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domingo, junho 25, 2006

Ashes of Time/Dung che sai duk (1994)

Origem: Hong Kong

Duração: 99 minutos

Realizador: Wong Kar Wai

Com: Brigitte Lin, Leslie Cheung, Maggie Cheung, Tony Leung Chiu Wai, Jacky Cheung, Tony Leung Ka Fai, Li Bai, Carina Lau, Charlie Yeung

"Hung Chi (Jacky Cheung) luta com um enorme bando de salteadores"

Estória

"Ouyang Feng", também conhecido sob a alcunha de "Malicious West", é um proprietário de uma taberna situada no meio do deserto. Trata-se de um homem morto emocionalmente, devido ao casamento do seu irmão mais velho com a mulher que ama. Vive do seu negócio e da contratação de espadachins necessitados de dinheiro, tendo em vista a perpretação de assassinatos por encomenda.

Estranhas pessoas chegam à taberna, cada qual com a sua estória que normalmente converge para a tragédia pessoal. Podemos acompanhar "Huang Yaoshi", cujo nome de batalha é "Evil East", um dotado homem da espada, cuja atitude cavalheiresca perante o mundo, a vida e o amor, deixaram-lhe um rasto de remorso e recriminação.

"A inesquecível Brigitte Lin no duplo papel de Murong Yin/Murong Yang

"Murong Yang" por seu lado é um jovem em busca de vingança sobre "Evil East", por este ter abandonado a sua irmã "Murong Yin". Esta por sua vez, deseja a morte do irmão, por este andar a tentar matar a sua paixão "Evil East". "Yin" e "Yang" acabam por revelar serem a mesma pessoa, completamente destroçada pela rejeição de "Evil East" e incapaz de encontrar um caminho para a paz interior.

Problemas trágicos são demonstrados por outros elementos da estória, desde o espadachim cego que é contratado para liquidar um bando de salteadores e cujo último desejo antes de falecer é rever o desabrochar das flores de cerejeira (em sentido figurado pois tal serve para designar a esposa) na sua terra-natal, passando pelo assassino de bom coração "Hung Chi" que não gosta de usar sandálias, acabando na jovem e pobre rapariga camponesa que tenta comprar vingança com um cesto de ovos e uma mula.

"O conscencioso espadachim Evil East, interpretado por Tony Leung Ka Fai"

"Review"

Do intrincado conjunto de situações acima relatadas, nasce "Ashes of Time", um "wuxia" nada convencional, mas sem dúvida das maiores obras-primas do género. O aclamado realizador de "Chungking Express" Wong Kar Wai, oferece-nos um épico verdadeiramente filosófico e profundo, onde cada cena revela uma mensagem vivencial impregnada de uma profunda tristeza.

À primeira vista esta película não é de fácil percepção, embora um espectador atento, sensível e interessado acabe por juntar as peças e concluir que está inequivocamente perante um grande feito do cinema. Aconselha-se vivamente um segundo e porventura um terceiro visionamento, atendendo à densidade e complexidade que rodeia o filme.

"Ashes of Time" sai claramente do clássico tipo de longa-metragem "swordplay" típica da época (de que são exemplos "Swordsman II" ou "New Dragon Gate Inn"), para se transformar num vívido drama em que os combates funcionam meramente como acessórios, e que servem quase exclusivamente para complementar a caracterização das personagens.

Aliás as cenas de combate presentes no filme constituem o seu "calcanhar de aquiles", sendo por vezes humanamente impossível para o espectador discernir "quem é quem" e o que está concretamente a fazer. Sammo Hung, o coreógrafo, viria por algumas vezes a expressar o seu desagrado pelo resultado final, assistindo-lhe uma certa razão. No entanto, este aspecto menos bom acaba por ser relegado para segundo plano, e acabamos por nos concentrar na maravilhosa e não forçada narrativa, sendo a mesma igualmente suave e deveras inebriante, à semelhança do movimento das ondas do mar a ondularem numa calma celestial, conforme é demonstrado objectivamente no início da película.

" Malicious West (Leslie Cheung) e a jovem rapariga (Charlie Yeung)"

Esta longa-metragem versa sobretudo sobre as escolhas que fazemos, deixamos de fazer ou simplesmente nos passam ao lado na viagem que é a nossa vida. Opções essas que por vezes nos levam à felicidade, outras à tristeza e num caso extremo à mais insana loucura. Uma simples escolha pode alterar todo o nosso futuro!

