"MY ASIAN MOVIES"マイアジアンムービース - UM BLOGUE MADEIRENSE DEDICADO AO CINEMA ASIÁTICO E AFINS!!!

domingo, novembro 30, 2008

Realizador Asiático Preferido - Votação

Apresento-vos mais um realizador asiático, sujeito ao vosso escrutínio no quadro de votações mais abaixo à direita. Não custa relembrar que podem escolher mais do que uma opção, antes de clicarem e submeterem o(s) vosso(s) voto(s). Igualmente podem sugerir outros nomes para serem postos a votação.
Toshio Matsumoto

Informação

Filmografia enquanto realizador (caso exista alguma crítica, o título estará assinalado a cor vermelha. Para aceder ao texto , basta clicar):

  1. Bicycle in Dream (1955)
  2. The Weavers of Nishijin (1962)
  3. The Song of Stone (1963)
  4. Mothers (1967)
  5. For My Crushed Right Eye (1969)
  6. Ecstacis (1969)
  7. Funeral Procession of Roses (1969)
  8. Demons (1971)
  9. Metastasis (1971)
  10. Kakuchou (1972)
  11. Mona Lisa (1973)
  12. War of the 16 Year Olds (1973)
  13. Andy Warhol: Fukufukusei (1974)
  14. Everything Visible Is Empty (1975)
  15. Atman (1975)
  16. Nazo (1978)
  17. White Hole (1979)
  18. Ki=Breathing (1980)
  19. Connection (1981)
  20. Shift (1982)
  21. Relation (1982)
  22. Sway: Yuragi (1985)
  23. Engram (1987)
  24. Dogura magura (1988)


sábado, novembro 29, 2008

Top da Empire - "As 100 melhores personagens de filmes"

A Empire lançou uma lista que visava eleger as 100 melhores personagens que constaram em filmes. Quando se embarca numa viagem complicada como elaborar uma lista deste género, obviamente que haverá sempre discordâncias, pela simples razão de termos todos opiniões diferentes, mesmo na semelhança. Mesmo assim, fico negativamente impressionado pelo facto da citada publicação ter colocado apenas uma (!!!) personalidade de um filme asiático, a saber, "Tequila", o herói de "Hard Boiled", um dos "heroic bloodshed" de John Woo e corporizado pelo actor Chow Yun Fat. Trata-se sem dúvida da ditadura de Hollywood, a impôr-se sem apelo nem agravo...
Quem quiser consultar o top, poderá fazê-lo AQUI.

quinta-feira, novembro 27, 2008

Realizador Asiático Preferido - Votação

Apresento-vos mais um realizador asiático, sujeito ao vosso escrutínio no quadro de votações mais abaixo à direita. Não custa relembrar que podem escolher mais do que uma opção, antes de clicarem e submeterem o(s) vosso(s) voto(s). Igualmente podem sugerir outros nomes para serem postos a votação.
Shuji Terayama

Informação

Filmografia enquanto realizadores (caso exista alguma crítica, o título estará assinalado a cor vermelha. Para aceder ao texto , basta clicar):

  1. The Cage (1964)
  2. Emperor Tomato Ketchup (1971)
  3. The War of Jen-Ken-Pon (1971)
  4. Throw Away You Books, Rally in the Streets (1971)
  5. Young Person's Guide to Cinema (1974)
  6. Pastoral: To Die in the Country (1974)
  7. Hoso-tan (1975)
  8. Labyrinth Tale (1975)
  9. Les Chants de Maldoror (1977)
  10. The Eraser (1977)
  11. The Boxer (1977)
  12. Private Collections (1979)
  13. Les Fruits de la Passion (1981)
  14. Video Letter (1983)
  15. Grass Labyrinth (1983)
  16. Farewell to the Ark (1984)


quarta-feira, novembro 26, 2008

Heróis de Shaolin/Hand of Death Aka Countdown to Kung Fu/Shao Lin Men - 少林 (1976)

Origem: Hong Kong

Duração: 93 minutos

Realizador: John Woo

Com: Dorian Tan, James Tien, Jackie Chan, Sammo Hung, Yeung Wai, Gam Kei Chu, John Woo, Ko Keung, Polly Shang, Chu Ching, Wilson Tong, Yuen Wah

"Yun Fei"

Sinopse

O templo de Shaolin é destruído por forças lideradas por um antigo pupilo dos monges chamado “Shih Xiao Feng” (James Tien), que agora se encontra ao serviço dos invasores manchus. Anos depois de este trágico evento, os sobreviventes, sedentos de recuperar a honra ferida, enviam “Yun Fei” (Dorian Tan) em ordem a que este se vingue do infame “Shih”.

"Tan Feng"

Na sua demanda, “Yun Fei” apercebe-se do terror que “Shih” provoca na população, assim como a dificuldade em eliminá-lo devido ao seu grande domínio das artes marciais. No caminho, trava conhecimento com “Tan Feng” (Jackie Chan), um camponês que se mostra reticente em se juntar à aventura, embora simpatize com a causa de Shaolin. A passividade de “Tan Feng” altera-se quando salva “Yun Fei” depois de este ser capturado e torturado por “Shih”.

Os dois amigos, conjuntamente com um misterioso espadachim conhecido apenas por “Viajante” (Yeung Wai) e o intelectual rebelde “Zhang Yi” (John Woo, que também é o realizador), preparam-se para uma luta mortal com “Shih”, o seu oficial de confiança “Tu Ching” (Sammo Hung) e os restantes apaniguados.

