"MY ASIAN MOVIES"マイアジアンムービース - UM BLOGUE MADEIRENSE DEDICADO AO CINEMA ASIÁTICO E AFINS!!!

sábado, junho 30, 2007

Votação para a actriz asiática mais popular - balanço

1º Zhang Ziyi - 8 votos

2º Cecilia Cheung - 7 votos

3º Aya Ueto - 4 votos

Continua a grande dispersão de votos, mas com uma algumas "nuances" em comparação com a votação para o actor asiático mais popular. Desde logo, todas as candidatas já tiveram ao menos um voto, e a luta pelo primeiro lugar afigura-se renhida com Zhang Ziyi a ultrapassar a anterior líder Cecilia Cheung. Para minha grande surpresa, em 3º lugar surge Aya Ueto, à frente de actrizes tais como Brigitte Lin, Gong Li, Maggie Cheung e Michelle Yeoh por exemplo.

À semelhança do que já referi no "post" anterior, a votação encerrará definitivamente dia 1 de Janeiro à meia-noite. Mais informo que caso a actriz que queiram votar não conste no elenco exposto, poderão escrever o nome no rectângulo branco do fim.

Toca a votar, dirigindo-se para o efeito ao espaço "Votações" que se encontra na coluna da direita!




Votação para o actor asiático mais popular - balanço

1º Bruce Lee - 15 votos

2º Jet Li - 6 votos

2º Choi Min-sik - 6 votos


3º Jackie Chan - 3 votos


3º Takeshi Kaneshiro (3 votos)

Apesar da grande dispersão de votos, a tradição pelos vistos parece que ainda é o que era, pois Bruce Lee segue destacadíssimo à frente, seguido de muito longe por um duo constituído por Jet Li e Choi Min-sik. Jackie Chan e Takeshi Kaneshiro fecham o pódio. Confesso que estou bastante surpreendido com o facto de actores consagradíssimos ainda não terem um único voto, como são os casos de Sammo Hung e Sonny Chiba, entre muitos outros.

Para votarem, basta ir à coluna da direita. A votação será definitivamente encerrada dia 1 de Janeiro de 2008, à meia-noite. Não se esqueçam que caso o actor que gostem mais não conste do elenco exposto, poderão escrever o nome no rectângulo em branco que se encontra no fim e desta forma propor o actor em questão à votação.

Toca a exercer o vosso direito democrático!



Biografia

Toshirô Mifune

Toshirô Mifune nasceu a 1 de Abril de 1920, em Tsingtao (actual Qingdao) na China, no seio de uma família japonesa, cujo patriarca, Tokuzo Mifune, exercia a profissão de fotógrafo, sendo dono de uma loja do ramo. Com apenas 5 anos, o pequeno Mifune mudou para Dalian, onde viria a concluir anos mais tarde o ensino secundário.

Com o eclodir da II Guerra Mundial, e o deflagrar da mesma na zona do Pacífico, Mifune foi recrutado pelo exército do Império do Japão, e serviu na 7ª Esquadrilha de Aviação da Manchúria, onde devido aos seus antecedentes familiares e ao ofício que aprendeu com o pai, ficou encarregue de tirar fotografias aéreas a partir de missões levadas a cabo nos aviões da força aérea nipónica.

"O jovem Mifune durante a II Guerra Mundial"

Com a derrota total do Japão no ocaso do conflito, Mifune conseguiu um emprego como fotógrafo, nos famosos estúdios Toho no Japão. Atendendo às extremas dificuldades económicas que o país vivia à altura, e após uma prolongada greve, na qual participaram muitos actores, que acabaram por abandonar os estúdios da Toho, esta companhia lançou uma campanha em busca de novos talentos. Os amigos de Mifune, sem o próprio saber, inscreveram-no. Convocado para uma prova, Mifune impressionou o líder da Toho, Kajiro Yamamoto, que o recomendou ao realizador Senkichi Taniguchi.

Com 27 anos, o actor estreia-se em “Snow Trail”. Um ano depois, em 1948, faz o seu primeiro Kurosawa (percebe-se a expressão), “Drunken Angel”, dando o início a uma das parcerias mais bem sucedidas da história do cinema.

Em 1950, casa-se com Sachiko Yoshimine, embora a concretização da união, estivesse rodeada de dificuldades. Yoshimine era proveniente de uma respeitável e tradicional família de Tóquio, que não via Mifune com bons olhos, atendendo a que este tinha nascido na Manchúria. O facto de não ser budista, para além de ser actor, profissão olhada à altura como praticada por irresponsáveis, sem meios financeiros para suportar uma família. Os realizadores Senkichi Tanaguchi e Akira Kurosawa intercederam por Mifune, e o casamento acaba por se realizar. Do enlace, nasceram dois filhos, Shiro e Takeshi. Mifune viria, mais tarde (1982) a ter uma filha, embora a mãe fosse a sua amante, a actriz Mika Kitagawa.

"Samurai Rebellion"

A sua presença imponente e agressiva, para além das suas capacidades interpretativas e aliança com Akira Kurosawa, fizeram de Mifune o actor japonês mais conhecido de todos os tempos, sobretudo pelo seu desempenho em papéis de samurai. A sua maneira de actuar fez com que o papel do guerreiro japonês ficasse mais humanizado e demonstrativo que o mesmo possuía defeitos e vulnerabilidades. Pense-se nos inesquecíveis “Kikuchyo” de “Os Sete Samurais” e “Yojimbo” da película com o mesmo nome. No entanto, apesar das mencionadas personagens serem pouco convencionais no que toca a comportamentos que usualmente ligamos a samurais, a realização de Kurosawa e o talento interpretativo de Mifune, conferia-lhes uma nobreza sem par.

Mifune seria ainda protagonista em outras grandes obras do lendário realizador japonês, entre as quais se destaca “Sanjuro”, “Trono de Sangue” e “Rashomon”. Este último filme inspiraria bastantes películas posteriores, de entre as quais se põe o acento tónico em “Herói”.

O fantástico duo acabaria por se afastar um do outro, devido a discussões ocorridas durante “Red Beard”. Era normal à altura, um actor japonês actuar em vários filmes no curto espaço de um ano. No entanto, como para o citado filme, Mifune teve de deixar crescer bastante a barba e mante-la durante os dois anos que demoraram as filmagens, o actor não pode entrar em outras películas, o que o deixou numa situação financeira difícil. Tal provocou crispações entre os dois grandes nomes do cinema japonês, que ainda se acentuaram mais quando Mifune separou-se da esposa, facto que o tradicionalista Kurosawa achou bastante reprovável.