Outra mensagem que passa é o papel do tempo na nossa vida, relacionado com as acima aludidas opções vivenciais. O tempo que supostamente cura tudo, aqui é encarado como um aumentar do remorso que sentimos pelas más atitudes que tomámos ao longo do nosso percurso. No fim, o tempo avança sempre, as estações mudam, as pessoas nascem, crescem e morrem, mas as nossas opções permanecem não interessando os longos anos que entretanto passaram.

A banda-sonora faz-me lembrar imensamente a dos "westerns" de Sergio Leone, da autoria do mestre Ennio Morricone. Acompanha muito bem o agonizante martírio das personagens.

É francamente uma enorme pena e uma tremenda injustiça não existir no mercado uma edição em DVD decente à disposição do público. As existentes são de má qualidade, e tornam-se um verdadeiro crime quando estamos perante uma obra desta envergadura. Mesmo assim chegou ao meu conhecimento que a TF1 (abreviatura que serve para denominar a "Television Française") lançou recentemente uma edição sob o título "Les Cendres du Temps", que supostamente é boa. Não opinarei, porque não tenho conhecimento pessoal desta edição.

A ver e a rever com extrema atenção e sobretudo sentir a qualidade e beleza que transpiram em quase todas as cenas!

"Malicious West fita o horizonte em busca de respostas para as suas questões"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português/espanhol:

  1. Cinedie Asia,
  2. Pasmos Filtrados
  3. Batto presenta...
  4. Cine Road

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 10

Argumento - 9

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 7

Emotividade - 9

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 9

Classificação final: 8,50










sábado, junho 17, 2006

Sete Espadas/Seven Swords/Chat gim (2005)

Origem: China

Duração: 145 minutos

Realizador: Tsui Hark

Com: Donnie Yen, Charlie Yeung, Lau Kar Leung, Leon Lai, Duncan Chow, Lu Yi, Tai Li, Sun Hong, Yeon Kim-so, Zhang Jing, Cheng Jia Jia, Chi Kuan Chun, Jason Pai, Michael Wong

"Donnie Yen, no papel de Chu Zhao Nan, acompanhado da espada do dragão"

Estória

No tempo da dinastia Ching, o imperador proclama um édito a proibir terminantemente a prática de artes marciais. Aqueles que teimarem em desobedecer à ordem do soberano, serão punidos com a morte.

Vendo uma oportunidade para prosperar, um oficial militar chamado "Fogo Vento" forma um exército privado de mercenários e deambula pela China a caçar e a matar praticantes de artes marciais, decapitando-os e recebendo uma determinada quantia em dinheiro por cada cabeça.

"A bela coreana que faz suspirar Donnie Yen"

"Fu Qingzhu", um antigo carrasco arrependido do seu anterior modo de vida, tenta travar o mórbido negocio de "Fogo Vento" e dos seus homens.

Para tanto e após algumas peripécias, "Fu" convence um casal de habitantes da "Aldeia Marcial" a acompanharem-no ao "Monte Celestial" por forma a solicitar ajuda a um mestre de armas que aí vive. São bem sucedidos e retornam acompanhados de mais quatro grandes guerreiros. Juntos formam um grupo conhecido como "Sete Espadas", em homenagem à lâmina fantástica que cada um possui.

A batalha pela salvação das artes marciais e do estilo de vida da população vai começar!

"Os devaneios de Fogo Vento"

"Review"

"Sete Espadas" constitui a adaptação cinematográfica de um romance intitulado "Seven Swordsmen of Mountain Tian" de Liang Yu Sheng, e trata-se do mais recente projecto do aclamado Tsui Hark, que embora se trate de um renomado nome do cinema oriental, nunca caiu propriamente nas minhas boas graças enquanto cinéfilo. E ainda menos quando realizou certos filmes como os "Guerreiros da Montanha" ou o desastre "Duplo Impacto"! De qualquer forma, deixei-me levar pela expectativa e "marketing" em torno do filme, ficando de certa forma bem impressionado quando visualizei o "trailer".

