2009

Beldades do Cinema Asiático - Maggie Q








Mais informações sobre esta lindíssima actriz AQUI.


domingo, julho 12, 2009

Entrega do prémio ao vencedor do "Concurso do My Asian Movies - 2ª edição"

Caros visitantes do "My Asian Movies",

Retornado e bastante retemperado pelas férias passadas na Croácia e Eslovénia, cabe-me publicar as fotos da entrega do prémio ao merecido vencedor da 2ª edição do concurso deste blogue, o ilustre Nuno Pereira. Foi para mim uma honra e prazer enorme ter a possibilidade de, pessoalmente, confraternizar com os visitantes deste meu humilde espaço e ainda para mais numa ocasião festiva como a aqui relatada. Espero sinceramente ter a oportunidade de conhecer mais caras que estão por detrás dos comentários aqui efectuados, e que numa próxima ocasião, possamos privar num convívio alargado, seja aqui na Madeira, em Portugal continental, Espanha, Brasil ou qualquer outra parte do planeta!
Quanto à narração da noite da entrega do prémio, transcrevo com a devida vénia, o texto que o amigo e vencedor Nuno Pereira elaborou e publicitou no seu blog "Nunices". Sei que ele não se vai se importar, mas a razão pela qual a faço é que conheço poucas pessoas que consigam narrar um acontecimento da maneira brilhante como o Nuno o faz. Sendo assim:
"Um ano e uns meses depois, a Aliança (Nádia, Su e Nuno) voltou a reunir-se com o Jorge Shinobi pelos mesmos motivos de outrora: a entrega de um prémio. Voltámos a receber o 1º prémio, mas agora do 2º Concurso do My Asian Movies . Voltou a ganhar a Aliança e voltámos a encontrar-nos no sítio do costume: o Café do Museu. É impressionante como passado um ano, o único que tinha envelhecido era eu, ou seja, a transmissão de pensamento só afecta o receptor. Desta vez fui eu o primeiro a chegar, e por isso, tive o privilégio de ver a aproximação da colorida e bela Nádia e depois da louraça e linda Su. Com a desculpa dos altares de S. João, o Jorge foi o último a chegar, mas trazia o prémio…e o diploma. Notou-se o que pode fazer o passar do tempo, ainda que não se notasse fisicamente, a Nádia já não aguenta metade do Compal que aguentava, afinal já tem 30 anos, e a Su depois do jantar foi para casa descansar. Até eu dispensei o Jam. Quem continua em grande forma é o Jorge.
O Jantar decorreu no Restaurante Paraíso Imperial, que estão preparados para celebrações especiais, como Crismas, Divórcios e entregas de prémios, e têm o Canal Benfica “para que o bom desportista disfrute do prazer de uma boa comida com o respectivo acompanhamento desportivo”. Posso dizer que comemos bem. Eu matei saudades do bife de atum, mas, uma vez mais, deu para entender que a Nádia já não aguenta a bebida como aguentava. Ficou-se por um Compal…nem ao segundo chegou. No final do jantar, o simpático dono ofereceu-nos um “digestivo” caseiro com um teor alcoólico de uns 130º, ( tive que ter cuidado ao acender o cigarro com medo que os “vapores” explodissem ).
Depois do jantar veio a entrega do prémio, que eu recebi em nome da Aliança, e veio também o desafio do Jorge para que eu defendesse este título no próximo concurso a ser lançado em 2009. Digo sempre que não. A Su continua com a alegria contagiante do costume, mas infelizmente não pôde acompanhar-nos depois do jantar. Os três resistentes ainda foram tomar um copo ao “Chega de Saudade” mas a Nádia, uma vez mais, levou a bebida de casa, ou seja uma garrafa de água. Acabámos, eu e o Jorge no Café do Teatro a tomar o meu último copo da noite, enquanto a viagem de férias do amigo Shinobi era preparada ao mais ínfimo pormenor com os companheiros de aventura.
É sempre um prazer estar com estes 3 amigos, e às vezes penso que concorro, e tento ganhar, os concursos do My Asian Movies, só pelo prazer de poder estar com eles.
Que venha o 3º Concurso …

Beijos e Abraço
Nuno"

Fica pois o relato do amigo Nuno, e o desafio para que a terceira edição do concurso do "My Asian Movies" seja tão disputada e bem sucedida como esta!
Um bem haja a todos vós que continuam a depositar a vossa confiança neste espaço!