"MY ASIAN MOVIES"マイアジアンムービース - UM BLOGUE MADEIRENSE DEDICADO AO CINEMA ASIÁTICO E AFINS!!!

sábado, maio 19, 2007

Férias


Nas próximas duas semanas, o “My Asian Movies” vai viver um curto período de inactividade, pois vou tirar umas “fériazitas”, que sabem sempre tão bem. Enquanto não existir possibilidade de cumprir certos sonhos, como o de visitar belíssimas paisagens orientais como a acima exposta, toca a cumprir o chavão “vá para fora cá dentro”. No meu caso significará sair da “Pérola do Atlântico” e ir para o “jardim à beira-mar plantado”, algures pelo centro do país, e com possibilidade de alguns dias servirem para saciar alguma fome de cinema em Lisboa, porque infelizmente aqui na Madeira, filmes asiáticos de qualidade no grande ecrán é uma miragem à “Lawrence da Arábia".
E quando aparecem, têm uma tendência natural para fugir do Funchal, como aconteceu mais recentemente com "A Tale of Two Sisters" que esteve no Porto Santo, "Fearless" em Machico ou "Les Filles du Botaniste" na Calheta.
O que é que se vai fazer...
Até breve!

The Legend of Fong Sai Yuk 2/Fong Sai Yuk juk jaap (1993)
Origem: Hong Kong
Duração: 96 minutos
Realizador: Corey Yuen
Com: Jet Li, Josephine Siao, Michelle Reis, Adam Cheng, Chun Wah Hui, Amy Kwok, Corey Yuen, Chan Lung
Atenção!
Só deverá prosseguir a leitura do presente texto, caso tenha visionado “The Legend of Fong Sai Yuk”, sob pena de o enredo deste filme ser parcialmente revelado mais abaixo!

"Fong Sai Yuk e Li Bon Kwok Aka Brother"

Estória

Após os eventos ocorridos no primeiro filme, “Fong Sai Yuk” (Jet Li) partiu da sua terra-natal, acompanhado da sua jovem noiva “Ting Ting” (Michelle Reis).

O herói é agora um membro de corpo inteiro do grupo rebelde “Flor Vermelha”, que luta contra a dinastia Manchu, com o último propósito de restaurar a dinastia Ming. No entanto, “Fong” tem dificuldade em se adaptar às estritas regras impostas por “Chan Ka Lok” (Adam Cheng), conhecidas como “Os Dez Mandamentos”, quebrando-as e metendo-se em sarilhos por isso.

“Fong” igualmente entra em rota de colisão com “Yu” (Chun Wah Hui), um membro duvidoso da “Flor Vermelha”, que inveja “Chan Ka Lok”, não se conformando que este tenha sido escolhido para líder da organização, em seu detrimento.

"Da esquerda para a direita:Angie, Ting Ting, a Sra. Fong e Fong Sai Yuk"

“Fong” é escolhido por “Ka Lok” para uma importantíssima missão, que passa por furtar a “caixa sagrada” a um grupo de samurais japoneses, que a transportam, tendo em vista a sua entrega a um nobre local. Mal imagina que dentro do artefacto se encontra um segredo vital acerca das origens de “Ka Lok”. “Yu” vê aqui uma oportunidade de ouro para tornar-se finalmente o líder do grupo da “Flor Vermelha”, e começa sorrateiramente a desenvolver esforços para ficar com “caixa sagrada” para si e desvendar o seu conteúdo.

Para não variar, “Fong” no carrear da sua missão, mete-se em sarilhos relacionados com saias, fazendo com que a filha do nobre, chamada “Angie” (Amy Kwok) desenvolva uma paixão por si, metendo-o em sarilhos com a noiva “Ting Ting”. Claro está que a possessiva mãe de “Fong” (Josephine Siao) ver-se-á obrigada a intervir…

"Fong Sai Yuk e a mãe"

"Review"

O primeiro “Fong Sai Yuk” foi um grande sucesso comercial à altura, tendo gerado receitas na ordem dos 31.000.000,00 dólares de Hong Kong, o que fez com que uma sequela fosse rodada em tempo recorde, e estreada no mesmo ano.