Depois de ter assistido ao filme no "Monumental", numa altura em que tive de me deslocar a Lisboa, não fiquei nada impressionado. Depois de um segundo visionamento da película, já em formato DVD, reparei em certos pormenores que até gostei, mas a minha opinião em geral manteve-se. Não passa de um filme banal...

Tsui Hark sempre foi muito conhecido e adorado pelos amantes de acção e o que dizer quanto a este aspecto?

Atendendo a que estamos a falar de um filme com quase duas horas e meia, as cenas movimentadas são muito poucas. Resumem-se praticamente aos dez minutos iniciais, a luta no forte e a parte final do filme. Pelo meio ficamos com uma tentativa de emotividade e de representação que sinceramente não resultou, e que praticamente a única utilidade que tem é fazer com que o espectador boceje e acabe por "passar pelas brasas"... Tsui Hark não é Zhang Yimou, e não nos consegue prender a atenção como aquele realizador!

"A caçadora de cabeças"

Apesar do título do filme ser "Sete Espadas", nunca ficamos com uma clara ideia do total potencial destas armas. É certo que quanto à "espada do dragão" de Donnie Yen ou à "transitória" de Leon Lai, temos uma oportunidade de apreciar a sua efectividade, apoiada claro está pela arte de quem a maneja. Em relação às restantes nada demais!

A própria luta final está a milhas da protagonizada por exemplo por Jet Li e Donnie Yen em "Era Uma Vez na China", a saga que verdadeiramente aprecio de Tsui Hark.

Quanto aos restantes aspectos do filme, não são nada de especial, razão pela qual nem me darei ao trabalho de emitir pronúncia. São dominados pela já aludida banalidade. Quando estamos habituados a "Ferraris" como "O Tigre e o Dragão" ou "Herói", este utilitário chamado "Sete Espadas" afigura-se muito ensosso!

Pelo final do filme, adivinha-se uma sequela. É meu sincero desejo que não seja tão enfadonha!

"Os sete heróis a contemplarem o crepúsculo"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português: C7nema , Play it Again, Cineasia, Cine 7

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 7

Argumento - 7

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 7

Mérito artístico - 7

Gosto pessoal do "M.A.M" - 6

Classificação final: 7



















terça-feira, junho 13, 2006

The Promise aka Master of the Crimson Armour/Wu ji (2005)

Origem: China

Duração: 122 minutos

Realizador: Kaige Chen

Com: Jang Dong-kun, Hiroyuki Sanada, Cecilia Cheung, Nicholas Tse, Ye Liu

"O general Guangming e o escravo Kunlun"

Estória

"The Promise" versa sobre a estória da princesa "Qingcheng". A primeira vez que nos deparamos com esta personagem, ela é uma criança orfã devido a uma guerra e esfomeada que procura alimento entre os corpos mortos de soldados perecidos numa batalha. A jovem capta a atenção da deusa "Manshen", um poderoso ser mítico, que lhe abre as portas do destino, fazendo a seguinte proposta: "Qingcheng" será rica e adorada, mas em contrapartida estará condenada a perder todo aquele por quem se apaixonar.

Atendendo a que uma criança não percebe nada do amor entre um homem e uma mulher, "Qingcheng" aceita logo o proposto por "Manshen".

"A belíssima princesa Qingcheng"

Vinte anos depois, Qingcheng torna-se numa princesa e está noiva do rei. O temível senhor da guerra "Wuhuan" ataca o palácio do soberano, tendo em vista a conquista do trono. Entretanto o poderoso general "Guangming" vê nesta situação uma oportunidade para salvar o rei, derrotar o seu arqui-rival e ficar envolto numa imensa glória. Acontece que "Guangming" no caminho para o palácio real é atacado por um misterioso assassino chamado "Snow Wolf", ficando desta forma incapacitado para levar a cabo os seus desígnios. A única solução que o general encontra é enviar o seu escravo "Kunlun", que possui uma habilidade sobrenatural que passa pela capacidade de correr a uma incrível velocidade e com grande resistência. Em ordem a que todos pensem que é "Guangming" quem está a cometer o acto heróico, "Kunlun" enverga a famosa armadura dourada do general.

