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domingo, julho 29, 2007

Era Uma Vez na China/Once Upon a Time in China/Wong Fei Hung - 黃飛鴻 (1991)
Origem: Hong Kong
Duração: 126 minutos
Realizador: Tsui Hark
Com: Jet Li, Rosamund Kwan, Yuen Biao, Kent Cheng, Jacky Cheung, Yen Shi Kwan, Lau Shun, Jimmy Wang, Yuen Cheung Yan, Wu Ma, Wong Chi Yeung, Yuen Gam Fai, Yau Gin Gwok, Yuen Sun Yi, Jonathan Isgar, Mark King, Steve Tartalia
"Wong Fei Hung"

Estória

A China vive numa fase em que a influência ocidental é cada vez maior, principalmente a adveniente dos E.U.A., da Inglaterra e da França. Neste aspecto a cidade de Foshan não é diferente do resto do país.

O general do exército do “Estandarte Negro” (Lau Shun) pede a “Wong Fei Hung” (Jet Li) que forme um corpo de milicianos, tendo em vista a protecção dos cidadãos da povoação. Auxiliado pelos seus discípulos “Porky Lang – Toucinho na versão portuguesa” (Kent Cheng) e “Bucktooth So – Favolas na versão portuguesa” (Jacky Cheung), “Wong” leva a cabo a tarefa, sendo bem sucedido no seu desiderato. Entretanto, o herói acaba por conhecer a prima “Yee” (Rosamund Kwan), uma chinesa ocidentalizada que vivia em Londres, ficando incumbido de protege-la. Um interesse romântico começa a resvalar, a que “Wong” não retribui em nome da sua honra.

"Wong Fei Hung e a prima Yee"

Um dia, uma companhia de teatro chega à cidade, fazendo parte da mesma “Leung Foon” (Yuen Biao). “Foon” mete-se em problemas com uma tríade local, conhecida como “Sha Bo Hang”, sendo expulso da companhia teatral. Eventualmente, o jovem acaba por se associar a “Yin” (Yuen Cheung Yan) que ambiciona tirar o título a “Wong” de principal mestre de artes marciais.

“Yin” acaba por reunir forças com a tríade “Sha Bo Hang” e com os americanos “Jackson” (Jonathan Isgar) e “Tiger” (Steve Tartalia), tendo em vista destronar “Wong” de vez. No meio, um sórdido negócio de exportação de chineses para escravidão laboral floresce.

Escusado será dizer que o herói “Wong Fei Hung” não permitirá que tais atropelos à justiça continuem a subsistir!

"Wong Fei Hung mostra o poder do Kung Fu"

"Review"

Um leitor atento deste blogue e conhecedor das minhas opiniões, perceberá facilmente que não morro de amores por Tsui Hark (heresia, queimem o Jorge Soares Aka Shinobi na fogueira!!!). Contudo, a grande excepção à minha opinião sobre as obras do realizador e produtor vietnamita naturalizado chinês é a sua epopeia “Era Uma Vez Na China” e quase todos os episódios subsequentes. Aqui dou o braço a torcer, e admito que este conjunto de filmes marcou verdadeiramente uma era no cinema de artes marciais em particular, e no de Hong Kong em geral. Claro está, independentemente desta premissa, revelo que tais películas são do meu agrado.

Hark resolveu fazer mais uma das dezenas de encarnações para o cinema do herói popular Wong Fei Hung, e saiu-se francamente bem. A popularidade que a película granjeou, fez com que se entrasse num verdadeiro “franchising”, com as sequelas a surgirem a rodos, medeando pouco tempo entre as mesmas. E aqui, somos logo obrigados a fazer um aparte para esclarecer algo acerca de uma edição em Dvd do filme que existe em Portugal, e que poderá induzir as pessoas num certo erro. A edição em causa, de boa qualidade diga-se de passagem, é sugestivamente intitulada “Era Uma Vez na China – Trilogia”. Ora cumpre esclarecer que a saga não é composta por apenas três filmes, mas sim pelo dobro dos mesmos, ou seja, seis. Desses seis filmes, Jet Li representa o papel de “Wong Fei Hung” em quatro, ficando os restantes dois a cargo de Vincent Chiu.