Nos anos 80, Mifune voltaria a estar em alta ao representar Lord Toranaga, na excelente e aclamada série “Xogun”, uma co-produção nipo-americana em que além deste actor, entraram Richard Chamberlain e John Rhys-Davies. Esta participação também não colheu grande simpatia junto de Kurosawa, que criticou bastante a série devido aos seus lapsos históricos. A machadada final no relacionamento entre os dois estava dada.
Mifune viria a fundar uma escola de representação, mas este projecto só duraria 3 anos, sendo cancelado devido a falta de dinheiro.

Em 1992, Mifune começava a sofrer de sérios problemas de saúde, que o levaram à morte em 1995, motivada por um cancro no pâncreas.
Com 77 anos, morria na cidade de Mitaka, o maior actor japonês de todos os tempos e que serviu de inspiração a outros colegas do sector, incluindo fora do Japão. Pense-se apenas nas emblemáticas personagens de Clint Eastwood, nos fantásticos “westerns” de Sérgio Leone.

Mifune deixaria recordações e saudade em todos os amantes do cinema, em especial do asiático, que tiveram a felicidade de visionar os seus filmes.

Para muitos, esta verdadeira lenda será sempre o eterno samurai!

"Sete Samurais"

Curiosidades (Fonte: IMDb)

  • Ficou em 90º lugar na lista da Revista Empire denominada "The Top 100 Movie Stars of All Time";
  • O herói da série de animação japonesa “Speed Racer” (1967) chama-se Go Mifune em homenagem a Toshiro Mifune;
  • George Lucas considerou-o seriamente para o papel de Obi-Wan Kenobi em "Guerra das Estrelas";
  • Tendo em vista a melhor preparação para a representação do papel de “Kikuchiyo”, em “Os Sete Samurais”, Mifune viu várias séries educativas que versavam sobre o comportamento dos leões na savana.
  • Devido à intensidade que punha na representação dos seus papéis, e atendendo à sua disponibilidade física e presença intimidante no ecrán, muitas pessoas pensavam que Mifune era um homem muito maior do que na realidade. Ele tinha perto de 1 metro e 80 de altura, e mesmo assim, era mais alto do que a maior parte dos actores japoneses com quem contracenava.
  • Falava fluentemente o Mandarim;
  • Treinou pessoalmente os actores que representaram a tripulação do submarino japonês no filme “1941 – Ano Louco em Hollywood”;
  • O seu nome chinês é Sanchuan Minlang;
  • Apesar de ter nascido na China, a sua família era 100% japonesa;
  • Durante a sua carreira representou em várias ocasiões, três das figuras mais importantes da história do Japão, a saber, o Almirante Isoroku Yamamoto em três filmes, o senhor da guerra Tokugawa Ieyasu , para além de ter interpretado 4 vezes o lendário espadachim Mushashi Miyamoto;
  • A sua representação de Sanjuro Kuwabata em Yojimbo, é considerada pela revista Premiere como a 78ª melhor de todos os tempos.

"Yojimbo"

Filmes:


1. Snow Trail (1947)
2. These Foolish Times (1947)
3. Drunken Angel (1948)
4. The Quiet Duel (1949)
5. Jakoman and Tetsu (1949)
6. Stray Dog(1949)
7. Escape at Dawn (1950)
8. Conduct Report on Professor Ishinaka (1950)
9. Scandal (1950)
10. Engagement Ring (1950)
11. Rashomon (1950)
12. Beyond Love and Hate (1951)
13. Elegy (1951)
14. The Idiot (1951)
15. Pirates (1951)
16. Meeting of the Ghost Après-Guerre (1951)
17. Conclusion of Kojiro Sasaki-Duel at Ganryu Island (1951)
18. The Life of a Horsetrader (1951)
19. Who Knows a Woman's Heart (1951)
20. Vendetta for a Samurai (1952)
21. Foghorn (1952)
22. The Life of Oharu (1952)
23. Jewels in our Hearts (1952)
24. Swift Current (1952)
25. The Man Who Came to Port (1952)
26. My Wonderful Yellow Car (1953)
27. The Last Embrace (1953)
28. Love in a Teacup (1953)
29. The Eagle of the Pacific (1953)
30. Os Sete Samurais (1954)
31. Samurai Trilogy (1954-56)
32. Musashi Miyamoto (1954)
33. The Sound of Waves (1954)
34. The Black Fury (1954)
35. A Man Among Men (1955)
36. All is Well (1955)
37. No Time for Tears (1955)
38. Record of a Living Being (1955)
39. Rainy Night Duel (1956)
40. The Underworld (1956)
41. Settlement of Love (1956)
42. A Wife's Heart (1956)
43. Scoundrel (1956)
44. Rebels on the High Seas (1956)
45. O Trono de Sangue (1957)
46. A Man in the Storm (1957)
47. Be Happy These Two Lovers (1957)
48. Yagyu Secret Scrolls (1957)
49. A Dangerous Hero (1957)
50. The Lower Depths (1957)
51. Downtown (1957)
52. Tokyo Holiday (1958)
53. Muhomatsu, The Rikshaw Man (1958)
54. The Happy Pilgrimage (1958)
55. All About Marriage (1958)
56. Theater of Life (1958)
57. The Hidden Fortress (1958)
58. Boss of the Underworld (1959)
59. Samurai Saga (1959)
60. The Saga of the Vagabonds (1959)
61. Desperado Outpost (1959)
62. The Birth of Japan (1959)
63. The Last Gunfight (1960)
64. The Gambling Samurai (1960)
65. The Storm of the Pacific (1960)
66. Man Against Man (1960)
67. The Bad Sleep Well (1960)
68. The Masterless 47 (1960)
69. The Story of Osaka Castle (1960)
70. The Masterless 47 (1961)
71. Yojimbo (1961)
72. The Youth and his Amulet (1961)
73. Ánimas Trujano (1962)
74. Sanjuro (1962)
75. Tatsu (1962)
76. Chushingura (1962)
77. Wings over the Pacific (1963)
78. High and Low (1963)
79. Legacy of the 500,000 (1963)
80. The Great Thief (1963)
81. Whirlwind (1964)
82. Samurai Assassin (1965)
83. Red Beard (1965)
84. Sanshiro Sugata (1965)
85. Retreat from Kiska (1965)
86. Fort Graveyard (1965)
87. Wild Goemon (1967)
88. The Sword of Doom (1967)
89. The Adventure of Kigan Castle (1967)
90. The Mad Atlantic (1967)
91. Grand Prix (1967)
92. Samurai Rebellion (1967)
93. The Longest Day of Japan (1967)
94. The Sands of Kurobe (1968)
95. Admiral Yamamoto (1968)
96. Gion Festival (1968)
97. Hell in the Pacific (1968)
98. Samurai Banners (1969)
99. 5,000 Kilometers to Glory (1969)
100. Battle of the Japan Sea (1969)
101. Red Lion (1969)
102. Band of Assassins (1969)
103. Zatoichi Meets Yojimbo (1970)
104. The Ambitious (1970)
105. Incident at Blood Pass (1970)
106. The Walking Majo (1970)
107. The Militarists (1970)
108. Red Sun (1971)
109. Paper Tiger (1975)
110. Midway (1975)
111. Proof of the Man (1977)
112. Japanese Godfather: Ambition (1977)
113. Shogun's Samurai (1977)
114. Dog Flute (1978)
115. Lady Ogin (1978)
116. Japanese Godfather: Conclusion (1978)
117. The Fall of Ako Castle (1978)
118. Lord Incognito (1978)
119. Winter Kills (1979)
120. The Adventures of Kosuke Kindaichi (1979)
121. Secret Detective Investigation-Net in Big Edo (1979)
122. 1941 (1979)
123. The Bushido Blade (1981)
124. Port Arthur (1981)
125. Shogun (1981)
126. Inchon! (1981)
127. The Challenge (1982)
128. Conquest(1983)
129. Theater of Life (1983)
130. Battle Anthem (1983)
131. The miracle of Joe the Petrel (1984)
132. Legend of the Holy Woman (1985)
133. Song of Genkai Tsurezure (1986)
134. Shatterer (1987)
135. Tora-san Goes North (1987)
136. Princess from the Moon (1987)
137. Demons in Spring (1989)
138. Death of a Tea Master (1989)
139. Cf Girl (1989)
140. Strawberry Road (1991)
141. Helmet (1992)
142. Shadow of the Wolf (1992)
143. Picture Bride (1994)
144. Deep River (1995)

