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domingo, janeiro 20, 2008

Love Au Zen/Ai qing guan zi zai (2000)

Origem: Hong Kong

Duração: 96 minutos

Realizador: Derek Chiu

Com: Poon Chan Leung, Flora Chan, Andrew Lin, Annie Wu, Ko Hon Man

"Ah Sau e Ah Cheng"

Estória

“Ah Cheng” (Andrew Lin) e “Mila” estão prestes a se casar, embora a sua relação seja vista como materialista e um tanto ou quanto ínsipida. Pouco antes do enlace, o padrinho “Ah Sau” termina a sua relação de cinco anos com a madrinha “Jing” (Flora Chan), e decide retirar-se para um mosteiro budista situado em Lantao.

No dia do casamento, “Ah Sau” aparece com uma indumentária de monge budista que a todos surpreende, inclusive “Jing”. O pior sucede quando na hora de dizer “sim”, “Ah Cheng”, o noivo, assume uma postura extremamente exitante o que irrita de sobremaneira “Mila”, ao ponto de a mesma cancelar o casamento.

"Mila e Jing"


“Ah Cheng” decide acompanhar “Ah Sau” para o mosteiro, de forma a encontrar um novo sentido para a sua vida. Tempos depois, chegam ao santuário “Mila” e “Jing”, que igualmente querem conhecer a maneira de viver budista, tendo em vista encontrar respostas para os seus infortúnios. Os casais, sob a orientação do mestre “Chi Yuan” (Ko Hon Man), tentam nortear a sua vivência, aplicando os princípios básicos do budismo.

"Ah Sau em meditação, observado pelo mestre Chi Yuan"

"Review"

Baseado no livro de Raymond To, autor que igualmente escreveu o argumento para o filme, “Love Au Zen” teve a dignidade de subir primeiro aos palcos teatrais de Hong Kong, antes de passar para o formato filme. A peça foi um relativo sucesso e os actores Poon Chan Leung e Kon Hon Man viriam a repetir os seus papéis no grande ecrã.

A base onde “Love Au Zen” se sustenta é precisamente os diálogos escritos por Raymond To, que exploram imenso os cânones budistas e a sua aplicação à vida de todos os homens e mulheres. Ora isto levantará uma certa dificuldade àqueles que não conhecem minimamente os caminhos pelos quais esta religião (ou modo de vida, segundo outros) pugna. O desafio será ainda maior, quando se tenta perceber qual a lógica dos ensinamentos e a sua interpenetração com os relacionamentos dos casais desavindos da película. Pelo que aqueles que tiverem oportunidade de visionar esta longa-metragem terão provavelmente que, à semelhança do que eu fiz, rever a película, de forma a ficar com uma percepção mais correcta das mensagens que se pretendem transmitir.

Passível de ser catalogado como um drama, não será daqueles filmes cuja representação seja orientada para puxar uma lágrima ao olho, e consequentemente gastar quilos de lenços de papel. A veia do erudito marca mais a sua presença, devido ao conteúdo dos diálogos de que se falou acima. Os actores, embora fazendo parte da 2ª e talvez 3ª linha de Hong Kong, põem alma nas interpretações. O destaque terá forçosamente de ser atribuído ao desconhecido Ko Hon Man, no papel do monge “Chi Yuan”, e à estrela do Cantopop, Flora Chan, cuja fama advém essencialmente das séries da TV em que participou (para além da música, claro). A comédia marca a sua presença de uma forma subtil, e com as despesas quase todas a correr por conta de Annie Wu, uma vintona histérica e mimada. Ao contrário do que muitas vezes costuma suceder no que a Hong Kong diz respeito, as partes que visam nos fazer pelo menos sorrir, estão perfeitamente enquadradas no desenho global do filme, nunca redundando em produtos descartáveis.


"No telhado do mosteiro a observar uma paisagem de sonho"

Derek Chiu, um realizador que conhecia só de nome, gosta de contar uma boa estória, enveredando por momentos bastante pausados, para que possamos apreender o máximo de informação. Ainda bem que assim o é, pois a subtileza dos já mencionados diálogos assim o exige. Merece uma palavra especial a espectacular fotografia de Tony Ching, tanto no que refere às paisagens idílicas que rodeiam o mosteiro, assim como da extremamente urbanizada Hong Kong.

“Love Au Zen” prima sobretudo pelo seu argumento inteligente, a riqueza dos seus diálogos e o “glamour” das suas personagens, constituindo de certa forma uma lufada de ar fresco no panorama do cinema de Hong Kong. Não é uma obra dirigida para um vasto público, o que explicará de certa forma os seus fracos resultados de bilheteira e o desconhecimento para os cinéfilos ocidentais. Contudo revela ser uma proposta interessante e inovadora, que merecerá uma espreitadela. Principalmente para aqueles que adoram diálogos significativos ou que muitas vezes pensaram entrar em reclusão, devido a um acontecimento amoroso infeliz!

"Jing descobre o significado dos cânones budistas escritos nas mãos"

Trailer (não encontrado), The Internet Movie Database (IMDb) link

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 8

Argumento - 8

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 7

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,50





2 comentários:

Anónimo disse...

Jorge,

Mais um realizador asiático que me é completamente desconhecido. Este filme que analisaste (bem, como sempre) não me parece nada mal.

Um abraço
Nuno

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Derek Chiu não é dos realizadores de Hong Kong mais conhecidos. Eu só tinha ouvido falar dele, devido a um filme que teve algum sucesso por aquelas paragens, chamado "Sealed With a Kiss" (nunca o vi).

"Love Au Zen" é um filme bastante interessante, embora não seja nada de transcendental (ao contrário do que o título possa transmitir).

Julgo que irias gostar deste filme,embora possa estar enganado.

Um abração!