"MY ASIAN MOVIES"マイアジアンムービース - UM BLOGUE MADEIRENSE DEDICADO AO CINEMA ASIÁTICO E AFINS!!!

Mostrar mensagens com a etiqueta Lau Ching Wan. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Lau Ching Wan. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Mad Detective/Sun taam - 神探 (2007)
Origem: Hong Kong
Duração: 91 minutos
Realizadores: Johnny To e Wai Ka Fai
Com: Lau Ching Wan, Andy On, Kelly Lin, Gordon Lam, Lee Kwok Lun, Karen Lee, Flora Chan, Eddie Cheung, Eddy Ko, Lam Suet, Jo Koo, Wong Wah Ho, Jay Lau
"Bun, the Mad Detective"
“Bun” (Lau Ching Wan) é um ex-inspector, que foi expulso da polícia devido a alegadamente ter problemas mentais. Para muitos era considerado um investigador genial, mas os seus métodos tinham tudo menos de ortodoxo, essencialmente devido a tentar recriar os homicídios que tinha a seu cargo. Essencialmente, “Bun” tentava interiorizar os sofrimentos das vítimas ou agir como os homicidas, devido a ter a melhor percepção acerca da complexidade dos casos. A tolerância para “Bun” findou no dia em que o mesmo mutila parte da sua orelha e oferece ao seu superior hierárquico como presente de reforma.
"Da esquerda para a direita, o agente Ho e o principal suspeito Chi Wai"
Cinco anos mais tarde, o agente “Ho” (Andy On) investiga o intrincado desaparecimento de um colega da polícia, sem conseguir obter resultados. Ciente do génio de “Bun”, decide solicitar o auxílio deste no caso. Cedo, começa a arrepender-se da ideia, pois “Bun” parece ter enlouquecido ainda mais, falando com pessoas supostamente imaginárias e provocando uma série de problemas por todo o lado onde passa. Contudo, “On” começa aperceber-se do real dom de “Bun”. Pelos vistos, este tem o poder de conseguir identificar as múltiplas personalidades que residem numa pessoa, que a seus olhos são corporizadas em seres de carne e osso. As provas parecem apontar para “Chi Wai” (Gordon Lam) que tem nada mais, nada menos, que sete personalidades múltiplas, todas bastante distintas.
"Bun recria um dos comportamentos do suspeito"
Sinopse

A “Milkyway”, uma conhecida empresa de produção de filmes fundada por Johnnie To em 1996 (site oficial AQUI), foi indubitavelmente uma das coisas boas que aconteceu ao cinema de Hong Kong nos últimos anos. Digo isto, pois desde a sua fundação, várias obras renomadas e de boa qualidade tiveram o selo daquela produtora, das quais destacaria mais por ser do meu conhecimento pessoal e agrado “The Mission”, “Needing You...”, “Exiled” e os dois “Election”. Foi com alguma expectativa que ansiava tomar contacto com “Mad Detective”, não apenas pelo excelente “feedback” que o filme possuiu perante a crítica mais especializada, mas igualmente por ter sido um nomeado para o “Leão de Ouro”, a mais alta distinção que um filme pode obter no conceituado festival de Veneza. Outros factores de interesse passavam pelo facto de consagrar uma nova reunião entre dois realizadores de inspirações distintas, Johnnie To e Wai Ka Fai, que não trabalhavam juntos na direcção desde “Running On Karma” (2003), assim como marcava o regresso do actor Lau Ching Wan aos filmes de To, facto que não ocorria desde o ano de 2002, com “My Left Eye Sees Ghosts”. Mesmo tendo recebido uma classificação para maiores de 18 anos em Hong Kong, a película não deixou de ser um sucesso de bilheteira na sua terra de origem, granjeando um grande interesse junto de muitos espectadores.