"Na cerimónia de abertura da sua escola de representação"

The Internet Movie Database (IMDb) link

Site Oficial





domingo, junho 24, 2007

Zatoichi - Treino cómico

Um samurai pouco hábil tenta ensinar a sua arte a 3 jovens. Tudo degenera numa cena com um certo grau de comicidade.Retirado da obra de Takeshi Kitano.

terça-feira, junho 19, 2007

Questionário


O caro Bracken, do excelente blogue cinéfilo “Movies Confidential”, resolveu desafiar-me no bom sentido, a responder ao questionário abaixo exposto. Cumpre dizer que a ideia nasceu de outro blogue de nomeada, intitulado Brain-Mixer, e que passados praticamente seis meses, o périplo pela “blogosfera” ainda vive, o que comprova o sucesso da iniciativa. Pelo exposto, apelo aos “bloggers” a quem por sua vez lancei o repto, que mantenham a cadeia cinéfila em funcionamento. Feito os breves esclarecimentos, vamos ao que interessa!
O que é para ti um MAU filme?

É um filme que não me provoca sensações de espécie alguma, mergulhando-me na total indiferença. Paupérrimos argumentos, representações péssimas e fúteis, com risinhos exagerados e poses da treta. Todo o género de película que numa sala de cinema, apeteça-me abandonar a sala e tomar uma cerveja ou um whisky no bar mais próximo!!!
Remakes ou sequelas: Havendo apenas estas duas escolhas sem opção de recusa, qual assistirias?

Depende do “remake” e depende da sequela. Existem bons “remakes”, como existem boas sequelas. Infelizmente o contrário também sucede. Esta trata-se de uma questão que terá forçosamente de ser analisada caso a caso. No entanto, como não me assiste nenhuma opção de recusa, personalizarei a resposta e optarei pelas sequelas em detrimento dos “remakes”. Justifico, admito que parcamente, pela crise de ideias que em certas alturas afecta o cinema norte-americano, manifestada, por exemplo, na aposta em “remakes” de filmes asiáticos (triste moda), sendo o resultado (salvo uma ou outra excepção) mau, para não dizer outra coisa menos educada…
Que tipo de filme português gostarias de ir ver ao cinema?

Um épico verdadeiramente bem feito sobre aspectos da nossa rica história. Soa a “cliché”, mas é sinceramente o que sinto. Sugiro uma película acerca do lusitano Viriato, embora as ideias possam surgir às dezenas. Com certeza faltarão recursos e “know how”, mas um dia lá chegaremos…Se é para fazer coisas do tipo “Vercingentórix” (Os Druidas) esqueçam!!!
Que cliché cinematográfico já não tens pachorra para ver novamente?

O do “bonzinho” em que a meio do filme já nos apercebemos que é o maior crápula da história, que matou cento e tal pessoas, pegou fogo ao lar dos idosos, roubou a caixa de esmolas da igreja, etc, etc, etc…E mesmo assim, cai-se na irritante mania de fazer passar os espectadores por diminuídos mentais, tentando lanças falsas pistas na direcção de outras personagens.
Qual o teu fan video preferido?

Não tenho. Admito que por algum desconhecimento…
A quem desafias este questionário?

sábado, junho 16, 2007

Isabella/伊莎貝拉 (2006)
Origem: Hong Kong
Duração: 109 minutos
Realizador: Edmond Pang
Com: Chapman To, Isabella Leong, J. J. Jia, Anthony Wong, Chau Sang, Derek Tsang, Shawn Yue, Steven Cheung, Josie Ho, Jim Chin, Wan Yeung Ming
"Yam"
Estória

Em 1999, numa Macau prestes a sair do domínio português, e a entrar na jurisdição da República Popular da China, vive o inspector “Ma Cheng Sing” (Chapman To), que enfrenta sérias acusações de corrupção. Sem nada ou alguém com que se preocupar, “Sing” passa os dias a embriagar-se e a jogar na grande variedade de casinos existente no território.

