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domingo, dezembro 17, 2006

Casshern (2004)

Origem: Japão

Duração: 142 minutos

Realizador: Kazuaki Kiriya

Com: Yusuke Iseya, Kumiko Aso, Akira Terao, Kanako Higuchi, Fumiyo Kohinata, Hiroyuki Miyasako, Jun Kaname, Hidetoshi Nishijima, Mitsuhiro Oikawa, Susumu Terajima, Hideji Otaki, Tatsuya Mihashi, Toshiaki Karasawa, Mayumi Sada

"Tetsuya e Luna nos bons tempos"

Estória

Num futuro distante, o grande império asiático domina a Europa após uma prolongada guerra, de onde resultaram consequências nefastas tais como a fome, a poluição e o terrorismo.

O Dr. "Azuma" está prestes a desenvolver uma das maiores descobertas da história da humanidade, o que ele chama de neo-células. O especial neste tipo de células é que podem reconstruir qualquer parte do corpo, por mais seriamente danificada que esteja. A principal motivação na pesquisa de "Azuma" não é tanto o bem geral da humanidade, mas sim descobrir uma cura para a estranha doença que afecta a sua esposa. O projecto é liminarmente rejeitado pelo ministério da saúde, mas secretamente acaba por ser apoiado pelo ministério da defesa, que vê aqui grandes potencialidades a nível militar.

Entretanto "Tetsuya", o filho de "Azuma", decide ir combater na guerra que presentemente se desenvolve contra os rebeldes que lutam contra o império asiático, mas depressa se arrepende devido ao grande sofrimento e dor que lhe é dado a assistir. Acaba por morrer numa batalha, e o seu corpo é enviado de volta para a família.

"Casshern"

Aquando do funeral de "Tetsuya", um relâmpago atinge as instalações onde se situa o laboratório do Dr. "Azuma", e vários mutantes começam a emergir do líquido onde estão concentradas as neo-células. A maior parte é morta pelo exército, mas um pequeno grupo consegue evadir-se. No meio da confusão e da luta reinante, "Azuma" retira do caixão o corpo do seu filho, e banha-o no líquido das neo-células, conseguindo desta forma dar-lhe vida outra vez.

"Tetsuya", apesar de ressuscitado, possui um corpo altamente instável. Por essa razão, o pai de "Luna", a namorada do rapaz, constroi uma armadura que é capaz de controlar os incríveis poderes de "Tetsuya", para além de lhe conferir outros. Nascia "Casshern".

Os mutantes que conseguiram escapar à morte, juram vingança sobre toda a raça humana e formam um grupo conhecido como os "Neo-Sapiens". Uma violenta guerra começa entre as duas raças, e apenas "Casshern" terá o poder para por termo ao conflito e salvar a sua mãe "Midori", que se encontra no poder dos mutantes.

"O exército dos Neo-Sapiens ao ataque"

"Review"

Baseado num "anime" intitulado "Shinzo Ningen Casshân", "Casshern" é acima de tudo um filme único no que toca à produção. Foi quase inteiramente filmado tendo por pano de fundo um ecrán de cor verde, e todos os incríveis e extremamente futuristas cenários foram adicionados já na fase da pós-produção.

O mundo de "Casshern" é feito de ódio e luta pelo poder. O "background" da estória extasia-nos e faz-nos entrar completamente numa outra dimensão, a que não é alheia a muito bem feita banda-sonora, composta mais de sons que combinam extremamente bem com as cenas, do que propriamente temas inteiros que nos ficam na cabeça. Não existem aqui "hit songs", outrossim permanecem sempre aqueles sons fantasmagóricos e futuristas, por vezes violentos, outras vezes incrivelmente tristes e melancólicos.

Os cenários e as máquinas de guerra são simplesmente fabulosos, e contribuem para a tão propalada entrada do espectador num planeta à parte. As máquinas voadoras e o seu "design" trouxeram-me logo à memória as usadas em tantos filmes de Miyazaki, atendendo à incrível semelhança que detêm com as que são profusamente vistas nos filmes deste génio do cinema. A diferença principal e determinante para nos fazer apreciar ainda mais este aspecto, passa por "Casshern" não ser um "anime", embora tenha forçosamente de ser reconhecido que existe uma grande atmosfera de animação presente.

"A pós-modernista cidade de Casshern"

Mas na realidade o que faz de "Casshern" um filme tão único e tão belo?

É que é raríssimo uma película com efeitos especiais tão bons e visualmente tão bela, secundarizar estes aspectos em detrimento do argumento, e sobretudo da forte mensagem político-ideológica e sentimental que tenta passar. E estamos a falar de um campo que é extremamente difícil de ser bem sucedido, mas o realizador Kazuaki Kiriya assumiu o desafio, e venceu-o esmagadoramente. O espectador atento e mais sensível, começa por ficar abismado com toda a beleza visual de "Casshern", mas quando se apercebe da envolvência humana que rodeia a longa-metragem, depressa põe a estética em segundo plano e concentra-se no que realmente interessa.