Mantém-se muito do que foi dito, em relação ao primeiro filme. No entanto, a 2ª parte de “Fong Sai Yuk” é inquestionavelmente, em quase todos os aspectos, uma película mais fraca.

A comédia não tem nem de longe, nem de perto tanta piada, tornando-se várias vezes completamente disparatada, sem nexo nenhum e a roçar os limites do irritante. Nem a inclusão de uma rival para a adorável “Ting Ting”, nem os esforços de Josephine Siao, assim como o desempenho de Corey Yuen (que também é o realizador), no papel de “Li Bon Kwok Aka Brother” conseguem salvar o parcial naufrágio. Aqui julga-se que o filme perdeu bastante com a não inclusão da espectacular personagem do pai de “Ting Ting”, interpretado pelo actor Chan Chung Yung. Ele dava brilho a todos os outros actores, quando estes eram chamados a fazer-nos rir.

"Uma das acrobacias espectaculares de Fong Sai Yuk"

No entanto, não criticarei só pela negativa “Fong Sai Yuk 2”.

As coreografias continuam fenomenais, e este filme tem, porventura, a mais espectacular e emblemática sequência de luta das duas películas. Falamos obviamente do combate final, que começa com “Fong” a chegar ao reduto do grupo da “Flor Vermelha”, armado de vários sabres. Posteriormente depara-se com os seus companheiros do grupo que o pretendem confrontar, e avisa-os que não quer derramar o sangue de irmãos. Como eles persistem em combater, o herói afirma peremptoriamente que não quer ver a morte dos colegas, e venda-se a si próprio. Iniciam-se posteriormente momentos verdadeiramente espectaculares, que atingem o seu apogeu quando “Fong” luta com o vilão “Yu”, usando várias cadeiras e bancos, tentando salvar a sua mãe ao mesmo tempo de ser enforcada.

Não há muito mais a dizer sobre “Fong Sai Yuk 2”, a não ser que tentou rentabilizar o sucesso do primeiro filme, mas que perdeu para este em quase todos os aspectos, incluindo a própria interpretação dos actores, muito forçada e sem classe nenhuma. A nota média abaixo, visa tão-só premiar os esforços e resultados a nível do combate, pois num filme de artes marciais, interpretar é em primeiro lugar combater.

Contudo, aconselho a todos a verem o filme, pois apesar de o mesmo esgotar a fórmula, servirá de complemento à primeira película, essa sim, digna de registo!


"Agora é que as coisas vão começar a aquecer!"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 7

Argumento - 7

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 7

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,38




sábado, maio 12, 2007

Memórias de Uma Gueixa/Memoirs of a Geisha/Sayuri (2005)

Origem: E.U.A.

Duração: 139 minutos

Realizador: Rob Marshall

Com: Zhang Ziyi, Gong Li, Michelle Yeoh, Ken Watanabe, Suzuka Ohgo, Kôji Yakusho, Youki Kudoh, Kaori Momoi, Tsai Chin, Zoe Weizenbaum, Cary Hiroyuki Tagawa, Kenneth Tsang, Randall Duk Kim, Ted Levine

"A jovem Chiyo"

Estória

Em 1929, “Chiyo Sakamoto” (Suzuka Ohgo), com apenas nove anos, e a sua irmã “Satsu”, são vendidas pela sua pobre família rural, sendo posteriormente separadas e colocadas em “Okyia” (casa de alojamento de uma Gueixa) diferentes.

A nova casa de “Chiyo” é pertença da “Sra. Nitta” (Kaori Momoi), mais conhecida por “Mãe”, e nela vivem a famosa e vil gueixa “Hatsumomo” (Gong Li), a idosa irmã da “Sra. Nitta”, conhecida por “Tia” (Tsai Chin) e outra jovem rapariga chamada “Pumpkin” (Zoe Weizenbaum).

“Chiyo”, ainda muito jovem, começa a chamar a atenção devido à sua beleza e raros olhos de cor azul - acinzentada, iniciando o seu treino de gueixa. No entanto, sofre pesadas provações durante este estágio, provocadas sobretudo pela cruel “Hatsumomo”, chegando o treino a ser interrompido, devido a uma tentativa de fuga de “Chiyo”.