Certa noite numa discoteca, o bêbado “Sing” procura uma prostituta para passar a noite e acaba por ser bem sucedido nos seus intentos. No dia seguinte, acorda com uma jovem rapariga a seu lado, chamada “Cheung Bik Yam” (Isabella Leong), que afirma peremptoriamente ser a sua filha!!!

"Sing"

Pelos vistos, há 16 anos atrás, “Sing” tinha namorado com a mãe de “Yam” (J. J. Jia), tendo posteriormente abandonado-a. A mulher engravidou, mas nunca disse nada a “Sing”, tendo este vivido na ignorância os anos todos. Actualmente a mãe de “Yam” está morta, vítima de um cancro de pulmão, e a rapariga está só e sem dinheiro, tendo sido despejada pelo senhorio do apartamento onde vivia.

No início, “Sing” não aceita bem esta situação, tentando afastar-se de “Yam”. Contudo, acaba por se afeiçoar à rapariga e começa mesmo a tratá-la como uma filha. No entanto, a justiça não dorme, e “Sing” terá mais cedo ou mais tarde de pagar pelos seus crimes.

"Alegria nas ruas de Macau"

"Review"

“Isabella” tem desde logo um extremo interesse para os portugueses, devido a vários factores relacionados com o meu país. O enredo decorre totalmente em Macau, região que esteve sob a administração nacional até 20 de Dezembro de 1999, e podemos mesmo ouvir falar português em duas partes do filme, a saber, quando um colega de “Sing” avisa-o que “Yam” tem menos de 18 anos, e mais à frente no filme quando o próprio “Sing” pede comida chinesa em vez de portuguesa (aqui não garanto que tenha sido o actor Chapman To a falar, pois o mesmo encontra-se parcialmente coberto com um vidro).

Esta longa-metragem revela antes de tudo ser um drama profícuo e profundo, onde várias sensações são despertadas no espectador, indo de extremos como a ternura ao mais puro asco, principalmente nas partes em que tememos estar perante um grotesco e infeliz caso de incesto. Depois de atingido o epílogo do filme, ficamos sempre com a dúvida se “Sing” realmente manteve relações sexuais com “Yam” ou não. Ambas as posições são perfeitamente defensáveis, pelo que quanto a este aspecto não tomarei partidos. Sinceramente é meu franco desejo não opinar acerca deste aspecto… Só vos posso dizer que quando “Isabella” concorreu ao Urso de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Berlim, a frase chamativa que se encontrava no cartaz promocional era “Is she a one night stand – or is she his daughter?”. Julgo ser bastante ilustrativo.

Outra grande marca “tuga” presente na película é sem dúvida a banda-sonora. Muita guitarra portuguesa, perfeitamente enquadrada nas cenas e nos belos cenários da cidade, um misto de arquitectura colonial portuguesa, com edifícios modernos e bairros chineses tradicionais. No fim ouve-se inteiramente “Ó gente da minha terra”, da fadista Mariza. Sintomático q. b., confesso que gostei imenso de tal facto, apesar de não ser grande apreciador de fado. O agrado decorre mais de termos algo nosso impregnado num filme asiático de boa qualidade, para além do facto de “Isabella” ter vencido o Urso de Prata de Berlim para melhor banda-sonora.


"A fitar o infinito"

Visionando “Isabella”, apercebemo-nos que os portugueses não são bem vistos por alguns segmentos da população autóctone de etnia chinesa. Um dos colegas de “Sing”, interpretado pelo competente actor Anthony Wong, está constantemente a criticar os meus conterrâneos. Vejamos alguns exemplos: “Não podes confiar nos portugueses. Os antepassados deles eram piratas. Eles são piratas!” – de facto, os portugueses são conhecidos por terem sido um povo de descobridores e navegadores, deveríamos ter uns piratas lá no meio; “Não sei como é que os portugueses conseguem comer esta porcaria” – tudo uma questão de gostos meu caro, venha daí essa dobrada à moda do Porto!

A trama encontra-se bem estruturada. O realizador Edmond Pang aposta muito nas subtilezas e nas induções, surpreendendo-nos em variadíssimas cenas, levando-nos a pensar que vai acontecer uma coisa, quando na realidade acontece outra completamente distinta. Na parte pseudo-incestuosa, por duas vezes somos levados a pensar que vamos ver qualquer coisa de chocante a este respeito. Numa, vemos “Sing” a berrar com “Yam” “Para de foder com os outros!”, logo em seguida deparamo-nos com o polícia a acordar com uma mulher nua ao lado, sai um sonoro “Ufa!”, quando nos apercebemos que não é “Yam”! Noutra, num corredor, vemos a confusão de pernas de “Sing” e “Yam”, pensando que alguma fúria sexual tomou conta dos dois, para afinal apercebermo-nos que a rapariga encontra-se embriagada e “Sing” pachorrentamente carrega-a para o apartamento. São muitas cenas deste género, e nem sempre relacionadas directamente com a relação de “Sing” e “Yam”. Quanto a induções, que dizer acerca de “Sing” identificar “Yam” como filha, e esta falar dele aos amigos como o seu amante? Ficamos no amor paternal, fraternal, etc., etc., etc. Pang adora mesmo brincar com as nossas mentes!

Chapman To oferece-nos uma representação de qualidade acima da média. Já conhecia este actor do célebre “Infiltrados”, e depois de “Isabella”, comecei ainda a gostar mais do seu estilo de representação simples e honesto. Isabella Leong, a jovem cantora e actriz que faz 19 anos precisamente daqui a uma semana, deslumbra em todos os sentidos. Apesar da sua relativa inexperiência nas lides da sétima arte, demonstra ser uma actriz a olhar com muita atenção no futuro. Julgo não estar enganado, quando vaticino que uma nova diva do cinema asiático estará a nascer. O facto de ser linda de morrer também ajuda, é certo!

Por esta altura, já devem ter reparado que em momento algum menciono “Isabella”, nome próprio que intitula o filme, como personagem. Não vos direi a razão para tal. Antes pelo contrário desafio-vos a ver o filme, e descobrir tanto os contornos óbvios, como os menos visíveis.

“Isabella” é um filme de elevada qualidade, merecedor de constar em qualquer colecção de cinema, mais ainda se a mesma for de películas asiáticas.