"O vilão Shih Xiao Feng"

"Review"

No início da sua carreira e antes de John Woo ter ficado celebrizado com os seus “heroic bloodshed”, como “A Better Tomorrow”, The Killer”, “Bullet in the Head”, “Hard Boiled” e afins, o realizador dedicou-se ao cinema de artes marciais. O expoente máximo desta sua fase, pelo menos a nível de consagração, terá sido provavelmente a película “Last Hurrah for Chivalry”. “Hand of Death” é um dos filmes que Woo realizou nesta período, e cuja edição portuguesa recebeu o título de “Heróis de Shaolin”, ostentando Jackie Chan na capa em pose de luta, e pondo em destaque não apenas o nome deste actor, mas também os míticos Sammo Hung e Yuen Biao. Desde já convém fazer um alerta que reputo de importante. A maneira como a edição de dvd é apresentada, provavelmente fará pensar que os actores mencionados detêm o protagonismo principal no filme. Ora isto constitui um logro, pois os papéis principais estão atribuídos a Dorian Tan e James Tien, estrelas dos filmes de artes marciais de Hong Kong à altura. Jackie Chan e Sammo Hung têm partes importantes desta longa-metragem, mas secundárias. Ambos agem como “sidekicks” respectivamente de Dorian Tan e James Tien. Quanto a Yuen Biao, ele é apenas um mero figurante, sendo necessário estar com alguma atenção para detectá-lo no ecrã. Foi por essa razão que a capa do filme que escolhi para ilustrar este texto é uma das originais que saiu à altura, tentando repor desta forma a verdade das coisas. Fica o esclarecimento.

“Hand of Death” é um típico filme de artes marciais dos anos '70, em que o kung fu dita as suas leis, mas que não possui a arte nem o brilho de outras obras do género. Com um argumento previsível, mediano, e por vezes inconsequente, as partes mais apelativas ao espectador resumem-se inevitavelmente aos treinos e lutas que pontificam na película, ou não fosse esta uma longa-metragem de artes marciais. Para os fãs do género, e talvez para alguns não assim tão apreciadores, sempre será minimamente interessante observar como “Yun Fei” tenta descobrir o antídoto para a mortífera técnica de “Shih” que ostenta um nome pomposo e típico como o “punho mortal do grou branco”. Observamos o herói fazer evoluir o seu golpe essencial denominado a “garra do tigre”, de forma a poder lutar em igualdade de circunstâncias com o seu arqui-inimigo, embora eu pense, na minha ignorância, que a sua técnica bastante efectiva dos pontapés poderia ter arrumado o assunto com mais facilidade. E pelos vistos não me enganaria muito, pois descobri nas minhas costumeiras deambulações que o actor natural de Taiwan chamado Dorian Tan, tinha como alcunha “Flash Legs”, devido a um desempenho seu numa película com o mesmo nome e em outras que relevavam os seus pontapés. O espectáculo é garantido, não fosse a coreografia da autoria de Sammo Hung, então um jovem com 24 anos, ambicioso por ter provas dadas. Pessoalmente a nível de interpretação, e por uma questão estritamente de gosto pessoal, o actor que mais me impressionou foi Yeung Wai que dá corpo à personagem de “Viajante” (“Zorro”(???) na versão norte-americana). A razão muito simples passa pelo facto de desempenhar com alguma competência a personagem séria e trágica da história, sempre acompanhado do seu fiel sabre que por sua vez está associado a um evento infeliz e marcante.

"Os defensores da causa de Shaolin"

Não sei se o Takeo e Aline, que são bem mais versados no género do que eu, concordam comigo, mas “Hand of Death” está longe de ser um ilustre representante do denominado “kung fu old school”. A película valerá sobretudo pelo facto de observarmos dois dos maiores expoentes do cinema de artes marciais (Jackie Chan e Sammo Hung, porque aqui Yuen Biao nem conta) a trilharem aos poucos o caminho para a glória. Para além deste factor, salva-se um ou outro momento interessante, principalmente nas lutas, e pouco mais. Com certeza que se forem aficionados no cinema de artes marciais, poderão ter algum proveito. Os restantes não ficarão com a sua cultura cinematográfica mais pobre se passarem ao lado deste filme.

"Yun Fei Vs. Shih"

Trailer

The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 7

Argumento - 6

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 7

Mérito artístico - 7

Gosto pessoal do "M.A.M." - 6

Classificação final: 7





terça-feira, novembro 25, 2008

Beldades do Cinema Asiático - Lee Ki-yong




Todos os dias agradeço a Deus por, na sua infinita sapiência, ter dado "corpo" a belezas da natureza...


sábado, novembro 22, 2008

Realizador Asiático Preferido - Votação

Apresento-vos mais um realizador asiático, sujeito ao vosso escrutínio no quadro de votações mais abaixo à direita. Não custa relembrar que podem escolher mais do que uma opção, antes de clicarem e submeterem o(s) vosso(s) voto(s). Igualmente podem sugerir outros nomes para serem postos a votação.
Kôji Wakamatsu

Informação

Filmografia enquanto realizadores (caso exista alguma crítica, o título estará assinalado a cor vermelha. Para aceder ao texto , basta clicar):

