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segunda-feira, abril 30, 2007

Beijing Rocks/Bak Ging lok yue liu (2001)
Origem: Hong Kong
Duração: 110 minutos
Realizador: Mabel Cheung
Com: Daniel Wu, Shu Qi, Geng Le, Richard Ng, Faye Yu

"O jovem compositor Michael Wu"

Estória

“Michael Wu” (Daniel Wu) é um jovem de Hong Kong, educado desde muito novo nos EUA, que vai viver durante uns tempos para Pequim (Beijing), por ser desejo do seu pai (Richard Ng), um rico construtor civil, que o jovem aprenda mandarim e componha canções nesse mesmo idioma. “Wu”, um músico frustrado e sem inspiração, no entanto passa a sua vida na diversão, levando uma vida boémia e sem nenhuma responsabilidade.
Certo dia, quando andava em mais uma das suas deambulações nocturnas, “Wu” assiste a uma rixa num bar em que são intervenientes uma banda de rock chamada “Moonwalkers”, os donos do estabelecimento e as autoridades. O motivo da altercação prende-se com as letras politicamente incorrectas que “Road” (Geng Le) debitava no microfone e que fez com que o técnico de som desligasse a corrente eléctrica, findando desta forma o concerto do agrupamento musical.
"A groupie Yang Yin"

A partir daqui, “Wu” torna-se numa pessoa muito próxima da banda, acompanhando diariamente os seus anseios e frustrações, num país que se está a abrir para o ocidente, mas que de certa forma ainda imperam vários tipos de censura.
Igualmente “Wu” não consegue deixar de se sentir atraído pela “groupie” dos “Moonwalkers”, “Yang Yin” (Shu Qi), namorada de “Road” e possuidora de uma personalidade muito própria e carismática.
"Yang Yin e o namorado Road, o vocalista da banda Moonwalkers"


"Review"

“Beijing Rocks” foi daqueles filmes que absolutamente nunca tinha ouvido falar antes, e que me caiu nas mãos, numa daquelas promoções do “Yesasia”, em que escolhemos o filme de borla que nos parece menos mau. Como não gosto de “andar às escuras” na vida em geral, e principalmente na escolha dos dvd’s que compõem a minha colecção, lá fiz um pouco de pesquisa e deparei-me com alguns motivos que me fizeram optar por esta película na aludida promoção.
O facto de possuir Shu Qi como uma das intérpretes principais, actriz com atributos artísticos, e não só, que me cativam de alguma forma, constituiu a primeira chamada de atenção (já sei, os homens não prestam para nada…lá foi ao ar uma réstia de bom senso ou inocência que este texto pudesse ter…).
Um segundo factor de atracção, passou pela leitura da sinopse de “Beijing Rocks”, que me fez aguardar uma película na senda de filmes como “24 Hour Party People”, ou das obras de Cameron Crowe, tais como “Singles – Vida de Solteiro” ou o fabuloso “Almost Famous – Quase Famosos”, este último, o filme do realizador que colhe mais a minha simpatia. Por este motivo, e funcionando como mais um “quid”, despertou-me a curiosidade o facto de ser pouco comum um filme de Hong Kong ou da China debruçar-se sobre tais matérias. Igualmente, convém ao caro leitor saber que eu sou um perfeito ignorante acerca da vertente musical, em especial do ambiente “rock”, que se respira por aqueles lados. E quando se vive uma situação destas, mandam as mais elementares regras, que nos devemos cultivar em ordem a suprir as lacunas existentes.
E pronto, está tudo sumariamente explicado no que concerne a esta parte!
Num registo que nos faz lembrar de certa forma “Failan”, embora com motivações distintas, o filme começa com “Wu” a chegar a Pequim, deparando-se com características muito próprias da grande cidade, vistas através do vidro de um automóvel. Os grandes edifícios e alguns resquícios da ocidentalidade já se vislumbram e misturam-se com os traços próprios do regime autoritário chinês, tais como o culto ao líder de sempre, Mao Tsé Tung (Mao Zedong). As referências ao ambiente vivido em Pequim repetem-se, com alguma frequência, ao longo desta longa-metragem. Essas mesmas referências estão obviamente relacionadas com o regime musculado comunista. Pense-se no grito de revolta que o sub-mundo do “hard rock” pretende ser contra os estigmas dominantes, e que predominam bastante ao longo do filme. Atentemos ao passeio de bicicleta que a banda faz em frente à cidade proibida (residência dos antigos imperadores chineses), belíssimo monumento que se encontra desfigurado com tarjas evocativas da denominada “Revolução Cultural” e apologistas do “perfeito e maravilhoso pai da China”. Sem querer politizar em demasia (temo que já o fiz, infelizmente) a presente crítica, permitam-me apenas que refira uma frase que “Yang Yin” profere a certa altura do filme:
“Desejo um dia cantar e fazer um strip na Praça de Tianamen!”
Sintomático? Julgo que sim!
"Uma actuação de improviso dos Moonwalkers"