"Uma reprimenda amigável de pai para filha?"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 8

Argumento - 8

Banda-sonora - 9

Guarda-roupa e adereços - 7

Emotividade - 9

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8





quinta-feira, junho 14, 2007

Basilisk - Anime

Aconselho vivamente que sigam esta animação, que reputo simplesmente de espectacular!!! "Basilisk" foi uma série de "anime" muito popular no Japão, e que inclusive deu origem ao filme "Shinobi: Heart Under Blade". Para quem gosta de animes com um forte pendor de Japão feudal (ninjas e samurais acoplados), lutas de tirar a respiração, fantasia à mistura e uma história de amor fadada à tragédia, etc..., não a podem simplesmente perder!!! Fãs de "Ninja Scroll" atenção!
Todas as quintas-feiras, na SIC RADICAL às 19h. 30 m.!
Para uma opinião diferente mas autorizada, no sentido de não ter ficado muito impressionado (a) com a série, ir AQUI!
Agora tenho de ir, o episódio 4 está quase a começar!!!

domingo, junho 10, 2007

Dead Leaves, o Filme/Dead Leaves/Deddo Ribusu - デッド リーブス (2004)
Origem: Japão
Duração: 52 minutos
Realizador: Hirouki Imaishi
Vozes das personagens: Kappei Yamaguchi (Retro), Takako Honda (Pandy), Kiyoyuki Yanada (777), Mitsuo Iwata (666), Nobuo Tobita (Drill), Wataru Takagi (Dr. Quack), Yuko Mizutani (Galática), Masami Iwasaki (Sargento)
"Pandy e Retro"

Estória

Duas personagens bizarras acordam amnésicos no meio de nenhures. Uma tem um estranho círculo cor-de rosa à volta do olho (“Pandy”), a outra tem uma televisão como cabeça (“Retro”).

Usando de capacidades físicas superiores, assaltam um banco e combatem ferozmente a polícia, lançando o caos e a destruição pela urbe onde se encontram. Eventualmente acabam por ser detidos, e enviados para a prisão de máxima segurança, situada no que resta da lua, conhecida como “Dead Leaves”. O presídio é comandado por uma estranha personagem chamada “Galática”.

"Galática"

“Dead Leaves” revela ser um local com uma disciplina brutal, em que os prisioneiros encontram-se envoltos em coletes de forças e transportados através de ganchos, à semelhança de um talho ou de uma qualquer unidade industrial de fabricação.

“Retro” e “Pandy”, através da cedência aos seus impulsos sexuais, acabam por se libertarem dos seus coletes de forças, e acabam por dirigir um gigantesco motim na prisão, tendo em vista escaparem do seu cativeiro. Pelo caminho, enfrentando os seus antagonistas, descobrirão os aspectos da sua vida que não se conseguem lembrar e que estão intimamente ligados a “Dead Leaves”.

"777 faz uma demonstração do seu poderoso arsenal"

"Review"

Quando me pedem para falar em “Dead Leaves”, “estranho” é a primeira palavra que me ocorre, a segunda porventura será “bizarro”, a terceira “empolgante”, e já que estou numa de adjectivação, venha lá acima de tudo a expressão “original”.

A obra dirigida por Hiroyuki Imaishi, impressiona desde logo por um estilo de animação pouco convencional, e que não estamos habituados a ver na generalidade dos “animes”. Não quero com isto dizer, que não exista uma variedade de estilos distintos na concepção da animação japonesa. Negá-lo seria ser redutor ou até mesmo mentiroso. No entanto, sempre poderemos encontrar alguns pontos de contacto entre os diversos segmentos. Em “Dead Leaves”, isso claramente não acontece, pois dos animes que conheço, não consigo relacionar absolutamente nenhum com este. Tentar descrever a arte gráfica usada no filme seria fastidioso, e emanado por uma pessoa que não tem conhecimentos suficientes na matéria. O melhor mesmo é contemplarem as fotos que acompanham o presente texto, e fazer fé no que o executivo da “Manga Entertainment” Kaoru Mifune diz ao estereotipar “Dead Leaves” como uma peça de “arte moderna abstracta”. Seja lá o que isso quer dizer, atendendo a este contexto em concreto!

A acção neste “anime” é frenética e extremamente contagiante. Para tanto muito contribui a realização de Imaishi, que aposta em diversos e distintos ângulos de câmara em segundos, a uma velocidade alucinante, o que dá uma sensação de movimento bastante elevada. Como contraponto, tal poderá ser, a certa altura, muito confuso para o espectador, obrigando-nos a fazer uns “rewinds” para verdadeiramente percebermos o que se passou.


"Pandy em acção"

O argumento é relativamente simples, mas atendendo à curta duração do filme (52 minutos), cumpre os seus propósitos. A estória aqui não tem tanta importância. O que se pretende demonstrar acima de tudo é uma arte diferente, acompanhada de vários elementos acessórios, mas importantes. A saber, a já aludida acção frenética, acompanhada de muito sangue e balas, para além de uma comédia muitas vezes associada a depravação sexual (calma! Eu não sou assim tão pudico! Estou apenas a ser politicamente correcto, eh, eh, eh!).

“Dead Leaves” constitui uma proposta interessante, ideal para os menos conservadores e que pretendem uma “lufada de ar fresco” no que toca à animação japonesa. Pelo contrário, não agradará muito àqueles que pretendem assistir a um “anime” dotado de maior profundidade argumentativa, com cenas idílicas de sonhar e chorar por mais. Este filme é bruto, mas não deixa de ser apaixonante à sua maneira!

Parafraseando o realizador Hiroyuki Imaishi, “vejam-no como se tivessem 14 anos”, embora eu ache que este “anime” será mais adequado para os maiores de idade. Mas como dizia a minha avó “os tempos são outros”, e já quando eu era adolescente, notavam-se fortes ventos de mudança!

Atrevam-se a visioná-lo!

