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domingo, agosto 26, 2007

Chinese Odyssey 2002/Tian xia wu shuang - 天下无双 (2002)

Origem: Hong Kong

Duração: 97 minutos

Realizador: Jeffrey Lau

Com: Tony Leung Chiu Wai, Faye Wong, Vicki Zhao, Chang Chen, Rebecca Pan, Athena Chu, Eric Kot, Ning Jing, Roy Cheung, Jeffrey Lau

"A Princesa Wushuang e Ah Long"

Estória

Na época da dinastia Ming, numa determinada cidade, vive “Ah Long Aka Bully, the Kid” (Tony Leung Chiu Wai), um homem que todos os habitantes da localidade temem, devido à sua atitude quezilenta e agressiva. “Long” só tem olhos para a sua querida irmã “Feng Aka Phoenix” (Vicki Zhao), com a qual dirige uma residencial e restaurante.

Entretanto, a princesa “Wushuang” (Faye Wong) e o imperador “Zheng De” (Chang Chen) são irmãos que tentam fugir do palácio imperial e do extremo controlo exercido pela rainha-mãe (Rebecca Pan). Apenas “Wushuang” consegue ser bem sucedida e parte à aventura disfarçada de homem.

"O imperador Zheng De e Feng envergam indumentárias muito esquisitas para a época"

A verdadeira confusão chega no dia em que a princesa conhece “Long” e “Feng”. “Long” simpatiza com “Wushuang” e pensando que esta é um homem, julga ter encontrado um marido adequado para a sua irmã. “Feng” por sua vez fica deliciada com a ideia e apaixona-se. “Wushuang” enamora-se por “Long”, e como se não bastasse, o imperador “Zheng” sai do palácio comandando os guardas imperiais em busca da sua irmã, encontra “Feng” e é logo amor à primeira vista.

Os encontros e desencontros amorosos sucedem-se, e só a intervenção de “Amour Amour” (Athena Chu), para uns uma vidente, para outros uma deusa, é que irá salvar o dia!

"A rainha-mãe"

"Review"

Com a realização de Jeffrey Lau e produção de, nada mais, nada menos, Wong Kar Wai, “Chinese Odyssey 2002” é o que normalmente é conhecido como um filme do Novo Ano Lunar, o mais importante feriado para os chineses. A indústria de filmes de Hong Kong, com propósitos comerciais, costuma lançar “blockbusters” por esta altura, de forma a capitalizar ao máximo as bilheteiras durante este período de férias. Em 2002, um dos escolhidos, ou melhor dizendo, o principal escolhido foi precisamente o filme que ora se aprecia neste texto.

Envergando um título semelhante aos dos dois êxitos do actor Stephen Chow, a saber, “Chinese Odyssey: Pandora’s Box” e “Chinese Odyssey: Cinderella”, podemos definir “Chinese Odyssey 2002” como uma comédia romântica, com a variante da mesma se passar num importante período da história chinesa. É a clássica e eterna estória da procura da cara-metade, polvilhada de elementos cómicos (alguns bem conseguidos, diga-se de passagem) e uma ou outra referência que se reconduz aos “wuxia” e aos filmes de artes marciais.

É divertido observar a maneira como Jeffrey Lau e Wong Kar Wai satirizam de uma forma bem disposta, e nada ofensiva, filmes como “Ashes of Time” (pense-se na melodia que passa por diversas vezes na última meia-hora do filme) ou nos já mencionados filmes da saga “Chinese Odyssey”, protagonizada por Stephen Chow. Inclusive existe uma declamação retirada destas películas, com a expressa menção a tal facto. Verdadeiramente delicioso é as piadas que se fazem com as obras de Wong Kar Wai, em que Jeffrey Lau exagera nas cenas em câmara lenta e no “freezing”, denotando uma veia cómica para com o seu próprio produtor nesta longa-metragem.


"Uma sentida declaração de amor"

No entanto, “Chinese Odyssey 2002” não vive apenas da comédia. Quando a película se aproxima do seu epílogo, existe um quase abandono do riso para passarmos a coisas mais sérias. A partir do momento em que o assunto está resolvido entre “Feng”, representada pela inexcedivelmente bela Vicki Zhao (como eu adoro esta mulher, ai, ai, ai…) e o imperador “Zheng De”, interpretado por Chang Chen (o inesquecível “Nuvem Negra” de “O Tigre e o Dragão”), a trama foca-se na relação entre “Long” e a princesa “Wushuang”. E aqui já nos deparamos perante algum drama de boa qualidade, que secundariza por completo os momentos mais bem dispostos.

Apesar da tradução inglesa parecer se reconduzir a algo de épico, não estamos perante nenhuma odisseia digna do seu nome, nem alguma demanda em especial, a não ser, claro está, a busca pela pessoa amada (que porventura será a maior das aventuras, admita-se…). O que está em causa é tão-só uma simples estória divertida, que se foca nas relações humanas. Nada mais do que isso.

Os actores interpretam bem os seus papéis, sem almejar a nada de brilhante. Para o filme em questão, também não se exigia muito mais. De qualquer forma confesso que não gosto muito de ver Tony Leung Chiu Wai interpretar papéis cómicos, pois pessoalmente acho que não tem muito jeito para isso. Ponham Tony Leung num bom drama, e aí já estaremos no campo forte do actor, um dos melhores intérpretes de cinema a nível mundial. Actualmente, penso sinceramente que neste particular Tony Leung tem apenas um rival que é um senhor coreano chamado Choi Min-sik. Mais nada!

Chang Chen embora não tenha uma participação tão activa no filme quanto isso, dá para as encomendas. Vicki Zhao (ai, ai, ai outra vez…) é simplesmente adorável. Aquelas expressões naquela face moldada por Deus dão cabo do sistema a qualquer um. Athena Chu, outra musa do cinema asiático, dá um toque particularmente feliz ao filme, em especial nas partes de comédia. A primazia a nível da representação irá sem dúvida para Faye Wong, o que lhe valeu inclusive um prémio para a melhor actriz na 9ª edição dos “Hong Kong Film Critics Society Awards”. Merecido? Julgo sinceramente que sim.

Resta apenas dizer que a fotografia é belíssima, assemelhando-se em muito aos tons vivos que o mestre Wong Kar Wai gosta de usar nos seus filmes. A sua influência como produtor terá com certeza algo a ver com este aspecto. O resto situa-se num plano aceitável.

“Chinese Odyssey” está longe de ser um filme brilhante, ao contrário da opinião de alguns. No entanto é uma obra que denota mérito e que merece ser visionada pelos amantes dos filmes do século XXI “made in Hong Kong”.

"A princesa Wushuang medita no palácio imperial"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português: Cinedie Asia

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 7

Argumento - 7

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,50







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