"MY ASIAN MOVIES"マイアジアンムービース - UM BLOGUE MADEIRENSE DEDICADO AO CINEMA ASIÁTICO E AFINS!!!

domingo, junho 29, 2008

Realizador Asiático Preferido - Votação

Apresento-vos mais um realizador asiático (neste caso realizadora) que está sujeito ao vosso escrutínio, no quadro de votações mais abaixo à direita. Não custa relembrar que podem escolher mais do que uma opção, antes de clicarem e submeterem o(s) vosso(s) voto(s). Igualmente podem sugerir outros nomes para serem postos a votação.
Ann Hui

Informação

Filmografia enquanto realizadora (caso exista alguma crítica, o título estará assinalado a cor vermelha. Para aceder ao texto , basta clicar.):

  1. The Secret (1979)
  2. The Spooky Bunch (1980)
  3. The Story of Woo Viet (1981)
  4. Boat People (1982)
  5. Love in a Fallen City (1984)
  6. The Romance of Book and Sword (1987)
  7. Princess Fragrance (1987)
  8. Starry Is the Night (1988)
  9. My American Grandson (1990)
  10. Swordsman (1990) - Nota: não aparece nos créditos finais.
  11. Song of the Exile (1990)
  12. Zodia Killers (1991)
  13. Boy and His Hero (1993)
  14. Summer Snow (1995)
  15. Ah Kam (1996)
  16. As Times Goes By (1997)
  17. Eighteen Springs (1997)
  18. Ordinary Heroes (1999)
  19. Visible Secret (2001)
  20. July Rhapsody (2002)
  21. The Postmodern Life of My Aunt (2006)
  22. The Way We Are (2008)


sábado, junho 28, 2008

An Empress and the Warriors/Kwong saan mei yan -
江山美人 (2008)

Origem: China/Hong Kong

Duração: 96 minutos

Realizador: Ching Siu Tung

Com: Kelly Chen, Leon Lai, Donnie Yen, Guo Xiao Dong, Kau Jan Hoi, Liu Wei Hua, Zhang Shan, Zhou Bo, Yan Jie, Daichi Harashima, Yang Yi Yi

"A princesa Yan Feier equipada com a sua armadura"

Sinopse

Na era conhecida como a dos “Estados Guerreiros”, o reino de Yan anda há longos anos em constantes guerras com o vizinho Zhao, degenerando o conflito em batalhas com graves perdas para ambos os lados. Num destes encontros, o rei de Yan (Liu Wei Hua) é gravemente ferido, e pressentindo a morte, decide surpreendentemente passar o trono para um órfão bastardo, o fiel general “Muyong Xuehu” (Donnie Yen).

"O médico com o passado trágico Duan Lanquan"

Quem não fica nada satisfeito com a decisão do rei de Yan, é o seu sobrinho “Wu Ba” (Guo Xiao Dong), um homem consumido pela ambição, que anseia o poder a todo o custo. Tendo em vista assegurar a posição de “Xuehu”, o rei de Yan incumbe a sua filha “Feier” (Kelly Chen) de passar ao general a sua lendária espada de forma a que a escolha não mereça qualquer tipo de oposição. Acontece que na hora da verdade, “Xuehu” intimidado com a sua baixa posição social, apregoa que o rei de Yan elegeu como seu sucessor, a filha “Feier” e logo ali jura-lhe fidelidade, conjuntamente com os seus apoiantes.

“Wu Ba” não se sente ainda derrotado, e cedo começa a conspirar contra a prima de forma a afastá-la do comando do reino. Para o efeito, contrata um bando de assassinos, que por pouco não conseguem os seus intentos. “Feier” é salva por “Duan Lanquan” (Leon Lai), um eremita que vive isolado na floresta. Durante o restabelecimento da princesa, um grande amor nasce entre os dois. Contudo, o sentido de dever é forte demais, e “Feier” retorna a Yan, de forma a restaurar o legado do seu pai e a derrotar o usurpador.


"O intrépido general Muyong Xuehu"

"Review"

Sou obrigado a concordar com quem afirma que na sequência do filme “Warlords”, de 2007, onde milita um super trio de actores composto por Jet Li, Andy Lau e Takeshi Kaneshiro, o ano de 2008 é sem dúvida dominado pelos épicos de artes marciais. Para mim e com certeza para muitos, isto constitui uma boa notícia, pois estamos a falar de um dos meus géneros favoritos, e pessoalmente uma das principais razões para que este espaço tivesse surgido na blogosfera. O alarido criado à volta de películas como “The Forbidden Kingdom” (a tão ansiada colaboração de Jackie Chan com Jet Li), “Three Kingdoms: Ressurrection of the Dragon (onde pontificam Andy Lau e a estonteante Maggie Q), ou “Red Cliff” (do eterno John Woo) põem qualquer fã de “olhos em bico”, “água na boca”, ou o que quer que lhe queiram chamar. A todas estas obras há que acrescer o recente “An Empress and the Warriors”, o filme que ora se analisa, dirigido pelo realizador e coreógrafo Ching Siu Tung, uma figura sobejamente conhecida e intimamente ligada ao cinema de artes marciais, autor de películas como “Swordsman II”, Swordsman III: The East Is Red”, “New Dragon Gate Inn” (aqui não mencionado nos créditos finais) ou “A Chinese Ghost Story”. Com um grupo de actores donde ressaltam as estrelas do Cantopop Leon Lai e Kelly Chen, e o senhor das artes marciais Donnie Yen, sempre se poderia declarar, com alguma propriedade, que as expectativas eram elevadas.

Sem muitas delongas, mais vale afirmar desde já que o filme é marcado pelo signo da previsibilidade, afigurando-se algo redutor. Essa é que é a verdade. Nota-se à distância que mais do que produzir um épico, acima de tudo tentou-se criar uma história de amor em que são protagonistas duas das caras mais emblemáticas de Hong Kong. Junta-se o útil ao agradável, e sempre se arranja mais um “hit” musical denominado “Flying With Dreams”, que poderão ver o vídeo no “post” de 22 de Junho, ou em alternativa AQUI. Donnie Yen está lá somente, e recorrendo ao seu grande carisma, para dar um ar de seriedade “marcial” à película, passe a expressão. O enredo é um amontoado de “clichés”, onde nada é inovador e apenas é repetido o que já proficuamente foi experimentado antes. O próprio romance, onde supostamente reside a trave-mestra desta longa-metragem, deixa muito a desejar. Comparando com filmes já deste século e que não distam assim tantos anos, nem de longe, nem de perto, sentimos aquela tensão maravilhosa e incompreendida entre “Espada Partida” e “Neve Esvoaçante” em “Herói”, brilhantemente interpretados por Tony Leung Chiu Wai e Maggie Cheung. Tão-pouco somos contagiados pela força de sentimentos desencadeada por Takeshi Kaneshiro e Zhang Ziyi, nos papéis de “Jin” e “Mei”, em “O Segredo dos Punhais Voadores". O relacionamento aqui é demasiado “cor-de-rosa”, que de credibilidade e pujança tem muito pouco. Outro aspecto que não abona muito a favor de “An Empress and the Warriors” é o pouco desenvolvimento de alguns aspectos que poderiam eventualmente salvar a trama, mesmo que para tanto se tivesse de fazer um filme com pelo menos 120 minutos. Passa simplesmente por algum desenvolvimento sustentado do perfil das personagens, assim como das suas motivações. O vilão “Hu Ba” é praticamente um desconhecido para nós ao longo de toda a película e os restantes protagonistas não têm direito a uma explicação pormenorizada acerca do que os impele a agir da forma que o fazem no filme. Salva-se o focar de um período extremamente importante para a história da China (e pessoalmente bastante do meu agrado), o dos “Estados Guerreiros”. Mas mesmo aqui, o aspecto histórico é um tanto ou quanto descurado, nem sendo nos facultado um “background” minimamente satisfatório e explicativo acerca do espectro geopolítico-militar que elucide acerca dos conflitos entre os reinos de Yan e Zhao.

