Origem: Hong Kong
Duração: 103 minutos
Realizador: Wong Jing
Com: Leon Lai, Anita Yuen, Jordan Chan, Gigi Leung, Francis Ng, Chung King Fai, Cheung Tat Ming, Elvis Tsui, Moses Chan, Collin Chou, Ng Chi Hung
Sinopse
Em 1969, “Ko Chun” é comprado por um conhecido jogador chamado “Kent” (Chung King Fai) e treinado para ser o maior especialista em jogos de casino que o mundo já viu. Os anos passam, e o agora adulto “Ko Chun” (Leon Lai) está preparado para ser lançado no circuito dos casinos mais emblemáticos do oriente. Paralelamente “Lone Ng” (Jordan Chan), um ex-combatente vietnamita e agora radicado em Hong Kong, salva “Seven” (Anita Yuen) de um conflito de tríades e torna-se no seu guarda-costas de confiança. Numa noite em que se joga “poker” ao mais alto nível num apartamento, “Ko Chun” e “Seven” encontram-se e ambos se lembram das suas aventuras de meninice, em que a rapariga salvou o jogador de uma morte certa.
Entretanto, um torneio de extrema importância está prestes a se realizar, cujo objectivo é eleger o rei dos jogadores da Ásia. “Ko Chun” vai disputar o ambicionado título, sendo auxiliado para o efeito por “Kent Hing”, a sua noiva, e “Ko Ngo”, outro dos pupilos de “Kent”. Este último arma uma estratégia de traição, e fere quase mortalmente “Ko Chun”, fazendo com que “Ko Ngo” vença a competição e subsequentemente case com “Kent Hing”. Num estado quase vegetativo, “Ko Chun” é salvo e amparado por “Seven” e “Lone Ng”.Tempos depois, os principais casinos de todo o mundo resolvem levar a cabo um torneio internacional que decidirá quem é o verdadeiro rei dos jogadores a nível mundial. O traidor “Ko Ngo” inscreve-se como representante do sudeste asiático, e determinado a ser eleito o incontestado campeão dos casinos do planeta. “Ko Chun” vê aqui uma oportunidade de acertar contas de uma vez por todas, e levar a cabo a derradeira vingança.
"Review"
Em 1996, o realizador Wong Jing resolveu realizar mais um filme da saga “O Rei dos Jogadores” (ver críticas AQUI e AQUI) que tantos admiradores granjeou em Hong Kong, uma região que se encontra intimamente ligada ao mundo do jogo. Com certeza que este factor sociológico explicará em parte o sucesso obtido pelas películas, tendo tornado a personagem de “Ko Chun”, interpretada por Chow Yun Fat, um verdadeiro ícone do cinema daquelas paragens. O problema é que quando Wong Jing decidiu levar avante a empresa da feitura de uma nova longa-metragem, o conhecido actor já tinha deixado para trás a sua fase cinematográfica na região administrativa chinesa, e aventurava-se em terras do “Tio Sam”. Não havia Chow Yun Fat, que rumo então haveria a dar? Arranjar outro actor igualmente emblemático e dar um seguimento a “O Rei dos Jogadores – O Regresso”? Tal já havia sido tentado anteriormente com Stephen Chow, em dois filmes, “God of Gamblers 2” e “God of Gamblers 3: Back to Shanghai”, que constituíram verdadeiros “spin-off” do original “O Rei dos Jogadores”.
A ideia foi então realizar uma obra que temporalmente ocorresse antes dos eventos dos filmes “O Rei dos Jogadores” e o “O Rei dos Jogadores – O Regresso”, ou seja, uma prequela. A chave seria expôr a juventude de “Ko Chun” e a sua entrada para o circuito do jogo, assim como explicar algumas características que associamos bastante a esta personagem, como por exemplo o enorme gosto por chocolates, a fixação pelo seu anel de jade ou a razão pela qual usa sempre o cabelo com gel antes dos seus embates. Recrutou-se para o papel do jovem “Ko Chun” a estrela bastante popular do Cantopop Leon Lai, de maneira a revitalizar a figura e continuar a garantir a sua popularidade no meio cinematográfico.
