"MY ASIAN MOVIES"マイアジアンムービース - UM BLOGUE MADEIRENSE DEDICADO AO CINEMA ASIÁTICO E AFINS!!!

sábado, setembro 26, 2009

Hana and Alice/Hana to Arisu - 花とアリス (2004)


Origem: Japão


Duração: 135 minutos


Realizador: Shunji Iwai


Com: Yu Aoi, Anne Suzuki, Tomohiro Kaku, Shoko Aida, Hiroshi Abe, Sei Hiraizumi, Tae Kimura, Takao Osawa, Ryoko Hirosue, Makoto Sakamoto, Eri Fuse, Ayumi Ito, Kazusa Matsuda, Nao Omori, Hiroyuki Nakano, Zen Kajihara

"Setsuko Arisugawa Aka Alice"

Sinopse

“Hana Arai” (Anne Suzuki) e “Setsuko Arisugawa Aka Alice” (Yu Aoi) são colegas de escola e grandes amigas. Certo dia, num devaneio de adolescente próprio dos 15 anos que ambas possuem, “Alice” leva “Hana” numa viagem de comboio, com o objectivo de espiarem um estrangeiro com boa aparência, acompanhado de um jovem japonês que presumem ser o meio-irmão mais novo, ou alguém aparentado. Meses depois, “Hana” começa o ensino secundário e no liceu encontra o jovem japonês que se chama “Masashi Miyamoto” (Tomohiro Kaku). A rapariga apaixona-se e começa a seguir o seu amor, até ao dia que o vê bater com a cabeça contra uma porta de metal e desmaiar. Quando “Miyamoto” acorda, “Hana” aproveita a situação e afirma que é sua namorada. O rapaz fica surpreendido, e “Hana” fá-lo crer que ficou com amnésia devido à pancada.


"Hana"

Apesar do seu cepticismo, “Miyamoto” embarca na jogada até descobrir umas fotos no computador de “Hana”, que foram tiradas numa altura em que supostamente não eram ainda namorados. Apanhada no seu embuste, a rapariga mente e conta ao rapaz que as fotos foram tiradas por “Alice”, supostamente um ex-relacionamento do jovem. “Miyamoto” tenta travar conhecimento com “Alice”, e através da convivência entre ambos, aquela apercebe-se que nutre sentimentos pelo rapaz. Um triângulo amoroso toma forma.

"Duas amigas inseparáveis"

"Review"

Quer se aprecie o estilo ou não, é forçoso reconhecer que Shunji Iwai é daqueles realizadores que possui uma facilidade tremenda em dotar simples histórias do quotidiano com grande profundidade. No caso específico do realizador japonês, esta premissa assume especial acuidade quando se trata da juventude nipónica, como é bem exemplificado com “All About Lily Chou-Chou”, e este filme que agora se irá tentar analisar. Começando por tomar forma em três curtas-metragens, dedicadas à publicidade do chocolate “Kit Kat” e onde era focado os dissabores amorosos de duas amigas que se apaixonavam pelo mesmo rapaz, Iwai viria a acrescentar hora e meia de película, de maneira a dar corpo a um filme com pouco mais de duas horas. Não enveredando por alguns dos caminhos outrora prosseguidos no já mencionado “All About Lily Chou Chou” (que futuramente com certeza merecerá um texto neste espaço), Iwai decide adoptar em “Hana and Alice” uma perspectiva mais inocente e leve dos jovens japoneses, deixando de parte aspectos como a reflexão cultural acerca da sociedade nipónica, ou um aspecto que sempre existiu e que actualmente parece estar na moda. Falo do propalado “bullying”.

À partida, “Hana and Alice” parece ser um simples conto de adolescentes em transição para o liceu, onde estão presentes as suas amizades, amores, relação com os pais e demais aspectos próprios da idade. No entanto, estamos a falar de um filme de Iwai, portanto haverá sempre de esperar algo que não seja aparentemente tão redutor ou comum. Iwai demonstra, à partida, ter dedicado especial atenção a esta obra, não apenas realizando o filme, mas também escrevendo o argumento, tomado conta da sala de edição e compondo uma excelente banda-sonora. É certo que “Hana and Alice” não é dotado de grandes filosofias, ou reflexões sobre os aspectos que incide. Contudo, é uma obra delicada como uma pétala de uma rosa, que pretende expôr o quão forte são as paixões dos jovens e o quanto necessitam de acreditar em algo, mesmo que seja uma mentira ou um sonho inatingível. É por esse motivo que, a título meramente exemplificativo, as maquinações de “Hana”, no sentido de conquistar “Miyamoto” não soam a nada de malévolo, mas sim à luta de uma jovem no sentido de procurar a felicidade e o bem-estar. As vidas das raparigas são abordadas, não apenas no campo da relação que mantêm uma com a outra e de ambas com “Miyamoto”, mas igualmente com o meio envolvente nos quais se destaca claramente a família e por vezes até uma perspectiva de carreira profissional futura. Tudo decorre com uma presença realista, que faz com que o espectador se identifique e entenda muitas das situações que “Hana” e “Alice” vivenciam. Alie-se esta forma de narração e filmagem a uma constante atmosfera quase mágica onde a trama decorre, e temos uma obra que verdadeiramente se pode apreciar com um espírito de serenidade. “Hana and Alice” possui efectivamente uma cinematografia belíssima e que nos embrenha no abraço terno da história.