As coisas não correm como o esperado, pois "Kunlun" mata acidentalmente o rei, embora salve a princesa. "Guangming" é forçado ao exílio, "Qingcheng" apaixona-se pelo general pensando que foi este que a salvou, e para adensar e complicar ainda mais as coisas "Kunlun" também nutre sentimentos pela princesa. E como se não bastasse, o usurpador "Wuhuan" encontra-se enamorado por "Qingcheng"!

Quem será correspondido e terá a audácia de lutar contra a maldição que a princesa carrega sobre os ombros?

"A poderosa deusa Manshen"

"Review"

"The Promise" foi desde o início uma longa-metragem extremamente ambiciosa! Todos os elementos estavam reunidos para que pudéssemos assistir a uma longa-metragem que de alguma forma pudesse lutar contra a hegemonia consumada de "O Tigre e o Dragão" e "Herói". Senão vejamos:

O realizador era nada mais nada menos que o lendário Kaige Chen, um dos ilustres daquelas paragens e cliente habitual de Cannes. Tinha no seu currículo várias obras de qualidade insuspeita tais como "O Imperador e o Assassino" e "Adeus, Minha Concubina".

Tinha um elenco "galáctico" com super-estrelas provenientes de regiões asiáticas com grandes indústrias de cinema, a saber Jang Dong-kun da Coreia do Sul, Hiroyuki Sanada do Japão e Nicholas Tse e Cecilia Cheung, ambos de Hong Kong.

Um orçamento de 30 milhões de dólares!

Com estes pressupostos todos só poderíamos esperar o melhor, o céu seria o limite!

Resultado = Frustração!

Desde logo ficamos com a sensação que o realizador, porventura não estando habituado a possuir tantos recursos à sua disposição, "não teve unhas para tocar esta guitarra". Mas como não quero acreditar nisso, pois Kaige Chen é uma figura incontornável e merecedora de muito respeito, só me resta crer que houve umas directivas "estranhas" de quem patrocinou o filme. Aqui o que se pretendeu fazer foi um "blockbuster", com perspectivas claramente internacionalistas!

"Qingcheng e Kunlun em desespero"

O recurso ao "CGI" (computer generated images - imagens geradas por computador) foi deveras abusivo, tendo por um lado sido alcançados resultados francamente maravilhosos, de que são exemplo as movimentações da deusa "Manshen" ou a morte do povo de "Kunlun" por flechas incendiárias, e por outro a obtenção de cenas perfeitamente ridículas como aquela de "Kunlun" a ultrapassar uma manada de búfalos.

Adoro filmes asiáticos com um grande pendor romântico, embora reconheça que já se anda a exagerar um pouco na tragédia. No entanto sou capaz de conviver com este aspecto, pois tal proporciona-me sensações que não consigo abdicar de bom grado. Mas aqui usa-se e abusa-se e a certa altura a magia perde-se. Já não damos valor ao platonismo de "Kunlun" e a beleza de Cecilia Cheung, embora seja uma mais valia para a película, não consegue disfarçar tudo!

O guarda-roupa e os adereços em geral são muito belos, embora eu ache que a armadura de "Guangming" e uma das suas armas chamada "bolas de perdição" (nada de rir por favor!) um pouco para o ridículo, e o ceptro de "Wuhuan" uma coisa perfeitamente idiota!

"The Promise" não é um típico filme de "Wuxia". Não esteja o caro leitor à espera de ver um filme do género de "O Segredo dos Punhais Voadores" por exemplo. É um conto de fadas em que as artes marciais têm um papel importante.

A fotografia é belíssima, e o uso das cores fascinante. Constitui com toda a certeza o ponto forte do filme!

E ainda tinha a China a esperança de ganhar um "óscar" com "The Promise". Só podem estar a brincar com certeza! Injustiça foi "Herói" não ter ganho aquele prémio, isso sim!

Em suma, o que dizer desta longa-metragem?

Guarda-roupa e adereços muito bons, embora com algumas "nuances" negativas; alguns efeitos especiais de sonho, outros perfeitamente horríveis e infantis; banda-sonora aceitável; enredo com tudo o que é "cliché" potenciado ao máximo; interpretações "assim-assim"; expectativas directamente proporcionais à desilusão!

