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segunda-feira, maio 10, 2010

JSA - Joint Security Area/Gongdong gyeongbi guyeok – 공동경비구역 (2000)

Capa

Origem: Coreia do Sul

Duração aproximada: 110 minutos

Realizador: Park Chan-wook

Com: Lee Yeong-ae, Lee Byung-hun, Song Kang-ho, Kim Tae-woo, Shin Ha-kyun, Christoph Hofrichter, Herbert Ulrich, Gi Ju-bong, Kim Myoeng-su, Kim Tae-hyeon

Major Sophie Jean

Major Sophie Jean”

Sinopse

Na zona desmilitarizada que separa as duas Coreias antagonistas, disparos soam numa fria manhã de Outubro. Momentos depois, o sargento sul-coreano “Lee So-hyeok” (Lee Byung-hun) emerge ferido do lado norte-coreano, e uma troca acesa de tiros deflagra dos dois lados da fronteira. A tensão cresce entre os dois países vizinhos, mas ambos concordam em entregar a uma comissão independente, a investigação do caso. A tarefa é entregue à Comissão Supervisora das Nações Neutrais (CSNN), um organismo europeu composto pela Suíça e a Suécia. A CSNN envia a suíça descendente de coreanos, Major “Sophie Jean” (Lee Yeong-ae), conferindo-lhe a missão de apurar o sucedido.

O sargento Lee So-hyeok

O sargento Lee So-hyeok”

Duas teses se debatem. Os sul-coreanos defendem que o sargento “Lee So-hyeok” foi raptado pelas forças inimigas, e que teve de matar dois soldados das forças norte-coreanas, de forma a poder fugir. Por sua vez, os norte-coreanos entendem que “Lee So-hyeok” atravessou deliberadamente a fronteira de forma a matar os dois soldados norte-coreanos e ferindo um terceiro, o sargento “Oh Kyeong-pil” (Song Kang-ho). Perante um mistério intrincado e cheio de factos contraditórios, caberá à Major “Sophie Jean” descobrir a verdade e evitar um novo conflito entre as duas Coreias.

O sargento Jeong Woo-jin

Soldados norte-coreanos”

“Review”

Park Chan-wook, o realizador da espectacular trilogia da vingança, trouxe-nos no virar do século um dos maiores êxitos de sempre da cinematografia sul-coreana, cujo enredo versa acerca do tema mais sensível que se pode tratar naquelas paragens: o antagonismo e divisão entre as duas Coreias. O impacto desta película foi tal que o dvd chegou a ser mostrado pelo presidente sul-coreano de então, Roh Moo-hyun, ao seu homólogo norte-coreano, Kim Jong-ill. Por sua vez, o realizador Quentin Tarantino, sempre sensível às produções asiáticas, chegou a eleger “JSA”, como um dos seus 20 filmes preferidos realizados após 1992.

Porventura não será fácil tratar de um aspecto tão polémico como a divisão das Coreias, em dois regimes tão opostos e que nasceram do sangue de dois povos que na realidade são irmãos. A realidade não é nova na cinematografia sul-coreana, e existiram diversas abordagens ao problema, umas pró-união, outras de cariz mais divisionista e contra o regime musculado norte-coreano, que muitos reputam como a ditadura mais extrema do mundo. Não cabe aqui tomar partidos, mas apenas referir que “JSA” envereda mais pelo primeiro diapasão, ou seja, o do nacionalismo favorável a uma unificação coreana e a um caminho que se descobre do individual para o geral. A mensagem passa para o espectador a partir das pessoas isoladamente consideradas, ou através de um pequeno grupo de indivíduos, evitando-se qualquer tipo de massificação ideológica.

