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domingo, janeiro 04, 2009

C'est La Vie Mon Cheri Aka Endless Love/Xin bu liao qing - 新不了情 (1993)

Origem: Hong Kong

Duração: 99 minutos

Realizador: Derek Yee

Com: Anita Yuen, Lau Ching Wan, Carrie Ng, Carina Lau, Petrina Fung, Paul Chun, Sylvia Chang, Jacob Cheung, David Wu, Peter Chan, Teddy Chan, Tats Lau, Joe Cheung, Jamie Luk, Herman Yau, Andy Chin

"Kit"

Sinopse

“Kit” (Lau Ching Wan) é um músico de jazz, que se encontra deprimido pelo facto de as melodias que cria não serem bem aceites pelo público. Embrenhado num marasmo criativo, discute com a sua namorada, a popular cantora “Tracy” (Carina Lau) e põe fim ao relacionamento de ambos.

"Min"

“Kit” muda-se para um apartamento bem mais modesto, e tenta reiniciar a sua vida. No andar de baixo do prédio vive uma família de músicos que se dedica à execução de espectáculos de rua, a maioria versando a ópera chinesa. Cedo “Kit” faz amizade com “Min” (Anita Yuen), o elemento mais novo da família, que revela ser uma rapariga com uma alegria e optimismo enormes. A convivência com “Min”, faz com que “Kit” adquira uma nova vontade de viver, e ambos inevitavelmente apaixonam-se.

Contudo, devido à doença grave que aflige “Min”, a felicidade dificilmente irá durar para sempre...

"Min é confortada por Tracy"

"Review"

Premiadíssimo com seis “Hong Kong Awards”, na 13 ª edição edição deste certame ocorrida em 1994, “C'est La Vie Mon Cheri” é considerado por muitos uma das maiores histórias de amor de sempre, provenientes da industria cinematográfica da actual região administrativa chinesa. Antes de a Coreia do Sul monopolizar quase tudo o que signifique películas de “fazer chorar as pedras da calçada” (por ora, exclui-se “Bollywood”), tanto o Japão como Hong Kong produziram obras de algum vulto, cujo objectivo imediato era partir-nos o coração em dez!


Com um título em francês, provavelmente para acentuar ainda mais o pendor romântico desta obra, “C'est La Vie (...)” poderá parecer à partida o clássico “tearjerker” asiático, em que o tema já bastante familiar das doenças terminais (e um verdadeiro subgénero) marca pontos. No entanto, esta premissa não passa de uma primeira impressão, e o filme vai muito mais além do que isto. É certo que a trama assenta em muito numa bonita paixão, mas foca-se em igual medida na importância da amizade e do gosto pela vida. Esta longa-metragem faz questão de fugir dos estereótipos “pirosos” que marcam muitas vezes o género, apresentando um conjunto de personagens envolventes e realistas, que somos perfeitamente capazes de identificar no quotidiano e, porque não dizê-lo, com nós próprios. Aqui não estamos perante um cenário idílico, povoado por pessoas que nem parecem fazer parte do mundo real, e que de repente uma tragédia qualquer faz cair o paraíso. Pelo contrário, em “C'est La Vie (...)” os eventos parecem tudo, menos artificiais. Estamos a falar de seres palpáveis, cujas agruras no dia-a-dia bem entendemos, e que com avanços e recuos, felicidades e infelicidades, percebemos que a vida ou a morte seguem o seu rumo natural.

O realizador Derek Yee, cujo trabalho já tive aqui a oportunidade de analisar no competente “One Nite in Mongkok”, incide inteligentemente nos aspectos positivos da vida, e com equilíbrio não teme revelar a outra face da moeda. Este ritmo próprio da película, em muito é ajudado pela esforçada interpretação dos actores principais Anita Yuen e Lau Ching Wan. “Min” é uma rapariga pobre, que tem alguma consciência das suas debilidades físicas e psicológicas, mas que vive sob um cativante signo da esperança. Ela não assume uma posição fatalista perante a vida, mas pelo contrário espalha a alegria por tudo e por todos, irradiando um charme irresistível. Por outro lado, temos um “Kit” destroçado e pessimista, mas que na realidade não tem metade dos problemas de “Min”. Mesmo assim, é esta que faz com que a confiança de “Kit” renasça, através de uma força e fé interior, que é capaz de mover montanhas. Anita Yuen e Lau Ching Wan dão corpo a um dos casais mais bem conseguidos do cinema de Hong Kong dos anos '90, merecendo destaque a cativante performance da actriz. É um facto quase indiscutível que “C'est La Vie (...)” constituiria a longa-metragem que definitivamente abriria as portas do estrelato a Lau Ching Wan, e principalmente a Anita Yuen, transformando esta última intérprete, durante algum tempo, numa das estrelas mais cintilantes do burgo.

"Um abraço sentido"

Cabe ainda relevar neste filme, o seu teor musical bastante premente. Estando a trama em parte alicerçada num músico frustrado, assim como numa rapariga que pertence a uma família com tradições na ópera chinesa de rua, está dado o mote para que ao longo da trama nos deparemos com um manancial de melodias que vão desde ao jazz, passando pelo “cantopop” e pela ópera chinesa. Este pendor não se revela apenas na banda-sonora, mas igualmente nas histórias laterais relacionadas com a cena musical de Hong Kong, a nível da indústria discográfica, dos concertos e dos bares. É um registo bastante interessante, e que serve de importante pano de fundo para as questões ditas mais centrais do enredo

Sendo um “remake” de um filme de 1961, intitulado “Love Without End”, assinado pelo realizador Tao Qin, “C'est La Vie Mon Cheri” é um drama envolvente, que conseguirá tocar os corações mais empedernidos. Para além de ser uma enternecedora história de amor, não se cinge apenas a este aspecto e vai muito mais além. Deambula pelos caminhos da amizade e da redenção de uma forma louvável, transmitindo-nos uma mensagem de esperança e de optimismo, mesmo que no fim se assista a um trágico ocaso. Destarte, e apesar de nos sentirmos tentados a derramar uma ou outra lágrima, tudo flui natural e suavemente sem melodramas aparentemente demasiado excessivos. Neste aspecto, deixar-se-á as despesas da casa por conta do ambiente por onde a película caminha.

Uma boa proposta!

"Ópera chinesa"

The Internet Movie Database (IMDb) link

Cena do filme

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 8

Argumento - 7

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 10

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8,13





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