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sexta-feira, agosto 03, 2007

Dupla Visão/Double Vision/Shuang Tong - 雙瞳 (2002)

Origem: Taiwan

Duração: 105 minutos

Realizador: Chen Kuo Fu

Com: David Morse, Tony Leung Ka Fai, Rene Liu, Leon Dai, Lung Sihung, Yang Kuei Mei, Huang Wei Han

"Huang Huo Tu"

Estória

“Huang Huo Tu” (Tony Leung Ka Fai) é um polícia afecto aos assuntos relacionados com os estrangeiros (o equivalente seria o nosso serviço de estrangeiros e fronteiras), de Taipei, capital de Taiwan, que possui uma vida familiar destroçada, devido a um trágico evento ocorrido há dois anos atrás relacionado com uma denúncia de um caso de corrupção. A sua filha (Huang Wei Han) perdeu a fala derivado do facto de ter sido feita refém do próprio tio que viria a ser morto. A sua mulher (Rene Liu) pretende pedir o divórcio, pois já não consegue suportar a constante ausência do marido e sua despreocupação com os problemas conjugais.

O marasmo trágico de “Huo” é repentinamente interrompido, quando uma série de bizarros homicídios começam a se suceder em Taipei, que põem a polícia completamente “à nora” quanto ao modo de execução dos crimes. Um empresário que nunca saiu do seu gabinete morre afogado; a amante de um senador morre queimada, sem que o seu apartamento contenha vestígios de qualquer incêndio; um padre ocidental falece dilacerado, sem que existam quaisquer vestígios de luta.

"Kevin Richter"

O governo de Taiwan decide pedir ajuda aos E.U.A., a que este país corresponde enviando um dos seus maiores especialistas em assassinos em série, o agente do F.B.I. “Kevin Richter” (David Morse).

“Richter” acaba por fazer dupla com “Huo” e juntos deparam-se com uma teia intrincada de pistas, algumas de índole sobrenatural, que parecem levar a uma obscura seita taoista cujo fito é a busca do segredo da imortalidade.


"A amante de um senador é consumida pelo fogo"

"Review"

“Dupla Visão” nasceu de uma colaboração entre Taiwan e os Estados Unidos, através da filial asiática da “Sony Pictures”. Por esse facto beneficiou de um tratamento preferencial em relação à generalidade das películas asiáticas, começando desde logo pela distribuição internacional da película. Pretendia-se aqui fazer um “thriller” na linha de filmes como “Seven” e “Resurrection”, embora com uma adição de elementos sobrenaturais. O resultado foi bom? Sinceramente não.

Eu sou daquelas pessoas que acha que a conversa sobre os “clichés” do cinema tornou-se tão banal, ao ponto de ela própria se tornar “cliché”, com a agravante de ser bastante irritante. A minha experiência afirma que metade das pessoas que criticam “clichés” fazem-no sem ter a perfeita consciência do assunto que estão a tratar, ou dizem-no simplesmente por estar na moda. Chegam ao ponto de se deixarem influenciar de tal forma por terceiros ou pelo meio envolvente, sendo capazes de negarem os próprios gostos. Na adolescência é normal que isso aconteça, pois no fundo a personalidade ainda está em formação. Na idade adulta, é preciso estabilizar e tomar opiniões conscientes e decididas. Eu gosto de filmes que estão, a meu ver, cheios de “clichés”. Acima de tudo, adoro películas que me despertem todo o tipo de sensações. Se tiver “clichés” que se dane! Não há que ter medo de admitir que esse mesmo filme é bom e que nos preencheu de alguma forma!

"A filha de Huo observa um nado-morto"

“Visão Dupla” está cheio de “clichés”. Mas mesmo assim poderia ser uma longa-metragem do meu agrado. Aquilo é o polícia que tem um trauma que o separou emocionalmente da família; vem outro polícia de uma cultura completamente diferente e existe o clássico choque de culturas, à semelhança de filmes como “Inferno Vermelho” ou “Fúria no Bairro Japonês”, esses ícones de acção dita “rasca”, mas que há bastantes anos entretiveram-me imenso; a aura negra e o mistério estão todos lá.

Simplesmente, o argumento do meu ponto de vista é mau, e o encadeamento da trama inevitavelmente fica mortalmente afectado devido a esta premissa. A certa altura, uma pessoa com “dois dedos de testa” tem de concluir inevitavelmente que o filme se torna desinteressante e por vezes sem nexo nenhum. Mesmo nos “clichés” há sempre a possibilidade de inovação. Não, esta premissa não é contraditória. Chama-se evolução!

A sensação com que fico é que se pretendeu oferecer um produto muito virado para o público ocidental, com algumas preocupações a nível estético e de misticismo. Claro que sou forçado a admitir que alguns elementos distintivos do cinema asiático estão presentes no filme, e que o salvam de alguma forma. Não tenho pejo nenhum em anuir positivamente perante a cena em que os polícias se defrontam num templo, com os elementos da seita taoísta “O Verdadeiro Sábio”. Tal constituiu claramente o apogeu do filme, e fez-me arregalar os olhos. Quem dera que o filme fosse todo assim!

Os efeitos especiais são aceitáveis. Julgo ser minimamente consensual quando afirmo que a cena da morte da amante do senador pelo fogo está um regalo de se ver. As cenas violentas marcam bastante a sua presença, envolvendo por vezes algum “gore”.

Tony Leung Ka Fai e David Morse, dois actores de eleição, oferecem-nos duas interpretações medianas. Este último desiludiu-me de sobremaneira, pois tenho-o como um actor de referência. Vou culpar o malfadado argumento e dar o benefício a um homem com provas mais do que dadas. Rene Liu, uma actriz que confesso não conhecer bastante bem, acaba por deter a melhor actuação, o que deve ter justificado o prémio que recebeu para melhor actriz secundária na 22ª edição dos “Hong Kong Film Awards”.

Nada de especial!

"Na iminência do confronto entre a polícia e os elementos da seita taoísta "O Verdadeiro Sábio"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português: Cinedie Asia, Cine-Ásia, Boca do Inferno

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 7

Argumento - 5

Banda-sonora - 6

Guarda-roupa e adereços - 7

Emotividade - 7

Mérito artístico - 7

Gosto pessoal do "M.A.M." - 6

Classificação final: 6,50





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