"Wuhuan e Guangming lutam perante a apreensão de Kunlun e Qingcheng"

Trailer (11 minutos!), The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 6

Interpretação - 7

Argumento - 7

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 9

Emotividade - 7

Mérito artístico - 7

Gosto pessoal do "M.A.M." - 6

Classificação final: 7



































sábado, junho 10, 2006

Ninja Scroll, o Mercenário/Ninja Scroll/Jubei ninpûchô (1993)

Origem: Japão

Duração: 94 minutos

Realizador: Yoshiaki Kawajiri

Vozes das personagens principais (versão japonesa/americana): Kôichi Yamadera/Bradley Lavelle (Jubei), Toshihiko Seki/Andrew Philpot (Yurimaru), Emi Shinohara/Wendee Lee (Kagero)

"Jubei"

Estória

O japão feudal constitui um tempo de intriga, perigo e traição.

Quando uma povoação inteira é dizimada por uma praga misteriosa, o errante ninja "Jubei" vê-se envolvido numa luta contra o "Xógun das Trevas" e as suas forças malignas que pretendem destronar o governo dos Tokugawa.

Na demanda é auxiliado pela bela e mortal ninja "Kagero", salva por "Jubei" da morte e da violação, e que pretende a vingança pela morte de vários membros do seu clã às mãos de um misterioso inimigo.

"Kagero"

O grande desafio de "Jubei" e "Kagero" passa por enfrentarem os "Oito Demónios de Kimon", um grupo de oito ninjas com poderes sobrenaturais.

"Jubei" tudo fará para que o Japão não entre numa era de terror e morte!

"Um amor fadado à tragédia"

"Review"

"Ninja Scroll" é tudo o que um fã de "animes" que versem sobre artes marciais, num período histórico pode desejar. Tem uma excelente animação (apesar de já terem decorrido 13 anos desde a sua realização), montes de ninjas, um certo volume de sangue, um grande e variado grupo de "vilões", um herói errante e muito humano, e uma rapariga bela fadada a um destino trágico.

Com todos estes componentes, o autor deste escrito tinha obrigatoriamente de gostar bastante do filme!

A acção é francamente boa, com lutas da melhor qualidade. Não se trata de um filme morto, e entretém o espectador ao máximo! O facto do enredo ser simples, mas nada básico, ajuda imenso o aspecto lúdico da película.

A vertente dramática é muito acima da média, embora mantendo-se na simplicidade que norteia os caminhos que o filme percorre. Gostei particularmente da evolução do relacionamento entre "Jubei" e "Kagero", inicialmente revestida de uma certa animosidade, desembocando posteriormente numa ternura mútua enternecedora. É previsível? É, mas sinceramente acho que as coisas boas nunca são demais!

"Um dos demónios de Kimon leva a sua dose"

O título "Ninja Scroll" é enganador e foi o resultado de uma tradução norte americana mal feita e francamente estranha (em Portugal de vez em quando também ocorrem atentados destes). Nem sequer existe um pergaminho pertencente a ninjas no filme! Não percebo claramente a lógica, mas daí, enfim! A tradução mais correcta para português do título original "Jubei ninpûchô" será qualquer coisa semelhante a "A estória do ninja do vento Jubei".

"Ninja Scroll" é um dos melhores filmes de animação que tive o privilégio de visionar. É a prova de que com um bom argumento, imaginação e acima de tudo simplicidade mas sem facilitismos, conseguem-se realizar filmes de grande nível.

Um clássico e um "must see movie"!

"Jubei prepara-se para a vingança"

Outras Críticas em português: Animehaus
Esta crítica encontra-se igualmente disponível "on line" em ClubOtaku
Avaliação:
Entretenimento - 9
Animação - 8
Argumento - 7
Banda-sonora - 7
Emotividade - 9
Mérito artístico - 9
Gosto pessoal do "M.A.M." - 8
Classificação final: 8,14

































quinta-feira, junho 08, 2006

Oldboy-Velho Amigo/Oldboy (2003)

Origem: Coreia do Sul

Duração: 120 minutos

Realizador: Park Chan-wook

Com: Choi Min-sik, Yu Ji-tae, Kang Hye-jeong, Ji Dae-han, Oh Dal-su

"Ou falas e contas tudo o que sabes, ou..."