"Duan combate com Muyong"

O que será passível de ser assacado como verdadeiramente bom a “An Empress and the Warriors”, será a espantosa fotografia e cenários que nos são dados a contemplar. Desde a floresta, com a morada de “Duan” a ser um misto de casa de árvore com longas passadeiras (género Robin Hood), até à planície onde os exércitos de Yan e Zhao se digladiam são um alimento bastante bom para os nossos olhos. No palácio, o salão real e o “hall” das espadas, para aém de toda a simbologia associada, estão extremamente bem conseguidas. Outro aspecto a merecer algum relevo são as batalhas travadas entre Yan e Zhao, com momentos verdadeiramente espectaculares, dos quais destaco sem dúvida a queda dos carros puxados a cavalos, provocada pelos escudos da infantaria de Yan. Os combates individuais não primam muito pelo expôr de uma boa técnica, mas mais pelos cenários que lhes servem de pano de fundo. Exemplo disso é a luta travada entre Leon Lai e Donnie Yen numa cascata. Aliás, este último actor parece estar muito preso na sua armadura, saindo algo prejudicado por este aspecto. Prefiro ver um Donnie Yen mais solto, pois a emotividade das refregas só ganha com isso. No que concerne ao conceito de guerreira dos épicos/wuxia, sempre direi que Kelly Chen está longe de possuir o carisma de uma Zhang Ziyi, uma Michelle Yeoh ou uma Maggie Cheung. E a milhas de distância de uma Brigitte Lin!

“An Empress and the Warriors” infelizmente não é um épico de antologia, à semelhança de “Herói” e afins. Valerá por algumas cenas de uma beleza elevadíssima, assim como um ou outro momento de combate com um nível acima da média. Rezemos para que os restantes exemplos que aventei no início da crítica tenham uma orientação que qualquer película que almeje a se intitular de épico possua. Falo de alma e grandiosidade a grande escala!

Obra longe de constituir uma referência, que mais parece um videoclip todo “bonitinho”! Daqui a um, dois anos, julgo que poucos se lembrarão de “An Empress and the Warriors”.

"O exército de Yan, liderado por Feier, prepara-se para a batalha"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 7

Argumento - 6

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 7

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,38





segunda-feira, junho 23, 2008

Realizador Asiático Preferido - Votação

Apresento-vos mais um realizador asiático que está sujeito ao vosso escrutínio, no quadro de votações mais abaixo à direita. Não custa relembrar que podem escolher mais do que uma opção, antes de clicarem e submeterem o(s) vosso(s) voto(s). Igualmente podem sugerir outros nomes para serem postos a votação.
Seijun Suzuki (ao centro, rodeado por Zhang Ziyi e Joe Odagiri)

Informação

Filmografia enquanto realizador (caso exista alguma crítica, o título estará assinalado a cor vermelha. Para aceder ao texto, basta clicar) :

  1. Harbour Toast: Victory Is in Our Grasp (1956)
  2. Pure Emotions of the Sea (1956)
  3. Satan's Town (1956)
  4. The Naked Woman and the Gun (1957)
  5. Inn of the Floating Weeds (1957)
  6. Eight Hours of Terror (1958)
  7. Beauty of the Underworld (1958)
  8. The Boy Who Came Back (1958)
  9. Young Breasts (1958)
  10. Voice Without a Shadow (1958)
  11. Love Letter (1959)
  12. Passport to Darkness (1959)
  13. Age of Nudity (1959)
  14. Aim at the Police Van (1960)
  15. Sleep of the Beast (1960)
  16. Clandestine Zero Line (1960)
  17. Everything Goes Wrong (1960)
  18. Fighting Delinquents (1960)
  19. Tokyo Knights (1961)
  20. A Hell of a Guy (1961)
  21. The Man With a Shotgun (1961)
  22. The Wind-of Youth Group Crosses the Mountain Pass (1961)
  23. Blood-Red Water in the Channel (1961)
  24. Million Dollar Smash-and-Grab (1961)
  25. High-Teen Yakuza (1962
  26. The Guys Who Put Money On Me (1962)
  27. The Brute (1963)
  28. Detective Bureau 2-3: Go to Hell Bastards (1963)
  29. The Bastard (1963)
  30. Kanto Wanderer (1963)
  31. The Flower and the Angry Waves (1964)
  32. Gate of Flesh (1964)
  33. Our Blood Will Not Forgive (1964)
  34. Story of a Prostitute (1965)
  35. Stories of Bastards: Born Under a Bad Star (1965)
  36. Life of a Tattooed Man (1965)
  37. Carmen From Kawachi (1966)
  38. The Man From Tokyo (1966)
  39. Elegy to Violence (1966)
  40. Branded to Kill (1967)
  41. Good Evening Dear Husband: A Duel (1968)
  42. There's a Bird Inside a Man (1969)
  43. A Tale of Sorrow and Sadness (1977)
  44. The Fang in the Hole (1979)
  45. Tsigoineruwaizen (1980)
  46. Heat Shimmer Theater (1981)
  47. Capone Cries a Lot (1985)
  48. Yumeji (1991)
  49. Kekkon (1993)
  50. Pistol Opera (2001)
  51. Princess Racoon (2005)

domingo, junho 22, 2008

Flying With Dreams - Banda-Sonora de "An Empress and the Warriors"

Leon Lai e Kelly Chen, para além de serem dos actores mais emblemáticos de Hong Kong, igualmente são grandes estrelas do Cantopop. Deixo-vos com uma balada cantada pelo casal, que constitui o tema principal do épico "An Empress and the Warriors", filme que em princípio será o alvo da próxima crítica aqui no "My Asian Movies". É uma música agradável, e aproveitem que o vídeo tem legendas em inglês!

sábado, junho 21, 2008

Omkara - ओमकारा (2006)
Origem: Índia
Duração: 152 minutos
Realizador: Vishal Bharadwaj
Com: Ajay Devgan, Saif Ali Khan, Kareena Kapoor, Konkona Sen Sharma, Naseeruddin Shah, Vivek Oberoi, Bipasha Basu, Deepak Dobriyal, Manav Kaushik, Kamal Tiwari, Pankaj Tripathy
"Omkara e Dolly"

Sinopse

“Dooly” (Karena Kapoor) é raptada a caminho do seu casamento, e o seu pai, o conhecido advogado “Mishra” (Kamal Tiwari), decide apresentar queixa à mais poderosa personalidade da zona, o político “Bhaisaab” (Naaseruddin Shah). Este convoca o raptor e ao mesmo tempo o seu braço armado, o destemido “Omkara” (Ajay Devgan). A reunião serve apenas para descobrir que afinal “Dooly” foi ter com “Omkara” de livre vontade, pois existe um grande amor entre os dois. Repudiada pelo pai, a rapariga vai viver para a casa da sua paixão, e ambos encetam os preparativos para o aguardado enlace.

