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sexta-feira, outubro 05, 2007

The Blade/Dao - 刀 (1995)

Origem: Hong Kong

Duração: 105 minutos

Realizador: Tsui Hark

Com: Vincent Chiu, Xiong Xin Xin, Moses Chan, Sang Ni, Collin Chou, Austin Wai, Valerie Chow, Michael Tse, Jason Chu, Chi Fai Chan, Ray Chang, Ricky Ho, Charles Shen, Nei Suet

"On Man, o espadachim inválido"

Estória

“On Man” (Vincent Chiu ) é um órfão que trabalha numa fundição de espadas, e que tem como melhor amigo “Iron Head – Cabeça de Ferro” (Moses Chan). A filha do mestre da fábrica, a sonhadora “Ling” (Sang Ni), está apaixonada tanto por “On”, como por “Iron Head”, e imagina os dois a lutar pela sua mão, casando-se a rapariga com o vencedor.

Certo dia, os dois amigos assistem a uma luta violenta entre um monge e um bando de salteadores, em que o monge sai vencedor. Posteriormente, à traição, o religioso é assassinado pelos bandidos. Esta situação gera uma enorme revolta em “Iron Head”, que jura vingança sobre os criminosos. Nesse mesmo dia, “On” descobre a verdade acerca do seu passado. Pelos vistos, o seu pai foi assassinado pelo grande mestre “Fei Lung” (Xiong Xin Xin), um assassino facilmente distinguível por ter o corpo todo tatuado. “On”, na ânsia de vingar o progenitor, abandona a fundição, acompanhado pela espada partida que havia pertencido ao pai. “Ling” persegue-o e acaba por ser vítima duma emboscada. “On” salva “Ling”, mas no meio da refrega, perde o braço direito, tornando-se num inválido.

"Fei Lung, o assassino tatuado"

Os guerreiros da fundição de espadas pensam que “On” morreu, mas na realidade o rapaz encontra-se a recuperar num local distante. Farto de ser tratado como um diminuído, “On” reaprende a lutar tendo em conta o seu “handicap”, sendo auxiliado por um livro que contém informações sobre técnicas avançadas de “swordplay”.

“Lei Fung”, o assassino do pai de “On” é contratado para matar todos os elementos da fundição de espadas, incluindo “Ling” e “Iron Head”. “On” descobre o plano de “Lei Fung” e decide enfrentá-lo num combate sangrento e sem limites!

"A prostituta"

"Review"

Dao é uma palavra que serve para ilustrar uma espécie de sabre chinês, conhecido igualmente por facão/facalhão chinês, devido à largura da sua lâmina. Foi este o título que o aclamado realizador asiático Tsui Hark escolheu para o filme que ora se analisará um pouco e que constitui um “remake” do clássico do director Chang Cheh “The One Armed Swordsman”, datado de 1967. Apesar de ser passível de enquadramento no género “Wuxia Pian”, “The Blade” não se assemelha bastante aos seus irmãos do género e da década de ’90. Isto quer dizer que não estejam à espera de visionar um filme na linha de “Swordsman II” ou “New Dragon Gate Inn”.

Esta chamada de atenção valerá sobretudo para os combates que decorrem em “The Blade”, que estão envoltos numa aura bastante mais realística e sangrenta, sem grandes auxílios de cabos. Aliás, é bastante interessante ver cenas como “On Man” a treinar com uma corda amarrada à cintura, de forma a manter o equilíbrio e adaptar-se ao combate como um diminuído (como foi descrito na sinopse, ele não possui o braço direito). Outro pormenor em que se denota uma greve ao “wire fu”, é quando “Fei Lung”, o principal vilão da estória, usa uma corda para saltar de um telhado para o chão, aquando do início do combate final na fundição das espadas. Hark pretendeu introduzir um registo bem menos fantasioso e incomparavelmente mais violento, sendo por vezes um pouco visceral. Ao deparar-me perante tal realidade, confesso que me lembrei mais do género de combates mais típicos do “chambara” japonês, do que propriamente do “wuxia” de Hong Kong, tal é o “terra a terra” impregnado. O efeito final foi extremamente bem conseguido, e não tenho dúvidas nenhumas em afirmar que o combate que decorre no epílogo entre o aleijado “On Man” e “Fei Lung” constitui um dos grandes momentos da história do cinema de artes marciais. Um verdadeiro fenómeno, acreditem, e só passível de ser plenamente compreendido quando visto!

"Iron Head"

“The Blade” possui igualmente uma atmosfera cerceante que em certos momentos me fez lembrar “Ashes of Time”, embora com diferenças importantes. O ambiente muito “western” e trágico, acompanhado por diversas reflexões de índole mais ética e filosófica, que servem de palco à violência geral, fizeram-me pugnar por esta comparação. Os principais pensamentos a reter serão sem dúvida a animosidade infundada que por vezes grassa no mundo e que conduz à tragédia, assim como o facto de alguém que à partida poderá ser um ser fragilizado, poderá, de um momento para o outro, mediante certas condições, transcender-se. O próprio conceito de herói, imprescindível em qualquer “wuxia” que se preze, aqui é tratado de uma forma mais negra e crua. Não há tempo para grandes feitos de “cavalaria”. Apenas existe espaço para o sofrimento e vingança! A própria narrativa e as técnicas de realização assemelham-se em muito à aclamada obra do realizador Wong Kar Wai. É claro que considero “Ashes of Time” um filme de mais elevada qualidade que “The Blade”, embora este último a nível dos combates se superiorize infinitamente. Mas só pelo facto de me atrever de alguma forma a confrontar “The Blade” com “Ashes of Time”, servirá de indício para expressar que a película de Tsui Hark transpira qualidade!

É no mínimo curioso que um filme com a magnitude e a importância para a cinematografia asiática, como “The Blade”, possua um elenco de intérpretes um tanto ou quanto secundário. Aqui não temos nenhum Jet Li, Sammo Hung, Yuen Biao, Brigitte Lin, Joey Wong, etc, etc, etc. O nome que porventura será mais sonante será o do protagonista Vincent Chiu, dotado de uma carreira respeitável na cinematografia de Hong Kong, mas a milhas dos actores mencionados. Mesmo assim, Tsui Hark foi feliz na escolha dos actores, pois todos estão à altura das suas responsabilidades. Vincent Chiu faz o papel de uma carreira e Xiong Xin Xin, o vilão, está óptimo e excelentemente caracterizado.

Para muitos “The Blade” constitui sem sombra de dúvidas o melhor registo do realizador Tsui Hark. Sinceramente, julgo que não andarão muito longe da verdade.

A constar obrigatoriamente em qualquer colecção de amantes de “swordplay” e afins. É um “não-fã” de Tsui Hark que o diz!

"Fei Lung e On Man enfrentam-se num sangrento duelo"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português: Fanaticine

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 8

Argumento - 8

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8,13





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