Exiled/Fong juk – 放‧逐 (2006)
Origem: Hong Kong
Duração aproximada: 110 minutos
Realizador: Johnny To
Com: Anthony Wong, Francis Ng, Simon Yam, Nick Cheung, Lam Suet, Roy Cheung, Josie Ho, Richie Ren, Gordon Lam, Cheung Siu Fai, Ellen Chan, Hui Siu Hung, Ronald Yam
“Da esquerda para a direita, em cima: Fat, Tai, Blaze e Cat; em baixo, Wo, a esposa Jin e o filho de ambos”
Sinopse
Em 1999, dois anos após o mesmo ter acontecido com Hong Kong, Macau está prestes a deixar a soberania de um país europeu, neste caso Portugal, e a retornar para o território da China. Quatro elementos de uma tríade chefiada por Fay (Simon Yam), a saber, “Blaze” (Anthony Wong), “Tai” (Francis Ng), “Cat” (Roy Cheung) e “Fat” (Lam Suet), são incumbidos da missão de matar um ex-membro da organização chamado “Wo” (Nick Cheung). Acontece que deparados perante o seu antigo companheiro e amigo, os quatro não conseguem levar a cabo o golpe e unem-se para proteger “Wo”, a sua esposa “Jin” (Josie Ho) e o filho de ambos recém-nascido.
“Blaze”
Acontece que “Fay” vem de Hong Kong até Macau, de forma a destronar o domínio do “gangster” “Keung” (Gordon Lam), e assegurar que “Wo” efectivamente está morto. Quando descobre o que se passou, “Fay” não se deixa ficar e organiza uma caçada ao grupo. Uma cruzada de sangue está prestes a se desencadear.
“Fay depara-se com o rival Keung”
“Review”
Tendo sido exibido em certames de cinema por todo o mundo, de que constituem exemplo Veneza e Toronto, e sido filmado na antiga colónia portuguesa de Macau, “Exiled” tem o condão de fazer assomar uma ideia logo à minha mente: não consigo encontrar um filme que defina melhor o estilo de Johnnie To e que granjeou tantos fãs. A película teve críticas positivas um pouco por todo o meio especializado e conseguiu mesmo ter a honra de ter sido a submissão oficial de Hong Kong aos óscares – 2008, na categoria de melhor filme estrangeiro.
“Exiled” representa o que de melhor a cena de Hong Kong tem para oferecer, possuindo momentos perfeitos de tensão e acção, a par de cenas dramáticas de antologia, que ficam gravadas algures na nossa memória, num “freeze frame” mental. A técnica de “slow motion” usada nas cenas de acção, onde os tiroteios infernais irrompem destemidos, é simplesmente maravilhosa e de chorar por mais. Os intervenientes são meticulosamente posicionados, antes da abrupta violência emergir, e uma autêntica valsa diabólica de balas, sangue e destruição demonstrar a sua estranha, mas inquestionável beleza. Num culminar usual, todos estes aspectos irrompem no inevitável “stand off” final.
Como foi referido na sinopse, a acção de “Exiled” passa-se numa Macau em processo de transicção da governação portuguesa para a administração chinesa. Aqui, com ou sem razão, é traçado um quadro de uma terra onde a lei não consegue impor a sua vontade, onde a polícia é pouco efectiva e corrupta, e as tríades fazem quase o que lhes bem apetece. Ajustes de contas são desfilados num restaurante, numa rua, num descampado, sem que as forças da ordem consigam fazer algo para impedi-lo, sendo mesmo atacadas em nome da cobiça que rodeia um enorme carregamento de ouro.
“Tiroteio no restaurante”
Na nossa humilde opinião, é improvável alguém se autointitular um apreciador do cinema de Hong Kong, sem prezar esta película e outras de natureza semelhante, desde que bem executadas e portadoras de um signo de qualidade. Tem um conjunto de homens afectados pela dureza do seu percurso de vida, que deixam a acção falar por si e mulheres que não conseguem entender esta maneira de agir e pugnam por um modo de vida mais calmo e pacífico. Mas acima de tudo, evidencia de sobremaneira aquele destino traduzido por um caminho que por mais que façamos, simplesmente não lhe conseguimos fugir.
Aqueles que se deram ao trabalho de reparar no grupo de actores que exibem as suas potencialidades nesta película, forçosamente terão de concluir que estamos perante um elenco de eleição, onde pontificam alguns dos mais talentosos intérpretes de Hong Kong e habitués das longas-metragens de Johnny To. O grande Anthony Wong exibe mais uma actuação de grande nível, num estilo inimitável e que só a ele lhe pertence, sendo bem acompanhado por Francis Ng. Simon Yam é um dos meus actores preferidos daquelas paragens, e para mim é algo complicado colocar-lhe defeitos. Igualmente é alguém que impõe um cunho e ritmo muito próprio nas suas performances, sendo que aqui o que lhe faltará serão, eventualmente e por força do argumento, mais alguns minutos. Nick Cheung, Roy Cheung e Lam Suet não destoam e enquadram-se bem nos seus papéis.
“Exiled” é um filme que honra muito bem o estilo do seu criador. É um orgulhoso e excelente exemplo do género “tríade” e atrever-me-ia a afirmar, quase um sonho para qualquer amante do género. Ao mesmo tempo, configura-se como uma história de amizade e honra impressionante, onde em nome dos ideiais e do código de conduta, mais depressa se verga do que se torce. A redenção acaba por ser tratada de uma forma crua, mas credível. No fundo, “Exiled” demonstra ser uma obra simples, nada esotérica e, à falta de melhor expressão...um filmão!!!
“Fat, Blaze, Tai e Cat”
7.3 em 10 (3.904 votos) em 9 de Março de 2011
Outras críticas em português:
Avaliação:
Entretenimento – 8
Interpretação – 8
Argumento – 8
Banda-sonora – 9
Guarda-roupa e adereços – 8
Emotividade – 9
Mérito artístico – 8
Gosto pessoal do “M.A.M.” – 8
Classificação final: 8,25