Considerações pessoais

Quando ocorreu a ideia de criar este "blog" e como ficou atestado no primeiro "post", o conteúdo temático deste espaço versaria sobretudo sobre os "swordplay" asiáticos. Na altura, alertei igualmente que ocasionalmente poderia ser efectuada uma crítica a filmes que não se enquadrassem no género mencionado, mas respeitando sempre a trave-mestra por que se rege o "blog" : tem que ser um filme de origem asiática. Afinal de contas, a designação deste espaço é "My Asian Movies", que significa literalmente "Os meus filmes asiáticos".

Como se pretende que este espaço seja dinãmico e anti-estanque, mais uma página cumpre virar e nada melhor que "Oldboy" para incrementar e iniciar uma variação mais abrangente de conteúdos do "blog".

Feito este parênteses, vamos ao que interessa!

"Dae-su sem contemplações!"

Estória

"Oh Dae-su" é um normal, embora não muito responsável chefe de família, que é raptado no meio da rua e emprisionado num apartamento. Entretanto a sua mulher é assassinada e perde o rasto à sua filha pequenina. O cativeiro dura uns longos 15 anos, em que podemos acompanhar o quotidiano desta personagem no espaço em que está confinado, assim como o aumento progressivo da sua paranóia, situação normal para uma pessoa a quem foi retirada a liberdade e não faz a mínima ideia das razões para tal.

"Dormindo com o inimigo"

Decorido este período, "Dae-su" é finalmente libertado e assume como único objectivo descobrir as motivações que estão por detrás do seu sequestro e consequentemente de vingar-se dos seus misteriosos inimigos. Pelo caminho trava conhecimento com uma jovem rapariga, que o ajuda nasua demanda e com a qual acaba por encetar um relacionamento.

De cena em cena o véu do mistério vai sendo descerrado e a realidade torna-se cruel demais...

"Uiiiiiiiii!"

"Review"

Desde logo devo alertar que "Oldboy" não é um filme destinado a pessoas facilmente impressionáveis ou com uma moral muito rígida. Se consideram-se enquadrados nesta categoria, esqueçam o visionamento da película, pois ela só vos revoltará e provavelmente não conseguirão ver até ao fim. Só a título de exemplo, o actor principal Choi Min-sik, numa cena come um polvo vivo. O animal em questão tem "apenas" o tamanho de um pequeno gato! Acreditem que isto nem é nada comparado com outras imagens e com o próprio enredo. "Oldboy" faz do terrorismo psicológico e do choque uma verdadeira arte!

A fluidez da película é muito boa. O espectador consegue sentir a agonia da solidão, e todo um manancial de diferentes sensações, assim como a raiva expedida por "Dae-su", de que serve como exemplo uma cena em que aquele "arruma" literalmente com uma dúzia de homens directamente responsáveis pela sua tragédia. Não estamos a falar em cenas de artes marciais! A personagem principal violentamente bate e esmaga os seus oponentes com um martelo!

"Perdão..."

A paixão crescente e agonizante entre "Dae-su" e a jovem "Mi-do" constitui um dos muitos pontos fortes do filme e desemboca no momento mais chocante. E mais não digo...

Todos os actores interpretam os seus papéis com grande mérito, mas a de Choi Min-sik é verdadeiramente transcendente. Até hoje nunca vi um "acting" tão bem conseguido e capaz de envergonhar qualquer actor que tenha ganho um óscar. A maneira como "Dae-su" é corporizado com os seus medos, anseios, ódio latente e desespero existencial é digna dos mais elevados elogios e de praticamente nenhum reparo.

"Oldboy" constitui uma película revestida de uma qualidade inegável, que justamente viu o seu valor reconhecido em Cannes - edição de 2004, ao vencer o grande prémio do juri.

Posso-vos dizer que ao acabar de ver o filme, senti-me subitamente atordoado. Desliguei o leitor de dvd, fui para a varanda, acendi um cigarro e para com os meus botões pensei: "Fui atropelado por um comboio!!!"

"Já lixei a vida a toda a gente e agora vou-me!"


Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português/espanhol:

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 10

Argumento - 10

Guarda roupa e adereços - 8

Banda-sonora - 7

Emotividade - 10

Mérito artístico - 10

Gosto pessoal do "M.A.M." - 9

Classificação final: 8,75