Com a eleição de “Bhaisaab” para o parlamento nacional, “Omkara” é escolhido para ser o comandante regional do político, e torna-se assim a personagem mais influente do burgo. Contudo, “Omkara” vê-se face a uma difícil situação, que passa por escolher para seu sucessor, um dos seus dois lugares-tenentes. De um lado, temos “Langda” (Saif Ali Khan), um ser tortuoso que acompanha “Omkara” há 15 anos; do outro, está o educado e mulherengo “Keshu”, que acaba por ser o nomeado.

"Keshu e Billo"

“Langda” sente-se profundamente despeitado, pois estava convencidíssimo que o eleito seria ele. Cedo começa a conspirar contra “Keshu”, de forma a retirar-lhe o lugar que tanto ambicionava. O plano passa por envenenar progressivamente o espírito de “Omkara”, no sentido de o convencer que “Keshu” mantém um romance proibido com “Dolly”. “Omkara” começa a ser persuadido pelas maquinações de “Langda” e a tragédia cada vez mais é anunciada...

"Langda"

"Review"

Ao longo da história do cinema, foram feitas inúmeras adaptações das peças de William Shakespeare, algumas extremamente interessantes como “Henrique V”, realizado e protagonizado pelo norte-irlandês Kenneth Branagh. Existe sempre um grande risco em passar para o grande ecrã as narrativas do dramaturgo de Stratford-upon-Avon , pois quanto a mim subsistirão sempre textos que resultarão melhor nos palcos do teatro. Quando me deparei com “Omkara”, a minha curiosidade foi extremamente sobrelevada, essencialmente devido à frase que ilustrava a capa do filme, a saber, “A Vishal Bhardvaj Adaptation of Shakespeare's Othello”. Comecei a pensar cá para os meus botões que aqui poderia estar eventualmente uma experiência deveras interessante, sobretudo pelo aliar das características do cinema de Mumbai (antiga Bombaim) no que concerne ao drama, com a sensibilidade erudita e inteligente de Shakespeare.

É igualmente justo que vos diga, e isto agora representa um desabafo, que a certa altura tomei como ponto de honra diversificar ao máximo o conteúdo temático do “My Asian Movies”, tendo sempre por norte o cinema asiático (como nunca poderia deixar de ser!). O objectivo, acima de tudo, é tornar este espaço o mais completo possível, tendo consciência que o caminho ainda é longo, e que tal implica um constante descobrir e redescobrir. Consequências práticas desta premissa: não me cingir apenas ao cinema proveniente de Hong Kong, China, Coreia do Sul, Japão e Tailândia e diversificar ao máximo os géneros aqui expostos, o que implica ir desde o “swordplay” até ao terror. O cinema da indústria de “Bollywood” tem aparecido amiúde neste espaço, um pouco no surgimento das ideias anteriormente expostas. Eu, à semelhança de provavelmente a maior parte de vós, sempre tive uma desconfiança natural deste segmento da sétima arte. Mas tentando vencer preconceitos instalados, e à semelhança de uma criança que vai dando os primeiros passos, comecei a expandir os horizontes de forma a que pudesse acolher este ilustre representante do cinema oriental. Como confesso que não tenho muitas referências de “Bollywood”, antes de adquirir alguma película, procedo a uma investigação mais apurada do que o normal e em função da mesma, tomo uma opção que pretendo consciente. Tenho tido alguma sorte, e ao escolher as obras mais conhecidas dos últimos dez anos para cá, têm-me parado às mãos filmes que nunca são inferiores ao “Bom”. E isto tem contribuído para que a minha ideia acerca do cinema de Mumbai esteja a ser alterada num sentido positivo. Acrescentando ao facto de “Omkara” ser, como já foi aludido, uma adaptação de “Othello”, com todas as suas implicações, sempre se dirá que o trailer era apelativo e as críticas em geral elogiosas. A exibição do filme em Cannes fez o resto. Este era o próximo cavalo de “Bollywood” em que eu apostaria!

Valeu a pena? Desde já adianto que sim. No entanto, não constitui uma película que possa almejar o panteão dos deuses, que apenas está reservado a alguns. O realizador Vishal Bharadwaj a nível da trama manteve-se fiel ao argumento original, sem apresentar grandes inovações. O que de meritório se lhe poderá atribuir, foi ter efectuado um trabalho extremamente interessante na adaptação da peça à realidade indiana, criando uma harmonia que não será assim tão fácil de conseguir. A bem sucedida experiência anterior com “Maqbool”, uma adaptação de “Macbeth” (outra grande obra de Shakespeare) terá de alguma forma contribuído para que este aspecto em particular tenha sido bem sucedido. Assim como “Othello” era um general mouro do exército veneziano, “Omkara” é um meia casta, que lidera o braço armado do partido de “Bhaisaab”. Ambos são seres pouco convencionais, que detêm posições poderosas num mundo que lhes é de certa forma estranho. A felicidade parece finalmente chegar, envolta num grande amor. No entanto seres como “Othello” e “Omkara” nunca poderão ter descanso, estando fadados à tragédia. Podemos com facilidade descobrir paralelos.

"Dolly sente a frieza de Omkara"

Outro factor a elogiar será a audácia. Passo a explicar. No campo da cinematografia de Mumbai, existem certas regras (consuetudinárias, ou seja que derivam do costume, embora não escritas) que forçosamente a esmagadora maioria dos filmes cumprem, sob pena de serem mal aceites pelo público autóctone. É acima de tudo uma questão cultural e sociológica. “Omkara” rompe barreiras ao expôr um tema negro, traduzido por diversas vezes numa linguagem agressiva que afastou bastantes pessoas no seu país natal, mais habituado a um tratamento leve que apenas carrega nos habituais epílogos trágicos do costume. Frases como “Se eu sou um mentiroso, então sou um filho de um cão. Se estou a falar a verdade, então sou o amante da tua mãe.”, constituem um arrojo que ultrapassa as fronteiras do admissível em Mumbai. Neste particular, aconselho-vos a ler este artigo do “Times” da Índia, sugestivamente intitulado “Families stay away from Omkara”. Pelo contrário, esta longa-metragem conseguiu um sucesso apreciável no exterior, onde além de ter tido o já aludido privilégio da exibição em Cannes, figurou no top 10 das bilheteiras do Reino Unido. Igualmente conseguiu ser notada na Austrália, África do Sul e E.U.A.