"Miyamoto e Alice"

As actrizes fazem um trabalho muito apreciável, conseguindo momentos de boa representação e genuína expressão sentimental. Anne Suzuki consegue enfatizar uma “Hana” insegura, que ora age racionalmente, ora se deixa libertar pelos seus desejos mais recônditos e que dirige para “Miyamoto”. No rapaz, consegue extravasar a sua real personalidade, de pessoa carente e que não tem pejo em embarcar na mentira (perdoável) só para obter a felicidade e algum reconhecimento. Por sua vez, Yu Aoi, na pele de “Alice” (um diminutivo de “Arisugawa” - “Arisu”=”Alice”), tem momentos de autêntico brilhantismo, cujo expoente muito provavelmente será a memorável actuação de cinco minutos de “ballet” no epílogo da película. No bom trabalho das actrizes, caberá talvez, de uma forma contraproducente, um dos calcanhares de aquiles de “Hana and Alice”. Aoi consegue se sublimar de certa forma perante Suzuki, pois esta obra é mais “Alice” do que “Hana”, gerando por vezes algum desequilíbrio narrativo.

“Hana and Alice" pecará eventualmente por ser um filme talvez demasiado longo, para o que se pretende transmitir. No entanto, possui predicados inolvidáveis, que quase todos apreciarão. É um filme honesto e sincero, que expõe de uma forma cativante os anseios da adolescência, fazendo com que o espectador se identifique facilmente com as situações vividas ou os sentimentos explanados. Tudo sem qualquer pretensiosismo, grandes dramas ou “truques de algibeira”. É na descoberta da pureza que muitas vezes temos a percepção e necessária compreensão das atitudes dos mais jovens, e chegamos aos seus corações. “Hana and Alice” é um filme que navega naquelas águas, e qualquer tentativa de procurar explicações transcendentais para problemas simples, será meio caminho para passar ao lado desta longa-metragem. Junte-se a este aspecto, uma fotografia de sonho e seremos obrigados a admitir que vale bem a pena dar uma oportunidade ao visionamento de mais uma obra de um realizador que já deixou uma marca profunda no espectro cinematográfico japonês. No fundo é uma película bastante madura que aborda de certa forma, precisamente, a imaturidade.

Confiram!


"Uma actuação inesquecível"

The Internet Movie Database (IMDb) link

Trailer

Outras críticas em português/espanhol:

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 8

Argumento - 8

Banda-sonora - 9

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 9

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 8





quinta-feira, setembro 24, 2009

Beldades do Cinema Asiático - Veronica Ngo








Esta beldade vietnamita foi uma sugestão do Takeshi. A mim só me resta dizer "Deus seja louvado!". Mais informações sobre esta lindíssima actriz, cantora e modelo AQUI.


sábado, setembro 19, 2009

A Múmia: O Túmulo do Imperador Dragão/The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor (2008)

Origem: E.U.A.

Duração: 107 minutos

Realizador: Rob Cohen

Com: Brendan Fraser, Jet Li, Maria Bello, Luke Ford, John Hannah, Isabella Leong, Michelle Yeoh, Anthony Wong, Russel Wong, Liam Cunningham, David Calder, Jessey Meng, Tian Liang, Albert Kwan, Jacky Wu Jing

"Rick O'Connel"

Introdução

Esta película encontra-se incluída na secção deste blogue denominada “Cunho da Ásia”. Para mais informações ir AQUI.

