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domingo, outubro 28, 2007

A Maldição da Flor Dourada/Curse of the Golden Flower/Man Cheng jin dai huang jin jia - 满城尽带黄金甲 (2006)

Origem: China

Duração: 109 minutos

Realizador: Zhang Yimou

Com: Gong Li, Chow Yun Fat, Jay Chou, Liu Ye, Ni Dahong, Chen Jin, Li Man, Qin Junjie

"A imperatriz Fénix"

Estória

O imperador “Ping” (Chow Yun Fat) é um homem poderoso que construiu um império vasto, dominado pela grandiosidade e pela opulência. “Ping” descobre que a sua esposa, a imperatriz “Fénix” mantém um “affair” com o príncipe “Wan” (Liu Ye), o herdeiro do trono (Nota: o príncipe “Wan” é fruto do primeiro casamento do imperador, logo não estamos a falar de incesto, pois a imperatriz é a sua madrasta), e instrui o médico da corte (Ni Dahong) para juntar um veneno de origem persa ao remédio que é ministrado a “Fénix”, tendo em vista a cura da sua anemia. O veneno é servido em poucas doses, tendo em vista provocar uma loucura crescente na imperatriz, que a levará inevitavelmente à morte. Por outra via, o príncipe “Wan” envereda por um relacionamento proibido com “Chen” (Li Man), a filha do médico da corte e a responsável por servir o “presente envenenado” à imperatriz.

"O imperador Ping"

O imperador mantém em secretismo a relação que manteve com a sua primeira esposa e mãe do príncipe “Wan”, dando a entender que a mesma faleceu e prestando-lhe homenagem todos os anos na cerimónia mais importante do reino e denominada “Festa dos Crisântemos”. No meio de toda esta turbulência familiar, encontra-se o príncipe “Jie” (Jay Chou) que tenta de alguma forma manter a harmonia. No entanto, quando descobre os planos de assassínio da sua mãe, e que estão a ser levados a cabo pelo seu pai, associa-se à conspiração da imperatriz “Fénix” que passa por uma tomada de poder a ser efectuada na noite da “Festa dos Crisântemos”.

Acontece que o imperador não está tão desprevenido quanto isso…

"O principe Jie, 2º na linha do trono, em apuros"

"Review"

Baseado na peça intitulada “Thunderstorm”, do dramaturgo Cao Yu, chega-nos o terceiro “Wuxia” de Zhang Yimou, para o qual o realizador dispôs de um orçamento na ordem dos 45 milhões de dólares, tornando-se à altura a mais cara produção asiática de sempre, superando “The Promise” de Kaige Chen. Desde já se afirma que mantém muitos dos aspectos já anteriormente evidenciados em “Herói” e “O Segredo dos Punhais Voadores”, mas que a nível de argumento denota um certo parentesco com “The Banquet – Inimigos do Império”, de Feng Xiaogang.

“A Maldição da Flor Dourada” é uma película sustentada a nível da trama, essencialmente em intrigas palacianas, tão do agrado das obras de William Shakespeare, e por aqui fica explicada a analogia que fizemos acima com “The Banquet”, filme que tinha por mote principal uma adaptação oriental da tragédia “Hamlet” do conhecido dramaturgo inglês. Existem as costumeiras traições, os escândalos, e inclusive até o choque provocado pelos incestos (não estou a referir-me à relação entre a imperatriz e o príncipe “Wan”, pelos motivos já explicados na sinopse). Tudo gira essencialmente em torno de um drama familiar que ocorre no seio de uma família poderosa, ou seja, a do próprio imperador. E nem os mimos próprios da corte, as facilidades inerentes ao estatuto da nobreza e a faustosidade do modo de vida dos intervenientes conseguem por cobro a estas situações. Zhang Yimou quando se referiu a esta obra, resumiu a mensagem que tentava passar com a frase: “Gold and Jade on the outside, rot and decay on the inside”. Julgo que sintetizou extremamente bem as incidências familiares que constituem o cerne da longa-metragem. Outra declaração emblemática que fará jus ao drama familiar que se avizinha, será a proferida pelo imperador “Ping” ao seu filho o príncipe “Jie”: “Nunca adquiras pela força aquilo que eu não te der”.

Quando nos deparámos com os cenários e o guarda-roupa de “A Maldição da Flor Dourada”, percebemos de imediato onde foi investida grande parte dos tais 45 milhões de dólares que constituíram o orçamento do filme. O palácio é de uma sumptuosidade a toda a prova, sendo considerado um dos maiores cenários jamais construídos. Na verdade, é o mesmo palácio que foi usado nas filmagens de “Herói”, e onde residia o imperador “Qin”, o tal que “queria unir tudo debaixo dos céus”. Simplesmente na aludida estrutura, foram acrescentados muitos mais ornamentos e cor, sendo o resultado final fantástico. Mais impressionante ainda, se tal é possível, é o guarda-roupa envergado pelas personagens. Não existem absolutamente palavras para o descrever, sendo melhor deixar as imagens falarem por si. Apesar de por vezes roçar o signo da extravagância, o detalhe e as cores usadas nos trajes usados tanto pela família real, como pelos restantes intervenientes, dos quais se destacam os soldados, é de “saltar os olhos da cara”! Só a título de curiosidade, os robes que são usados pelo casal imperial nos momentos finais do filme, são completamente bordados à mão, tendo demorado dois meses a concluir e exigido o trabalho de 40 pessoas!!!