"Os guardas da prisão levam a sua dose"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português: AnimeHaus

Avaliação:

Entretenimento - 9

Animação - 8

Argumento - 7

Banda-sonora - 7

Emotividade - 8

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M" - 7

Classificação final: 7,86





quarta-feira, junho 06, 2007

Silmido - Código de Honra/Silmido - 실미도 (2003)
Origem: Coreia do Sul
Duração: 135 minutos
Realizador: Kang Woo-suk
Com: Ahn Sung-kee, Sol Kyung-gu, Heo Jun-ho, Jeong Jin-young, Kang Seong-jin, Lim Won-hui, Kang Shin-il, Lee Jeong-heon
"O capitão Jae-hyun"

Estória

Em 1968, a unidade especial nº 124 do exército norte-coreano penetra no território do seu vizinho do sul, com o intuito de assassinar o presidente Park Chung-hee. A missão falha por pouco.
A Coreia do Sul, ofendida no seu orgulho, resolve retaliar e decide-se pela criação de uma unidade especial, a que é atribuída o número 684, toda ela completamente formada por criminosos condenados à morte ou a prisão perpétua. O objectivo é tremendo, mas exequível: assassinar o emblemático líder comunista da Coreia do Norte Kim Ill-sung.
Os elementos da unidade 684 não têm nada a perder e acedem a levar a missão a bom porto, sendo para o efeito treinados sob a supervisão do capitão “Jae-hyun” (Ahn Sung-kee) em Silmido, uma ilha com apenas 25 Km2, perto da cidade de Incheon.
"A unidade 684"

O treino revela-se árduo, sendo por vezes mesmo desumano, chegando ao ponto de haver tortura física e psicológica. Alguns instruendos morrem durante esta fase, mas os que sobrevivem tornam-se em soldados altamente especializados na arte do combate e do homicídio. Igualmente os homens começam a acreditar na justeza da sua missão, desenvolvendo um arreigado sentimento nacionalista.
A ordem para executar a missão é dada, e os soldados partem. No entanto, chega um segundo comando que aborta a demanda. A razão para tal é o melhoramento das relações entre as duas Coreias, e o começo do inerente processo de paz.
Posteriormente, o governo sul-coreano pretende apagar todos os vestígios da missão e ordena ao capitão “Jae-hyun” que assassine todos os elementos da unidade 684…
"O combate corpo-a-corpo constituiu uma parte importante do treino"
"Review"
É por demais conhecida a tensão existente entre as duas nações que ocupam a península coreana, resultante sobretudo de uma vasta guerra, que mereceu inclusive uma intervenção internacional a favor de ambas as facções em confronto, o que de certa forma é compreensível, pois a Coreia do Norte era uma república comunista apoiada directamente pela extinta União Soviética e a China, enquanto que o vizinho do sul era suportado pelos Estados Unidos da América e os aliados da O.T.A.N. (N.A.T.O.).
Essa mesma antipatia, degenerou em vários incidentes, que ameaçaram por diversas vezes o recomeço de uma nova guerra, mas que nunca veio a acontecer, devido à situação de “paz armada” ocorrida no período da guerra fria, e que neste caso em concreto, tinha o afamado paralelo 38 como ténue limite.
“Silmido” visa retratar um desses incidentes, que degenerou tanto num novo conflito diplomático com a Coreia do Norte, como tornou-se num facto que teve algumas repercussões internas na Coreia do Sul, no início dos anos 70.
Falemos então um pouco do filme.
O primeiro aspecto que deve aqui ser focado é que “Silmido” embora seja baseado em eventos reais, introduz várias “nuances” no enredo, de forma a torná-lo mais cinematográfico e em consequência mais atractivo para o público em geral. A título meramente exemplificativo, sempre podemos dizer que na realidade a unidade 684 era composta por tropas especiais e soldados de carreira, e não por criminosos condenados à pena capital ou perpétua, como nos é mostrado na película.
"Fase de um treino árduo"

“Silmido” tem o condão de ser um filme crítico da postura sul-coreana nos tempos difíceis de relacionamento com o vizinho do norte, criticando o elevar dos objectivos políticos em detrimento da vida dos seus nacionais. Contudo, ao mesmo tempo não deixa de revelar um certo sentido de nacionalismo presente, sobretudo, no facto de os elementos da unidade 684 nunca perderem de vista o seu objectivo principal (a morte de Kim Ill-sung), além de revelarem um ódio de morte ao comunismo e exacerbarem o hino nacional até ao máximo. Provavelmente a longa-metragem nem exagera este aspecto. Se calhar na realidade era assim mesmo.

Os aspectos bélicos e históricos estão bem focados, mas ainda mais os pessoais. O filme pretende acima de tudo demonstrar as ânsias e expectativas dos elementos do corpo de elite, desde o evoluir da amizade entre os seus membros, até ao sentido de dever no cumprimento da missão que lhes é incumbida. O futuro também constitui uma preocupação essencial para os soldados. De presidiários do pior que existe, até à possibilidade de se tornarem heróis de um povo está um passo, e as regalias inerentes a tal estatuto também.

O dramatismo, ou não estivéssemos a falar de um filme sul-coreano, está todo lá. Deliciosa, embora um pouco “lamechas”, a cena em que os soldados da unidade 684 encontram-se feridos dentro de um autocarro, e cercados pelo exército sul-coreano, começam a escrever os seus nomes a sangue nas paredes do autocarro. Caramba, eu já disse isto umas poucas de vezes, mas nunca é demais relembrar que, no tocante a melodrama, o cinema sul-coreano é praticamente imbatível!!!

Os aspectos técnicos do filme são de qualidade média-elevada, desde a costumeira excelente fotografia, até os ângulos de filmagem, em especial das cenas de treino dos soldados. A banda-sonora, de vertente orquestral, acompanha bem o resto. Os actores encontram-se todos num plano bom. A distinção neste campo, e como não poderia deixar de ser, irá para Ahn Sung-kee, muito provavelmente um dos melhores actores sul-coreanos da actualidade.

Atendendo ao seu pendor altamente polémico, “Silmido” levantou algum “frisson” que foi altamente correspondido nas bilheteiras sul-coreanas, tendo um recorde de mais de 10 milhões de espectadores nos cinemas da Coreia do Sul. Este registo viria a ser batido posteriormente por “Brotherhood” (Taegukgi) em 2004, e por “The King and the Clown” (Wang-ui namja) em 2006.

Aconselha-se o visionamento!

"Preparados para uma punição"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português: Cinedie Asia, Cine-Ásia, Fanaticine

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 8

Argumento - 8

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,63





terça-feira, junho 05, 2007

Versus - A Ressurreição/Versus - ヴァーサス (2000)

Origem: Japão

Duração: 116 minutos

Realizador: Ryuhei Kitamura

Com: Tak Sakaguchi, Hideo Sakaki, Chieko Misaka, Kenji Matsuda, Yuichiro Arai, Minoru Matsumoto, Kazuhito Ohba, Takehiro Katayama, Ayumi Yoshihara, Shoichiro Matsumoto, Toshiro Kamiaka, Yukihito Tanikado, Hoshimi Asai, Ryosuke Watabe, Motonari Komiya

Considerações introdutórias

As personagens do filme “Versus – A Ressurreição” não possuem nomes que as identifiquem, e apenas o herói da estória, interpretado por Tak Sakaguchi, tem uma breve referência como o “prisioneiro KSC2-303”. Tal poderá levantar dificuldades na leitura da sinopse, mas tentaremos dar o nosso melhor, como de costume.

