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sábado, junho 16, 2007

Isabella/伊莎貝拉 (2006)
Origem: Hong Kong
Duração: 109 minutos
Realizador: Edmond Pang
Com: Chapman To, Isabella Leong, J. J. Jia, Anthony Wong, Chau Sang, Derek Tsang, Shawn Yue, Steven Cheung, Josie Ho, Jim Chin, Wan Yeung Ming
"Yam"
Estória

Em 1999, numa Macau prestes a sair do domínio português, e a entrar na jurisdição da República Popular da China, vive o inspector “Ma Cheng Sing” (Chapman To), que enfrenta sérias acusações de corrupção. Sem nada ou alguém com que se preocupar, “Sing” passa os dias a embriagar-se e a jogar na grande variedade de casinos existente no território.

Certa noite numa discoteca, o bêbado “Sing” procura uma prostituta para passar a noite e acaba por ser bem sucedido nos seus intentos. No dia seguinte, acorda com uma jovem rapariga a seu lado, chamada “Cheung Bik Yam” (Isabella Leong), que afirma peremptoriamente ser a sua filha!!!

"Sing"

Pelos vistos, há 16 anos atrás, “Sing” tinha namorado com a mãe de “Yam” (J. J. Jia), tendo posteriormente abandonado-a. A mulher engravidou, mas nunca disse nada a “Sing”, tendo este vivido na ignorância os anos todos. Actualmente a mãe de “Yam” está morta, vítima de um cancro de pulmão, e a rapariga está só e sem dinheiro, tendo sido despejada pelo senhorio do apartamento onde vivia.

No início, “Sing” não aceita bem esta situação, tentando afastar-se de “Yam”. Contudo, acaba por se afeiçoar à rapariga e começa mesmo a tratá-la como uma filha. No entanto, a justiça não dorme, e “Sing” terá mais cedo ou mais tarde de pagar pelos seus crimes.

"Alegria nas ruas de Macau"

"Review"

“Isabella” tem desde logo um extremo interesse para os portugueses, devido a vários factores relacionados com o meu país. O enredo decorre totalmente em Macau, região que esteve sob a administração nacional até 20 de Dezembro de 1999, e podemos mesmo ouvir falar português em duas partes do filme, a saber, quando um colega de “Sing” avisa-o que “Yam” tem menos de 18 anos, e mais à frente no filme quando o próprio “Sing” pede comida chinesa em vez de portuguesa (aqui não garanto que tenha sido o actor Chapman To a falar, pois o mesmo encontra-se parcialmente coberto com um vidro).

Esta longa-metragem revela antes de tudo ser um drama profícuo e profundo, onde várias sensações são despertadas no espectador, indo de extremos como a ternura ao mais puro asco, principalmente nas partes em que tememos estar perante um grotesco e infeliz caso de incesto. Depois de atingido o epílogo do filme, ficamos sempre com a dúvida se “Sing” realmente manteve relações sexuais com “Yam” ou não. Ambas as posições são perfeitamente defensáveis, pelo que quanto a este aspecto não tomarei partidos. Sinceramente é meu franco desejo não opinar acerca deste aspecto… Só vos posso dizer que quando “Isabella” concorreu ao Urso de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Berlim, a frase chamativa que se encontrava no cartaz promocional era “Is she a one night stand – or is she his daughter?”. Julgo ser bastante ilustrativo.

Outra grande marca “tuga” presente na película é sem dúvida a banda-sonora. Muita guitarra portuguesa, perfeitamente enquadrada nas cenas e nos belos cenários da cidade, um misto de arquitectura colonial portuguesa, com edifícios modernos e bairros chineses tradicionais. No fim ouve-se inteiramente “Ó gente da minha terra”, da fadista Mariza. Sintomático q. b., confesso que gostei imenso de tal facto, apesar de não ser grande apreciador de fado. O agrado decorre mais de termos algo nosso impregnado num filme asiático de boa qualidade, para além do facto de “Isabella” ter vencido o Urso de Prata de Berlim para melhor banda-sonora.


"A fitar o infinito"

Visionando “Isabella”, apercebemo-nos que os portugueses não são bem vistos por alguns segmentos da população autóctone de etnia chinesa. Um dos colegas de “Sing”, interpretado pelo competente actor Anthony Wong, está constantemente a criticar os meus conterrâneos. Vejamos alguns exemplos: “Não podes confiar nos portugueses. Os antepassados deles eram piratas. Eles são piratas!” – de facto, os portugueses são conhecidos por terem sido um povo de descobridores e navegadores, deveríamos ter uns piratas lá no meio; “Não sei como é que os portugueses conseguem comer esta porcaria” – tudo uma questão de gostos meu caro, venha daí essa dobrada à moda do Porto!

A trama encontra-se bem estruturada. O realizador Edmond Pang aposta muito nas subtilezas e nas induções, surpreendendo-nos em variadíssimas cenas, levando-nos a pensar que vai acontecer uma coisa, quando na realidade acontece outra completamente distinta. Na parte pseudo-incestuosa, por duas vezes somos levados a pensar que vamos ver qualquer coisa de chocante a este respeito. Numa, vemos “Sing” a berrar com “Yam” “Para de foder com os outros!”, logo em seguida deparamo-nos com o polícia a acordar com uma mulher nua ao lado, sai um sonoro “Ufa!”, quando nos apercebemos que não é “Yam”! Noutra, num corredor, vemos a confusão de pernas de “Sing” e “Yam”, pensando que alguma fúria sexual tomou conta dos dois, para afinal apercebermo-nos que a rapariga encontra-se embriagada e “Sing” pachorrentamente carrega-a para o apartamento. São muitas cenas deste género, e nem sempre relacionadas directamente com a relação de “Sing” e “Yam”. Quanto a induções, que dizer acerca de “Sing” identificar “Yam” como filha, e esta falar dele aos amigos como o seu amante? Ficamos no amor paternal, fraternal, etc., etc., etc. Pang adora mesmo brincar com as nossas mentes!

Chapman To oferece-nos uma representação de qualidade acima da média. Já conhecia este actor do célebre “Infiltrados”, e depois de “Isabella”, comecei ainda a gostar mais do seu estilo de representação simples e honesto. Isabella Leong, a jovem cantora e actriz que faz 19 anos precisamente daqui a uma semana, deslumbra em todos os sentidos. Apesar da sua relativa inexperiência nas lides da sétima arte, demonstra ser uma actriz a olhar com muita atenção no futuro. Julgo não estar enganado, quando vaticino que uma nova diva do cinema asiático estará a nascer. O facto de ser linda de morrer também ajuda, é certo!

Por esta altura, já devem ter reparado que em momento algum menciono “Isabella”, nome próprio que intitula o filme, como personagem. Não vos direi a razão para tal. Antes pelo contrário desafio-vos a ver o filme, e descobrir tanto os contornos óbvios, como os menos visíveis.

“Isabella” é um filme de elevada qualidade, merecedor de constar em qualquer colecção de cinema, mais ainda se a mesma for de películas asiáticas.

"Uma reprimenda amigável de pai para filha?"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 8

Argumento - 8

Banda-sonora - 9

Guarda-roupa e adereços - 7

Emotividade - 9

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8





2 comentários:

Anónimo disse...

Estava reticente quanto ao filme, mas parece que estava enganado. Vou comprá-lo.

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Eu gostei do filme Bakemon. Acho que tem muita substância! Se não gostar, não me venha cobrar a seguir, eh, eh, eh!

Abraço!!!