"O ataque dos misteriosos assasinos"

As cenas de combate acompanham fielmente toda a aura do filme, enveredando pela espectacularidade, não tendo pejo em fazer uso do “CGI” e dos guindastes. Refira-se apenas que ao contrário do que aconteceu nos dois anteriores “Wuxia” de Zhang Yimou, aqui temos a oportunidade de ver uma batalha monumental entre dois exércitos. Digamos que o mais exuberante foi guardado para o fim, embora tenha colhido a minha preferência pessoal o assalto à residência do médico imperial, efectuada por uns assassinos muito “sui generis”, que através de cordas, deslizavam pelas montanhas até ao seu alvo principal.

Outro motivo de interesse no filme é a possibilidade de vermos actuar em conjunto dois dos maiores nomes de sempre do cinema asiático, ou seja, Gong Li e Chow Yun Fat, que representam o desavindo casal imperial. Gong Li que durante largos anos foi a musa de Yimou, tendo mesmo mantido um relacionamento amoroso longo com o realizador, já não trabalhava com aquele há 11 anos. Por sua vez, Chow Yun Fat volta à representação no cinema asiático, de onde nunca deveria ter saído, após um interlúdio de 5 anos. Como grandes actores que são, é óbvio que destacam-se dos demais. Mesmo assim, confesso que já os vi fazer melhor. É o problema das películas que apostam em excesso na espectacularidade do visual. Muitas vezes, a representação não chama tanto à atenção, e espera-se “que o resto faça o resto”. De qualquer forma, fiquei bem impressionado com o actor Liu Ye, no papel do príncipe “Wan”, o herdeiro do trono.

“A Maldição da Flor Dourada” constitui uma boa proposta, que se revela essencial para os apreciadores da cinematografia do consagrado Zhang Yimou. No entanto, será o elo mais fraco da brilhante trilogia de “Wuxia” do realizador, pelo facto de não possuir a profundidade e a genialidade de “Herói”, nem tão pouco a paixão de “O Segredo dos Punhais Voadores”. Admita-se que o facto de não inovar grande coisa, mas sim acrescentar algo ao que de bom anteriormente tinha sido feito, retirou impacto ao filme. Poderá isto ser uma evidência do cansaço de uma fórmula de sucesso? O futuro o dirá.

"A batalha final"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 8

Argumento - 7

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 10

Emotividade - 8

Mérito artísitco - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8,13





6 comentários:

C. disse...

Achei (claramente) inferior a "Hero" e a "House of Flying Daggers". É um filme muito forte a nível visual, mas a história e o desenvolvimento das personagens ressente-se um pouco.

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Também não tenho dúvidas que "A Maldição da Flor Dourada" é o mais fraco dos 3 "Wuxia" de Zhang Yimou.

Bjs!

Anónimo disse...

Jorge,

Concordo contigo e com "wasted blues", mas eu diria de modo diferente.... é o "menos bom" dos 3 filmes ...não gosto de falar em "fraco" quando se trata de Yimou Zhang. Sabes que não consigo dizer mal de Yimou Zhang ... rsrsrsrsrsr.
Um abraço e, uma vez mais, parabéns pela crítica do filme. Fantástica....exactamente como eu diria...se tivesse a tua capacidade.

Nuno

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Tens toda a razão, Nuno! Quando falamos de Yimou, devemos é de usar a expressão "menos bom" (atendendo à grande qualidade do realizador), pelo que desde já fica a rectificação à expressão que usei no comentário anterior!

Quanto à capacidade para proferir críticas, eu encaro istocom a maior descontracção. Digamos que é um passatempo que me faz descontrair e do qual gosto muito. Pq. n tentas fazer tb. um blogue acerca de um tema que gostes bastante? Vais ver que até corria bem!

Abraço!

Dewonny disse...

Concordo q esse filme é inferior ao "Herói" e "O Clã das Adagas Voadoras", mas pra mim se trata de um excelente filme muito bem feito, achei uma belíssima obra de Yimou, o visual é simplesmente fantástico e maravilhoso, e gostei muito da história também, e as sequências de ação, principalmente no final são um show a parte.
Minha nota é 9.0!!! Obs: No meu blog tem meu comentário completo!
Abs!!!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá Dewonny!

No essencial concordo com a tua análise, mas tenho que confessar que estava à espera de mais alguma coisa deste filme.

Mas também quando estamos habituados à qualidade de Yimou, pomos sempre a fasquia muito alta!

Abraço!