A banda-sonora é simplesmente espectacular. Está sem dúvida num nível superior. Eu de facto ando a sofrer algumas transformações nos meus gostos artísticos, e isto reflecte-se em vários aspectos. Há uns anos atrás, eu era perfeitamente incapaz de ouvir uma música de “Bollywwod”que fosse. Conclui que andava era a ver os filmes errados, ou seja, a vertente “xunga” de Mumbai. Como dizia o outro “não negue à partida uma ciência que desconhece". As películas de qualidade de “Bollywood”, costumam igualmente ter bandas-sonoras de gabarito. É forçosamente que assim seja, devido à sobejamente conhecida interpenetração existente entre os filmes e as melodias. No caso particular de “Omkara”, é de salientar a música “Beedi” cujo vídeo podem ver aqui (ou em alternativa ir ao recente “post” de 15 de Junho) e a que mereceu o nome do protagonista principal do filme “Omkara”. Relevo ainda o facto de a banda-sonora não ser exclusivamente composta por músicas “à la Bollywood”. Existem arranjos orquestrais muito poderosos, que com certeza tinham como propósito homenagear a fonte de onde o filme bebe.

As interpretações são meritórias. Mas ao contrário do que se poderia pensar, quem brilha verdadeiramente não é Ajay Devgan ou Karena Kapoor. Sem dúvida a estrela é Saif Ali Khan, que interpreta o infame “Langda” (o equivalente a “Iago” de “Othello”). O seu ar rancoroso, mas ao mesmo tempo bruto, crú e viperino inundam o ecrã, e apenas é ofuscado pela estonteante beleza de Bipasha Basu, que é sem margem para qualquer dúvida, uma das mulheres mais lindas que já vi em toda a minha vida!

O que verdadeiramente não está à altura dos restantes aspectos, é o epílogo do filme. Esperava-se algo mais grandioso e significativo. Ficamos apenas por algo extremamente dramático, mas de certa forma sensaborão e rotineiro. Se haverá aspectos que o cinema de Mumbai tem de melhorar, sem fugir obviamente a sua matriz natural, é reinventar os aspectos do “puxar a lágrima ao olho. É necessário um pouco mais de arte e menos de “piroseira”.

Imbuída de um tom emblemático muito próprio e dotada de uma fotografia sem dúvida acima da média, “Omkara” é mais uma obra proveniente de “Bollywood” bastante recomendável. Longe de roçar a perfeição, valerá pela feliz reunião das características dramáticas de eleição “shakesperianas”, com a tragédia muito própria do cinema de Mumbai. E dos diálogos, sempre se aproveitará alguma coisa de útil para a vida. Neste particular, o que eu retive foi que “as apostas devem ser feitas em cavalos. Nunca em leões!”

A ver!

"O poderoso Bhaisaab e Omkara, na passagem do testemunho"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 8

Argumento - 8

Banda-sonora - 9

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,88





segunda-feira, junho 16, 2008

Realizador Asiático Preferido - Votação

Apresento-vos mais um realizador asiático que está sujeito ao vosso escrutínio, no quadro de votações mais abaixo à direita. Não custa relembrar que podem escolher mais do que uma opção, antes de clicarem e submeterem o(s) vosso(s) voto(s). Igualmente podem sugerir outros nomes para serem postos a votação.
Ronny Yu

Informação

Filmografia (caso exista alguma crítica, o título estará assinalado a cor vermelha. Para aceder ao texto, basta clicar) :

  1. The Servant (1979)
  2. The Saviour (1980)
  3. The Postman Fights Back (1981)
  4. The Trail (1983)
  5. The Occupant (1984)
  6. Dear Mummy (1985)
  7. Legacy of Rage (1986)
  8. Bless This House (1988)
  9. China White (1989)
  10. Great Pretenders (1991)
  11. Deadend of Besiegers (1992)
  12. Shogun & Little Kitchen (1992)
  13. The Phantom Lover (1995)
  14. Warriors of Virtue (1997)
  15. Bride of Chucky (1998)
  16. The 51st State (2001)
  17. Freddy Vs. Jason (2003)


domingo, junho 15, 2008

Música "Beedi", do filme "Omkara"

A melodia está muito bem conseguida! Peço-vos uma especial atenção para a actriz e modelo Bipasha Basu, que se encontra no palco. É simplesmente uma das mulheres mais lindas que já vi em toda a minha vida! Vale a pena aguardar até ao momento em que chega a parte da vocalização feminina e a rapariga arranca o véu da cabeça e começa a dançar!!!
O filme "Omkara" será, em princípio, a próxima crítica aqui no blogue.

The Killer/Dip huet seung hung - 喋血双雄 (1989)

Origem: Hong Kong

Duração: 111 minutos

Realizador: John Woo

Com: Chow Yun Fat, Danny Lee, Sally Yeh, Kenneth Tsang, Shing Fui On, Paul Chu, Tommy Wong, Parkman Wong, Dion Lam, Barry Wong

"Eagle, Ah Jong e Jenny"

Sinopse

“Ah Jong” (Chow Yun Fat) é um renomado assassino a soldo, que segue um código de honra e ética bastante estrito, acreditando que todas as pessoas a que põe termo à vida, merecem efectivamente morrer. Um dia, a meio de um trabalho, fere acidentalmente uma cantora de um bar chamada “Jenny” (Sally Yeh), deixando-a quase invisual.

Assomado pelo sentimento de culpa, “Ah Jong” aproxima-se de “Jenny” e tenta ajudar a curar a sua enfermidade. A única forma de a rapariga voltar a ver como antes é fazer um transplante das córneas, uma operação extremamente cara, e que eventualmente terá de ser feita no estrangeiro. Em decorrência desta situação, “Ah Jong” decide aceitar um último trabalho, de forma a poder pagar a cirurgia.

"Eagle e Ah Jong preparam-se para a batalha final, sob o desespero de Jenny"

“Eagle” (Danny Lee), um polícia que não segue as regras do jogo, começa a investigar os homicídios cometidos por “Ah Jong”, concluindo que está perante um assassino pouco convencional, que ajuda os desprotegidos e possui um grande coração. “Ah Jong” consegue ser bem sucedido no seu último contrato, eliminando o alvo. Contudo, “Weng Hoi” (Shing Fui Hon), o líder da tríade que encomendou o trabalho, decide não pagar ao assassino e pelo contrário, tenta eliminá-lo.

Como é previsível, não existirá diálogo e a violência sem tréguas é que irá ditar a lei! Num combate de vida ou de morte, “Ah Jong” poderá apenas socorrer-se do amor que sente por “Jenny” e da ajuda inesperada de “Eagle”.