Sinopse

Na antiguidade chinesa, após ter conquistado todos os reinos circundantes, o imperador Han (Jet Li) decide procurar o segredo para a imortalidade, pois no seu pensamento tudo o que tem para fazer não pode ser contido numa única só vida. Para o efeito, procura o auxílio de “Zi Juan” (Michelle Yeoh), uma bruxa que supostamente conhece o segredo para uma existência eterna. Devido a um triângulo amoroso que finda tragicamente e às más intenções do monarca, “Zi Juan” amaldiçoa o imperador e o seu exército, transformando-os em estátuas de pedra.

"O imperador Han"

Muitos séculos depois, mais propriamente em 1946, o jovem “Alex O'Connel” (Luke Ford), filho de “Rick” (Brendan Fraser) e “Evie” (Maria Bello), encontra-se radiante por ter descoberto o túmulo do imperador Han. Acontece que o general “Yang” (Anthony Wong) ambiciona ressuscitar o monarca, o que ao fim de algumas peripécias, acaba por suceder. Cabe agora a “Alex”, auxiliado pelos seus pais retornados à acção, por “Lin” (Isabella Leong) e a imortal “Zi Juan” pôr cobro aos intentos do imperador em dominar o mundo.

"Lin"

"Review"

Não tenho pejo nenhum em afirmar que gostei dos filmes da saga “A Múmia”, sob a bitola de Stephen Sommers. Apesar de estarem bastante distantes de terem algum tipo de profundidade, ou de marcas de génio enformadoras de um cinema que reputamos de qualidade, o mundo criado por Sommers conseguia-nos transportar para uma vida de aventura e sonho, ligadas a uma das maiores civilizações da história da humanidade. É certo que o rigor histórico era um tanto ou quanto desprezado, mas o manancial de personagens emblemáticas em muito compensavam as debilidades do filme. Tenho de confessar que por vezes imaginava-me como um “Ardeth Bay”, com o seu ar heróico a cavalgar solitário pelo deserto, ou a chefiar um exército de guerreiros nómadas, prontos para tudo o que desse e viesse. Ao contrário da opinião mais generalizada, o segundo filme “The Mummy Returns”, colheu mais a minha preferência. Posteriormente, Sommers autonomizou uma personagem emblemática desta película e decidiu dar vida a “Scorpion King”, que me decepcionou de sobremaneira.

Sete anos após “The Mummy Returns”, nasce o terceiro episódio da Múmia, mas desta vez sem a direcção de Sommers, a excelente personagem de Ardeth Bay, interpretada pelo actor Oded Fehr nos filmes precedentes, e com Maria Bello a substituir Rachel Weisz no papel de “Evie”. A trama passa-se quase toda na China e gira em torno de aspectos históricos deste país, para além de possuir vários actores asiáticos de nomeada. Está justificada a razão pela qual esta longa-metragem é alvo de um texto no “My Asian Movies”. A primeira impressão a reter acerca desta película e que em muito adianta a sua conclusão passa por termos presente que um grande orçamento, efeitos especiais em catadupa, e um argumento simples não são suficientes para fazer um bom filme. No caso de “The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor” (doravante “Múmia 3”) há que acrescentar que, por vezes, é preciso saber onde parar. E efectivamente a saga deveria ter-se reduzido aos dois primeiros filmes.

Aqueles que vivem mais o cinema asiático, e cujo um dos motivos de interesse será poder observar o trabalho dos actores orientais numa película de “Hollywood”, não deverão alimentar expectativas desmesuradas. A Jet Li são conferidos poucos minutos na película, aparecendo no início do filme quando somos confrontados com a introdução da história na antiga China, e posteriormente na última meia hora da película, onde o imperador se confronta com os heróis da trama. No restante, a múmia é uma criação da tecnologia. É evidente que Li apenas foi recrutado devido ao efeito que o seu nome poderia provocar nas audiências e pouco mais. Chega a ser confrangedor ver o lendário actor não ter a oportunidade de demonstrar o que o celebrizou mais, ou seja, as artes marciais. Temos a oportunidade de ver algo no início de “Múmia 3”, onde Li defronta Jacky Wu Jing, outro peso pesado do género, mais um pouco quando se depara com Michelle Yeoh e posteriormente com a dupla pai/filho, constituída por Brendan Fraser e Luke Ford. O resto é uma amálgama de nulidades, sempre disfarçadas pelos propalados efeitos especiais.

