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domingo, fevereiro 20, 2011

O Meu Vizinho Totoro/My Neighbor Totoro/Tonari no Totoro - となりのトトロ (1988)

Capa

Origem: Japão

Duração aproximada: 86 minutos

Realizador: Hayao Miyazaki

Vozes das personagens principais (versão original/japonesa): Noriko Hidaka (Satsuki), Chika Sakamoto (Mei), Shigesato Itoi (Tatsuo Kusakabe), Sumi Shimamoto (Yasuko Kusakabe), Hitoshi Takagi (Totoro), Toshiyuki Amagasa (Kanta), Machiko Washio (Sensei), Reiko Suzuki (Rôba), Shigeru Chiba (Kusakari Otoko)

Mei brinca com Totoro

“Mei brinca com Totoro”

Sinopse

“Satsuki”, de 7 anos, e a sua irmã “Mei”, de 4, mudam-se conjuntamente com o pai para o Japão rural, de forma a estarem mais perto do hospital onde a mãe permanece, com uma doença do foro pulmonar. A casa para onde vão viver é vista pelos habitantes locais, como estando assombrada. Na realidade, a moradia está infestada por espíritos da floresta, que retornam a uma árvore gigantesca das proximidades, quando a família vem habitar a residência.

Na árvore

“Mei, Satsuki, Totoro e os restantes espíritos da floresta”

As irmãs começam a explorar o novo mundo que se lhes depara e que para elas é desconhecido. Acabam por conhecer “Totoro”, uma espécie de felino gigantesco, com poderes especiais, mas tremendamente preguiçoso. Juntos, irão viver maravilhosas aventuras.

Totor toca flauta

“Totoro toca flauta”

Review”

Para muitos considerada a obra-prima de Miyazaki, “O Meu Vizinho Totoro”, doravante apenas “Totoro” é muito provavelmente o grande responsável pela internacionalização das longas-metragens de animação japonesas, considerando a excelente recepção crítica que teve a nível global. A própria personagem “Totoro” é de uma notoriedade assinalável, não sendo à toa que constitui o símbolo dos estúdios Ghibli, assim como detém uma popularidade entre as crianças do Japão, praticamente sem par (bem...talvez Doraemon seja um concorrente a ter em conta). Consta que esta obra é muito especial para o mestre Miyazaki, pois existe um segmento do argumento considerado autobiográfico. Acontece que o grande mestre e os irmãos quando eram crianças, a progenitora sofria de uma tuberculose muito agravada, fazendo com que a mesma estivesse muitas vezes hospitalizada. Em “Totoro”, e-nos induzido que a mãe de “Mei” e “Satsuki” padece do mesmo mal. Miyazaki confessaria que se os protagonistas desta longa-metragem fossem dois rapazes, tal seria uma dor bastante forte para si, devido às memórias dolorosas.

É certo e sabido que as crianças têm uma imaginação fértil, o que não é necessariamente negativo, muito pelo contrário. Por outro lado, também se costuma dizer que as crianças não mentem e relatam quase fielmente tudo o que vêm. Verdade seja dita, nem sempre é bem assim. Vem isto a propósito dos denominados “amigos imaginários” que povoam a meninice de muitos, que não a minha, e que são fruto da nossa percepção da realidade à altura, aliada à nossa imaginação. Se “Totoro” é um amigo imaginário, não cabe aqui tomar posição acerca desse aspecto. Até porque descobrimos na música do epílogo que o rei da floresta apenas se mostra a crianças e nunca a adultos. O que efectivamente se poderá desde logo avançar é que se trata de uma obra fundamental para qualquer cultor de cinema de animação, sendo de visionamento absolutamente obrigatório.