As coreografias de luta estão bastante boas e emocionantes, conseguindo-se mesmo efeitos espectaculares com algum dramatismo e emoção, de que constitui exemplo a primeira luta de “Wong” contra o mestre “Yin”, debaixo de uma forte chuva (simplesmente brilhante o movimento dos pés na água!). Outro combate que terá igualmente de ser destacado é a luta final, com “escadas voadoras”.

" Jackson e Tiger, os americanos traficantes de mão de obra"

Uma vez a propósito da crítica efectuada aqui neste blogue a “Fong Sai Yuk”, um colega que igualmente possui um espaço dedicado ao cinema asiático afirmou que a personagem de “Wong Fei Hung” deveria ter sido interpretada por alguém mais maduro. De facto, temos de admitir que a opinião tem alguma razão de ser. Jet Li apesar de nos presentear mais uma vez com uma actuação de bom nível, não pode lutar contra o facto de à altura de “Era Uma Vez…” ser relativamente novo (tinha cerca de 28 anos), o que possivelmente não conferirá uma autenticidade tão grande à personagem. Não nos podemos esquecer que “Wong Fei Hung”, por altura dos eventos de “Era Uma Vez…”, era já um mestre conceituado, tanto no domínio das artes marciais como no da medicina tradicional chinesa, tendo vários discípulos e seguidores. Isto normalmente acontece com pessoas dotadas de uma vasta experiência de vida. Li, pelo contrário, parece um miúdo, o que não ajuda nada o facto de ter uma face eminentemente jovial, que nem as expressões sérias e ponderadas ajudam a disfarçar.

Os fãs de Yuen Biao poderão ficar de alguma forma desiludidos, atendendo a que este actor é permanentemente secundarizado devido à omnipresença de Jet Li. O seu potencial de combate não é nem de perto, nem de longe demonstrado no filme. A Kent Cheng e Jacky Cheung coube-lhes a honra em desempenhar as personagens cómicas do filme, o que o fazem com mestria, levando a que criemos uma certa empatia com “Toucinho” e “Favolas”. Rosamund Kwan, uma actriz asiática com grande fulgor, em especial na década de ’90, cumpre com razoabilidade a figura da prima “Yee”, uma jovem ponderada, mas de alguma forma ingénua que necessita sempre das atenções de “Wong”.

O que verdadeiramente falta a este filme são adversários emblemáticos. Com todo o respeito, não nos parece que o “Mestre Yin”, representado por Yuen Cheung Yan, tenha grande carisma. Os próprios americanos não se afiguram como vilões bastante credíveis. Neste aspecto em particular, a sequela viria a ser bastante melhor. Também com Donnie Yen no lado oposto, como é que tal não poderia suceder ?!

Outra marca do filme tem a ver com o forte pendor nacionalista do argumento. Como já foi referido na sinopse, viviam-se tempos em que a influência ocidental crescia a olhos vistos na China, que passava pela difusão do cristianismo, a introdução de novo armamento, o controlo do comércio e das principais riquezas do país. Inclusive são mencionadas as ocupações de Hong Kong por parte dos ingleses, e de Macau por parte de Portugal. Com base nestas premissas, “Era Uma Vez…” transmite a premente necessidade de defesa da cultura e do modo de vida chinês, recorrendo a um dos aspectos mais próprios do país, o uso do Kung Fu. Desemboca-se pois numa lição de história, porventura um pouco tendenciosa, mas aceitável. Este mesmo argumento faz com esta película seja mais elaborada do que a maior parte das suas congéneres.

Um bom filme, obrigatório para qualquer amante de longas-metragens de artes marciais. Fará as delícias dos fãs de Jet Li!

"Mestre Yin e Wong Fei Hung medem forças"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 7

Argumento - 8

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,63





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