"Sayuri"

Um dia, a criança encontra-se a chorar amargurada numa ponte, e é abordada por um homem, conhecido como “Administrador” (Ken Watanabe) que revela uma extrema bondade, comprando-lhe um gelado, para além de lhe oferecer dinheiro e a aconselhar. “Chiyo”, apesar de ser muito nova, instantaneamente apaixona-se e toma a firme resolução de fazer tudo para se tornar numa gueixa, de forma a atrair o seu amor.

Os anos passam, “Chiyo” tem 15 anos (Zhang Ziyi), o seu treino de gueixa nunca mais foi retomado, e “Hatsumomo” continua a infernizar-lhe a vida. Um dia porém, “Mameha” (Michelle Yeoh), a mais conhecida gueixa do burgo, propõe à “Sra. Nitta” tomar “Chiyo” a seu cargo e ensiná-la nas artes da profissão. A rapariga muda então o seu nome para “Sayuri” (em português “Lírio”), e com o decorrer do tempo torna-se extremamente bem sucedida, tornando-se a gueixa mais conhecida do Japão.

Apesar de uma gueixa estar proibida de amar, “Sayuri” nunca esqueceu o “Administrador”, e nem toda a notoriedade que consegue, fazem-na tirar da cabeça a sua verdadeira paixão.

"Sayuri, Mameha e Hatsumomo"

"Review"

Baseado no romance homónimo de Arthur Golden, e dirigido pelo realizador Rob Marshall (“Chicago”), “Memórias de Uma Gueixa” foi um filme envolto em certa polémica, sobretudo devido à escolha dos actores, ou melhor dizendo, das actrizes que despontam nos papéis principais.

Para quem não sabe, Zhang Ziyi e Gong Li são oriundas da China, e Michelle Yeoh da Malásia. Como o enredo decorre inteiramente no Japão, e é centrado numa profissão típica deste país, seria porventura de esperar que fossem recrutadas actrizes do reino nipónico para o desempenho de “Sayuri”, “Hatsumomo” e “Mameha”. Ora isto não aconteceu, e considerando que o pretendido foi dar vida a uma película de âmbito verdadeiramente internacional, para além de termos em consideração que os capitais para a feitura do filme foram oriundos de empresas como a Columbia Pictures, a Dreamworks e a Spyglass Entertainment, a produção esteve a cargo da Amblin de Steven Spielberg, e o realizador é estado-unidense (prefiro esta designação em detrimento da de norte-americano, por considerar mais adequada e não ofensiva para os canadianos), lógico seria que se procurassem as actrizes asiáticas com maior projecção mundial. Julgo ser relativamente consensual a ideia que coloca no topo, a nível de fama, Zhang Ziyi, Gong Li e Michelle Yeoh. Não existe nenhuma actriz japonesa cujo nome sequer se aproxime da notoriedade destas três divas do cinema asiático. E a verdade é essa, e nada mais!

Ao contrário do que se estaria à espera, o celeuma ocorreu primeiro na República Popular da China, que praticamente não aceitou que porventura os seus dois maiores nomes cinematográficos, na esfera feminina, desempenhassem o papel de prostitutas de um país invasor (lembro que o Japão ocupou a China antes e durante a II Guerra Mundial). Neste aspecto a república comunista não foi de meias medidas, e chegou mesmo a proibir a exibição do filme no seu território. Por outra via, o sentimento nacionalista despontou em grande medida no Japão, o que apenas foi mitigado pelo facto desta longa-metragem ter muitos actores japoneses, incluindo o principal protagonista masculino (Ken Watanabe, de “O Último Samurai” e “Cartas de Iwo Jima”).

"A bela dança de Sayuri"

Se me é permitida uma opinião pessoal (afinal vivemos numa democracia e o blogue é meu!!!), julgo esta questão de uma menoridade gritante. Claro que se fizessem um filme que versasse sobre um aspecto particular da cultura portuguesa, eu teria uma preferência natural por um actor nosso conterrâneo. Já agora que falamos disso, eu não fiquei lá muito contente que a personagem de Salgueiro Maia, no filme “Capitães de Abril”, tivesse sido interpretada pelo actor italiano Stefano Accorsi. Mas obviamente que isto não é motivo para fazer “cair o Carmo e a Trindade”, e serem adoptadas atitudes vestidas de radicalismos que caíram (ou deveriam ter caído) em desuso. Mas daí…passemos à frente!