Dormindo

“Repousando”

O filme é de curta duração, pouco mais de 85 minutos, mas faz um excelente aproveitamento do tempo disponível. A animação é bastante aceitável e agradável à vista, o que não é necessariamente novidade no que toca a uma obra de Miyazaki, mesmo que a mesma remonte a 1988, indo presentemente a caminho de um quarto de século. Independentemente dos aspectos técnicos, quase irrepreensíveis, o que fará com que elejamos “Totoro” como um expoente máximo da animação, ou “apenas” como uma grande obra, será unicamente a nossa permeabilidade aos contos ditos mais infantis ou virados para as crianças. “Totoro” configura-se e demonstra-se claramente como uma apelativa história direcionada para os mais novos, imbuída de uma aura tocante que a todos contagia e não deixará certamente ninguém mergulhado na indiferença. A magia que norteia as aventuras das irmãs “Satsuki” e “Mei”, transporta-nos de nova para a infância e traz à mente aquelas saudosas memórias campestres, onde as brincadeiras e os odores misturavam-se dando origem a que sonhássemos acordados. Para quem teve a feliz oportunidade de beneficiar das maravilhas do mundo rural, é claro.

“Totoro” equilibra de uma forma espectacular, à falta de melhor expressão, a fantasia com a realidade. Trata-se de um extraordinário e maravilhoso conto, extremamente tocante, e que todos os pais deveriam de visionar em conjunto com os filhos, de forma a melhor absorverem a sua bela mensagem.Apostando na recorrente simbiose e relacionamento entre o homem e a natureza, neste caso entre a inocência das crianças e a sua interacção com o meio envolvente, Miyazaki constrói uma obra maior do cinema de animação, que com certeza perdurará pelos tempos e ecoará pela eternidade. Sinceramente, só não consta no topo das minhas obras preferidas, pois não sou muito atreito a um estilo de animação marcadamente infantil, de que “Totoro” quase de certeza é o expoente máximo, sendo rei e senhor.

Imperdível!

Grito

“Alegria”

imdb8.2 em 10 (34.872 votos) em 20 de Fevereiro de 2011

Outras críticas em português:

  1. Cinedie Asia
  2. Cine-Asia
  3. Cinema Indiscreto
  4. Hoje assistimos…
  5. Studio Ghibli Brasil

Avaliação:

Entretenimento – 8

Animação – 8

Argumento – 8

Banda-sonora – 8

Emotividade – 9

Mérito artístico – 9

Gosto pessoal do “M.A.M.” – 8

Classificação final: 8,29

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Take Care of My Cat/Goyangileul butaghae - 고양이를 부탁해 (2001)

Capa

Origem: Coreia do Sul

Duração aproximada: 112 minutos

Realizador: Jeong Jae-eun

Com: Bae Doo-na, Lee Yu-won, Ok Ji-young, Lee Eun-joo, Lee Eun-sil

5 amigas, quando mais jovens

“As 5 amigas”

Sinopse

Cinco amigas de Incheon parecem destinadas a acompanharem-se mutuamente toda a vida. A rebelde e bonita “Hye-joo” (Lee Yu-won), vai trabalhar para uma firma ligada à bolsa, em Seul, uma cidade que antigamente odiava e agora acha o centro do mundo; “Tae-hee” (Bae Doo-na) é a idealista do grupo, e tenta fugir do conformismo de classe média que lhe tentam incutir, ganhando desta forma a liberdade que necessita; “Biryu” (Lee Eun-joo) e “Onjoo” (Lee Eun-sil) são gémeas de ascendência chinesa que vivem sós. Aos poucos começam a perceber que as suas raízes podem ser um obstáculo para arranjarem empregos decentes. Para completar o grupo, temos “Ji-young” (Ok Ji-young), uma estudante que vive com os seus avós numa casa degradada de uma favela e que tenta encontrar uma solução para a sua pobre condição financeira.

