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sábado, março 17, 2007

A Chinese Odyssey Part One: Pandora's Box/Sai yau gei: Dai yat baak ling yat wui ji - Yut gwong bou haap (1994)

Origem: Hong Kong/China

Duração: 88 minutos

Realizador: Jeffrey Lau

Com: Stephen Chow, Ng Man Tat, Yammie Nam, Karen Mok, Kong Yeuk, Luk Su Ming, Ng Yuk Kan, Jeffrey Lau, Law Kar Ying, Athena Chu

"Grapes e Joker"

Estória

Baseado no clássico conto chinês "A Journey to the West" (Xīyou ji - 西遊記)", o enredo de "A Chinese Odissey Part One..." versa sobre o mito do "Rei Macaco" (Monkey King), personagem muito popular no folclore daquele país asiático.

Devido à sua grande rebeldia, o "Rei Macaco" (Stephen Chow) é banido da morada dos deuses e assume uma forma humana, esperando que o seu mestre "Longevity Monk" o faça recuperar a sua condição original e divina.

500 anos depois deste evento, o "Rei Macaco" reencarna num frustrado chefe de salteadores chamado "Joker" (também representado por Stephen Chow), que entra em sarilhos quando "Spider Woman Aka Madam 30th " (Yammie Nam) e "Jing Jing" (Karen Mok) tomam conta do seu burgo, em busca precisamente da forma humana do "Rei Macaco". As duas mulheres, que por acaso são irmãs e ao mesmo tempo dois poderosos demónios, desconhecem que "Joker" é a reencarnação do seu inimigo.

"As irmãs Jing Jing e Spider Woman"

As peripécias sucedem-se fazendo com que "Joker" descubra a sua verdadeira identidade e o modo como retornar ao seu aspecto original. Pelos vistos, o pobre diabo manterá a sua forma humana, até que complete a demanda conhecida como "Jornada para Oeste".

"Joker" terá de encontrar a "Caixa de Pandora", que lhe permitirá viajar no tempo e encontrar "Longevity Monk", a única divindade que o poderá tornar no "Rei Macaco" outra vez.

"Assistant Master e Spider Woman observam o seu rebento Longevity Monk"

"Review"

Como o próprio nome "Chinese Odyssey Part One..." não é um filme com uma estória completa, no sentido de "princípio, meio e fim" mas apenas a primeira parte de uma epopeia que tem a sua sequela em "Chinese Odyssey Part Two: Cinderella". Isto fez-me pensar que porventura seria melhor fazer uma crítica conjunta aos dois filmes. No entanto, preferi respeitar a opção que o realizador Jeffrey Lau tomou, ao dividir a estória em dois filmes, levando-me em consequência a elaborar duas "reviews" distintas, uma que se apresenta agora. Assumo desde já o compromisso, que a próxima crítica a ser colocada no "My Asian Movies" versará sobre a segunda parte, mesmo correndo o risco de ser repetitivo na apreciação, pois como é normal não haverá diferenças técnicas de relevo quanto aos dois filmes, atendendo a que foram praticamente rodados em simultâneo. No entanto, desde já se adianta que do ponto de vista da acção e do próprio encadeamento da estória, a segunda parte levará inevitavelmente alguma vantagem. Mas deixemos isso para a altura própria.

Como é do conhecimento de quem costuma visitar este blogue, eu não sou propriamente um fã de comédias, e por esse mesmo motivo não aprecio por aí além os filmes de Jackie Chan e de Stephen Chow. Também já referi anteriormente, que tal não invalida que eu não reconheça o grande mérito e capacidade destes actores, para além da sua inegável importância no panorama cinematográfico do cinema asiático em geral, e no de Hong Kong em particular. Foi com todos estes dados adquiridos, que me preparei para visionar a saga "Chinese Odyssey".

Primeiro ponto, a inevitável comédia, não fosse este um filme de Stephen Chow. Os "gags" são os típicos do principal actor do filme, uns tendo imensa piada, outros nem por isso. No entanto sou forçado a reconhecer que os bons momentos superam os maus, e aquelas cenas em que o bando de salteadores tenta apagar um fogo que deflagrou numa parte "muito sensível" de "Joker", arrancaram-me umas valentes e sinceras gargalhadas.

Segundo - os efeitos especiais e os adereços. Ao visionar "Chinese Odyssey", apercebemo-nos claramente dos "anos-luz" a que se encontravam os filmes asiáticos dos anos 80 e primeira metade de 90, em relação aos congéneres norte-americanos. Os efeitos especiais são incrivelmente primários, com performance e cor que destoam claramente do ambiente envolvente. Fazendo uma relação com filmes ocidentais, estarão ao nível dos primeiros "Star Treks" (pensem nos raios que emanam dos "phasers"). Sinceramente nunca percebi bem porquê que isto acontecia, atendendo a que estamos a falar de países portadores do melhor que existe a nível tecnológico. Julgo que neste aspecto, os estúdios e companhias do género não souberam acompanhar o desenvolvimento de outros sectores. Em 1998, com "The Storm Riders" de Andrew Lau, deu-se a primeira "grande pedrada no charco". A caracterização, pelo contrário, está muito boa, com uma ou outra excepção . Tratando-se de uma estória baseada num mito cheio de deuses e seres sobrenaturais, é normal que muito nos seja dado a ver neste aspecto. Destaco o "Rei Macaco" e o "Bull King" (Rei Touro, se preferirem) que estão excepcionais. A nota negativa terá que ser dada à transformação da "Spider Woman" em aranha, que por vezes assume laivos cómicos dado que é mais do que evidente que não se conseguiu disfarçar minimamente o facto de estarmos perante um boneco!!!

"A inspecção aos pés..."

A acção é uma constante em toda a película, tendo o toque perfeito dos "swordplays". Estamos perante o que eu costumo classificar de um "anti-insónias", muito da responsabilidade do "guru" Tony Ching Siu Tung, responsável apenas, entre outros, pelas coreografias de "Herói", "Segredo dos Punhais Voadores" e "A Maldição da Flor Dourada", a aclamada trilogia de "Wuxias" de Zhang Yimou. Com um currículo destes, sabemos muito bem o que esperar!

Existe uma tendência natural em comparar a "Chinese Odyssey" com a trilogia "A Chinese Ghost Story". É normal que assim suceda, pois ambos os filmes, embora de épocas diferentes, bebem de fontes similares, sendo ambas as longas-metragens tributárias do misticismo e da fantasia, temperadas com os elementos próprios do "swordplay". Porém, ambos têm características muito próprias e que os fazem distinguir de diversos produtos de "2ª linha", colocando-os no universo dos consagrados. Em "Chinese Ghost Story" isto valerá mais para o primeiro filme; em "Chinese Odyssey", a 2ª película merecerá a primazia.

Para todos os fãs do bom cinema de Hong Kong, aconselho o visionamento desta película, mas com uma importante ressalva. É absolutamente necessário ver os dois filmes em conjunto, portanto se algum dia tiverem a oportunidade de passarem pelo caminho de "A Chinese Odyssey Part One: Pandora's Box", terão forçosamente que fazer um "dois em um", ou seja, chamar à colação "A Chinese Odyssey Part Two: Cinderella".

A ver!

Nota: Porquê que fiquei com a impressão que no filme existe uma música exactamente igual a outra que aparece em Ashes of Time?

"The Bull King"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 7

Argumento - 7

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 7

Mérito artístico - 7

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,38




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