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segunda-feira, novembro 29, 2010

Mulan/Hua Mulan – 花木蘭 (2009)

Capa

Origem: Hong Kong/China

Duração aproximada: 114 minutos

Realizadores: Jingle Ma e Wei Dong

Com: Vicki Zhao, Aloys Chen (Chen Kun), Jaycee Chan, Hu Jun, Nicky Li, Yu Rong Guang, Lu Xujin, Vitas, Xu Jiao

Mulan

“Hua Mulan”

Sinopse

“Hua Mulan” (Vicki Zhao) é uma mulher que se disfarça de homem, de forma a tomar o lugar do seu pai “Hua Mu” (Yu Rong Guang), no exército do reino Wei, na guerra que se aproxima com os bárbaros Rouran. À medida que “Mulan” começa a ser extremamente bem sucedida no campo de batalha, uma paixão floresce no seu coração por “Weitan” (Aloys Chen), um general do exército Wei.

Wentai

“Weitan”

“Weitan” apercebe-se que para que “Mulan” atinja todo o seu potencial no campo de batalha, é necessário que a jovem se aperceba dos horrores da guerra, e em consequência disso, desaparece. Entretanto, o novo líder dos Rouran, o impiedoso “Modu” (Hu Jun) planeia uma invasão em larga escala, e “Mulan” terá de assumir o comando das forças de Wei para fazer face ao poderoso inimigo.

Wude

“Wude, o criado do líder dos Rouran”

Review”

“Hua Mulan” é uma heroína do folclore chinês que originalmente foi mencionada num poema do século VI, intitulado “A Balada de Mulan”. A lenda inspirou vários filmes, remontando o mais antigo a 1927, de seu nome “Hua Mulan Joins the Army”, do realizador Li Pingqian. Mas com certeza que quando o nome de “Mulan” é referido, virá à mente de quase todas as pessoas, a película de animação da Disney de 1998, que mereceu o epíteto da guerreira.

O realizador Jingle Ma, aqui auxiliado por Wei Dong, não reúne consensos na critica e público de Hong Kong, assim como no mundo dos apreciadores de cinema asiático em geral. Alvo de verdadeiras diatribes, Jingle Ma é visto por alguns como um puro “comercialista”, que dá corpo a películas de substância duvidosa. Quanto a nós, iremos por uma posição um pouco mais intermédia, reconhecendo que somos apreciadores por exemplo de “Fly Me to Polaris”, e duvidamos com propriedade de algumas outras obras de gosto bastante duvidoso.

Mulan e Wentai

“Mulan e Weitan”

Desta vez, e em jeito antecipação, iremos situar “Mulan”, no plano das boas obras de Jingle Ma, ideal para um público que não seja demasiado exigente com os pormenores e que se deixe seduzir pelos elementos mais apreensíveis do cinema, o que não é necessariamente mau. A história de “Mulan” é tremendamente popular entre os chineses e inevitavelmente teria de ser adaptada várias vezes para o grande ecrã. Nesta versão, existe uma grande incidência sobre os sentimentos da guerreira, sendo nos dado a observar os seus anseios, medos, inultrapassável coragem e, não fosse este um filme de Jingle Ma, a sua descoberta do amor. Para a envolvência presente em “Mulan”, muito contribui o desempenho da belíssima Vicki Zhao, que consegue praticamente transportar o filme aos seus ombros, conseguindo um saudável equilíbrio entre a faceta dura e a vulnerável da personagem. A película capta a atenção em muitos momentos, e muito certamente não defrauda os sentidos. Embora o detalhe histórico seja algo secundarizado, em detrimento da faceta mais pessoal de “Mulan”, não faltarão alguns momentos belicistas do agrado dos amantes do épico, possuindo os mesmos uma qualidade apreciável. Desde as batalhas em grande escala, apoiadas pelo guarda-roupa bem urdido e as paisagens como um bonito pano de fundo, até ao velho diapasão de questionar se existem guerras justas, existirão motivos de sobra para manter os espectadores minimamente interessados em seguir esta longa-metragem até ao seu epílogo.

Dotado de um inegável pendor comercial, “Mulan” acaba por constituir uma agradável surpresa, que dá alguns pontos à seriedade de Jingle Ma, enquanto realizador, embora apoiado neste desiderato em particular por Wei Dong. Com uma banda-sonora quase de antologia e uma grande emotividade, não se espere contudo uma obra do firmamento maior da aliança China/Hong Kong, que permaneça nos anais da história. Aguarde-se, isso sim, por um bom filme, ao nível de muitos que por aí deambulam, e cuja existência tem algum razão e significado. Pelo menos, até ao próximo “remake” ou versão.

Aconselhável!

Mulan 3

“Mulan comanda o exército de Wei”

imdb6.3 em 10 (986 votos) em 29 de Novembro de 2010

Avaliação:

Entretenimento – 8

Interpretação – 7

Argumento – 7

Banda-sonora – 9

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade – 9

Mérito artístico – 7

Gosto pessoal do “M.A.M.” – 7

Classificação final: 7,75

Beldades da Cultura Asiática - Keiko Kitagawa










Mais informações acerca desta belíssima actriz do país do sol nascente, AQUI.


segunda-feira, novembro 01, 2010

No One Knows About Persian Cats/Kasi az Gorbehaye Irani Khabar Nadareh– کسی از گربه های ایرانی خبر نداره(2009

Capa

Origem: Irão

Duração aproximada: 106 minutos

Realizador: Bahman Ghobadi

Com: Negar Shaghaghi, Ashkan Koshanejad, Hamed Behdad, Hichkas, Hamed Seyyed Javadi

Negar 2

“Negar”

Sinopse

“Negar” (Negar Shaghaghi) e “Ashkan”(Ashkan Koshanejad), são um casal de músicos iranianos na onda do “Indie Rock”, que foram recentemente presos por tocarem sem autorização. Através de alguns contactos, o par consegue arranjar uns concertos em Londres, mas inúmeras barreiras se deparam perante eles, pois necessitam de arranjar passaportes, vistos e dinheiro para todos os membros da banda.