  1. Oiroke sakusen (1963)
  2. Hageshii onnatachi (1963)
  3. Amai wana (1963)
  4. Shiroi hada no dasshutsu (1964)
  5. Kawaita hada (1964)
  6. Resume of Love Affairs (1964)
  7. Hadaka no kage (1964)
  8. Gyakujo (1964)
  9. Furin no tsugunai (1964)
  10. Ami no aka no onna (1964)
  11. Aku no modae (1964)
  12. Akai hanko (1964)
  13. Mesuinu no kake (1964)
  14. Yuganda kankei (1965)
  15. Yokubo no chi ga shitataru (1965)
  16. Taiyo no heso (1965)
  17. Rikonya kagyo (1965)
  18. Namari no bohyo (1965)
  19. Botoku no wana (1965)
  20. Ai no design (1965)
  21. Affairs Within Walls (1965)
  22. Hikisakareta joji (1966)
  23. Akamaru: The Dark, Wild Yearning (1966)
  24. The Embryo Hunts in Secret (1966)
  25. The Love Robots (1966)
  26. Diary Story of a Japanese Rapist (1967)
  27. Seihanzai (1967)
  28. Ranko (1967)
  29. Nihon boko ankokushi ijosha no chi (1967)
  30. Ami no nakano boko (1967)
  31. Black Narcissus of Lust (1967)
  32. Violated Angels (1967)
  33. A Certain Adultery (1967)
  34. Nikutai no yokkyu (1968)
  35. A Womb to Let (1968)
  36. Fukushûki (1968)
  37. Go, Go Second Time Virgin (1969)
  38. Naked Bullet (1969)
  39. Niku no hyoteki: tobo (1969)
  40. Kongaijoji (1969)
  41. Violent Virgin (1969)
  42. Gendai sei hanzai zekkyo hen: riyu naki boko (1969)
  43. Gendai sei hanzai ankokuhen: aru torima no kokuhaku (1969)
  44. Gendai kosyokuden: teroru no kisetsu (1969)
  45. Seiyûgi (1969)
  46. The Concubines (1969)
  47. Running in Madness, Dying in Love (1969)
  48. Shinjuku mad (1970)
  49. Sex Jack (1970)
  50. Segura magura: shinitai onna (1970)
  51. Nippon boko ankokushi: onju (1970)
  52. Mahiru no boko-geki (1970)
  53. Ai no technique: kamasutra (1970)
  54. Watashi wa nureteiru (1971)
  55. The Red Army/PFLP: Declaration of World War (1971)
  56. Hika (1971)
  57. Sei kazoku (1971)
  58. Sei to ai no joken (1972)
  59. Maruhi joshikosei: kokotsu no arbeit (1972)
  60. Black Beast of Lust (1972)
  61. Gendai Nippon boko ankokushi (1972)
  62. Seibo Kannon daibosatsu (1977)
  63. Nippon gokinsei: nyonin baibai (1977)
  64. Jokei gokinsei hyakunen (1977)
  65. Violent Torture (1978)
  66. 13-nin renzoku bôkôma (1978)
  67. Zannin renzoku gokanna (1979)
  68. Gendai sei hanzai: zenin satsugai (1979)
  69. Gendai sei hanzai: boko kankin ejiki (1979)
  70. Ejiki (1979)
  71. Seishojo gomon (1980)
  72. Misshitsu renzoku boko (1981)
  73. A Pool Without Water (1982)
  74. Sukurappu: aru ai no monogatari (1984)
  75. Matsui Kazuyo no shogeki (1986)
  76. Kiss yori kantan (1989)
  77. Pantsu no ana: mukesode mukenai ichige tachi (1990)
  78. Ware ni utsu yoi ari (1990)
  79. Kiss yori kantan 2: hyoryuhen (1991)
  80. Netorare Sosuke (1992)
  81. Erotic Liaisons (1992)
  82. Singapore Sling (1993)
  83. Endless Waltz (1995)
  84. Asu naki machikado (1997)
  85. Perfect Education 6 (2004)
  86. Cycling Chronicles: Landscapes the Boy Saw (2004)
  87. The Red Army (2007)

quinta-feira, novembro 20, 2008

As Tears Go By/Wong gok ka moon - 旺角卡 (1988)

Origem: Hong Kong

Duração: 98 minutos

Realizador: Wong Kar Wai

Com: Andy Lau, Maggie Cheung, Jacky Cheung, Alex Man, Ronald Wong, William Chang, Kau Lam

"Wah"

Sinopse

“Wah” (Andy Lau) é um “gangster” de Hong Kong, cuja vida já correu melhor. A sua namorada fez um aborto sem ele saber, conduzindo desta forma ao fim de uma relação de seis anos. Acresce o facto do seu extemporâneo amigo “Fly” (Jacky Cheung) estar sempre a arranjar problemas, tendo “Wah” invariavelmente que resgatá-lo dos sarilhos em que se mete.

A vida de “Wah” sofre um abalo positivo quando “Ngor” (Maggie Cheung), uma prima que desconhece proveniente da ilha de Lantau, necessita de passar uns dias em Hong Kong, de forma a consultar um médico devido a uma doença pneumológica. Um romance desencadeia-se entre os dois e após “Ngor” retornar a Lantau, “Wah” decide perseguir a sua paixão e deixar os seus dias de criminoso para trás.

"Ngor"

Contudo, “Fly” farto de ser um “zé-ninguém” dentro da tríade, desencadeia um perigoso conflito com “Tony” (Alex Man) para além de aceitar um perigoso trabalho que parece estar votado ao fracasso. “Wah”, em nome da grande amizade que nutre por “Fly”, não tem escolha senão retornar a Kowloon e tentar salvar o jovem irreflectido. À partida de Lantau, “Wah” assegura a “Ngor” que retornará. No entanto, tal parece ser uma promessa difícil de cumprir.

"Fly"

"Review"

“As Tears Go By” foi a película de estreia do conhecedíssimo realizador Wong Kar Wai, e passados 20 anos continua a ser o seu sucesso comercial com maior relevância em Hong Kong, segundo rezam as estatísticas. A razão talvez passe por ser a longa-metragem mais acessível e menos esotérica do realizador, pelo menos das que eu tive a oportunidade de visionar. Como faltam pouquíssimos filmes (a nível das fitas de longa duração) deste autor para que eu possa deter um conhecimento quase total da sua obra, julgo que não andarei muito longe da verdade. Quase certo é que para a maior parte dos fãs de Wong Kar Wai é um filme primário, em nada se comparando com os trabalhos posteriores; para o apreciador não tão familiarizado com os trabalhos deste autor, “As Tears Go By” constituirá uma película apelativa que deslumbrará em vários momentos. Cabe-me a mim agora tomar uma posição por mais humilde ou superficial que seja.