"Debaixo de um fogo cerrado"

"Review"

“Ele parece determinado...sem ser impiedoso ou cruel; existe algo de heróico na sua forma de agir; definitivamente em nenhum momento parece ser um assassino; aproxima-se das pessoas de uma forma calma; age como se tivesse um sonho; os seus olhos estão cheios de paixão.” Numa tradução livre, da qual assumo toda a responsabilidade pelas prováveis imprecisões, este excerto retirado de “The Killer” refere-se a uma descrição que o polícia “Eagle” faz em relação ao assassino “Ah Jong”. Acho que ninguém o diria melhor, pois o grande actor de Hong Kong, o sublime Chow Yun Fat, consegue representar como quase ninguém, as personagens emblemáticas dos filmes estilo “heroic bloodshed” (sugestivamente também conhecido com “Gun Fu”) de John Woo. Este “The Killer” assume no género um papel relevantíssimo, ao lado de “A Better Tommorow” e “Hard Boiled”, emparelhando com estas películas no que podemos indiscutivelmente considerar dos melhores produtos de sempre da cinematografia da actual região administrativa chinesa. Mas vamos por partes.

Num registo para muitos inspirado em “Magnificent Obsession”, de Douglas Sirk e “Le Samourai”, de Jean-Pierre Melville, a importância de “The Killer” no panorama cinematográfico mundial e na subsequente “ascensão” de John Woo rumo aos EUA é inquestionável. O conceito do assassino de bom coração e com uma ética um tanto ou quanto inesperada, foi seguida com sucesso por filmes posteriores, dos quais eu elegeria como expoente máximo, o excelente “León, o Profissional” de Luc Besson.

A rodagem de “The Killer”, à semelhança do que acontece com a maior parte das películas, não foi isenta de atribulações. Não resisto a contar algumas. A primeira passa pelo facto de o actor Chow Yun Fat odiar qualquer tipo de violência, ao contrário do que muitos dos filmes que protagoniza possam fazer transparecer. A cena em que “Ah Jong” impede um bando de delinquentes de assaltar “Jenny” foi especialmente penosa para Yun Fat. John Woo pacientemente mentalizou o actor, e fez um trabalho tão bom, que Yun Fat exagerou nos murros e pontapés o que causou algumas danos e queixas dos duplos. O realismo é que ficou a ganhar. Outra curiosidade passa pelo facto de uma cena de tiroteios e perseguição ter causado a sensação nos meliantes que não estavam avisados, de que efectivamente estava a decorrer um assalto. Podemos imaginar o pânico que se sucedeu na rua onde a filmagem estava a ser efectuada. Por fim, um apontamento relativo à atribulada relação entre John Woo e o produtor (e também realizador) Tsui Hark. Este último ficou bastante infeliz com o resultado final do filme, e queria reeditá-lo completamente, centrando a trama no polícia “Eagle”, retirando bastante protagonismo ao assassino “Ah Jong”. Woo não permitiu que tal sucedesse, e a estreia mundial aprazada para Taiwan, constituiu um sucesso sem precedentes. Segundo rezam as más-línguas, o facto de se ter provado que Hark não tinha nenhuma razão quanto ao rumo que a longa-metragem haveria de levar, fez com que o produtor-realizador atirasse uma série de objectos pela janela do seu escritório.

"Tiroteio na igreja"

“The Killer” não foge praticamente a nenhuma das premissas que caracterizam o subgénero “heroic bloodshed”, identificando muito bem os caminhos de onde veio e os rumos que posteriormente pretende seguir. Explora os trilhos da amizade, da honra, o dever e a redenção, tendo por suporte a violência extrema aliada a cenas emblemáticas com toneladas de estilo. O assassino, apesar de enfrentar situações de desvantagem numérica, consegue sempre vencer os diabólicos duelos de armas em que está envolvido, sendo-lhe permitido apenas descansar quando corrige o que está errado. Estamos pois a falar de uma longa-metragem cuja acção é uma constante, sendo apenas interrompida ou conjugada, com cenas que frequentemente recorrem a um melodrama exagerado, mas sem dúvida, bastante apreciado! É uma marca a que “The Killer” inevitavelmente não pode nem quer fugir!

Escrever acerca de “The Killer”, é forçosamente dissertar um pouco acerca dos tiroteios que parecem ser...bem...um VERDADEIRO INFERNO NA TERRA! A energia com que os oponentes se digladiam, numa orgia de fogo e sangue que resulta em dezenas de mortes, prende-nos constantemente a atenção, fazendo com que a película possua um grande entretenimento. Se o filme fosse actualmente a realidade, as morgues de Hong Kong seriam atestadas com cerca de 120 corpos (o número de gente abatida em “The Killer”)!!! Uma afirmação um pouco mórbida e já agora uma verdadeira tragédia! Os litigantes combatem verdadeiramente como guerreiros de outros tempos, substituindo as espadas pelas mais sofisticas armas actuais. Não há preocupação pela estratégia, não existem cuidados nenhuns com a integridade física própria ou de terceiros, o que interessa é matar, matar, matar!!! E em decorrência disto amigos, aqui não há essas “mariquices” de atirar e fugir. O inimigo enfrenta-se olhos nos olhos, com um sorriso ou um esgar de raiva, e apenas o que interessa é oferecer um bilhete só de ida para um sítio chamado “sete palmos abaixo da terra”! Talvez por isto se explique como por vezes este segmento cinematográfico é apelidado de “Gun Fu”. É extremamente complicado, para não dizer impossível, igualar Woo quando está em causa o debitar de milhares de balas, a acção frenética e toda aquela aura de fatalismo e bravura que rodeia estas cenas. De todas as películas que visionei até hoje, julgo que apenas “Desperado”, de Robert Rodriguez, poderá almejar a alguma comparação.

Os actores oferecem-nos representações de relevar, o que assume ainda mais importância num género que não carece de interpretações de antologia, e numa altura em que o mais importante era produzir espectacularidade visual. Chow Yun Fat, como acima foi abordado, é um actor de eleição, que nos consegue transmitir todo o conflito interior e paixão de “Ah Jong”. O que impressiona mais, é que muitas vezes este objectivo é cumprido com um simples olhar, provando que Yun Fat foi uma escolha extremamente feliz e com uma grande quota de responsabilidade nos sucessos dos filmes de Woo. Danny Lee impõe-se no papel do polícia “Eagle”, fazendo uma dupla de respeito com Yun Fat. Sally Yeh, uma cantora e actriz que teve os seus tempos de glória nos anos '80, não destoa na composição do triângulo, mas está claramente uns furos abaixo dos outros vértices. Merece uma palavra especial o veterano Paul Chu, na representação do trágico “Fung”, um assassino reformado e amigo de “Ah Jong”.