Á partida, a qualquer cultor do cinema asiático, causa uma certa estranheza ver actores e actrizes que estamos habituados a ver expressarem-se no seu idioma, falarem inglês praticamente o filme todo. O resultado é muito fácil de prever. Os diálogos são todos muito pausados e cuidados, fazendo-nos aperceber que Zhang Ziyi e Gong Li não dominam na perfeição a língua. Isto faz com que a naturalidade das falas se disperse um pouco, e o drama perca de certa forma com este aspecto.

No entanto, a representação no que concerne aos demais itens, não chega a ser mortalmente afectada com os aspectos linguísticos, pois estamos a falar de actores com bastantes provas dadas, constituindo alguns o que de melhor o cinema asiático possui. Zhang Ziyi e Michelle Yeoh, embora já tivessem registos melhores, oferecem-nos um trabalho competente que, no que toca a Ziyi, tem o seu expoente máximo na fabulosa dança e representação que faz no teatro perante uma grande plateia. O facto da actriz ter um passado ligado à dança, abona imenso a seu favor nas partes mais físicas das actuações. Pense-se nas grandes heroínas de artes marciais que Ziyi interpretou, ou na fabulosa dança dos tambores de “O Segredo dos Punhais Voadores”. Sendo um filme de certa forma mais virado para o público feminino, é normal que as actrizes tenham uma evidente primazia a nível da intervenção na trama. Mesmo assim, o protagonista masculino Ken Watanabe, encontra-se num nível bastante aceitável, consagrando-se como um dos actores asiáticos com mais cartaz internacional (desde “O Último Samurai, de Edward Zwick isto é evidente). Pensavam que eu não ia falar de Gong Li?! Longe de mim cometer tal pecado mortal! Deixei-a propositadamente para o fim, pois é sem margem para dúvidas, quem consegue o melhor desempenho. Representar o vilão do filme costuma ser um papel não amiúde tão ou mais difícil do que os restantes. Aqui Li encarna na quase perfeição a vilã trágica “Hatsumomo”, personagem venenosa, intriguista e invejosa, mas no entanto longe de ser fria, tendo as emoções “à flor da pele”. A actriz tem uma característica única que muitas vezes lhe confere vantagem em relação às demais. Li, quando representa, usa o corpo todo. Mexe-se tanto com graciosidade, como é capaz de fazer os gestos mais abruptos e ríspidos possíveis. Debita as suas falas como um verdadeiro camaleão, mas acima de tudo, e aqui é que está o grande trunfo da actriz, acompanha-as com umas expressões faciais e olhares de “de outro mundo”. Sei que poderei estar a ser um pouco temerário na afirmação que irei fazer, mas não me lembro de nenhum intérprete com a capacidade de Li neste aspecto.

A fotografia é um verdadeiro sonho, embora não adquira uma permanente constância ao longo do filme. A banda-sonora é baseada essencialmente em músicas oriundas do país do sol nascente, com uma ou outra excepção, tendo bons momentos que acentuam o pendor dramático desta longa-metragem. O guarda-roupa foi escolhido minuciosamente, e as roupas que as gueixas usam (o furisode e o okobo) de regalar os olhos.

“Memórias de Uma Gueixa” é um filme dotado de interesse, que vale sobretudo pelo seu pendor educativo. Nele aprendemos que, ao contrário do que é pensado por esse mundo fora, as gueixas não eram prostitutas, mas sim acompanhantes que são educadas na arte da música, do servir e conversar. Aliás era-lhes completamente vedado ter sexo com os seus clientes.

No entanto, o filme não consegue fugir ao estigma de ser realizado e produzido por entidades ligadas a “Hollywood”, o que lhe retira alguma autenticidade. Isto reflecte-se em algumas cenas do filme, que possuem um cunho marcadamente “hollywoodesco”. Pergunto agora se o mestre Kurosawa, ou outro competente realizador japonês, tivesse ao seu alcance os meios de Rob Marshall em “Memórias de Uma Gueixa”, que película não teria sido obtida?