"O prisioneiro KSC2-303"

Estória

Há 500 anos atrás, na “Floresta da Ressureição”, um jovem samurai luta contra um bando de zombies, conseguindo leva-los de vencida com a sua “katana”. A vitória não dura muito, pois o guerreiro depara-se com uma estranha personagem (Hideo Sakaki) que o assassina impiedosamente. Tudo isto é assistido com atenção por outro samurai (Tak Sakaguchi).

De volta ao presente, dois condenados fogem da prisão, e embrenham-se numa estranha floresta, tendo em vista alcançarem um grupo de yakuzas que os ajudem a completar a fuga. Os gangsters esperam pelos foragidos, mas recusam-se a arredar pé, enquanto o chefe não chega. Um dos prisioneiros, “KSC2-303” (de novo Tak Sakaguchi), envolve-se numa altercação com os yakuzas, devido a uma rapariga (Chieko Misaka) que estes raptaram e decide, sem mais, fugir com ela pela misteriosa floresta. Os yakuzas não se deixam ficar e resolvem ir no encalço dos jovens.

"O líder Yakuza recruta uma das suas apaniguadas"

Cedo o casal descobre que a floresta tem os seus tenebrosos segredos, encontrando-se infestada de zombies sedentos de sangue. O número de mortos-vivos aumenta exponencialmente, à medida que a matança grassa, e os falecidos acordam completamente alterados.

Quando o chefe Yakuza (outra vez Hideo Sakaki) finalmente chega ao local, segredos imemoriais começam a ser desvendados, e a verdade começa a vir à tona, estando intimamente ligada a um portal para um mundo paralelo que se encontra na floresta, e a um verdadeiro duelo imortal em que são intervenientes principais “KSC2-303” e o líder dos gangsters, constituindo a rapariga a chave essencial para a resolução da trama.

"Um dos adversários que o casal perseguido tem de enfrentar"

"Review"

Com um misto de litros de sangue a jorrar, toneladas de violência gratuita, comédia q.b., zombies, uma floresta sinistra e misticismo a rodos, chega-nos um dos verdadeiros itens cinematográficos de culto do reino do sol nascente, “Versus – A Ressurreição”. Sob a chancela do competente realizador Ryuhei Kitamura, responsável, entre outros, por “Aragami”, “Azumi, a Assassina” e “Godzilla: Final Wars”, obtemos um filme que nos deixa sem fôlego quase do princípio ao fim.

“Versus” tem o condão de congregar os amantes de vários estilos cinematográficos distintos, que vão desde o puro “gore”, a acção, as artes marciais, ao “chambara”, o oculto, etc. No entanto, devido à sua grande versatilidade e porventura a uma perigosa e pouco ortodoxa fusão de géneros, poderá afastar os mais tradicionalistas do seu visionamento. Quanto a mim, tenho a dizer que agradou de sobremaneira!

As cenas de luta são de ver e chorar por mais, quer se consubstanciem em trocas de golpes de espada ou de “pancada” à moda antiga (com auxílio de alguns guindastes admita-se), ou duelos infernais de tiroteio “à John Woo” em que as balas parecem nunca acabar. Não amiúde acontece tudo ao mesmo tempo, ou seja, katana, punhos, pés e balas! Estamos pois, de certa forma, perante um verdadeiro “Gun-fu”, se me é permitida a designação.

"Matança"

A caracterização das personagens encontra-se bastante boa, e só não vai mais além, pois em certos momentos podemos nos aperceber que estamos perante um filme que não teve um orçamento desafogado. Mesmo assim, os zombies estão aterradores quanto baste, e o dinheiro que havia deve ter ido metade para comprar litros e litros de sangue falso!

O guarda-roupa está muito “cool”, com o negro e o cabedal a marcarem a presença dominante, num registo que se assemelha a uma trilogia dos irmãos Wachowski que todos nós bem conhecemos. O cenário resume-se praticamente a uma floresta que parece ter sido retirada de “Blair Witch”, e que se assume como um fundo verdadeiramente claustrofóbico, apesar de ser um espaço aberto e ao ar livre. A certa altura ficamos com a sensação que só existe a vegetação, as personagens e absolutamente nada mais!

A banda-sonora consiste sobretudo em música electrónica, muito estilo “techno”, rápido o suficiente para acentuar as partes de acção. As melodias tradicionais marcam igualmente a sua presença, nos recuos da estória até ao Japão feudal. Contudo, o realce aqui vai para os sons de fundo que acompanham o deambular das personagens pela “Floresta da Ressurreição”, que fazem aumentar o sentimento de reclusão e de suspense.

O fim revela uma grande surpresa, e mais não digo!

Este misto de “Evil Dead”, Highlander”, Matrix” e sei lá mais o quê, convém não perder!

"O duelo final"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Esta crítica encontra-se igualmente disponível "on line" em ClubOtaku

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 9

Interpretação - 7

Argumento - 8

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 9

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8,13





segunda-feira, junho 04, 2007

A Honra do Dragão/Warrior King Aka The Protector/Tom Yum Goong - ต้มยำกุ้ง (2005)

Origem: Tailândia

Duração: 110 minutos

Realizador: Prachya Pinkaew

Com: Tony Jaa, Petchtai Wongkamlao, Xing Jing, Johnny Nguyen, Nathan Jones, Bongkoj Khongmalai, David Asavanond, Dean Alexandrou, Lateef Crowder, Damian De Montemas, Don Ferguson, Jon Foo, Ron Smoorenburg, David Ussawanon, Suchao Pongwilai

Considerações introdutórias

Nas férias gozadas pela minha pessoa e que já começam a deixar saudades, faziam-se tardes de cinema em casa, quando não havia pachorra para as almoçaradas. Verdade seja dita, tal só acontecia devido à valente noitada e à inerente/necessária cura da ressaca.
Um grande amigo e principal anfitrião da minha estadia lá para a região centro do nosso país, decidiu na ida ao clube de vídeo, trazer este “A Honra do Dragão”, desafiando-me a criticá-lo aqui no blogue quando retornasse à Madeira.
A sugestão não foi nada ingénua, pois o meu colega é um acérrimo crítico pela negativa do cinema asiático, preferindo infinitamente as lides “hollywoodescas”, em especial a vertente da comédia.