Apesar de “As Tears Go By” ser marcado por vezes por alguma ingenuidade, são visíveis as marcas distintivas mais técnicas que iriam enformar o cinema de Kar Wai no futuro, e que muitos de nós conhecemos e apreciamos. É reconhecido que subjaz a esta obra alguns traços comuns do cinema de Hong Kong – versão anos 80, mormente na sua vertente de filme de tríade, a que está inerente a correlativa violência. Mas à semelhança de seis anos mais tarde, Kar Wai com “Ashes of Time”, ter dado corpo a um wuxia que se afastou bastante do protótipo do género, com “As Tears Go By”, as características do filme de acção acabam por ser algo secundarizadas perante a exploração de sentimentos e motivações pessoais dos intervenientes. Para além do mais, já se vislumbram os pormenores estéticos deliciosos, assim como uma preocupação com o detalhe e com a ambiência urbana. O realizador é um poeta estético, e aqui já nos é dado a a oferecer passagens emblemáticas a nível de imagem tal como aquela que nos é facultada no início do filme onde o bulício de Hong Kong e a sua forte carga de néon é explanada através do reflexo num conjunto de ecrãs de televisão. A mesma cena viria, sintomaticamente, a repetir-se num período posterior da película. A fotografia aqui ainda não estava a cargo do fantástico Christopher Doyle, companheiro de futuras andanças de Kar Wai. Neste prelúdio da sua carreira, o realizador socorrer-se-ia de outro colega de profissão, o conhecido Andrew Lau que muitos anos mais tarde seria co-autor de “Infiltrados”. Está lá também o costumeiro “slow motion” e o “slow pace”, que Kar Wai tanto celebra e que visa de algum modo potenciar melhor a sua mensagem e possibilitar a apreensão máxima do seu estilo visual, criativo e introspectivo.

"Beijo"

Sendo eu um fã de cinema algo permeável ao romance e ao tema da redenção falhada, com a subsequente exploração das suas diversas facetas, ver um filme de Kar Wai significará à partida um exercício significativo de prazer e reflexão. Em “As Tears Go By”, não haverá lugar para desilusões neste campo, nem que seja pelo facto de ser exposto um dos beijos mais românticos de sempre e que por esse mesmo motivo é capa de quase todas as edições e cartazes do filme. Os protagonistas são um dos duos emblemáticos da história do cinema asiático, os então jovens Andy Lau e Maggie Cheung, embora se reconheça que as futuras parelhas Leslie Cheung/Maggie Cheung, ou Tony Leung Chiu Wai/Maggie Cheung (sempre a Maggie!!!) tenham uma envolvência porventura superior. Retornando à estonteante cena, a mesma é acompanhada sonoramente por uma não tão boa (mas não sei porquê, assenta às mil maravilhas na sequência toda) versão de “cantopop” de “Take My Breath Away”, a música dos Berlin, que seria popularizada por “Top Gun” do realizador Tony Scott, onde despontaram Tom Cruise, Kelly McGillis e Val Kilmer. Sendo um filme de Kar Wai, mesmo que no início da carreira, possui um cunho sentimental bastante próprio, discreto do ponto de vista mais físico (com a excepção do afamado beijo e uma ou outra cena dispersa) mas nem por isso menos revelador da pujança apaixonada dos intervenientes. Somos perfeitamente capazes de sentir todo o manancial de emoções transmitidas pelo casal Lau/Cheung, que nos proporcionam momentos de actuação significativos e que demonstram a sua qualidade quase intrínseca como bons actores. O tempo daria razão à qualidade dos intérpretes, que quer se goste, quer se critique negativamente, anos mais tarde tornar-se-iam em dois “monstros” sagrados do panorama de Hong Kong, e porque não assumi-lo, internacional.

Sendo muitas vezes associado a “Mean Streets” (em Portugal recebeu o título de “Os Cavaleiros do Asfalto”), de Martin Scorsese, e apontado como uma inspiração primordial para esta obra de Wong Kar Wai, “As Tears Go By” é um filme que possui méritos inolvidáveis e, como referi acima, já demonstrava um pouco do que seria o cunho do realizador no futuro. É certo que em algumas alturas não consegue fugir a alguns “clichés” e estereótipos próprios do cinema de Hong Kong de então, não se podendo comparar na parte mais pro-activa às obras de John Woo. Não se nega igualmente que porventura estará longe de ser das longas-metragens mais bem executadas do realizador. Mas igualmente se costuma dizer que na “meninice” e no começo de uma vida, de uma história ou de uma carreira, é que se encontra a virtude e esta manifesta-se na inocência e nos primeiros passos, ainda que inseguros. “As Tears Go By” é a expressão inicial de amor pelo cinema manifestada por Wong Kar Wai, e como qualquer primeira paixão, existem sempre características únicas e marcas que ficam.É uma película para os menos exigentes e que cedem perante as primeiras impressões, mas igualmente para os apaixonados. E uma coisa é certa. Para além daquele beijo portentoso, que transpira fulgor e sentimento por todos os poros, é impossível esquecer a expressão de Andy Lau num epílogo convulsivo e lancinante. São estes pormenores que marcam qualquer cinéfilo que se preze como tal, ou simplesmente um amante da beleza.

A não perder!

