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quinta-feira, outubro 23, 2008

The Scarlet Letter/Juhong geulshi - 주홍글씨 (2004)

Origem: Coreia do Sul


Duração: 118 minutos


Realizador: Daniel Byun Hyuk


Com: Han Suk-kyu, Lee Eun-joo, Seong Hyeon-a, Uhm Ji-won, Kim Jin-geun

"Ki-hoon"

Sinopse

“Ki-hoon” (Han Suk-kyu) é um bem sucedido oficial da polícia, que ama a sua esposa “Su-hyun” (Uhm Ji-won), mas que não consegue evitar dar azo à enorme atracção que sente pela amiga da mulher, “Ka-hee” (Lee Eun-joo), uma cantora de jazz que actua num bar chamado “Blue Note Seoul”. Por este motivo, “Ki-hoon” mantém um casamento aparentemente feliz, mas ao mesmo tempo envereda por uma relação extraconjugal.

Certo dia, “Ki-hoon” é destacado para averiguar as circunstâncias em que ocorreu o homicídio do dono de uma loja de fotografia, que foi encontrado morto pela sua infeliz mulher “Kyung-hee” (Seong Hyeon-a). O polícia desde o início, e devido a certos indícios, desconfia que “Kyung-hee” assassinou o marido e limitado pelo tempo, lança-se numa intrincada investigação.

Contudo, a vida dupla de “Ki-hoon” não facilita em nada as coisas. A mulher e a amante engravidam dele quase simultaneamente. Dividido entre o amor e o dever, o detective tenta manter o seu intrincado estilo de vida. No meio da mentira e da ilusão, acontece muitas vezes que o resultado nem sempre é o melhor...

"Ka-hee"

"Review"

Adoptando o título do conhecido romance do norte-americano Nathaniel Hawthorne, embora não sendo uma adaptação daquele, “Scarlet Letter” é um interessante thriller na linha de filmes como “Instinto Fatal” (“Basic Instinct”), que teve em Sharon Stone e Michael Douglas os seus protagonistas principais, e provavelmente o cruzar de pernas mais famoso da história do cinema. Kim Ki-duk, realizador insuspeito embora bastante incompreendido, referiu-se a esta película em concreto, como um dos dramas mais importantes da história do cinema sul-coreano. Quanto a mim, acho natural a comparação desta longa-metragem com a obra de Paul Verhoeven, embora tenha forçosamente de reconhecer que “The Scarlet Letter” não consegue um equilíbrio tão bom na exposição da trama, deixando os devaneios amorosos de “Ki-hoon” sublimarem-se em demasia perante a compreensão do assassinato do marido de “Kyung-hee” que quanto a mim deveria marcar mais alguns pontos na história. A investigação criminal é claramente secundarizada pela parte muito mais envolvente do triângulo amoroso protagonizado por “Ki-hoon”, “Ka-hee” e “Su-hyun”. Embora a escolha não mereça tanto assim a minha preferência, o filme não deixa de ter qualidade como já explicarei a seguir.

Adjectivos como decadente, agonizante e melodramático poderão definir razoavelmente bem “The Scarlet Letter”, desde que se acrescente uma dose razoável de erotismo atendendo aos padrões sul-coreanos. O sexo quando acontece é razoavelmente explícito e ardente para nos chamar a atenção, embora não avance por campos excessivamente lascivos. O filme mantém um ritmo mais ou menos constante, que nos mantém seguros na perspectiva a adoptar acerca da história. É um clássico conto de um triângulo amoroso, onde todos parecem ter razões suficientes para agir de determinada forma, mas que nos obriga de alguma forma a recriminar as atitudes dos intervenientes. Quanto ao nível de complacência, cabe à consciência de cada um graduá-lo. Tudo flui de forma segura, embora como já acima aludi, dever-se-ia em nome da identidade desta longa-metragem, ter conferido mais algum destaque à investigação do homicídio.

"Ka-hee canta no Blue Note Seoul"

A aura urbana do filme é extremamente forte, consubstanciada no ambiente bastante citadino próprio de uma metrópole vasta como Seul, a capital da Coreia do Sul. Tudo sofisticado, fazendo com que muito do enredo tenha como pano de fundo arranha-céus e ruas largas, exposições de pintura contemporânea, clubes de jazz e concertos de música clássica frequentados por pessoas de gabarito intelectual supostamente elevado. O apartamento de “Ka-hee” é um modelo de bom gosto, e só faço esta referência especial porque aquele "estaminé" representa um sonho de uma vida para mim :) !

