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sábado, janeiro 24, 2009

Infiltrados III/Infernal Affairs III/Mou gaan dou III: Jung gik mou gaan - 無間道III: 終極無間

Origem: Hong Kong


Duração: 113 minutos


Realizadores: Andrew Lau e Alan Mak


Com: Tony Leung Chiu Wai, Andy Lau, Leon Lai, Kelly Chen, Daoming Chen, Eric Tsang, Anthony Wong, Chapman To, Berg Ng, Carina Lau, Sammi Cheng, Wan Chi Keung, Shawn Yue, Edison Chen, Gordon Lam, Waise Lee, Wan Yeung Ming


Atenção! Spoilers!!!


O presente texto diz respeito ao terceiro filme da conhecida saga de Hong Kong, denominada “Infiltrados – Infernal Affairs”. Pelo exposto, só deverá continuar a leitura caso tenha visto as duas primeiras películas, que possuem textos no “My Asian Movies”, AQUI e AQUI.


"Yan"


Sinopse

“Lau Ming” (Andy Lau) é ilibado de qualquer suspeita que recaia sobre si, respeitante à morte de “Yan” (Tony Leung Chiu Wai), o agente que a polícia tinha infiltrado na tríade de “Sam” (Eric Tsang). No entanto, a calma parece não ter chegado à sua vida, pois existem umas cassetes comprometedoras que contêm conversas entre as “toupeiras” da tríade e o seu líder “Sam”. Para piorar a situação, as gravações estão na posse de “Yeung” (Leon Lai), um inteligente inspector que desconfia das actuações de “Lau”.


"A Dra. Lee mira Yan"

“Lau” tenta provocar uma reviravolta, e voltar as suspeitas para o próprio “Yeung”, aproveitando as ligações obscuras que este mantém com “Shen” (Chen Daoming), um líder criminoso chinês. Paralelamente, somos confrontados com a vivência de “Yan” seis meses antes da sua morte, e a sua luta para sobreviver dentro da tríade, numa altura em que “Sam” parece desconfiar das verdadeiras intenções da toupeira da polícia. “Yan” trava conhecimento com “Yeung” e “Shen”, tendo contacto com revelações surpreendentes.


"O inspector Lau Ming"


"Review"

Como é do conhecimento daqueles que estão por dentro das lides do cinema oriental, Hong Kong tem uma profícua história de aproveitamento ao máximo de uma fórmula de sucesso. Esta premissa não é necessariamente positiva, pois muitas vezes embarca-se num deserto ou numa má exploração de ideias e ficamos com a sensação de que as sequelas nada trazem de novo, ou inovam de uma maneira que desilude os espectadores. Afinal quantas vezes é que pensamos ou ouvimos dizer expressões como “deviam ter ficado pelo primeiro filme”. No caso de “Infiltrados”, desnecessário será dissertar acerca da excelência da primeira longa-metragem. A segunda película, embora não estando ao nível da sua predecessora, constituiu um bom exercício da sétima arte. Chegamos pois à terceira e última obra. Que dizer então deste filme ?

O aspecto que à partida chamará mais à atenção é a verdadeira constelação de estrelas que constam do elenco. Em “Infiltrados III”, temos o retorno dos dois “monstros” de Hong Kong, Tony Leung Chiu Wain e Andy Lau. O regresso do primeiro é apenas possibilitado pela opção argumentativa de contar duas histórias em paralelo, intervindo “Yan” numa delas que ocorre seis meses antes da sua morte. Sem curarmos dos conhecidos Eric Tsang, Anthony Wong, Kelly Chen e muitos mais, temos a adição do “quebra-corações” Leon Lai e do emblemático Daoming Chen (que representou o imperador Qin em “Herói”). Com uma equipa tão forte como a reunida para este filme, seria quase impossível que os aspectos interpretativos não tivessem uma bitola elevada. Andy Lau destila classe pela película toda, factor que seria reconhecido pela crítica ao vencer o ´prémio para melhor actor na 41ª edição dos “Golden Horse Awards”. O chamamento às armas de Leon Lai e Daoming Chen foi bastante feliz, pois ambos enquadram-se muto bem na aura de “Infiltrados III”, com Lai a revelar-se um rival frio de Lau e perfeitamente à altura deste. Tony Leung é obrigado a evidenciar uma faceta mais romântica, que embora não lhe corra mal, destoa claramente do conturbado “Yan” que tão bem representou na primeira parte da saga.