"Kent Hing demonstra a sua perícia nos dados"
“1986, antes de Ko Chun se tornar o Rei dos Jogadores, teve de enfrentar o mais perigoso desafio da sua vida.” O filme começa com esta frase que contém uma promessa velada de acção e entretenimento, sem dúvida apelativa e que seduz os apreciadores do género. De facto, o espectador neste particular fica longe de sair defraudado, essencialmente devido à prestação de Jordan Chan no que toca à acção, com momentos extremamente bem conseguidos de tiroteio e kung-fu. O guarda-costas “Lone Ng”, interpretado por Chan, acaba surpreendentemente por ser a verdadeira alma desta longa-metragem, obliterando Leon Lai e retirando-lhe em grande medida um aguardado protagonismo. Aliás, em relação a este último actor, os fãs da saga queixaram-se de alguma forma que o mesmo não possuía, nem de longe nem de perto, o carisma evidenciado por Chow Yun Fat na interpretação de “Ko Chun”. As despesas no que toca à parte cómica, correm bastante por conta da actriz Anita Yuen, que consegue arrancar alguma boa disposição, embora tenhamos de ter em conta que a comédia dos filmes de Hong Kong não raramente se afigura como demasiado infantil e até pirosa. O filme não foge à regra, no que a este particular diz respeito.
Esta longa-metragem dirige-se essencialmente aos fãs dos filmes anteriores e de “Ko Chun”. Como já acima fiz referência, a película visa explicar certos aspectos que ligamos à figura do rei dos jogadores e que se tornaram as suas marcas distintivas. No entanto e apesar de obtermos algumas respostas satisfatórias às nossas questões, o filme possui algumas incongruências narrativas à semelhança de “O Rei dos Jogadores – O Regresso”. Definitivamente não se pode medir meças a certas partes do argumento. Isto assume ainda mais relevância, quando fazemos um enquadramento global dos três filmes, e chegámos a algumas contradições insanáveis. Talvez o aspecto mais evidente seja o próprio relacionamento entre “Ko Chun” e o guarda-costas “Lone Ng”. Supostamente eles apenas tinham travado conhecimento em “O Rei dos Jogadores”, numa fase mais adiantada da carreira de “Ko Chun”. Aqui, eles tornam-se grandes amigos no início da odisseia do herói, num hiato temporal de mais ou menos uns 10 anos. É óbvio que nada disto faz sentido, e a justificação que se há de arranjar passará forçosamente por uma perspectiva bastante prática e real. “Lone Ng” é uma personagem indispensável no universo de “O Rei dos Jogadores”, e com o recrutamento de Jordan Chan, este factor assumiu com certeza mais acuidade.
“O Rei dos Jogadores – O Início” configura-se como um produto comercial razoável de Hong Kong. Contudo é sempre bom alertar para o facto de ser necessária uma visão completamente descomprometida do filme, ou seja, esqueça-se algumas incongruências da trama, a comédia infantil e o dramatismo exacerbado e pouco credível. Fiquemo-nos pelo entretenimento puro e duro, e alguma satisfação havemos de retirar daqui.
"O casamento dos traidores Kent Hing e Ko Ngo"
Trailer (é mais uma cena emblemática, do que uma apresentação do filme)
The Internet Movie Database (IMDb) link
Avaliação:
Entretenimento - 8
Interpretação - 7
Argumento - 6
Banda-sonora - 7
Guarda-roupa e adereços - 7
Emotividade - 8
Mérito artístico - 7
Gosto pessoal do "M.A.M." - 7
Classificação final: 7,13
2 comentários:
Caro Jorge,
Vi os 3 filmes da série, e achei todos filmes de entretenimento, e alguma comédia (ou tentativa), um melhor que o outro...mas todos visiveis numa tarde de domingo. Não são fantásticos, mas dependendo da disposição do momento, até que podem distrair. Gostei mais do "Rei dos Jogadores "... o 1º da série, já que este, sendo "O Início"...é o último. penso que a classificação dada, 7 ou 6,5 , é justa.
Um Abração
Amigo Nuno,
lá entreter, qualquer um dos 3 filmes fazem-no sem dúvida nenhuma. E esse é um aspecto que aprecio bastante nos filmes. O resto já se sabe como é...
Quanto a mim, não tenho duvidas que o 1º da série é o melhor. Este é bem capaz de ser o pior dos três. No entanto,sempre distrai.
Grande abraço!
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