"O Administrador e Sayuri"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português: Cine-Ásia, Cinerama, Cinema Cafri

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 7

Argumento - 8

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 9

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,75





quinta-feira, maio 10, 2007

Thinking Blogger Award


A Paula e o Rui Lima, do excelente "Paixões e Desejos" tiveram a amabilidade de oferecer o selo do "Thinking Blogger Award" ao "My Asian Movies". Desde já publicamente agradeço aos estimados colegas da "blogosfera" do cinema, em terem presenteado este pequeno e humilde espaço com tal distinção/nomeação, o que nos comoveu imenso.
Tendo em vista o cumprimento das regras estabelecidas no que concerne ao prémio simbólico, abaixo nomeio cinco blogues de que gosto e me fazem pensar pela positiva, de um ponto de vista objectivo, sem ligar a amizades ou proximidade dos "bloggers" para com a minha pessoa:
Paixões e Desejos ( Um excelente espaço de divulgação da sétima arte, com a média incrível de uma crítica cinematográfica de qualidade por dia);
As Imagens Primeiro (H. , a autora, já nos deslumbrava com o seu "savoir faire" no "Play it again". Neste espaço continua a sua cruzada pelo cinema, oferecendo-nos as suas opiniões através de uma exposição de ideias quase irrepreensível);
Pasmos Filtrados (O que se disse em relação ao blogue anterior, poder-se-á aplicar na íntegra a este magnífico blogue da autoria de Francisco Mendes);
Filho do 25 de Abril (Ricardo, o genuíno filho do 25 de Abril, possui um espaço eclético, que vai desde a paixão pelo cinema até à crítica político-social arguta, e vista sob a perspectiva de um olho verdadeiramente clínico);
Ultraperiferias (Luís Filipe Malheiro conduz um espaço "de opinião e liberdade", nos dizeres do próprio autor, e que é de leitura obrigatória diária, por quem se interesse pela actualidade da Região Autónoma da Madeira e do mundo).
Ficam pois aqui expressas as minhas sinceras distinções!

terça-feira, maio 08, 2007

Secção Nova


Após alguma ponderação, e pesando os “prós e os contras”, decidi alargar um pouco o âmbito das críticas cinematográficas do blogue e criei uma pequena secção intitulada “Cunho da Ásia”, cujo conteúdo abrangerá as tentativas de dissertações acerca de filmes que, não sendo 100% asiáticos, contêm elementos que na minha perspectiva, detêm uma marcada afinidade com o imenso continente.

Considero que isto não desvirtua o espírito deste espaço, nem tão-pouco belisca a sua identidade, pois o elemento asiático estará sempre presente. Apenas trata-se de uma tentativa de alargar os horizontes e estender um pouco mais a abrangência do “My Asian Movies”. Pretendo acentuar películas que estejam directamente relacionadas com a cultura ou história asiática, ou que tenham elementos fortes/numerosos a nível de realização, produção, actores, capitais envolvidos, etc., etc., etc.

Exemplos de filmes abrangidos na prática?
“Memórias de Uma Gueixa”, “Cartas de Iwo Jima”, “O Último Samurai”, “O Último Imperador”, “O Império do Sol”, apenas para referir alguns dos mais conhecidos. Com muito custo, pode ser que até o “Kickboxer” do Van Damme ainda venha aqui bater…não acredito que disse isto!

Cumpre ainda dizer que a ideia está longe de ser original, pois alguns sites de referência da especialidade possuem secções do género, tal como a “Asian Related”, do Kung Fu Cult Cinema (aliás, confesso desde já que foi daqui que retirei a inspiração, embora os filmes abrangidos serão de natureza um pouco distinta e não tão extensiva).
Espero que não estranhem, e pelo contrário, apreciem um pouco a lufada de ar fresco.