"A vingança de Wah"

Trailer

The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português:

  1. Contracampo

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 8

Argumento - 7

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 7

Emotividade - 10

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8,13





terça-feira, novembro 18, 2008

Beldades do Cinema Asiático - Nanako Matsushima




Um estilo simples, mas sempre extremamente apreciado por estas bandas :) ! Mais informações AQUI






sábado, novembro 15, 2008

Realizador Asiático Preferido - Votação

Apresento-vos mais um realizador asiático, sujeito ao vosso escrutínio no quadro de votações mais abaixo à direita. Não custa relembrar que podem escolher mais do que uma opção, antes de clicarem e submeterem o(s) vosso(s) voto(s). Igualmente podem sugerir outros nomes para serem postos a votação.
Johnny To
Filmografia enquanto realizadores (caso exista alguma crítica, o título estará assinalado a cor vermelha. Para aceder ao texto , basta clicar):
  1. The Enigmatic Case (1980)
  2. Happy Ghost III (1986)
  3. Seven Years Itch (1987)
  4. The Eighth Happiness (1988)
  5. The Big Heat (1988)
  6. The Fun, the Luck & the Tycoon (1989)
  7. Iron Butterfly, Part 2: See No Daylight (1989)
  8. All About Ah Long (1989)
  9. The Story of My Son (1990)
  10. The Royal Scoundrel (1991)
  11. Justice, My Foot! (1992)
  12. Lucky Encounter (1992)
  13. Casino Raiders II (1993)
  14. The Bare-Footed Kid (1993)
  15. The Heroic Trio (1993)
  16. Mad Monk (1993)
  17. Executioners (1993)
  18. Loving You (1995)
  19. A Moment of Romance III (1997)
  20. Lifeline (1997)
  21. A Hero Never Dies (1998)
  22. Where a Good Man Goes (1999)
  23. Running Out of Time (1999)
  24. The Mission (1999)
  25. Help!!! (2000)
  26. Needing You...(2000)
  27. Wu yen (2001)
  28. Love on a Diet (2001)
  29. Fulltime Killer (2001)
  30. Running Out of Time 2 (2001)
  31. Fat Choi Spirit (2002)
  32. My Left Eye Sees Ghosts (2002)
  33. Love for All Seasons (2003)
  34. PTU - Police Tactical Unit (2003)
  35. Turn Left, Turn Right (2003)
  36. Running on Karma (2003)
  37. Breaking News (2004)
  38. Throw Down (2004)
  39. Yesterday Once More (2004)
  40. Election (2005)
  41. Election 2 (2006)
  42. Exiled (2006)
  43. Triangle (2007)
  44. Mad Detective (2007)
  45. Linger (2008)
  46. Sparrow (2008)

quarta-feira, novembro 12, 2008

Tempestade Púrpura/Purple Storm/Zi yu feng bao - 紫雨風暴 (1999)
Origem: Hong Kong
Duração: 100 minutos
Realizador: Teddy Chan
Com: Daniel Wu, Kam Kwok Leung, Emil Chow, Joan Chen, Josie Ho, Patrick Tam, Theresa Lee, Michael Tong, Moses Chan, Alan Moo, Cordelia Choy, Mike Cassey, Liu Xu Hao, Tony Trimble, Brian Banowetz
"Todd Nguyen"

Sinopse

“Soong” (Kam Kwok Leung) é um conhecido terrorista pertencente aos Khmers Vermelhos. Inconformado com a queda e morte do seu líder Pol Pot, chefia um grupo cujo objectivo é restaurar o regime no Camboja, e que ao longo dos anos, tem sido responsável por inúmeros atentados um pouco por todo o mundo. Em 1998, uma oportunidade de ouro surge com a aquisição de um produto químico que espalhado na atmosfera, provocará uma precipitação que matará milhões de pessoas no sudeste asiático, dando a hipótese do ressurgimento de uma nova era para os Khmers Vermelhos na sua terra-natal. A base para lançar o ataque será Hong Kong.

"Todd frente-a-frente com o pai, o terrorista Soong"

Após um violento tiroteio, “Todd Nguyen” (Daniel Wu), o filho de “Soong”, fica amnésico e é capturado pela brigada anti-terrorista liderada pelo inspector “Ma Li” (Emil Chow). Vendo aqui uma oportunidade para ter um agente infiltrado, e ajudado pela psiquiatra “Shirley Kwan” (Joan Chen), “Ma Li” convence “Todd” a ajudar a polícia na frustração do atentado e na captura de “Soong”.

Convencido que é um agente anti-terrorista, “Todd” aceita fazer parte do plano. Acontece que aos poucos, a memória começa a retornar e o jovem ver-se-á na contingência de ter de optar entre os seus antigos companheiros Khmers e a possibilidade de fazer o que é certo e começar uma nova vida.

"Soong e Guan Ai em acção"

"Review"

Com um orçamento na ordem dos 4 milhões de dólares, e claramente encomendado para um mercado internacional, “Tempestade Púrpura” foi um profuso vencedor nos “Golden Horse Awards” - edição de 1999, e nos “Hong Kong Film Awards” de 2000, tendo inclusive recebido o patrocínio da Disney (imagine-se!!!) para uma edição no ocidente.

“Tempestade Púrpura” é um filme de acção, mas a sua amplitude vai um pouco mais além do que um conceito que à partida pode parecer redutor. Foca-se essencialmente na história de um jovem que viveu uma vida influenciado pelo pai, em busca de um ideal nefasto, mas a quem é dada uma nova oportunidade de vida para se redimir. Aliás, a acção embora bastante presente na película, peca por vezes por alguma falta de realismo e um ou outro efeito especial de trazer por casa. Contudo, é garantido que existirão momentos de tirar a respiração, com encadeamentos bem conseguidos. Levando esta premissa em linha de consideração, é necessário ter presente que é claramente o explanar da história de “Todd” a marcar pontos significantes, e constitui a principal razão para o visionamento deste filme. Teddy Chan concebe com competência a filmagem da história de um homem com as lealdades divididas, em que apesar de não restarem muitas dúvidas (do ponto de vista ético) acerca do lado que “Todd” deve de escolher, sempre existirão razões de monta para ficarmos a nos questionar o que faríamos se estivéssemos naquela situação em concreto. Um pai, uma esposa, uma ideologia com a qual crescemos...não é fácil pôr para trás das costas todos estes factores e esta longa-metragem aposta muito na tomada de posição do espectador.