"Shen"

Com efeito, a verdadeira utilidade de “Infiltrados III” será descobrirmos o destino final de “Lau”, e apercebermo-nos se efectivamente ele foi bem sucedido na sua redenção. E para entendermos bem a importância deste aspecto, convém nunca esquecer que apesar de “Lau” ser um infiltrado na polícia, a meio do caminho decide passar para o lado da lei e deixar para trás o seu passado criminoso. Simplesmente, a via pela qual optou foi a dissimulação, tentando apagar todas as provas que o ligassem à máfia local, mesmo que para o efeito tivesse de matar. Não houve uma escolha pela franqueza, em que “Lau” se revelaria às forças de autoridade como uma “toupeira” e arcasse as consequências por tal facto. Ele apercebe-se do seu ilícito modo de vida, e tenta começar de novo de uma forma imoral. No fundo, continua a ser uma pessoa que vive à margem da lei, mas de outra perspectiva. E, salvo melhor opinião, era neste campo que “Infiltrados III” deveria ter permanecido. O “flashback” prolongado relativamente a um período anterior à morte de “Yan”, essencialmente serve para percebermos onde Kelly Chen se situa na história (mesmo assim, torna-se uma adição discutível), e principalmente para entendermos a importância de “Yeung” e “Shen” no destino tanto de “Yan”, como de “Lau”. Mas o facto indiscutível, que serve para retirar alguma força ao filme, é nunca conseguirmos superar um facto evidente...”Yan” está morto e já não temos o herói incompreendido e trágico , que tanto apreciamos e a quem nos possamos agarrar. Deveriam deixá-lo a descansar em paz, a gozar o eterno sonho dos heróis anónimos. A persistência em focar mais alguns aspectos do passado de “Yan”, torna-se perigosa no campo das contradições. Se bem me recordo, “Sam” tinha uma confiança praticamente inabalável no infiltrado da polícia aquando da época em que o mesmo falece. Neste recuar, que recordo ser seis meses antes do trágico evento de “Infiltrados”, o modo de agir de “Yan” não cai nas boas graças de “Sam” e este frequentemente entrega-lhe missões que revelam ser autênticas armadilhas, algumas até mortais. Ora, este aspecto não se enquadra muito bem na trama, e quanto ao aparecimento de Carina Lau, no epílogo da película, prefiro nem sequer me pronunciar. Quem visionou “Infiltrados II”, percebe perfeitamente o que estou a dizer, pois “Mary Hon”, a mulher do “gangster” “Sam”, tinha falecido! Lembram-se a razão? Um atropelamento engendrado por um rival de “Sam”!!!

“Infiltrados III” é uma obra que poderá acima de tudo ser discutida quanto à sua própria razão de existir, que do meu ponto de vista se reconduzirá a termos contacto com o destino final de “Lau”. O único aspecto que não oferece grande margem de contenda para a maior parte dos cinéfilos, será a constatação que é o capítulo mais fraco da trilogia. Mas daí a responsabilidade de competir com as duas magníficas obras anteriores, para além do facto de ter sido realizada apenas três meses após a segunda parte, não era um facto fácil de superar. Contudo, os elementos que deram sucesso aos filmes predecessores estão todos lá, desde o costumeiro e interessante jogo do “gato e do rato”, até à aura ultra psicológica e depressiva que corre toda a película, aliviada desta vez com uma exploração um pouco mais intensiva do romance.

Um filme razoável, que deverá ser conferido sem alimentar expectativas desmesuradas!


"O superintendente Yeung"


Trailer


The Internet Movie Database (IMDb) link


Outras críticas em português:




Avaliação:


Entretenimento - 7


Interpretação - 8


Argumento - 7


Banda-sonora - 8


Guarda-roupa e adereços - 8


Emotividade - 8


Mérito artístico - 7


Gosto pessoal do "M.A.M." - 7


Classificação final: 7,50









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