"Rick defronta o imperador"

No que concerne a Michelle Yeoh e Anthony Wong, dois dos expoentes mais significativos do cinema oriental, nada demais nos é dado a apreciar. Representação muito limitada, roçando por vezes o descrédito quase total. Efectivamente se de algo positivo os actores retiraram da participação nesta longa-metragem, foi com certeza o cheque chorudo que levaram para casa. No meio desta desorientação quase total, salva-se a bela Isabella Leong, na sua estreia no ocidente, que ainda consegue conferir alguma alma e bastante encanto ao filme. Relativamente ao elenco ocidental, as coisas parecem piorar ainda mais. Fraser não evidencia a força e o carisma que demonstrou nas obras anteriores, revelando-se sensaborão e apagado. Luke Ford não acrescenta nada de novo e, como recorrentemente já foi criticado, parece o irmão mais novo de Fraser, do que propriamente o seu filho. Não será alheio o facto de Fraser ser apenas 13 anos mais velho que Ford. Maria Bello constitui claramente o elo mais fraco de “Múmia 3”, pois encontra-se a milhas do que Rachel Weisz fez nos dois filmes precedentes. “Evie” era conhecida pela sua doçura, sensatez e alguma ingenuidade extremamente cativante. Bello faz com que a personagem pareça uma zaragateira, sem ponta por onde se lhe pegue, carecendo gritantemente de classe. Por sua vez, as palhaçadas de John Hannah, no papel do irmão de “Evie”, já não têm piada absolutamente nenhuma, chegando-se ao ponto de por vezes apetecer ao espectador estrangulá-lo. A família “O'Connel”, no seu conjunto, merece descrédito e até mesmo recriminação.

Não há muito a dizer quanto à forma simplista e com falta de imaginação como o argumento é abordado. A inspiração passa pela história do primeiro imperador chinês Qin Shi Huang, o seu exército de terracota (guerreiros de Xian) e as crueldades cometidas pelo monarca aquando do início da construção da Grande Muralha da China. A película é bastante fácil de seguir, e possui bastante entretenimento. Contudo, tudo é feito de forma bastante insípida e frugal, e os motivos de interesse são bastante diminutos. À semelhança das anteriores “Múmias”, existe uma clara aposta nos efeitos especiais. Reconheço que alguns denotam bastante qualidade e chegam mesmo a impressionar vivamente. Ao contrário da maior parte da crítica, eu até achei piada aos Yeti e à sequência em que os mesmos auxiliam os “O'Connel” e companhia, contra o imperador, o general “Yang” e os seus apaniguados. Outros existem que são algo disparatados, ainda que geralmente estejam imbuídos de grandiosidade.

“Mummy: Tomb of theDragon Emperor” merece uma apreciação global negativa. Com a excepção de Isabella Leong, o elenco exibe-se num nível muito abaixo do que já demonstrou ser capaz de fazer. Não se pode viver apenas dos efeitos especiais, para atribuir valor a uma película, mesmo que aquela vise ser um “blockbuster” de papelão. Existe alguma ostracização das capacidades dos intervenientes, e torna-se mesmo imperdoável ver Jet Li coartado nas nuas inegáveis capacidades no domínio das artes marciais. Rob Cohen, autor de "XXX" e "The Fast and the Furious", dá mais um passo atrás. No fim, o filme só serve para provar um aspecto. Já não há volta a dar à saga “A Múmia”. Pelo menos, com este realizador e alguns membros do elenco...Voltem Sommers, Weisz e Fehr! Depois disto, estão mais que perdoados!


"O general Yang conhece a fúria de um dos Yeti"

The Internet Movie Database (IMDb) link

Trailer

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 6

Argumento - 5

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 7

Mérito artístico - 6

Gosto pessoal do "M.A.M." - 6

Classificação final: 6,63





Beldades do Cinema Asiático - Kyoko Fukada











Mais uma beldade proveniente da grande nação nipónica, por sugestão do Battosai. Mais informações AQUI.



terça-feira, setembro 15, 2009

Ong Bak 2: The Beginning/Ong Bak 2 - องค์บาก 2

Origem: Tailândia

Duração: 94 minutos

Realizadores: Tony Jaa e Panna Rittikrai

Com: Tony Jaa, Sorapong Chatree, Sarunyu Wongkrachang, Nirut Sirichanaya, Santisuk Promsiri, Primorata Dejudom, Natdanai Kongthong, Patthama Panthong, Petchtai Wongkamlao, Dan Chupong, Supakorn Kitsuwon


"Tien"

Sinopse

O ano é 1471 (1974 no calendário budista). “Tien” (Nadtanai Konthong) é o jovem filho de “Lord Sihadecho” (Santisuk Promsiri), um dos quatro líderes militares mais importantes do reino de Ayutthaya, na antiga Tailândia. Devido a confrontos políticos, “Sihadecho” e a esposa são assassinados por “Lord Rajasena” (Sarunyu Wongkrachang), e “Tien” é obrigado a fugir. Tendo caído nas mãos de bandidos, o jovem “Tien” impressiona “Chernang” (Sorapong Chatree), o líder dos piratas “Pha Beek Krut”, que o salva, acolhendo-o como um filho e seu sucessor no bando.