Haejoo

“Hye-joo”

Enquanto adolescentes, tudo parecia correr pelo melhor, mas na jovem idade adulta as coisas já não são bem assim. “Hye-joo” e “Ji-young” mal se falam e a razão parece ser eminentemente social. “Hye-joo” tem um bom emprego na capital, roupas caras, um rapaz que se interessa imenso por ela e um telemóvel topo de gama; “Ji-young” não tem nada disto e possui um pavor enorme em se tornar uma sem-abrigo no futuro. “Tae-hee” tudo faz para que o grupo de amigas não se desmembre, mas a tarefa não parece nada fácil.

Tachee

“Tae-hee”

Review”

Apesar de no ano em que foi realizado ter sido um dos filmes mais elogiados pela crítica sul-coreana, “Take Care of My Cat” foi um fracasso de bilheteira, tendo sido retirado das salas de cinema poucos dias após a sua estreia. Por aqui desde logo se poderá depreender que os (supostos) entendidos do cinema e o público em geral estavam em dissonância quanto a este filme em concreto.

Na parte que me toca, sempre direi que visionar “Take Care of My Cat” foi experienciar sentimentos contraditórios. Se por um lado há que saudar o realismo e as performances do(a)s intérpretes do filme, assim como a abordagem da jovem mulher na Coreia do Sul, por outra via forçosamente terá de se reconhecer que a película possui quebras que a tornam por vezes ensossa e chata, embora ganhe alguns pontos à medida que caminha para o epílogo.

O título desta longa-metragem deriva de um gato chamado “Titi”. À medida que o argumento vai tomando forma e a dinâmica das relações entre as personagens acentua-se, é-nos revelado que o felino assume a natureza de símbolo para as cinco amigas. Sempre que “Titi” é passada para uma das jovens, esse acto constitui uma divisa do sentimento e da ligação existente entre elas, sendo reveladora a reacção evidenciada por cada uma, sempre que o testemunho é passado.

Yiyong e Titi o gato

“Ji-young e o gato Titi”

É de saudar, como anteriormente foi aflorado, o realismo destilado em algumas das cenas, sendo muito bem explorado o factor insegurança presente nas jovens, e as dificuldades com que as mesmas se deparam no seu dia-a-dia. A maior parte da tensão provém do relacionamento entre a bem sucedida “Hye-joo” e a paupérrima “Ji-young”, com a insensibilidade da primeira entrar em confronto directo com o orgulho ferido da segunda, que se gera a partir da sua fraca condição social. Um exemplo deste choque encontra-se na cena em que “Ji-young” confessa o seu sonho em estudar arte no estrangeiro, com “Hye-joo” a responder friamente que para isso ela necessitava de uma coisa que não tem, ou seja, dinheiro.

Bae Doo-na e Lee Yo-won, para além das restantes intervenientes, exibem-se em bom nível. As suas performances estão imbuídas de uma força muito reveladora e íntegra, que salva um pouco do algo de desinteressante que o filme possa evidenciar. As restantes actrizes acompanham muito bem este duo de reconhecidas capacidades, e possuem os seus momentos próprios, por vezes impressionantes.

“Take Care of My Cat” é um filme honesto, mas que falta espectacularidade e atributos que prendam o espectador ao ecrã. Fez as maravilhas à cena crítica cinematográfica sul-coreana, muito por força se calhar de representar algo de fresco na saturada repetibilidade com que a indústria daquele país por vezes se depara. Reconhecendo alguns méritos a “Take Care of My Cat”, alinharemos pela maioria, ou seja grande parte do público sul-coreano. Sinceramente, não achamos nada de especial. Um produto de boas intenções e pouco mais.

As gémeas Biuriu e Ohnjo

“As gémeas Biryu e Onjoo”

imdb7.3 em 10 (1.193 votos) em 7 de Fevereiro de 2011

Avaliação:

Entretenimento – 7

Interpretação – 8

Argumento – 7

Banda-sonora – 7

Guarda-roupa e adereços – 7

Emotividade – 8

Mérito artístico – 7

Gosto pessoal do “M.A.M.” – 6

Classificação final: 7,13