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segunda-feira, novembro 01, 2010

No One Knows About Persian Cats/Kasi az Gorbehaye Irani Khabar Nadareh– کسی از گربه های ایرانی خبر نداره(2009

Capa

Origem: Irão

Duração aproximada: 106 minutos

Realizador: Bahman Ghobadi

Com: Negar Shaghaghi, Ashkan Koshanejad, Hamed Behdad, Hichkas, Hamed Seyyed Javadi

Negar 2

“Negar”

Sinopse

“Negar” (Negar Shaghaghi) e “Ashkan”(Ashkan Koshanejad), são um casal de músicos iranianos na onda do “Indie Rock”, que foram recentemente presos por tocarem sem autorização. Através de alguns contactos, o par consegue arranjar uns concertos em Londres, mas inúmeras barreiras se deparam perante eles, pois necessitam de arranjar passaportes, vistos e dinheiro para todos os membros da banda.

Ashkan

“Ashkan”

O duo pede ajuda a “Nadar” (Hamed Behdad), um produtor musical e contrabandista, que conhece como ninguém a cena musical de Teerão. Os três iniciam uma cruzada pela capital iraniana, no sentido de angariarem músicos para o seu projecto e cumprirem o seu sonho.

A banda

“A banda”

Review”

“No Irão existem leis contra a blasfémia, a liberdade de expressão e o rock n' roll. Este filme nem deveria de existir.” É esta curta introdução que nos apresenta “No One Kows About Persian Cats”, um filme bastante polémico, que bule com o regime iraniano e a sua política de opressão ideológica e de supressão de liberdades individuais, que não amiúde se tem confrontado com as potências e o modo de ser ocidental. Embora não tenha sido objectivo de atenção deste espaço até ao presente, a verdade é que nos últimos anos tem surgido uma onda de películas que versam sobre a juventude islâmica, os seus anseios e preocupações. Um dos expoentes foi o filme “Heavy Metal in Baghdad”, um documentário que incidia sobre a única banda de Heavy Metal existente no Iraque, os “Acrassicauda”, que acabaram por obter asilo nos Estados Unidos. O fenómeno existe, desperta a atenção e não nos passou ao lado no “My Asian Movies”.

Baseado na vida “real” de pessoas “reais”, a trama central e mais profunda de “No One Knows (...)”, contempla a luta pela liberdade, nas suas várias acepções, e o preço elevado que muitas vezes se paga por um objectivo justo. O realizador Bahman Ghobadi e a sua esposa Roaxana Saberi escreveram o argumento, e foram presos duas vezes durante as filmagens, sentindo na pele os males pelo seu exercício de expressão artística. Saberi estaria mesmo detida durante cinco meses, até que fortes protestos e a pressão da comunidade internacional fariam com que fosse libertada. Esta longa-metragem apresenta aspectos de documentário, onde os actores se limitam a serem eles próprios, conferindo-se desta forma um cunho bastante humanista e realista ao enredo. E este acaba por ser bastante cru, pois nem sempre a realidade é um “mundo de rosas”. As autoridades iranianas baniram quase todo o tipo de música, por considerarem ser subversiva, decadente e contra o Islão, cortesia de um senhor de seu nome Ahmadinejad. Em decorrência desta triste e inaceitável medida, as bandas maioritariamente constituídas por jovens, tentam tocar a sua música onde podem, de forma a fugir às autoridades. As caves insonorizadas, os tectos dos edifícios e até estábulos, são planetas à parte, onde os músicos de Teerão debitam os seus sons e poesias. Efectivamente, e principalmente da segunda metade do século XX em diante, a música esteve sempre presente nas grandes lutas pela liberdade e nas revoluções culturais, onde estavam em causa modos de vida e a percepção do mundo até determinada época. Aqui temos mais um exemplo, netre muitos.

Nader pelas ruas de Teerão

“Nader, pelas ruas de Teerão”

Mensagem ideológica à parte, “No One Knows(...)” oferece-nos uma visão da cena musical de Teerão assaz interessante, onde são focados praticamente todos os estilos musicais, desde o Heavy Metal até ao Rap, passando pelo Rock, Pop, a denominada “World Music” e até a cena House. O realismo aqui também se encontra imensamente impregnado, pois muitas das bandas, apesar de possuírem músicos de boa qualidade, vivem (atendendo às circunstâncias), na fase de “garagem”. No focar de cada banda em concreto, residem os momentos mais interessantes desta película, porquanto cada um dos agrupamentos exibe uma das suas músicas, ao mesmo tempo que temos como pano de fundo momentos do quotidiano de Teerão sendo que alguns, em abono da verdade, não são nada agradáveis.

Premiado em muitos festivais, incluindo a grande honra do “certain regard” de Cannes, “No One Knows (...) é um filme interessante e terrivelmente bem intencionado, com uma forte componente social e até política. No entanto, e tentando ser o mais objectivo possível, é de admitir que os elogios são exagerados e provavelmente as pessoas embrenharam-se mais na sua mensagem e na luta contra a opressão do que propriamente no valor cinematográfico. O epílogo, que sabe mesmo a pouco, é um claro exemplo desta ideia. Mesmo assim, e na globalidade, é uma película a seguir.

A força de uma guitarra

“A força de uma guitarra”

imdb 7.4 em 10 (1.435 votos) em 2 de Novembro de 2010

Avaliação:

Entretenimento – 8

Interpretação – 7

Argumento – 7

Banda-sonora – 9

Guarda-roupa e adereços – 7

Emotividade – 8

Mérito artístico – 8

Gosto pessoal do “M.A.M.” – 7

Classificação final: 7,88

4 comentários:

Takeshi Age of Asia disse...

Parece interessantíssimo, não imaginava cinema iraniano com um tema tão controverso (por lá). Mas se foi produzido no Irã, signfica que há certa liberdade no país.

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá, Takeshi!

O filme foi rodado lá, tanto que até os realizador e a mulher foram presos. Acontece que eles tiveram de fugir de lá, o filme foi proibido de passar nas salas iranianas.
Pessoalmente, tenho a noção que a liberdade não é muita, mas no Iraque parece-me ser pior...

Abraço!

Takeshi Age of Asia disse...

Concordo. De qualquer forma, acho que o presidente Ahmadinejad é meio injustiçado pela imprensa internacional, ele é exposto como o pior ditador de todos os tempos.

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

A propaganda americana é infernal contra os países que não alinham no bloco ocidental. Eu acho que Kim Jong-ill da Coreia Norte é bem pior!