"O jovem Tien enfrenta a fúria de um crocodilo"

Apercebendo-se do potencial intrínseco de “Tien” para o combate, “Chernang” e os seus homens treinam-o em vários estilos de artes marciais, conseguindo com que o rapaz se torne numa máquina de matar perfeita, que consegue combinar diversas formas de luta. Quando chega a adulto, “Tien” (Tony Jaa) continua a guardar as memórias do assassinato dos seus pais. Em virtude deste facto, parte numa cruzada de vingança contra os foras-da-lei que o aprisionaram, mas acima de tudo contra “Lord Rajasena”, que actualmente é o monarca de Ayutthaya.

"A manada de elefantes ajoelha-se perante Tien"

"Review"

Depois do grande sucesso de “Ong Bak”, onde nos foi revelado a mais fabulosa máquina de pancadaria jamais vista, e a continuação do massacre em “Warrior King/The Protector”, Tony Jaa está de volta em mais uma odisseia onde nos é demonstrado o inexcedível potencial do actor em tomar satisfações dos seus oponentes. À semelhança de outras obras cinematográficas, a feitura de “Ong Bak 2” não foi isenta de precalços, essencialmente do ponto de vista financeiro e até do ponto de vista pessoal, no que concerne ao próprio Tony Jaa. A película começou a ser rodada em 2006, mas algures por volta de Julho de 2008, o actor, e aqui também realizador, desapareceu do local de filmagem, deixando toda a gente pendurada. Vários rumores circularam à altura, que chegaram ao ponto de afirmações que colocavam Tony Jaa num estado desolado e em isolamento total, algures numa caverna a praticar magia negra. A fronteira entre a realidade e a ficção é bastante ténue, e nestas coisas nunca sabemos o que é verdade ou mentira. O que é certo foi que o atraso fez com que a produção do filme começasse a causar prejuízos financeiros, havendo uma troca de acusações entre a companhia “Weinstein”, a “Sahamongkol Film” e o próprio Tony Jaa. Após o ultrapassar do dilema, as filmagens continuaram, com uma importante adição. O mentor de Tony Jaa e coreógrafo de artes marciais Panna Rittikrai foi chamado ao projecto, pois entendeu-se que seria uma pessoa com capacidades para completar esta longa-metragem. Daí que se pode afirmar que “Ong Bak 2” possuiu dois realizadores, um na fase inicial e outro na parte final.

Toda a gente conhece, em maior ou menor medida, o grande impacto do primeiro “Ong Bak”, que na altura foi um enorme soco no estômago no que aos filmes de artes marciais diz respeito. Um desconhecido chamado Panom Yeerum, que adoptou o nome artístico de Tony Jaa, explodiu nas telas, demonstrando todo o potencial e força que o Muay Thai pode revelar nas telas. E verdade se diga, o manancial de golpes, acrobacias e atrever-me-ia a dizer brutalidade, foi algo até então nunca visto! Falo por mim, é claro! Em nome do claro desprezo pelo argumento, o que interessava verdadeiramente era observar os entusiasmantes pontapés e socos, mas ainda mais as joelhadas e cotoveladas que um aparentemente inocente/inofensivo Jaa desferia nos seus infelizes opositores. Posteriormente, Jaa viria a protagonizar “Warrior King/The Protector”, uma película que no global era inferior a “Ong Bak”, superiorizando-se eventualmente na parte mais sentimental, devido à relação entre Jaa e o elefante “Por Yai”, para além da cria “Korn”. Chegamos então a este “Ong Bak 2”, e desde já se adianta que é um filme superior aos anteriormente mencionados, embora convenhamos que esteja bastante longe de ser isento de falhas.