Caso não tenham reparado, já operei uma pequena “transferência”. “Avalon” que se encontrava na secção do Japão (conceito perfeitamente defensável), é o residente estreante na parte “Cunho da Ásia”, pois achei que aqui se enquadraria melhor. No entanto, tudo isto comporta sempre um elevado grau de subjectividade, admita-se.
Em jeito de conclusão, só me resta pedir desculpa aos mais puristas e ortodoxos, deixando a veemente promessa que “remakes” ocidentais de filmes asiáticos (triste moda!) nesta casa nunca entrarão, (eh, eh, eh !), assim como a esmagadora maioria dos filmes abordados neste blogue continuarão a ter características 100% asiáticas!
Cumprimentos a todos!!!

segunda-feira, maio 07, 2007

Neon Genesis Evangelion: The End of Evangelion/Shin seiki Evangelion Gekijô-ban: Air/Magokoro wo, kimi ni (1997)

Origem: Japão

Duração: 90 minutos

Realizadores: Kazuya Tsurumaki (Ep. 25)/ Hideaki Anno (Ep. 26)

Vozes das personagens (versão japonesa): Megumi Ogata (Shinji), Megumi Hayashibara (Rei), Yûko Miyamura (Asuka), Kotono Mitsuishi (Misato), Yuriko Yamaguchi (Akagi), Fumihiko Tachiki (Gendô), Akira Ishida (Kaworu), Motomu Kiyokawa (Kôzô), Mugihito (Keel), Takehito Koyasu (Shigeru), Hiro Yuuki (Makoto), Miki Nagasawa (Maya)

Breve Apontamento

Deverá o estimado leitor levar em consideração que “The End of Evangelion” não é uma longa-metragem com princípio, meio e fim, mas sim uma proposta, composta por dois episódios, para um novo final no que concerne à aclamada série de “anime” “Neon Genesis Evangelion”. As motivações para tal será um dos aspectos a abordar mais abaixo. A sinopse, assim como a crítica, fará uma abordagem conjunta dos dois segmentos, em nome da clareza e economia de raciocínio.

"Eva 1, pertencente a Shinji"

Estória

Após ter derrotado completamente os seres conhecidos como “Anjos”, a organização conhecida como NERV, enfrenta a oposição do misterioso grupo SEELE. Com a ameaça terminada, a SEELE entende que a NERV é descartável e prepara-se para assumir as responsabilidades no que toca ao denominado “Terceiro Impacto”, ou seja, o projecto que visa artificialmente forçar a evolução da humanidade, convertendo-a numa entidade una e indivisível.

Para que a SEELE possa concretizar os seus projectos, necessita impreterivelmente das unidades mecânicas Evangelion (comummente conhecidos por Eva’s), que estão na posse da NERV. Escusado será dizer que a NERV não está disposta a ceder sem mais, e em virtude desta situação, a sua base é atacada pelo exército japonês, a mando da SEELE.

"A major Misato Katsuragi encoraja Shinji com um beijo"

Os jovens de 14 anos, que são pilotos dos Eva’s, encontram-se todos imersos em graves problemas. “Shinji” está mentalmente exaurido devido à sua luta com o 17º Anjo. “Asuka” encontra-se fora de combate devido a um colapso mental provocado pelo combate com o 16º anjo, que a torna num ser vegetativo. A major “Misato Katsuragi” tenta motivar “Shinji” de diversas formas, mas os seus esforços invariavelmente fracassam.

Com o ataque da SEELE, “Asuka” desperta do seu coma, e pilotando o “Eva 2”, a sua unidade mecânica de combate, envolve-se numa batalha épica com os “Eva’s” em série do inimigo. “Shinji”, com a ajuda de “Misato”, acaba eventualmente por voltar a dirigir o “Eva 1” para a sua última missão.

Entretanto, “Rei”, a rapariga que pilotava o “Eva 00”, consegue fundir-se com “Adam” e “Lilith”, os primeiros “Anjos”, e juntos iniciam o processo final do Terceiro Impacto.

"O Eva 2 de Asuka é atingido pela lança de Longinus"

"Review"

Como já foi abordado nas considerações introdutórias, “The End of Evangelion” visa constituir um final alternativo a “Neon Genesis Evangelion”, cujas motivações passaram essencialmente pelo descontentamento revelado pelos fãs, no que concerne ao epílogo que entretanto pontificou na popular série de anime.