John Woo impõe um cunho bastante pessoal nas suas obras e isso denota-se em certas marcas que já detêm, quanto a mim, direitos de autor. E são muitas mesmo! Em “The Killer”, temos a oportunidade de ver uma panóplia de aspectos que ligamos logo ao realizador. Os tiroteios, no sentido já anteriormente abordado; o facto de os seus heróis, no auge da luta, combaterem sempre com duas pistolas, uma em cada mão; o frente-a-frente dos inimigos com armas praticamente encostadas ao corpo um do outro; o reflexo numa superfície espelhada de alguém a se aproximar; o explorar do religioso, com muitos interiores de igrejas, e do profano com a destruição de ícones no calor da luta. Mas acima de tudo são as pombas! Se, e como cantava Marilyn Monroe em “Os Homens Preferem as Loiras”, os diamantes são os melhores amigos das mulheres, com certeza que as pombas serão o maior alvo de admiração de Woo. Não existe nenhum filme que eu tenha visto deste realizador, em que os simpáticos animais não deixem de marcar a sua presença. Em “The Killer”, embora não exista uma empatia entre o herói e os bichos, sempre se dirá que o papel destes se afigura mais místico. Eles são encarados, segundo as crenças pessoais de Woo, como mensageiros de Deus que guiam as almas dos mortos até aos céus. Uma ideia semelhante existe na mitologia Viking no que respeita às Valquírias, que estavam encarregues de carregar as almas dos guerreiros tombados em combate, até Valhalla.

“The Killer” é um filme feito com corpo e alma, cuja dimensão superior faz com que mereça justamente constar no panteão das grandes obras de sempre da história do cinema asiático. Um triunfo, entre alguns, do rei dos tiroteios infernais, o inimitável John Woo! Imperdível!!!

"Eagle enfrenta a tríade"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português: Cinedie Asia

Avaliação:

Entretenimento - 9

Interpretação - 8

Argumento - 8

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 10

Mérito artístico - 9

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8,50





terça-feira, junho 10, 2008

Realizador Asiático Preferido - Votação

Apresento-vos mais um realizador asiático que está sujeito ao vosso escrutínio, no quadro de votações mais abaixo à direita. Não custa relembrar que podem escolher mais do que uma opção, antes de clicarem e submeterem o(s) vosso(s) voto(s). Igualmente podem sugerir outros nomes para serem postos a votação.
Hayao Miyazaki

Informação

Filmografia enquanto realizador - não inclui séries e curtas-metragens (caso exista alguma crítica, o título estará assinalado a cor vermelha. Para aceder ao texto, basta clicar) :

  1. Lupin the Third: The Castle of Cagliostro (1979)
  2. Nausicaä of the Valley of the Wind (1984)
  3. Laputa: Castle in the Sky (1986)
  4. My Neighbour Totoro (1988)
  5. Kiki's Delivery Service (1989)
  6. Porco Rosso (1992)
  7. Spirited Away (2001)
  8. Howl's Moving Castle (2004)


segunda-feira, junho 09, 2008

Returner - O Princípio do Fim/Returner/Ritana - リターナー (2002)

Origem: Japão

Duração: 112 minutos

Realizador: Takashi Yamazaki

Com: Takeshi Kaneshiro, Anne Suzuki, Kirin Kiki, Goro Kishitani, Yukiko Okamoto, Mitsuru Murata, Kisuke Lida, Kazuya Shimizu, Chiharu Kawai, Dean Harrington, Xiaoqun Zhao, Masaya Takahashi

"Miyamoto"

Sinopse

No ano de 2084, a maior parte da raça humana encontra-se quase extinta, devido a uma guerra com um povo extraterrestre que invadiu o planeta terra há muitos anos atrás, concentrando-se a última bolsa de resistência nas montanhas do Tibete. Os humanos concebem uma máquina de viajar no tempo, em ordem a que um enviado possa voltar à altura em que o primeiro alienígena chegou à Terra, e matá-lo antes que ele possa contactar com o seu povo.

Quando os extraterrestres atacam a fortaleza dos humanos, “Milly” (Anne Suzuki) entra na máquina do tempo e regride até ao dia 19 de Outubro de 2002 (Nota pessoal: curiosamente o dia do meu aniversário! ), onde acaba por se cruzar com o assassino a soldo “Miyamoto” (Takeshi Kaneshiro), no meio de uma luta contra o seu inimigo fidagal, o “gangster” Mizoguchi (Goro Kishitani).

"Milly"

“Milly”, através da ameaça, convence “Miyamoto” a ajudá-la, colocando para o efeito um explosivo no seu pescoço. “Miyamoto”, sem alternativa face às circunstâncias, vai com a sua nova companheira em busca da nave espacial do extraterrestre. Eventualmente descobrem que o exército já a removeu, conjuntamente com o seu ocupante, de forma a que possa ser levado a cabo estudos e experiências.

“Milly” e “Miyamoto” acabam por descobrir que o alienígena é inofensivo, e em vez de o matarem, tentam fazer tudo para salvá-lo das garras de “Mizoguchi”, que vê aqui uma oportunidade de negócio, nem que para isso a Terra tenha de ser destruída.

"O gangster Mizoguchi"

"Review"

“Returner” é tributário de várias obras que marcaram a ficção científica nos últimos 25 anos, e não tem qualquer problema em demonstrar este facto. Podemos claramente distinguir aspectos relacionados com películas tão variadas como “E.T.”, “Exterminador Implacável”, “Dia da Independência” ou “Matrix”. Confusos? Acreditem que é a mais pura verdade! “Returner” consegue mesclar todos estes elementos num único filme, o que não quer dizer que tal seja necessariamente bom...

A película vive constantemente sob o signo da superficialidade e de alguma incoerência que chega a ser irritante. É claramente uma obra dirigida para cinéfilos menos exigentes, que adoram tudo o que seja “blockbuster” da moda, com as costumeiras toneladas de “clichés” da ordem. A inteligência e a fineza de uma boa longa-metragem não marcam aqui presença, isso é certo. Tudo o que conta são os efeitos especiais de arrasar e as diabólicas cenas de acção, que a maior parte das vezes não servem propósito nenhum, sendo encaixadas apenas para impressionar. O previsível uso extremo de “slow motion” ajuda a pintar o resto do quadro. Com um orçamento generoso, não será despiciendo afirmar que esta longa-metragem foi feita com o claro propósito de atingir o mercado global, não se confinando apenas às fronteiras do extremo-oriente. Sinceramente, visionar “Returner” e jogar um “videogame” proporciona sensações muito parecidas. Mas ao menos, neste último caso ainda temos algum controlo sobre as situações que se desenrolam, e praticamos até melhorar. No caso de “Returner”, esperamos que o realizador Takashi Yamazaki se aperceba que um filme não pode viver apenas do visual, desprezando quase tudo o resto.

"Perseguição explosiva"

O argumento é pouco sério e credível. É perfeitamente óbvio que um filme cuja trama principal versa sobre aspectos da ficção científica, tenha de incluir forçosamente elementos fantasiosos. Mas até neste domínio, uma certa honestidade intelectual é de exigir. Numa corrida contra o tempo para salvar o mundo, em que os heróis da película possuem apenas três dias (19 a 22 de Outubro) para pôr cobro à iminência do maior desastre da humanidade, é estranho que se perca tanto tempo com futilidades encaixadas à pressão. É certo que qualquer longa-metragem tem sempre uma certa necessidade de alguma humanização, de forma a que a empatia com o público seja salvaguardada. Mas andar por exemplo a perder horas a escolher roupa para a rapariga se encontrar apresentável, é de bradar aos céus!