"Tien é auxiliado por um elefante em combate"

O facto de “Ong Bak 2” constituir a longa-metragem de maior craveira protagonizada por Jaa, passa essencialmente por demonstrar ser um filme mais elaborado no seu todo. Existe, por exemplo, um cuidado ligeiramente acrescido na trama, embora a mesma continue muito básica. E a maior crítica que advém neste particular, já profusamente repetida por muitos, é que não se consegue discernir uma relação directa entre este “Ong Bak” e o anterior. Ou seja, não existem elementos de ligação entre os dois filmes, no sentido de nos apercebermos qual é a verdadeira relação entre ambos. Através de repetidos reparos neste particular, Jaa responderia meio irritado que a relação seria estabelecida em “Ong Bak 3”. Ficam pois a saber desde já que a saga “Ong Bak” não ficará por aqui, o que já seria bastante previsível face ao epílogo de “Ong Bak 2”. Quanto a mim, julgo que será mais ou menos óbvio atendendo ao título do filme, que a personagem principal de “Ong Bak 2”, será um antepassado de “Ting”, o jovem inocente de “Ong Bak”. Mas como já referi, e sou obrigado a reiterar este aspecto, os “Ong Bak's” não primam muito pelo argumento, pelo que nos resta aguardar de alguma forma o que irão “inventar” para estabelecer um paralelo que até parece óbvio.

Outro aspecto que eleva “Ong Bak 2” a um patamar superior, quando comparado com o seu predecessor, passa por uma produção em muito maior escala, a que não será alheio, como é óbvio, a existência de fundos monetários mais desafogados. Isto reflecte-se essencialmente nos aspectos visuais, por vezes fenomenais, que o filme denota. “Ong Bak 2” vive diversas vezes sob o signo da sumptuosidade, que em muito contribuirá o facto de a película ocorrer na Tailândia do século XV. A beleza das paisagens, mormente das montanhas, dos rios e dos templos entusiasmam e conferem um pano de fundo aprazível a esta longa-metragem e que em nada defraudará aqueles que se consideram cultores de uma boa fotografia e de cenários paradisíacos. Trata-se de um dos pontos fortes de inúmeras películas asiáticas, e aqui “Ong Bak 2” faz jus à sua orientalidade, ficando a dever a poucas longas-metragens.

Chegamos agora à verdadeira razão de existência de “Ong Bak 2”, ou seja, a acção. Como já aflorei, aqui temos um Tony Jaa diferente dos seus anteriores registos, pelo facto de o Muay Thai não ser a lei. O actor demonstra que o seu registo de golpes não se limita à arte marcial rainha da sua terra natal e navega por outras formas de combate que irão desde o wushu até ao kendo, passando por muitas outras. O manancial de golpes desferido é de tirar a respiração, acontecendo momentos que por vezes podemos catalogar “de outro mundo”. E a vantagem é que as cenas são filmadas de uma forma que nos apercebemos de praticamente todos o impacto e a técnica envolvida. E esta premissa aplica-se, imagine-se, aos casos em que estão envolvidos animais. A cena do jovem “Tien” no poço do crocodilo é bastante feliz, e quase acreditamos que efectivamente encontra-se um jovem a lutar pela sua vida, contra o réptil perigosíssimo. Mas o que verdadeiramente nos conquista, e tal deriva da própria paixão de Jaa por estes animais, são as cenas em que intervêm os elefantes. Deparamo-nos com “Tien”, durante uma debandada destes animais, a saltar progressivamente de elefante em elefante, até chegar ao líder e dominá-lo. Posteriormente, todos os elefantes vergam-se à coragem do guerreiro, e reconhecem-no como seu superior. Embora seja evidente a inverosimilidade da situação, não poderá ser negado que o efeito é espectacular, inspirador e com algo de majestoso. Obviamente que não poderia deixar de aludir aos combates físicos que se passam no dorso de um dos elefantes. É simplesmente de ficar embevecido, tanto pela agilidade dos intervenientes (existem partes que se nota que o uso do guindaste foi afastado!), como pela calma e até intervenção do animal quando confrontado com todos os actores à sua volta num grande rebuliço.

Sendo um filme manifestamente incompleto, e claramente a solicitar uma sequela, “Ong Bak 2” acaba por se revelar como uma agradável surpresa. É uma clássica história de vingança, sem nada que se possa apontar como inovador neste segmento. No entanto, é imperioso que continue a haver espaço para aquele tipo de películas que vivam quase exclusivamente da acção, do empirismo e do entretenimento à moda antiga. “Ong Bak 2” marca definitivamente a sua presença nesta classe, e dentro do seu género, é uma obra que marca uma presença indelével. Aguardemos, pois, pelo que Tony Jaa e Panna Rittikrai nos reservaram para “Ong Bak 3”, de forma a que percebamos o que efectivamente significa a expressão “Ong Bak”, no meio desta fúria imensa de sangue, misticismo e artes marciais do melhor que pode ser oferecido hoje em dia!

Vale a pena conferir!