Ashkan

“Ashkan”

O duo pede ajuda a “Nadar” (Hamed Behdad), um produtor musical e contrabandista, que conhece como ninguém a cena musical de Teerão. Os três iniciam uma cruzada pela capital iraniana, no sentido de angariarem músicos para o seu projecto e cumprirem o seu sonho.

A banda

“A banda”

Review”

“No Irão existem leis contra a blasfémia, a liberdade de expressão e o rock n' roll. Este filme nem deveria de existir.” É esta curta introdução que nos apresenta “No One Kows About Persian Cats”, um filme bastante polémico, que bule com o regime iraniano e a sua política de opressão ideológica e de supressão de liberdades individuais, que não amiúde se tem confrontado com as potências e o modo de ser ocidental. Embora não tenha sido objectivo de atenção deste espaço até ao presente, a verdade é que nos últimos anos tem surgido uma onda de películas que versam sobre a juventude islâmica, os seus anseios e preocupações. Um dos expoentes foi o filme “Heavy Metal in Baghdad”, um documentário que incidia sobre a única banda de Heavy Metal existente no Iraque, os “Acrassicauda”, que acabaram por obter asilo nos Estados Unidos. O fenómeno existe, desperta a atenção e não nos passou ao lado no “My Asian Movies”.

Baseado na vida “real” de pessoas “reais”, a trama central e mais profunda de “No One Knows (...)”, contempla a luta pela liberdade, nas suas várias acepções, e o preço elevado que muitas vezes se paga por um objectivo justo. O realizador Bahman Ghobadi e a sua esposa Roaxana Saberi escreveram o argumento, e foram presos duas vezes durante as filmagens, sentindo na pele os males pelo seu exercício de expressão artística. Saberi estaria mesmo detida durante cinco meses, até que fortes protestos e a pressão da comunidade internacional fariam com que fosse libertada. Esta longa-metragem apresenta aspectos de documentário, onde os actores se limitam a serem eles próprios, conferindo-se desta forma um cunho bastante humanista e realista ao enredo. E este acaba por ser bastante cru, pois nem sempre a realidade é um “mundo de rosas”. As autoridades iranianas baniram quase todo o tipo de música, por considerarem ser subversiva, decadente e contra o Islão, cortesia de um senhor de seu nome Ahmadinejad. Em decorrência desta triste e inaceitável medida, as bandas maioritariamente constituídas por jovens, tentam tocar a sua música onde podem, de forma a fugir às autoridades. As caves insonorizadas, os tectos dos edifícios e até estábulos, são planetas à parte, onde os músicos de Teerão debitam os seus sons e poesias. Efectivamente, e principalmente da segunda metade do século XX em diante, a música esteve sempre presente nas grandes lutas pela liberdade e nas revoluções culturais, onde estavam em causa modos de vida e a percepção do mundo até determinada época. Aqui temos mais um exemplo, netre muitos.

Nader pelas ruas de Teerão

“Nader, pelas ruas de Teerão”

Mensagem ideológica à parte, “No One Knows(...)” oferece-nos uma visão da cena musical de Teerão assaz interessante, onde são focados praticamente todos os estilos musicais, desde o Heavy Metal até ao Rap, passando pelo Rock, Pop, a denominada “World Music” e até a cena House. O realismo aqui também se encontra imensamente impregnado, pois muitas das bandas, apesar de possuírem músicos de boa qualidade, vivem (atendendo às circunstâncias), na fase de “garagem”. No focar de cada banda em concreto, residem os momentos mais interessantes desta película, porquanto cada um dos agrupamentos exibe uma das suas músicas, ao mesmo tempo que temos como pano de fundo momentos do quotidiano de Teerão sendo que alguns, em abono da verdade, não são nada agradáveis.

Premiado em muitos festivais, incluindo a grande honra do “certain regard” de Cannes, “No One Knows (...) é um filme interessante e terrivelmente bem intencionado, com uma forte componente social e até política. No entanto, e tentando ser o mais objectivo possível, é de admitir que os elogios são exagerados e provavelmente as pessoas embrenharam-se mais na sua mensagem e na luta contra a opressão do que propriamente no valor cinematográfico. O epílogo, que sabe mesmo a pouco, é um claro exemplo desta ideia. Mesmo assim, e na globalidade, é uma película a seguir.

A força de uma guitarra

“A força de uma guitarra”

imdb 7.4 em 10 (1.435 votos) em 2 de Novembro de 2010

Avaliação:

Entretenimento – 8

Interpretação – 7

Argumento – 7

Banda-sonora – 9

Guarda-roupa e adereços – 7

Emotividade – 8

Mérito artístico – 8

Gosto pessoal do “M.A.M.” – 7

Classificação final: 7,88