O resultado a nível de aceitação foi relativamente satisfatório, tendo os episódios 25 e 26 que compõem este segmento, vencido o prémio de “filme mais popular” atribuído pela Academia Japonesa de Cinema.

“End of Evangelion”, como já foi depreendido no parágrafo anterior, é composto por dois episódios, intitulados respectivamente de “Air/Love is Destructive” (Episódio 25) e “My Purest Heart For You/One More Final: I Need You” (Episódio 26).
No episódio 25 é abordado essencialmente as sequelas mentais praticamente irreversíveis deixadas nos jovens pilotos dos “Eva’s”, devido à grande batalha travada com os seres conhecidos por “Anjos”, assim como a épica luta entre os “Eva’s” da NERV e os “Eva’s” em série, construídos pela SEELE.
No episódio 26, entramos verdadeiramente na proposta de fim da série, com a abordagem psicadélica, digamos assim, do denominado “Terceiro Impacto”. As deambulações mentais de “Shinji” e o papel apocalíptico de “Rei” assumem o relevo total.

Praticamente tudo neste anime consome e exaura a nossa mente, à semelhança de um filme de David Lynch (salvo as devidas diferenças). A trama é apresentada sob o signo da profundidade e da extenuação, levando-nos a conjecturar imenso e porventura a obter respostas de certa forma inesperadas e chocantes. A sexualidade, embora na maior parte das vezes não seja directa (com excepção de algumas cenas, como a de “Shinji” a mirar “Asuka” em coma, ou de “Shinji” e “Rei” desnudados), encontra-se bastante presente. A interacção das personagens nunca é efectuada de uma forma corriqueira, mas sempre com propósitos filosóficos e idealistas por detrás. O drama é pujante, e a paranóia gritante. Neste particular, tão cedo nunca esquecerei os gritos agonizantes e verdadeiramente horrendos de “Shinji”, motivados pela degradação interna da sua pessoa. Jamais tirarei da minha mente e consciência, o breve segmento passado na parte One More Final: I Need You”, em que “Shinji” tenta exorcizar demónios interiores usando “Asuka”. A batalha do “Eva 2”, com os “Eva’s” em série é uma orgia de violência que deveras nos marca. Mas acima de tudo, o delírio surrealista interno de “Shinji”, que se prolonga por alguns minutos, deixa cicatrizes profundas no nosso âmago.

"Rei, fundida com Adam e Lilith, ampara o Eva 1"

A animação é de uma beleza crua, com momentos brilhantes e curiosamente interpolada com imagens reais no segundo episódio. Imagens essas que reconduzem-se a cidadãos japoneses no seu quotidiano urbano, às actrizes que dão voz a “Misato”, “Asuka” e “Rei” e a uma audiência de um cinema. Surrealismo, pós-modernismo, uma quantidade de epítetos foi usada para tentar explicar estas “nuances”, à primeira vista imperceptíveis. Por mim, chamem-lhe do que quiserem.

A música, feita de muitas composições do alemão Johann Sebastian Bach, fala por si. É sempre difícil opinar acerca de um génio, pelo que nestes momentos devemos parabenizar quem teve o bom senso e sensibilidade para escolher as melodias e posteriormente enquadrá-las no filme.

“End of Evangelion” é uma experiência que tem tanto de belo, como de extenuante para os nossos olhos e mente. Merece rasgados elogios, atendendo ao extremo cuidado e devoção posto por Kazuya Tsurumaki e Hideaki Anno, para além da restante equipa, que se nota praticamente em todos os momentos. No entanto, confesso que não é uma experiência a repetir frequentemente, e que sem dúvida só fará completo sentido, caso o espectador se predisponha a rever os primeiros 24 episódios da série, antes de embarcar na viagem alucinante que constituem estas duas últimas partes, em especial a derradeira. Caso contrário, no meio de tanta beleza e pensamento, teremos pela frente um objecto indecifrável à primeira vista.

"Apocalipse...Terceiro Impacto"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português: AnimeHaus, Anime Blade

Avaliação:

Entretenimento - 7

Animação - 9

Argumento - 8

Banda-sonora - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 8





domingo, maio 06, 2007

Dia da Mãe


Mãe, tu mereces tudo!!! Desculpa às vezes alguma coisinha...
Adoro-te!!!