"Tien vinga-se sobre um dos seus captores"

Trailer

The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 9

Interpretação - 7

Argumento - 6

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 9

Emotividade - 9

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,75




quarta-feira, setembro 09, 2009

Beldades do Cinema Asiático - Charlie Yeung








Mais informações sobre esta bela e grande actriz do cinema asiático AQUI.

quinta-feira, setembro 03, 2009

Os Amantes do Rio/Suzhou River/Suzhou he - 苏州河 (2000)


Origem: China

Duração: 82 minutos

Realizador: Lou Ye

Com: Zhou Xun, Jia Hongshen, Hua Zhongkai, Yao Anlian, Nai An


"Meimei"

Em Xangai, um anónimo e frustrado realizador (Hua Zhongkai) é contratado pelo dono da “Taberna Feliz”, para fazer um vídeo acerca do seu espectáculo de sereias, protagonizado por “Meimei” (Zhou Xun). Rapidamente, o casal enceta uma relação amorosa forte, mas baseada em algum desprendimento. Através da rapariga, o realizador cedo toma contacto com a triste história de “Mardar” (Jia Hongshen).

“Mardar” era um homem de 26 anos que fazia de “correio” e a quem eram incumbidas várias missões, algumas delas ilícitas. No decurso do seu trabalho, conhece uma jovem chamada “Moudan” (igualmente interpretada por Zhou Xun) e ambos apaixonam-se. No entanto, a vida de crime de “Mardar” vem ao de cima e os seus patrões “Lao B.” (também Hua Zhongkai) e “Xiao Ho” (Nai An) ordenam o rapto de “Moudan”, de forma a que possam pedir um resgate avultado ao pai daquela. “Mardar” entra no esquema, traumatizando “Moudan” com a sua atitude. A rapariga consegue, a certa altura, fugir de “Mardar” e supostamente afoga-se no rio Suzhou.

"Mardar e Moudan"

De volta ao tempo presente, “Mardar”, após cumprir uma pena de prisão, retorna a Xangai, tendo em vista procurar o seu amor de sempre. Na sua busca, depara-se com “Meimei” e convence-se que esta é “Moudan” devido à grande semelhança física entre as duas.



"Uma sereia dos tempos modernos"

"Review"

“Suzhou River” (esqueçamos agora o título que mereceu em Portugal) foi um filme chinês que marcou alguns pontos nos certames de cinema internacional, tendo inclusive merecido uma distinção no nosso bem conhecido “Fantasporto”, edição de 2002. A crítica especializada, quando se refere a “Suzhou River”, costuma apontar esta película como tributária e influenciada pelo romantismo típico das obras de Wong Kar Wai, apontando-se igualmente algumas características dos filmes de Hitchcock. O amor obsessivo por uma mulher que não poderá ser bem quem se pensa, é relacionado com “Vertigo”, assim como a personagem do realizador tende a ser reconduzida a “Rear Window”. Não sendo eu um particular fã do mestre do suspense, tenderei por defeito a situar “Suzhou River” numa onda que detém algumas semelhanças com o denominado “amor urbano”, muito presente nas longas-metragens de Kar Wai e que, à semelhança de muitos, aprecio imenso. Certo é que Lou Ye enfrentou alguns dissabores com a difusão da obra que constitui objecto do presente texto, tendo a mesma sido banida das salas de cinema chinesas, sanção que perdura até aos presentes dias, segundo o que me foi dado a conhecer. O próprio realizador, à altura, seria proibido de realizar filmes durante dois anos. Mais recentemente, a feitura de “Summer Palace”, em 2006, valeu-lhe nova proibição em dirigir películas por mais 5 anos. Contudo, numa atitude corajosa que se saúda face a regimes “musculados”, Lou Ye desafiou a proibição ao dar vida a “Spring Fever”, uma longa-metragem já deste ano.

