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segunda-feira, dezembro 04, 2006

The Banquet/Ye Yan (2006)

Origem: Hong Kong

Duração: 131 minutos

Realizador: Feng Xiaogang

Com: Zhang Ziyi, Daniel Wu, Ge You, Zhou Xun, Ma Jingwu, Huang Xiaoming

"A imperatriz Wan, interpretada por Zhang Ziyi"

Estória

No período conhecido como o das "5 dinastias, 10 reinos", a imperatriz "Wan" esteve em tempos apaixonada pelo principe herdeiro e actualmente exilado "Wu Luan", mas um acaso do destino fez com que se casasse com o imperador, o pai da sua paixão. Pouco tempo depois, o imperador e pai de "Wu Luan" morre em circunstâncias misteriosas.

Corre o boato que a culpa da morte do imperador é do irmão chamado "Li", que o sucede, tornando-se soberano. "Li" propõe a "Wan" que seja a sua mulher, o que esta aceita por forma a continuar imperatriz do reino. O usurpador sente-se ameaçado pela existência do sobrinho "Wu Luan" e envia um grupo de assassinos para matá-lo, de maneira a que este não possa reclamar o trono. A imperatriz "Wan" descobre os planos do actual imperador e por sua vez contacta com o governador "Yin", tendo em vista que o nobre proteja "Wu Luan". Os intentos do imperador saem frustrados pois os guerreiros de "Yin" conseguem cumprir a sua missão.

"O principe Wu Luan (Daniel Wu) em dificuldades"

"Wu Luan" retorna ao palácio imperial em segurança, a tempo de aperceber-se que o tio usurpou o trono que devia ser seu por direito. Igualmente depara-se com "Qing", uma rapariga que jurou amá-lo para sempre, mas que tarda a ser correspondida devido aos sentimentos que "Wu Luan" porventura ainda nutre pela imperatriz "Wan".

Previsivelmente, o imperador "Li" fica bastante importunado pela presença de "Wu Luan" no palácio, e faz tudo para afastá-lo de cena, desde tentar novamente assassiná-lo até inclusive forçá-lo a mais um exílio. "Li" no entanto tem mais problemas com que se preocupar. Existem súbditos que pensam que ele é um traidor e que não tem direito absolutamente nenhum ao trono, e começam a maquinar estratagemas para depô-lo.

Entretanto, o papel de "Wu Luan" mantém-se uma verdadeira incógnita. Assumirá ele uma verdadeira postura no sentido de recuperar o trono e vingar o pai? Optará pela imperatriz "Wan" ou pela jovem nobre "Qing"? Terá a imperatriz "Wan" os seus próprios desígnios pessoais?

Estas e outras respostas serão dadas num banquete que o imperador "Li" convoca para a meia-noite, em que toda a corte é obrigada a marcar presença, sob pena de execução...

"O imperador Li (Ge You), o usurpador"

"Review"

"The Banquet" constitui a proposta de Hong Kong para o óscar na categoria de "Melhor Filme Estrangeiro", estando neste momento na pré-selecção para se chegar aos cinco nomeados. No que toca ao cinema asiático e a título meramente exemplificativo, encontram-se igualmente na extensa lista "The Curse of the Golden Flower" (China) e "The King and the Clown" (Coreia do Sul).

Desde logo se avisa o estimado leitor para não estar à espera de um "Wuxia" na linha dos afamados "O Tigre e o Dragão", "Herói" ou o "Segredo dos Punhais Voadores". "The Banquet" é um filme bastante diferente, sendo acima de tudo um drama histórico, temperado com uma ou outra cena de luta, estas sim na linha das películas mencionadas. Tendo sido baseado num dos mais conhecidos dramas de William Shakespeare, "Hamlet", é natural que haja uma normal primazia das interpretações em claro detrimento dos combates.

Não vamos ser extemporâneos nas observações e vamos por partes.

Feng Xiaogang é mais um realizador asiático que tenta o estrelato internacional, tendo-se proposto a realizar este "The Banquet". Para tanto muniu-se de alguns dos melhores intervenientes nos diversos aspectos que havia a considerar. Como cabeça de cartaz, apresenta provavelmente a mais conhecida actriz asiática do momento, Zhang Ziyi. Para as cenas de artes marciais, contou com o mestre coreógrafo Yuen Woo Ping, que dispensa qualquer tipo de apresentação. Teremos ainda que mencionar Tim Yip e Tan Dun, importantes elementos da produção e composição musical de "O Tigre e o Dragão". Com esta equipa, acompanhada de um estrondoso orçamento, poderiamos com segurança esperar uma produção de elevada magnitude. Mas como já apanhei algumas desilusões bem grandes, em que também várias condições estavam reunidas para uma obra-prima, pus-me logo com um "pé atrás" e tentei não gerar expectativas desmesuradas. Pense-se no "flop" "The Promise".