"Todd é analisado pela psiquiatra Shirley Kwan"

A película não se desliga dos aspectos históricos, e através de simplísticas analepses, exteriorizadas quase sempre pelos olhos de “Todd” enquanto criança, podemos observar um pouco o que era o terror do regime Khmer de Pol Pot, consubstanciado numa “democracia” com uma componente de colectivização agrária bastante forte. “Todd” cresce no meio de uma sociedade com um cunho ideológico bastante premente e sob a violência de um regime atroz e sanguinário, explanado em actos desumanos, nos quais é bastante ilustrativa a cena em que “Soong” assassina uns monges budistas que oravam pela paz nos campos cambojanos. Fazendo um aparte cinematográfico que reputo de importante, é minha convicção que nunca nenhum filme abordou a situação do Camboja com tanto sentimento e ao mesmo tempo realismo, como “The Killing Fields”, a poderosa obra de Roland Joffé. Fica aqui a sugestão!

Outro dos pontos positivos em “Tempestade Púrpura” passará pela competente interpretação de Daniel Wu, um actor que desconfiei bastante a princípio devido à faceta de “menino bonito”, mas que após o visionamento de alguns filmes tais como “Beijing Rocks” ou “One Nite in Mongkok”, conseguiu convencer-me das suas capacidades representativas. O restante elenco acompanha-o bem, com Kam Kwok Leung a desempenhar um vilão credível, Emil Chow o típico polícia esforçado, a estrela Joan Chen, que após um longo êxodo em Hollywood, desempenha uma papel mediano mas convincente. Acima de tudo, quem brilha mais ao lado de Daniel Wu, é Josie Ho no papel da terrorista cambojana “Guan Ai”, que se assume como a figura trágica do filme e verdadeiramente tem o condão de fazer com que odiemos os Khmers Vermelhos e as suas “lavagens cerebrais” com todas as forças do mundo. Permitam-me o aparte, mas pessoalmente não morro mesmo nada de amores pelos seguidores de Pol Pot, tanto a nível ideológico, como ainda mais pela sua “genocida” forma de actuação.

Com uma banda-sonora envolvente e marcante, “Tempestade Púrpura” é uma boa proposta da cinematografia de Hong Kong, embora um pouco pretenciosa. Apesar de ser um típico “blockbuster” asiático, possui uma válida faceta de “thriller” político, tem acção e efeitos especiais a rodos que satisfará o fã menos exigente a nível de valia técnica e um espectro psico-sociológico que não deixará o espectador defraudado. Acima de tudo o seu ponto forte estará centrado na interessante exploração da personagem interpretada por Daniel Wu, e pelo eterno dilema da escolha entre fazer o que é correcto, mesmo prescindindo do que é mais significativo para nós.

A ver!

"A polícia observa um atentado do grupo dos Khmers Vermelhos"

Trailer

The Internet Movie Database (IMDb) link

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 8

Argumento - 7

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 7

Gosto pessoal do "M.A.M" - 7

Classificação final: 7,63





terça-feira, novembro 11, 2008

Beldades do Cinema Asiático - Athena Chu





Mais informações acerca desta beldade de Hong Kong AQUI.
Este "post" é especialmente dedicado a Takeo Maruyama, do "Asian Fury". Ele sabe porquê :) !



domingo, novembro 09, 2008

Realizador Asiático Preferido - Votação

Apresento-vos mais um realizador asiático, sujeito ao vosso escrutínio no quadro de votações mais abaixo à direita. Não custa relembrar que podem escolher mais do que uma opção, antes de clicarem e submeterem o(s) vosso(s) voto(s). Igualmente podem sugerir outros nomes para serem postos a votação.
Hideo Gosha

Informação

Filmografia enquanto realizadores (caso exista alguma crítica, o título estará assinalado a cor vermelha. Para aceder ao texto , basta clicar):

  1. Three Outlaw Samurai (1964)
  2. Sword of the Beast (1965)
  3. Cash Calls Hell (1966)
  4. The Secret of the Urn (1966)
  5. Samurai Wolf I (1966)
  6. Samurai Wolf (1967)
  7. Official Gold (1969)
  8. Tenchu! (1969)
  9. The Wolves (1971)
  10. Violent Streets (1974)
  11. Bandit Vs. Samurai Squad (1978)
  12. Hunter in Darkness (1979)
  13. Onimasa (1982)
  14. The Geisha (1983)
  15. Fireflies in the North (1984)
  16. Oar (1985)
  17. Tracked (1985)
  18. Death Shadow (1986)
  19. The Yakuza Wives (1986)
  20. Tokyo Bordello (1987)
  21. Carmen 1945 (1988)
  22. Four Days of Snow and Blood (1989)
  23. Kagerô - Heat Wave (1991)
  24. The Oil-Hell Murder (1992)


quinta-feira, novembro 06, 2008

I'm a Cyborg But That's Ok/Saibogujiman kwenchana - 싸이보그지만 괜찮아 (2006)

Origem: Coreia do Sul

Duração: 105 minutos

Realizador: Park Chan-wook

Com: Lim Su-jeong, Jeong Ji-hun Aka Rain, Choi Hie-jin, Kim Byeong-ok, Lee Yong-nyeo, Oh Dal-su, Yu Ho-jeong


"Young-goon"

Sinopse

“Young-goon” (Lim Su-jeong) é uma jovem rapariga que trabalha numa fábrica de componentes electrónicos. Pensando que é um ciborgue de guerra que necessita de uma recarga, corta os pulsos e liga-se à corrente, dando a aparência que tentou cometer suicídio. Por esse motivo, é internada num sanatório.