Não é segredo para ninguém que no início do nosso século, os épicos de artes marciais, ou meramente históricos, é que foram os pontas-de-lança da cinematografia asiática, no que ao ocidente diz respeito. Após a explosão de “Crouching Tiger, Hidden Dragon”, começaram a surgir outros trabalhos emblemáticos do género, a maior parte a cargo de realizadores da denominada quinta geração do cinema chinês, dos quais Zhang Yimou e Kaige Chen talvez sejam os nomes que dirão mais ao comum dos espectadores. Enquanto Yimou brindava-nos com a sua inesquecível trilogia de “wuxia” (sendo “Hero”, o expoente maior), Chen enveredava pela orientação mais terra-a-terra de “The Emperor and the Assassin”, antes de naufragar em “The Promisse”. Em total dissonância com esta orientação, a denominada “sexta geração” de realizadores chineses, numa perspectiva anti-sistema, apostou em filmes de baixo orçamento, com um grande pendor urbano, neo-realista e mesmo existencialista. Os temas que tratam são bastante actuais, e focam-se sobretudo na entrada lenta da China no mercado capitalista, e nos aspectos, tanto nocivos como positivos que grassam pela população, não amiúde entre os jovens. O realizador Lou Ye é um filho dessa geração, ao lado de outros nomes como Jia Zhangke ou Wang Xiaoshuai, por exemplo. Confesso que não se trata de uma perspectiva que colha muito a minha predilecção, do ponto de vista cinematográfico. Mas é indubitável que granjeou seguidores, e que denota méritos inquestionáveis. “Suzhou River” é um honrado produto desta corrente.



"Vista do balcão"

“- Se algum dia eu te deixar, irás à minha procura?”, pergunta “Meimei”, ao narrador da história. Está dado o mote para uma estranha e inebriante história de amor e de diversas vidas interligadas, onde pano de fundo é uma contemporânea Xangai, a maior cidade da China e uma das mais vastas metrópoles do mundo. No entanto, não nos é demonstrado a urbe pejada de arranha-céus e luzes de néon. Somos, isso sim, confrontados com uma povoação monstruosa e decadente, onde a paixão obsessiva e um sentimento inexorável de perda ditam a lei. A estrutura narrativa passa essencialmente pelos sentidos do realizador anónimo, dos quais ouvimos apenas a sua voz, quer a contar a sua história e a de terceiros, assim como a dialogar com os restantes intervenientes da história, principalmente “Meimei” e “Mardar”. Num estilo que por vezes se aproxima do registo documentário, o referido protagonista marca igualmente a sua intervenção com gestos, e através da sua própria vivência dos acontecimentos. Esta maneira de apresentar a trama, tem uma grande vantagem no sentido de criar uma intimidade próxima com o espectador, fazendo com que o mesmo se imbua mais nas experiência do narrador. Atrever-me-ia a dizer que é quase um estilo de “role playing game”, em que a única diferença passará por não estar na nossa disponibilidade manietar as opções das figuras do filme. Talvez, o termo “voyeurismo” assuma aqui alguma acuidade, e não seja tão despiciendo quanto isso. A partir do momento que começamos a visionar “Suzhou River”, somos remetidos a maior parte das vezes à condição de “voyeur”.

A actriz Zhou Xun dá corpo a uma interpretação de excelente nível, tanto no papel de “Meimei”, como no de “Moudan”. Ela consegue apanhar brilhantemente as características de cada uma das mulheres, extravasando as características de ambas, que se afiguram bastante diversas. Pelo menos, numa primeira aproximação. Zhou Xun efectivamente aqui demonstra ser uma “sereia” (expressão com um sentido muito próprio no filme) dos tempos modernos, demonstrando que possui valor para ambicionar um dia a ser uma verdadeira diva do cinema oriental. Alguns trabalhos posteriores da actriz viriam a confirmar esta premissa. Outros, nem por isso. Jia Hongshen igualmente marca pontos na película, representando o papel de um homem amargurado e de certa forma fadado a um destino trágico. O seu recorte melancólico ajusta-se às mil maravilhas no desafio que aqui lhe foi proposto. O próprio tom do realizador na narrativa é muito bem encaixado, quase poético e que adensa imenso a profundidade emocional que é requerida.

“Suzhou River” não é um filme de fácil apreensão, não estando esta premissa relacionada com um enredo de difícil degustar para o espectador. A sua maior dificuldade advirá do facto de, embora ser uma película que apela aos sentimentos de quem a visiona, necessitar de ser interiorizada de uma forma bastante particular. À semelhança de vários pontos do nosso planeta, em redor do poluído rio “Suzhou” subsistem edifícios degradados, miséria e várias histórias anónimas de crime, amor, traição ou simples sobrevivência. Esta é, pelos vistos, apenas mais uma. Mas indubitavelmente de grande significado e narrada com uma agonizante pendor documental.

Uma boa proposta de um malfadado elemento da sexta geração dos realizadores chineses.



"O realizador afaga Meimei"


Trailer

The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português:





Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 9

Argumento - 8

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 7

Emotividade - 9

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,88






terça-feira, setembro 01, 2009

Beldades do Cinema Asiático - Nana Katase








Mais uma beldade "made in Japan". Informações extra AQUI.