Voltando ainda à trama, os últimos 20 minutos consubstanciam-se num volte-face quanto à relativa tranquilidade com que tudo flui e deixam-nos verdadeiramente de rastos. Falo, claro está, da famosa e claustrofóbica cena do porta-bagagens onde “Ki-hoon” e “Ka-hee” ficam inadvertidamente trancados, encarando de início as coisas de uma forma divertida, mas que com o decorrer do tempo vão piorando até à tragédia total. É o grande momento de “The Scarlet Letter”, e só por aqui já vale a pena dar uma espreitadela ao filme. O crescendo das cenas agoniou bastante o meu ser, pois é uma fase da película assaz intensa, violenta e psicologicamente ostracizante. O diálogo é memorável, e pessoalmente achei um portento de representação que infelizmente não se manteve ao longo de toda a obra. Provavelmente porque a ocasião faz o momento, e este foi mesmo um bastante assinalável. Faz-me perguntar até onde irá a imaginação quando se trata de reinventar novas formas de estarrecer o espectador.

Eu já tive a oportunidade anteriormente de conferir o trabalho do actor Han Suk-kyu no “blockbuster” sul-coreano “Shiri”, e na altura tinha ficado bem impressionado. Em “The Scarlet Letter” não apanhei nenhuma desilusão, pois o actor cumpre bem o que lhe é proposto, alternando com uma competência de relevar o papel do marido ternurento, com o do fogoso amante e do polícia dedicado mas pouco convencional. Quem deslumbra verdadeiramente é a malograda Lee Eun-joo, numa actuação extremamente bem conseguida. Infelizmente, esta seria a última oportunidade para podermos apreciar o trabalho desta bonita actriz, que devido a uma profunda depressão cometeria suicídio no dia 22 de Fevereiro de 2005, com apenas 24 anos. É comummente apontada como uma das razões para o estado da actriz, as cenas de nudez que a mesma protagonizou neste filme e à pressão social a que foi sujeita devido a este facto. Neste particular, não percebo muito bem qual o frenesim criado por tal situação. É certo que provenho de uma cultura diferente, menos preconceituosa numas coisas, mas possivelmente mais noutras. Mas atentemos ao panorama cinematográfico sul-coreano, e assim à primeira vista lembro-me da brilhante actriz Jeon Do-yeon que fez cenas muito mais explícitas em “Fim Feliz” (película que tem alguns pontos em comum com “The Scarlet Letter”), e nenhum mal daí veio ao mundo. Com certeza que algo mais haverá, e quem quiser se juntar à discussão, esteja à vontade. O mito estava criado e assim permaneceu até hoje. Quanto às actrizes Seong Hyeon-a e Uhm Ji-won nada de extraordinário trazem ao filme, mas daí não se lhes poderá assacar grandes culpas, pois houve uma clara aposta em Lee Eun-joo que tudo consumiu e ofuscou.

Com uma banda-sonora bastante agradável, mesclada de música clássica e “jazz”, “The Scarlet Letter”, está algo distante de grandes obras que o cinema sul-coreano felizmente já nos ofereceu. Contudo não deixa de constituir uma proposta bastante válida, que possuindo defeitos, terá certamente algumas qualidades que prenderão a atenção de muitos e que tentei resumir acima! Nem que sejam os portentosos 20 minutos finais...


"Um momento de paixão"

Trailer

The Internet Movie Database (IMDb) link

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 8

Argumento - 7

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 9

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,75




4 comentários:

Miguel disse...

antes de mais nada, devo dizer que só há poucos anos descobri o cinema oriental, pelo que é sempre um prazer descobrir estes espaços a ele dedicados. infelizmente, lamento pelo acesso muito limitado que temos a filmes deste mercado, pelo que agradecia caso soubesse onde os arranjar. felizmente e graças à net tenho tido oportunidade de assistir a grandes filmes mas a maior parte ainda é difícil de arranjar e quando o conseguimos faltam as legendas. parabéns pelo excelente blogue.

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Caro pandora,

de facto torna-se por vezes muito complicado aceder ao cinema oriental De qualquer forma, eu noto que o mercado em Portugal está a evoluir bastante neste aspecto e já conseguimos encontrar algumas coisas, principalmente na Fnac. Há uns anos era bem pior!
No meu caso, eu encomendo bastantes filmes de sites como o YesAsia, Sensasian, Play Asia, etc. A Amazon também tem uma selecção aceitável.

No restante, só tenho a agradecer os elogios ao blogue, esperando que volte sempre :) !

Abraço!

WiLL - A Evolução Da Irônia disse...

Onde encontro esse filme com legendas em portugues p/ baixar?

me envie por email o link se tu tiver:

bryanconnor2@gmail.com

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Sinceramente não sei, pois tenho o dvd original.