A credibilidade é completamente derrotada na forma como o governo japonês trata a questão do extraterrestre. Mas então alguém acredita numa situação que urge assegurar a integridade nacional (e porque não dizer mundial!), seja permitido a três estranhos (mesmo que acompanhados por uma pessoa aparentemente confiável) deambular por instalações de segurança máxima e secreta, vejam a nave espacial e até gozem na cara do alienígena, maltratando-o. Cabe na cabeça de alguém, que um membro de uma tríade (a exercer o seu ofício criminoso no Japão), acompanhado de meia dúzia de apaniguados, possa irromper por essas mesmas instalações, e levar a seu bel-prazer os despojos mais importantes que existem na Terra naquele momento. Onde é que estão os corpos especiais do exército, que em meia-dúzia de minutos repeliriam esta situação? Não existe segurança nenhuma no país para obstar a que um bando de criminosos proceda como bem entenda numa matéria tão delicada? É que não estamos propriamente a falar dos comandos da “Mossad” ?

Contudo, e no meio de tanta maledicência, sempre se dirá que “Returner” possui alguns aspectos positivos e que não são nada de desprezar. O visual, como já acima foi aflorado, é bem conseguido, salvo um ou outro aspecto menor. Os efeitos especiais são generosos, revelando um bom nível, no qual se destacam as naves camufladas dos extraterrestres e os cenários apocalípticos do futuro. Takeshi Kaneshiro é daqueles seres humanos que nasceram com a tremenda sorte de parecerem sempre “cool” em tudo o que vistam ou façam (o sobretudo de cabedal é uma marca que dá sempre uma dimensão superior). A jovem Anne Suzuki consegue convencer na sua interpretação, e o mafioso Goro Kishitani, na sua postura “à Gary Oldman orientalizado”, proporciona um vilão aceitável. Juntem-se algumas cenas de acção de regalar a vista e o trabalho de relevo está feito. A título de curiosidade regista-se a escolha da música do genérico final que é “Dig In”, de Lenny Kravitz.

Muitas vezes a melhor forma de homenagear um determinado segmento de cinema é inspirarmo-nos no que de bom já foi feito, e se possível, tentarmos melhorá-lo. “Returner”, embora com alguns aspectos positivos, no geral não o faz. Aconselhável para aqueles que adoram um “blockbuster” insípido, que sobrevive à conta da cultura do fixe e do visual. Os restantes, podem muito bem passar ao lado deste filme, pois a vossa vida não ficará mais pobre por isso...

"O cenário apocalíptico do futuro"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português: Cinema Fantástico

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 7

Argumento - 6

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 7

Gosto pessoal do "M.A.M." - 6

Classificação final: 7,13







quarta-feira, junho 04, 2008

Realizador Asiático Preferido - Votação

Apresento-vos mais um realizador asiático que está sujeito ao vosso escrutínio, no quadro de votações mais abaixo à direita. Não custa relembrar que podem escolher mais do que uma opção, antes de clicarem e submeterem o(s) vosso(s) voto(s). Igualmente podem sugerir outros nomes para serem postos a votação.
Yuen Woo Ping

Informação

Filmografia enquanto realizador (caso exista alguma crítica, o título estará assinalado a cor vermelha. Para aceder ao texto, basta clicar):

  1. Snake in the Eagle's Shadow (1978)
  2. Dance of the Drunken Mantis (1979)
  3. The Magnificent Butcher (1979)
  4. The Buddhist Fist (1980)
  5. Dreadnaught (1981)
  6. Miracle Fighters (1982)
  7. Oriental Voodoo (1982)
  8. Legend of a Fighter (1982)
  9. Shaolin Drunkard (1983)
  10. Drunken Tai Chi (1984)
  11. Mismatched Couples (1985)
  12. Dragon Vs. Vampire (1986)
  13. Tiger Cage (1988)
  14. In the Line of Duty 4 (1989)
  15. Tiger Cage 2 (1990)
  16. Tiger Cage 3 (1991)
  17. Heroes Among Heroes (1993)
  18. Last Hero in China (1993)
  19. Iron Monkey (1993)
  20. The Tai Chi Master (1993)
  21. Fire Dragon (1994)
  22. The Beautiful Secret Agent (1994)
  23. The Red Wolf (1995)
  24. Tai Chi II (1996)
  25. Iron Monkey II (1996)


segunda-feira, junho 02, 2008

Welcome to Dongmakgol - 웰컴투 동막골 (2005)

Origem: Coreia do Sul

Duração: 133 minutos

Realizador: Park Kwang-hyun

Com: Jeong Jae-yeong, Shin Ha-kyun, Kang Hye-jeong, Lim Ha-ryong, Seo Jae-kyeong, Ryu Deok-hwan, Steve Taschler, Jung Jae-jin, Lee Young-yi, Park Nam-hee, Jo Deok-hyeon, Yoo Seung-mok, Shim Won-cheol

"O capitão Neil Smith"

Sinopse

Em 1950 o exército norte-coreano invade o seu vizinho do sul, dando início à tristemente célebre guerra da Coreia. Os sul-coreanos são auxiliados por uma força das Nações Unidas sob o comando dos americanos, na pessoa do general Douglas MacArthur. Na sequência do conflito, o capitão da força aérea norte-americana “Neil Smith” (Steve Taschler) despenha-se com o seu caça perto de uma aldeia isolada conhecida como Dongmakgol. Os habitantes da povoação, apesar de não perceberem uma única palavra em inglês, ajudam “Neil”, e tentam com que ele se sinta em casa.

"Pyo Hin-chul, o tenente do exército sul-coreano"

Entretanto chegam à aldeia três soldados norte-coreanos, sendo os únicos sobreviventes do seu pelotão, cujos restantes elementos foram mortos numa emboscada. O trio é liderado pelo sargento “Lee Sun-hwa” (Jeong Jae-yeong), sendo os membros remanescentes os soldados “Jang” (Lim Ha-ryong) e “Taek-ki” (Ryu Deok-hwan). Os combatentes são conduzidos à povoação por Yeo-il (Kang Hye-jeong), uma rapariga alucinada que “não diz coisa com coisa”. Para completar a lista de visitantes inesperados, temos dois soldados sul-coreanos, o tenente “Pyo Hin-chul” (Shin Ha-kyun) e “Moon” (Seo Jae-kyeong). Como é natural, desde logo surgem problemas entre todos os militares que se encontram em Dongmakgol, atendendo a que combatem em campos opostos. Os aldeões ficam abismados, pois não fazem a mínima ideia que uma guerra está a decorrer.