Fogo

As minas rebentam”

Park Chan-wook tem o mérito de manter uma saudável neutralidade na forma como aborda a questão do conflito coreano, mantendo uma saudável distância entre o tomar partidos, não abdicando de expor as razões de ambas as partes. Contudo, e julgo não estar muito longe da verdade, Chan-wook parece pertencer à facção da população que almeja assistir um dia à união das duas Coreias. Vários sinais apontam nesse sentido ao longo do filme, destacando a maneira escorreita como é permitida a crítica aos Estados Unidos da América e à sua influência marcante sobre a Coreia do Sul. A amizade entre os soldados de ambas as Coreias, explanada como uma esperança exteriorizada de reunificação dos dois países, muito induz a esta conclusão. Como acima aflorado não existe uma tentativa de educação política do espectador, nem qualquer tentativa de sublimação da ideologia comunista norte-coreana perante o capitalismo sul-coreano e vice-versa. Apenas e tão-só, através de indivíduos olhados singularmente, são escorridas as razões de uns e outros para agirem como agem, ou fazerem o que fazem.

A cinematografia é belíssima e é-nos mostrada uma perspectiva muito abrangente da zona desmilitarizada que separa as duas Coreias, conseguindo a linha divisória e a ponte “sem retorno” transmitir-nos alguma tensão. As cenas invernais, em especial a neve, proporcionam momentos de grande beleza, e os “flashbacks” estão muito bem filmados e inseridos na trama, conferindo o efeito “Rashomon” que tantos gostam e que eu aprecio particularmente. Os actores, de grande quilate na cena cinematográfica sul-coreana, exibem-se em bom nível, destacando-se neste particular Lee Byung-hun, no papel do Sargento “So-hyeok”, e o grande Song Kang-ho, actualmente um dos meus intérpretes de eleição, na representação do norte-coreano “Kyeong-pil”. A actriz Lee Yeong-ae não consegue estar ao nível dos outros actores principais, mas não por sua culpa. Aqui as responsabilidades terão de ser assacadas ao realizador Park Chan-wook. Nota-se que Yeong-ae não possui um bom domínio da língua inglesa, assim como não parece ser muito credível que uma mulher tão nova, já possua uma patente elevada como a de major.

“JSA” é um filme essencial para compreender as emoções de ambas as partes e as razões para o conflito entre as duas Coreias, assim como é um dos obrigatórios para quem quiser conhecer um pouco do melhor cinema que se faz na Coreia do Sul. Como qualquer filme sul-coreano que se preze, não consegue fugir a algum dramatismo forçado, principalmente no epílogo, como é natural. É uma película dotada de grande profundidade e interesse histórico e embora o seu enredo pareça algo limitado (gira unicamente em torno do incidente entre os soldados), o mesmo é exposto de uma forma atraente para o espectador e longe de ser insossa ou chata.

Aconselhável!

As forças sul-coreanas

As forças sul-coreanas”

imdb Nota 7.8 (7.688 votos) em 11/05/2010

Outras críticas em português:

  1. Cinedie Asia
  2. Cineasia
  3. Nem todos são arte

Avaliação:

Entretenimento – 8

Interpretação – 8

Argumento – 8

Banda-sonora – 8

Guarda-roupa e adereços – 8

Emotividade – 8

Mérito artístico – 8

Gosto pessoal do “M.A.M.” – 8

Classificação final: 8

8 comentários:

Rosele disse...

Esse filme é maravilhoso! Já vi faz um tempinho, mas recomendo a todos!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

É bom sim senhor, Rosele. Vale a pena conferir!

Battosai disse...

Buenísima. Es mi preferida de Park Chan-wook después de las de la trilogía de la venganza. ¡Y menudos actores!

Por cierto, te habrá costado mucho hacer la media xD

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Custou muito Battosai, eh eh eh!

Abraço!

Dewonny disse...

Esse eu vi, muito bom, vendo o filme q passei a entender melhor esse eterno conflito das duas Coréias, adorei. nota 8.0!
Abs! Diego!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Além de ser um filme com boa qualidade, é como tu dizes, temos a percepção das perspectivas dos dois lados do conflito.

Michel Toronaga disse...

Eu também gosto deste filme! A Coréia do Norte é um mistério para o mundo. Por falar nisso estou curioso para ver como o país será representado na Copa do Mundo de Futebol!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Espero que se saia mal contra Portugal ;)