“Beijing Rocks” constitui um filme dramático, eivado de uma ternura que não nos deixa impassíveis ou indiferentes. Em muito devemos isto à bem conduzida narrativa, à interessante música imbuída de letras bastante significativas, a alguma comédia que nos desperta recordações tão caras e que ao pouco se vão distanciando (a cena do criador de porcos que se vai queixar que os animaizinhos não comem devido ao barulho que a banda faz está fenomenal!), à fotografia conduzida com mestria pelo consagrado Peter Pau, mas acima de tudo às bem construídas personagens e consequente inter-relacionamento.
Daniel Wu, um dos actores com melhor cartaz em Hong Kong, dá-nos a conhecer uma personagem que se encontra perdido quanto às suas origens. Não fala bem inglês e expressa-se ainda pior em mandarim. A composição das suas músicas não corre bem. Foge dos tentáculos de um pai dominador. Acaba por encontrar um pouco de redenção nos “Moonwalkers”, mas mesmo aí apaixona-se por uma rapariga que não lhe pode corresponder.
Geng Le, que interpreta “Road”, o rebelde e traumatizado vocalista dos “Moonwalkers”, consubstancia-se num perfeito grito de revolta contra as concepções dominantes. Ele não visa apenas ser um “rocker”. Simplesmente anseia ser diferente de tudo e de todos. É a figura trágica do filme, e sentimos claramente um mau fim a aproximar-se à medida que caminhamos para o epílogo.
A bela Shu Qi, representa uma figura digna de rivalizar com “Penny Lane” de “Quase Famosos”, excelentemente interpretada por Kate Hudson. No entanto, “Yang Yin”, afigura ser muito mais insegura e excessivamente dependente de “Road”. Tem vários sonhos, muitos deles votados ao fracasso devido à conjuntura pessoal que vive. Contudo, a sua saudável loucura dá muita vida e encanto à película.
“Beijing Rocks” é um bom filme, competentemente dirigido pela realizadora Mabel Cheung, rodeado de uma aura educativa, mas ao mesmo tempo saudavelmente idealista e rebelde. Tal imagem é bem ilustrada numa frase de uma das músicas dos “Moonwalkers”, a banda fictícia do filme:
“So Buddha Says: If I don´t go to hell, Who will go to hell?”
"A vender cds de origem duvidosa"


Trailer (Não encontrado!) , The Internet Movie Database (IMDb) link

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 8

Argumento - 8

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 9

Emotividade - 9

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8,38







4 comentários:

José Leite disse...

Parabéns pela divulgação da cinematografia chinesa. Também sou apreciador.
Cumprimentos.

Sempre lutei contra a xenofobia. Veja alguns posts meus sobre o tema. Tenho um sobre a freguesia de Árvore (Vila do Conde) onde há a China Town local...

Quanto ao seu comentário no blogue "filho do 25 de Abril", gostei, pela elevação, dignidade e bom senso. Embore discorde (veja a resposta...), apreciei a forma elegante como defendeu a "sua dama"... "dama de pau carunchoso"... mas com qualidades, malgré tout...

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Caro rouxinol de bernardim,

Agradeço-lhe imenso o seu generoso cumprimento acerca do meu blogue. Espero que agora que o descobriu, e atendendo a que é um apreciador, passe a ser um frequentador assíduo.

Igualmente cumprimento-o por ser um lutador contra a xenofobia. Precisamos de muitos e bons. Com certeza que visitarei o(s) seu(s) blogue(s).

Quanto ao meu comentário no filho do 25 de Abril, só pelo seu veredicto, vi que valeu a pena.

Um abraço,

Blueminerva disse...

É a primeira vez que cá venho e seguramente vou voltar.
Parabéns pelo blog.

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Muito obrigado pelo elogio, blueminerva! Aparece sempre, pois tu e todos são muito bem vindos a este humilde espaço!

Cumprimentos,