Que dizer então?

Lento...lento...ainda mais lento..."The Banquet" é uma longa-metragem que tem como grande aspecto negativo a sua monotonia, que chega a ser exasperante. A acção é quase sempre a "10 à hora", ressalvando os raros casos em que existe uma exibição de "swordplay" em que quase nos apetece saltar de alegria e agradecer a todos os deuses e mais alguns! Obviamente que sendo uma adaptação de uma tragédia "Shakesperiana", temperada com os belos elementos da cultura asiática, não se poderia esperar um filme de acção extrema, mas não é propriamente isto que estamos a criticar. Pode-se muito bem expôr uma tragédia, sem cair nas dezenas de devaneios inúteis que "The Banquet" por vezes envereda. Aconselho pois a visionarem o filme quando estiverem bem acordados, desde já alertando igualmente para não estarem demasiado bem acomodados, pois isso levará inevitavelmente à sonolência!

"Um jogo de polo muito especial"

Felizmente, o único aspecto marcadamente negativo de "The Banquet" é a lentidão, porque tudo o resto é-nos apresentado num nível elevado.

A interpretação dos actores é bastante competente e digna dos intervenientes. Daniel Wu, Zhang Ziyi e Zhou Xun desempenham com alma os respectivos papéis, embora ache que o papel do principe "Wu Luan" atribuído a Wu pudesse ter beneficiado de um melhor tratamento e desenvolvimento a nível dos aspectos mais pessoais. As honras neste particular vão todas para Ge You, o intérprete do usurpador "Li", que nos presenteia com um "acting" digno de um óscar para melhor actor. Os meus parabéns!

Como já foi aludido as lutas são escassas, mas quando se dignam a marcar presença são verdadeiramente espectaculares. A cena em que os guerreiros do governador "Yin" saem do solo coberto de neve para atacar os assassinos do imperador, é particularmente brilhante!

Verdadeiramente fenomenal é o guarda-roupa, a fotografia e certos pormenores que observamos no filme. O suicídio dos cavaleiros do imperador, com o sangue a escorrer pelos cavalos até pingar das patas destes animais é de uma simbologia atroz e chocante, que nos marca imenso. As roupas e as armas foram desenhadas com um cuidado fora do normal e o resultado final é simplesmente magnífico!

A banda-sonora tem os seus altos e baixos, com expoentes verdadeiramente tocantes como uma música cantada a solo que se pode ouvir, acompanhada de uma representação teatral que imagino ser tradicional da China, mas existem alturas que prima pela ausência, deixando-nos sem ter nada para apreciar.

O argumento não podia deixar de ser bom, atendendo à fonte de onde bebe. Mesmo assim, ainda estou a pensar no significado da cena final do filme, pois à primeira vista não parece fazer sentido nenhum. No entanto o meu "sexto sentido", se é que possuo algum, diz-me que existe uma mensagem a retirar e que acredito piamente que passará um pouco por "todos nós somos vítimas dos nossos próprios desígnios".

"The Banquet" é uma película que embora não sendo perfeita, possui uma elevada qualidade e mestria na sua realização. No entanto, não parece ser suficientemente boa para alcançar o resultado que visa obter: o óscar para melhor filme estrangeiro.

Apropriado para os mais contemplativos, nada recomendado para os que adoram acção!

"A imperatriz Wan banha-se na água coberta de pétalas de rosa"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português/espanhol:

Avaliação:

Entretenimento - 6

Interpretação - 8

Argumento - 8

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa - 10

Emotividade - 7

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,75







2 comentários:

Boris Vi. An? disse...

Quem matou a imperatriz?

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá "boris vi.an?",

Eu pessoalmente entendo que não se consegue discernir quem matou a imperatriz. Julgo que o pormenor é secundário, e o que interessa é a mensagem que passa. Na minha opinião, é que todos nós somos vítimas dos nossos próprios desígnios, o que atendendo às características da personagem interpretada por Zhang Ziyi faz algum sentido.

No entanto a cena tem dado azo a algumas discussões como estas em fóruns do imdb, cujos link se seguem:


http://www.imdb.com/title/tt0465676/board/nest/61809737


http://www.imdb.com/title/tt0465676/board/thread/55342891

http://www.imdb.com/title/tt0465676/board/thread/59970400

Abraço