No meio da confusão, uma granada destrói o armazém onde os aldeões guardavam as suas provisões, fazendo com que os mesmos fiquem sem alimento. Com um sentimento de culpa latente, os contendores fazem uma trégua temporária, de forma a poderem auxiliar os habitantes de Dongmakgol a reabastecerem-se de víveres. À medida que os soldados vão-se adaptando ao estilo de vida dos aldeões, apercebem-se que se encontram num sítio pacífico e isolado, onde as ideologias nada significam. Quando tudo parece correr pelo melhor em sã convivência, forças externas aparecem a ameaçar a tranquilidade de Dongmakgol. Os soldados sentem-se no dever de unirem esforços e proteger a aldeia.

"Os soldados norte e sul-coreanos retratam-se, ajudando a população de Dongmakgol nas colheitas"

"Review"

Baseado num livro do popular escritor sul-coreano Jin Jang, “Welcome to Dongmakgol” constituiu a proposta da Coreia do Sul para os óscares de 2005, e nesse mesmo ano revelaria ser o 4º filme mais visto de sempre no país. Esta premissa assume ainda mais importância, pois o filme estreou uma semana após “Sympathy for Lady Vengeance”, e conseguiu praticamente o dobro dos resultados financeiros na bilheteira. Foi um grande triunfo para o realizador Park Kwang-hyun, ainda mais quando esta longa-metragem foi a sua estreia nas lides da sétima arte. Ou melhor dizendo, “Welcome to Dongmakgol” foi a primeira obra dirigida por Kwang-hyun, e igualmente a única também, pois o realizador nunca mais se aventurou pelas lides cinematográficas desde então. O filme foi bem aceite e esteve em exibição nalguns festivais de cinema importantes, tendo inclusive recebido o prémio de filme preferido da audiência, em Udine, no seu famoso certame de cinema oriental.

À medida que ia visionando “Welcome to Dongmakgol”, recuei até 1997, quando na faculdade, mais propriamente na disciplina de “História das Ideias Políticas”, tive de estudar (entre vários outros autores) Thomas More e a sua conhecida obra “Utopia”. O sentido da sociedade igualitária, onde todos têm uma palavra a dizer e existe uma partilha de bens adequada às necessidades de cada um está bem presente neste filme. A comunidade perfeita, onde todos podem deixar para trás as agruras da vida e serem felizes, aparece como um bálsamo para o grupo de soldados traumatizados pelo conflito. A certa altura, um admirado “Lee”, o líder dos norte-coreanos, questiona o chefe de aldeia como é que consegue fazer com que os habitantes sigam as suas ordens. “Lee” encontra-se ainda mais incrédulo, quando repara que o chefe não necessita de recorrer a expedientes autoritários ou violentos para conseguir se impôr. Serenamente, é-lhe respondido “mantenho-os alimentados e trato-os com amor e respeito”.

Podemos caracterizar “Welcome to Dongmakgol” como uma película composta por 50% de comédia e 50% de drama. O aspecto mais bem disposto do filme é bem conseguido, girando em torno da natural ingenuidade dos habitantes da aldeia. Estes nunca viram uma arma de fogo na vida, e por esse mesmo motivo, não sabem como reagir perante uma, ignorando que a mesma constitui uma ameaça. Igualmente tem alguma dose de piada observar os aldeões a tentar comunicar com o capitão “Smith” em inglês, redundando tudo numa total baralhada. Como absolutamente não pode existir um filme sul-coreano sem a sua quota parte de drama, à medida que caminhamos para o epílogo o mesmo vai tomando forma “leve, levemente”, até à tragédia da ordem. Esta parte da obra resulta bem, mas daí nada menos seria de esperar do filme, atendendo à sua origem. É comovente, embora não bastante credível, observar a coragem de um diminuto grupo de combatentes fazer face a um prelúdio de um bombardeamento norte-americano, tudo em nome de algo maior, um paraíso chamado “Dongmakgol”. Não haverá aqui um pouco do espírito de “Os Sete Samurais”?!

"O professor Kim, observado pelos aldeões de Dongmakgol, tenta comunicar em inglês"

Os actores regra geral cumprem de uma forma competente no esgrimir das suas interpretações. Como costumo sempre destacar alguém nos meus textos, o prémio aqui irá para a excelente actriz Kang Hye-jeong, a “Mi-do” de “Oldboy”. O seu desempenho como a insana “Yeo-il” é fresco, eivado de uma loucura saudável e de uma incontornável ternura. Resta-me ainda fazer uma apologia à exuberante e maravilhosa fotografia presente na película, que em muito ajuda a formar a ideia de um paraíso na terra a que, aliada a uma aldeia que custou um milhão de dólares a construir, ajuda a produzir o efeito pretendido.

“Welcome to Dongmakgol” tenta passar a mensagem que é possível os norte e sul-coreanos resolverem as suas diferenças, e trabalharem num objectivo comum, como se fossem uma nação una. Os americanos, mais uma vez são o alvo a abater e considerado o inimigo externo. São eles que querem destruir “Dongmakgol” e em consequência pôr termo ao paraíso e à união dos povos irmãos. É certo que temos um americano bom da fita, a saber, o capitão “Smith”. Contudo, “Smith” acaba por se tornar um cidadão de “Dongmakgol”, e tudo faz igualmente para proteger a terra onde se conseguiu encontrar, inclusive lutando contra os seus próprios conterrâneos. Um clássico caso de “ressocialização” ?!

No entanto, confesso que já começo a ficar um tanto ou quanto saturado da repetição de temas e inspiração que alguns filmes sul-coreanos teimam em enveredar. É certo que o nacionalismo faz parte da cultura sul-coreana, caracterizado por duas ou três ideias essenciais, a saber, a reunificação das duas Coreias, o antagonismo contra a presença norte-americana no país e o ressentimento de sempre contra o Japão. Não estou obviamente a afirmar que os sul-coreanos não têm razão em muitos aspectos. É perfeitamente natural que os coreanos se queiram unificar, atendendo às características étnicas e culturais que detêm entre si. Igualmente torna-se legítimo que não se sintam muito satisfeitos com o facto de os norte-americanos ocuparem pacificamente uma parte do seu país, unicamente com objectivos militares e económicos. É compreensível que não vejam com muito bons olhos o império nipónico, atendendo ao longo historial de conflitos que mantiveram com aquela nação, e que redundaria mesmo em ocupação do seu território soberano. É uma questão cultural sem dúvida nenhuma. O que critico é a repetição de conceitos, sem qualquer tipo de inovação. E neste ideal, “Welcome to Dongmakgol”, com todos os seus méritos (e são alguns), nada traz de novo.

“Welcome to Dongmakgol” é uma película de qualidade, que possui características positivas, tornando-a justamente num dos produtos mais emblemáticos oriundos da Coreia do Sul. Contudo, e ao contrário do que muitas críticas que se podem encontrar um pouco por toda a internet querem fazer crer, não é uma longa-metragem de tão elevado nível que se possa qualificar de eleição.

Com interesse!

"Da esquerda para a direita: o capitão da força aérea norte-americana Neil Smith, o tenente do exército sul-coreano Pyo Hin-chul e o sargento das forças norte-coreanas Lee Sun-hwa"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 8

Argumento - 7

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emoividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,50