Já tinha visto “A Honra do Dragão”, embora não possua o Dvd na minha colecção de cinema asiático. Sendo assim, durante este texto, esqueçam a expressão “My Asian Movies” e foquem-se apenas em “Asian Movie”, pois pela primeira vez é criticada uma película que não consta do meu acervo pessoal. Lá para o futuro, e a um preço nunca superior a 5, 6 euros, ponderarei a aquisição.

"Kham com o pai"

Estória

“Kham” (Tony Jaa) é um jovem tailandês que desde muito novo cresceu rodeado de elefantes, imbuído num espírito de amizade e devoção para com estes animais, sendo orientado e influenciado pelo seu pai (Sotorn Rungruaeng). O rapaz é educado na mais estrita tradição dos Jaturangkabart, os antigos guerreiros do Sião, que protegiam os elefantes de guerra durante as batalhas.

Certo dia, “Kham” e o seu pai levam o elefante “Por Yai” e a sua cria “Korn”, tendo em vista conseguir com que os mesmos sejam seleccionados para pertencerem aos animais pessoais do imperador, o que constitui uma grande honra e um objectivo de uma vida. No entanto, e com a colaboração de um “gansgter” local, os elefantes são roubados e enviados para Sidney, a cargo de um mafioso vietnamita chamado “Jhonny” (Johnny Nguyen), proprietário do conhecido restaurante asiático “Tom Yum Goong”.

"A devoção mostrada para com Por Yai"

“Kham” embarca para a Austrália tendo em vista recuperar os seus animais e amigos, sendo posteriormente ajudado pelo polícia australo-tailandês caído em desgraça “Mark” (Petchtai Wongkamlao Aka Mum Jokmok) e “Pla” (Bongkoj Khongmalai), uma estudante tailandesa, que é forçada a prostituir-se para pagar uma antiga dívida.

Do outro lado, está o “gangster” “Jhonny” que acaba por ser uma figura menor quando comparada com “Madame Rose” (Xing Jing) e o seu grupo de rufias, entre os quais pontifica o gigantesco “T. K.” (Nathan Jones).

"Kham prepara-se para enfrentar o gigante T.K."

"Review"

Quem conhece o enredo do mega-êxito “Ong Bak”, apercebe-se logo das evidentes semelhanças existentes entre aquela longa-metragem e o argumento de “A Honra do Dragão”, cujo título original “Tom Yum Goong” se refere a uma sopa tradicional tailandesa que dá o nome ao restaurante do filme. Num, o que era furtado era a cabeça de um Buda, aqui são elefantes, constituindo ambos símbolos sagrados da cultura e religião tailandesa. Posteriormente, em ambos os filmes, um jovem ingénuo, mas que ao mesmo tempo é uma autêntica máquina de pancadaria, dirige-se para um sítio estranho, enorme e cosmopolita (troquemos por miúdos: grande cidade) tendo em vista recuperar o que foi roubado. Conhece pessoas que o ajudam a ultrapassar as dificuldades, nos casos vertentes, um rapaz e uma rapariga com vidas complicadas. Os maus são mesmo maus, e lá se vê o herói obrigado a demonstrar dezenas de vezes que quando toca a partir braços, pernas e tudo o que venha mais à rede, quem manda é ele! Como é preciso dar um toque de dramatismo à coisa, toca a morrer alguém, que lhe é bastante próximo. E já está! Temos aqui a fórmula mágica para demonstrar no ecrã, as quase inexcedíveis capacidades de luta da super-estrela de artes marciais Tony Jaa.

Pelos vistos, o realizador Prachya Pinkaew pretendeu em “A Honra do Dragão” esgotar ao máximo o estilo de filme que se assemelha muito a um videojogo de luta em que temos dezenas de personagens menores a serem “despachadas” em poucos segundos, e uns mais complicados que ainda levam uns minutos a por cobro. No entanto, e mesmo num segmento cinematográfico tão limitado do qual “A Honra do Dragão” faz parte, sempre se torna interessante ver estilos de luta tão díspares a se confrontarem. Jaa tem que se deparar com lutadores de “Wushu”, assim como de Capoeira, para não falar do colosso Nathan Jones (“Boagrius” de “Tróia”, o gigante que Brad Pitt mata no início do filme) um ex-lutador de “wrestling”, cujas medidas oficiais andam pelos 2,08 metros de altura e 180 quilos!!!

"Luta com o mestre de Capoeira"

O próprio Jaa introduz uma variante nova de Muay Thai, distinta da usada em “Ong Bak”, e que sugestivamente se denomina de muaykodchasarn (tradução livre: boxe de elefante). O próprio actor confessou que pretendeu combinar a arte de defesa de um elefante, com a citada arte marcial. O efeito, diga-se em abono da verdade, é devastador para os oponentes.

Notei igualmente que se pretendeu apostar ligeiramente mais no dramatismo das situações. O filme começa com uns bons dez minutos a mostrar um pequeno “Kham” a crescer em conjunto com o elefante “ Por Yai”, com todas as convivências e brincadeiras que normalmente temos com os amigos quando somos petizes. Igualmente aqui nos apercebemos da importância da tradição sagrada dos Jaturangkabart, os defensores dos elefantes, dos quais “Kham” directamente descende. Está criada a empatia e a explicação necessária para todo o manancial de luta e fricção de feitios que posteriormente irá decorrer. No fim, a perda do costume, que nos chega através de um choque que confesso inesperado, mais pela maneira como nos é apresentado.

Filme mediano, e por vezes infantil, que apenas servirá para libertarmos um pouco de tensão ao visionarmos os incríveis golpes e acrobacias de Tony Jaa. Mas daí, existem muitas outras coisas que poderão produzir o mesmo efeito. A escolha é vossa…

"Amparado..."

The Internet Movie Database (IMDb) link, Trailer

Outras críticas em português: Axasteoquê?

Avaliação:

Entretenimento - 9

Interpretação - 5

Argumento - 6

Guarda-roupa e adereços - 7

Banda-sonora - 6

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 6

Classificação final: 6,88

Dedicado ao "Mano"