"Park Il-sum"

Na instituição de saúde mental, “Young-goon” relaciona-se quase exclusivamente com objectos mecânicos, falando com máquinas de café e sumos, e relógios de pêndulo. Igualmente deixa bem claro que não ingerirá nenhum tipo de comida convencional, pois um ciborgue não pode ingerir este tipo de alimentos, sob pena de danificar os circuitos. Em vez disso, “Young-goon” insiste em tentar provar bocados de metal e pilhas.

A vida de “Young-goon” altera-se por completo quando começa a relacionar-se com outro paciente do manicómio chamado “Park Il-sum”, um cleptomaníaco que afirma conseguir roubar a essência das pessoas, quer se consubstanciem em qualidades, quer em defeitos. O rapaz, à sua maneira pouco convencional tenta ajudar “Young-goom” nos seus problemas e uma história de amor incomum começa a nascer.


"O romance nasce onde por vezes menos se espera"

"Review"

Em 2006, após a realização de obras que ficarão para sempre na história do cinema asiático, mormente a aclamada “trilogia da vingança” (“Sympathy for Mr. Vengeance”, “Oldboy” e “Sympathy for Lady Vengeance”), Park Chan-wook viria a trilhar por caminhos que colhem imenso a afeição da cinematografia do seu país, ou seja, o romance. O objecto desta abordagem seria corporizado em “I'm a Cyborg But That's Ok”, uma história de amor que nada de normal tem à primeira vista, mas cuja originalidade não seria suficiente para fabricar um novo sucesso e “frisson”, à semelhança do que sucedeu com as obras acima mencionadas, ou com outro aclamado filme do autor “JSA – Joint Security Area”. Nem mesmo com a presença de um dos ídolos “pop” mais amados pela juventude sul-coreana, o cantor conhecido como Rain. Mesmo assim, a película viria a marcar significativamente a sua presença no festival internacional de cinema de Berlim – edição 2007, ao vencer o prémio “Alfred Bauer”, um troféu que possui o nome do fundador do certame e que se destina a reconhecer uma longa-metragem inovadora na arte cinematográfica.

Recorrendo a uma faceta extremamente surrealista, Park Chan-wook desta vez oferece-nos um filme visualmente muito forte e belo, que recorrentemente me fez lembrar algumas obras de Tim Burton, tais como “Charlie e a Fábrica de Chocolate”. Os tons são vívidos e coloridos, transparecendo uma certa aura que roça a fantasia. Os efeitos especiais são muito bem executados, dos quais se destaca claramente as transformações imaginárias de “Young-goon” para ciborgue, com rajadas de metralhadora a despontarem violentamente pelas pontas dos seus dedos, ou a cena muito bem conseguida de “Park Il-sum” encostado ao corpo de “Young-goon”, onde podemos observar o mecanismo interno imaginário da rapariga, com todas aquelas roldanas e luzes. Lim Su-jeong, que já conhecia de “História de Duas Irmãs”, explana uma performance formidável. O seu ar decadente, vidrado, mas frágil atinge quase os limiares da perfeição. Uma agradável surpresa para mim, foi Jeong Ji-hun, mais conhecido por Rain. Esta figura é, como acima referi, um verdadeiro ícone musical na Coreia do Sul cuja influência já extravasou as fronteiras do seu país, vendendo milhões de discos por toda a Ásia. Todos nós sabemos de alguns infelizes exemplos recentes, principalmente vindos de Hong Kong, de cantores que foram um verdadeiro fiasco quando se aventuraram na sétima arte. O maior exemplo que me ocorre são as “Twins”. Longe vão os tempos dos chamados “Four Heavenly Kings”, o grupo de cantores constituído por Andy Lau, Aaron Kwok, Jacky Cheung e Leon Lai. Ou então do eteno Leslie Cheung. Rain, cuja estreia numa longa-metragem foi precisamente com “I'm a Cyborg But That's Ok”, oferece uma interpretação muito prometedora, a que não será alheia com certeza a direcção de Park Chan-wook. Com este duo, e com os demais actores, tudo consegue fluir naturalmente, apesar da maioria dos intérpretes darem vida a personagens que tudo têm menos de “natural”.

Antes de tudo, e com já referi acima algumas vezes, “I'm a Cyborg But That's Ok” é uma história de amor, na vertente da comédia romântica. Simplesmente o seu “background” não é cor-de-rosa, nem apresenta características demasiado idílicas. Afinal estamos a falar de uma longa-metragem que se passa quase exclusivamente num local que não associamos a nada de positivo, ou seja, um hospital psiquiátrico. Em certos aspectos, e com os devidos considerandos e distâncias (que são vastos), poderá ser tributário de “Voando Sobre Um Ninho de Cucos”, essa fantástica obra do realizador Milos Forman em que Jack Nicholson teve o papel, entre outros, de uma vida. Existem um manancial de doentes mentais, cada um com disfunções muito próprias tais como uma “tirolesa” compulsiva, que está constantemente com os seus “yoyodelele's”, maníacos do ténis-de-mesa, uma paciente que adora inventar contos aparentemente verdadeiros com o intuito de criar falsos mitos, outro que julga que tudo o que de mal acontece é culpa sua, etc..., etc..., etc... Junte-se a este mundo à parte um casal que na loucura se apaixona e auxilia, e temos o cenário criado para um dos romances mais “sui generis” da história. Afinal como é que não poderia dar certo entre uma relação entre uma rapariga que pensa que é um ciborgue mortal e um rapaz que julga poder absorver as características de terceiros com uma simples palmada na mão?! E o que ressalta de toda esta “anormalidade” (sem qualquer sentido pejorativo) é a imensa criatividade com que tudo nos é apresentado, inclusive o desenvolvimento dos sentimentos entre os protagonistas. É verdadeiramente enternecedor observar os esforços nada convencionais de “Il-sum” para auxiliar “Young-goon”, desde tentar convence-la que instalou um dispositivo no seu corpo que transforma a comida ingerida em material que não irá prejudicar os seus componentes, até colocar-se ao seu lado num temporal com um para-raios, à espera que ambos sejam atingidos por um relâmpago. Isto faz com que os sorrisos mantenham-se nas nossas faces, quer seja pelo estigma do “oh, tão querido!”, ou pelo simples prazer de visionar situações de boa comédia.