Existe uma combinação de filosofia e dilemas humanos, que desembocam em questões tão prementes como o ódio gerar o ódio, o racismo e a xenofobia, a poluição e muito mais, sendo estes problemas bastante actuais. "Casshern" dá-nos uma perspectiva do que pode ser o futuro, se não mudarmos estes comportamentos selváticos e sem sentido nenhum numa sociedade civilizada. Mas aqui não se limita a pensar no problema em termos globais. Aprofunda-se estes paradigmas de tal forma, combinando-os com as tragédias pessoais das personagens que compõem o filme. E já agora, os actores estão francamente de parabéns, pois todos, mesmo todos, sem distinção nenhuma, oferecem-nos interpretações de elevada qualidade.

Kazuiya Kiriya, com um orçamento de apenas seis milhões de dólares, oferece-nos um filme inesquecível, que se consubstancia numa verdadeira fábula messiânica, sendo raro vermos hoje em dia uma película deste género que apresente tão bons resultados. Quando tive o enorme prazer de visionar "Casshern", só me lembrava de quão tolo fui em até apreciar "Sky Captain and the World of Tomorrow". É como estar a comparar um Ferrari com um qualquer utilitário.

Um filme que apesar de enveredar pelo futurismo, manteve uma identidade una e indivisível. Vejam ou arrependam-se!

"O ressuscitado líder dos Neo-Sapiens"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras Críticas em português: Cineasia, C7nema, Nem todos são arte, Bitlogger, Cinema ao Sol Nascente, Axasteoquê?!?

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 9

Argumento - 9

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 9

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8,38





5 comentários:

Sérgio Lopes disse...

Boa noite, tudo bem?
Mais uma vez parabens pelo teu blogue.

Queria de novo te perguntar se gostarias de colaborar no cineasia. A minha ideia era escreveres críticas regularmente para o cineasia. Eu preciso de mais um colaborador de qualidade e assim os teus textos teriam mais visibilidade.

Sei que poderá ser um pouco egoísta da minha parte, mas em vez de dois blogues de cinema asiático, teriamos apenas um, muito mais poderoso!

Que achas da ideia?

1 grande abraço

Sérgio Lopes

Anónimo disse...

lá de novo, meu amigo.

Eu tivo o prazer de ver alguns animes desse filme e, quando tive a oportunidade de vê-lo em filme, não pensei duas vezes.

Particularmente achei tudo no filme fantástico. Mesmo tendo quase duas horas e meio o filme nos prende do começo ao fim.

A histório é singular, as reviravoltas bem feitas, os "ganchos" da história são bem amarradas.´

É um filmes de drama que nos arrebata a lutas fantásticas, e falando em lutas, elas são soberbase, para provar que o filme não seria focado nelas, existem momentos onde apenas sabemos que uma luta começou, e depois nos presenteamos apenas com dois corpos jogados ao chão. Os detalhes já foram mastigados, não precisavam ser repetidos.

Sem dúvida é um ótimo filme.

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá grande Tisahu!

Concordo em absoluto com o teu comentário!
Casshern é um filme diferente, mas bastante bom, tanto na parte de acção como na parte mais dramática. Os efeitos então são um verdadeiro sonho!

Grande abraço!

Anónimo disse...

Olá de novo.

Só mudando um pouco o assunto, você já viu o filmes "Tasogare Seibei" (aqui no brasil ficou conhecido como "O samurai do entardecer"). Um filmes dirigido por Yôji Yamada com Hiroyuki Sanada e Ren Osugi.

Eu, particularmente, gostei muito. Não achei uma crítica sobre esse filme no teu blog.

Um abraço e até o próximo.

Viva o cinema asiático e toda a sua magia.

Até mais

Tisahu/Brasil/Recife

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá Tisahu!

Conheço perfeitamente o "Tasogare Seibei" do Yôji Yamada, um filme que acho muito bom. Aqui em Portugal ele foi editado sob o nome de "A Sombra do Samurai". Um dia destes, com certeza colocarei um texto aqui no blogue acerca desse filme.

Entretanto, se reparar na secção "Japão", está lá um filme chamado a "Espada do Samurai", que também é de Yôji Yamada. Frequentemente "Tasogare Seibei" e a outra película são vistos como parte de uma trilogia "chambara" não oficial de Yôji Yamada. Eu explico um pouco melhor nesta crítica.

Faço minhas as palavras que lançou de incentivo ao cinema asiático!

Abraço!

PS: Vc. falou do Hiroyuki Sanada, um grande actor do meu ponto de vista, mas estranhamente ainda não tem nenhum voto para o actor asiático preferido...