"I'm a Cyborg..."

“I'm a Cyborg But That's Ok” é um filme que demonstra aspectos bastante originais, e que apesar de ter alguns momentos de comédia negra, acaba por debaixo da pele ser uma história de amor inteligente, embora um tanto ou quanto confusa, porventura de um modo intencional. Tenta demonstrar que mesmo nas situações mais improváveis e incomuns, existe sempre espaço para o sentimento e para a procura de uma razão de existir (mesmo que esta se reconduza a explodir com o mundo todo, após uma descarga de um bilião de “volts”!!!). Trata-se de uma película perspicaz, com momentos assombrosos no bom sentido, mas por vezes com falta de rumo. Demonstra de uma perspectiva fantasista que até mesmo na insanidade é possível ser feliz! O que interessa é acima de tudo que todos se sintam confortáveis com a situação, mesmo numa conjuntura de alienação social. E se um pensa que consegue roubar as almas de outrem, e outro pensa que é um ciborgue destinado a acabar com o mundo, por mim...está tudo ok!

Boa película sem margem para dúvida, mas de Chan-wook esperava algo mais! A conferir!

"A expectativa..."

Trailer

The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 9

Argumento - 8

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 8








quarta-feira, novembro 05, 2008

Festival Internacional de Cinema do Funchal (FIFF) - Edição 2008

É já próxima sexta-feira, dia 7 de Novembro que irá se iniciar mais um festival internacional de cinema do Funchal, louvável iniciativa que já vai na sua 4ª edição e que promete mais um cartaz de eleição. O evento durará até 15 de Novembro, dia em que o festival encerrará numa gala em que será prestada uma merecida homenagem a essa actriz de sempre Claudia Cardinale.
Na parte que me toca e que se reconduz ao conteúdo temático deste blogue, apraz-me registar a presença do cinema asiático, com a inclusão no festival de duas obras desse grande vulto da sétima arte oriental, chamado Hou Hsiao Hsien, que curiosamente e por coincidência foi o realizador que apresentei aqui esta semana, no âmbito da eleição para o realizador asiático preferido dos leitores. Infelizmente, não terei oportunidade de visionar “O Voo do Balão Vermelho”, por imperativos de horário, atendendo a que estarei a trabalhar por altura da exibição. No que toca a “Três Tempos”, a conversa já é outra pois a sessão ocorrerá no fim-de-semana, e só um imperativo de força maior é que me impedirá de visionar o filme que é para muitos, uma das melhores obras que o cinema asiático produziu nos últimos anos (só o facto de Shu Qi constar no elenco é um “quid”). Ter a oportunidade de assistir a longas-metragens directa ou indirectamente ligadas ao cinema oriental numa sala de espectáculos da Madeira é um caso raro, e quando se trata de cinema dito de autor, a possibilidade assume-se verdadeiramente como única.
O Voo do Balão Vermelho (2007)
Sessão: Terça-Feira, dia 11 de Novembro, 15 Horas - Local: Teatro Municipal
Realizador: Hou Hsiao Hsien
Elenco: Juliette Binoche, Simon Iteanu, Fang Song, Hippolyte Girardot, Louise Margolin, Anna Sigalevitch
"Três Tempos" (2005)

Sessão: Sábado, dia 15 de Novembro, 15 Horas - Local: Teatro Municipal

Realizador: Hou Hsiao Hsien

Elenco: Shu Qi, Chang Chen, Mei Fang, Liao Su Jen, Di Mei, Chen Shi Zheng, Hsuan Lee Pei, KoYue Lin

IMDb link

Há que dar ainda uma palavra para o facto de estarem presentes mais duas obras de cinema da Ásia, embora fora do circuito das grandes cinematografias do imenso continente. Falo de “Lonely Tune of Tehran” (Irão), de Saman Salour e “For My Father”, de Dror Zahavi (Israel).

Os meus sinceros parabéns à organização do certame, a cargo da Cooperativa de Cinema Plano XXI, e ao seu dinamizador principal, o director do festival Henrique Teixeira, que tem sido um dos principais responsáveis pelo incremento de uma verdadeira cultura cinematográfica menos “mainstream” aqui na ilha da Madeira. Merecem ainda uma palavra de apreço todas as entidades públicas e privadas que apoiaram a realização do festival, apercebendo-se efectivamente do potencial cultural e económico que estes eventos podem capitalizar. Iniciativas deste jaez só enobrecem quem, com labor e dedicação, tenta inovar e verdadeiramente fazer evoluir as iniciativas da sétima arte numa região ultraperiférica, com as naturais dificuldades daí advenientes. Resta ainda dizer que todas as sessões decorrerão no Teatro Municipal Baltazar Dias, um dos espaços mais nobres da cidade e sede do Departamento de Cultura da Câmara Municipal do Funchal.

Um verdadeiro brilho para os 500 anos da minha amada cidade!

Para aceder ao site oficial do festival, onde consta o programa e toda a informação pertinente, ir AQUI.



terça-feira, novembro 04, 2008

Beldades do Cinema Asiático - Ha Ji-won




Palavras para quê...Mais informação AQUI e AQUI.