“Mad Detective” prima pela positiva em muitos aspectos, mas é sem dúvida a magistral interpretação do grande Lau Ching Wan que sobressai. O actor, que pessoalmente admiro bastante e é um favorito de To, consegue oferecer-nos uma interpretação maravilhosamente equilibrada na representação de um “desiquilibrado”, balançando extremamente bem os momentos em que precisa de exteriorizar a loucura e a esquizofrenia, com a comicidade e a veia trágica. A performance de Lau Ching Wan consegue verdadeiramente marcar o estado de espírito de quem visiona esta longa-metragem, sendo capaz de tanto nos pôr a meditar, como a rir ou a simpatizar com a sua contínua progressão para um caminho sem retorno chamado “decadência pessoal”. Os restantes actores aparecem em bom plano, mas é óbvio que empalidecem perante a grandeza de Ching Wan. Mesmo assim, sempre se dará alguma parte do destaque a Andy On, no papel do jovem detective “Ho”, pois frequentemente aquele actor é associado mais à faceta “quebra-corações” (própria de intérpretes sem substância como Nicholas Tse), do que propriamente às suas qualidades artísticas. Andy On, sem deslumbrar, consegue ser um competente “sidekick” de Lau Ching Wan.

"O imaginário de Bun necessariamente reflecte-se na sua vida pessoal"

Na esteira do propalado comportamento “anormal” de “Bun”, Johnny To e Wai Ka Fai mantêm fluídos os 91 minutos de duração da película, tornando-a extremante interessante. Existiu uma opção extremamente feliz neste domínio e que passou pela escolha de uma multiplicidade de personagens para representar as diversas facetas de determinada pessoa, sob a perspectiva esquizofrénica de “Bun”. A interacção entre o detective e as diversas personalidades de “Chi Wai”, o principal suspeito dos assassinatos é, à falta de melhor expressão, genial. Some-se este aspecto aos devaneios pessoais de “Bun”, essencialmente relacionados com a relação que tem com a esposa, e os seus métodos nada ortodoxos na investigação dos crimes, e temos meio caminho andado para nos apercebermos de uma coisa extremamente importante. Estamos perante uma das melhores obras que Hong Kong produziu nos últimos anos, e quiçá, a nível global, das mais competentes que evocam a ténue fronteira entre o imaginário e a realidade. O argumento que viria a ser premiado na 27ª edição dos HK Film Awards (2008) é extremamente forte e bem conseguido, como parece ser apanágio dos escritores ao serviço da Milkyway, e constitui outra das chaves-mestra da película. Este aspecto apenas vem reforçar a qualidade desta obra.

Com uma efectividade tremenda perante aqueles que se interessam por filmes que abordam os meandros da natureza humana, “Mad Detective” revela ser uma longa-metragem que satisfaz plenamente. Tem ritmo, mistério, acção e suspense o suficiente para prender a nossa atenção até ao fim. Para além destes aspectos em concreto, revela ser uma película inteligente na maneira como associa os devaneios de um ser lunático, despertando-nos uma diversidade de sensações que irão desde o riso, até à pena ou a compreensão. Eu e as minhas personalidades escondidas (se é que tenho algumas) definitivamente aconselhamos este filme a toda a gente! E já agora não custa repetir que Lau Ching Wan é mesmo grande e está a milhas de distância da maior parte dos seus conterrâneos que despontam na cinematografia de Hong Kong (Tony Leung Chiu Wai e mais alguns à parte) !

A não perder!

"O standoff final"

Trailer

The Internet Movie Database (IMDb) link

Site oficial (Reino Unido)

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 9

Argumento - 9

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8,25





domingo, janeiro 04, 2009

C'est La Vie Mon Cheri Aka Endless Love/Xin bu liao qing - 新不了情 (1993)

Origem: Hong Kong

Duração: 99 minutos

Realizador: Derek Yee

Com: Anita Yuen, Lau Ching Wan, Carrie Ng, Carina Lau, Petrina Fung, Paul Chun, Sylvia Chang, Jacob Cheung, David Wu, Peter Chan, Teddy Chan, Tats Lau, Joe Cheung, Jamie Luk, Herman Yau, Andy Chin

"Kit"

Sinopse

“Kit” (Lau Ching Wan) é um músico de jazz, que se encontra deprimido pelo facto de as melodias que cria não serem bem aceites pelo público. Embrenhado num marasmo criativo, discute com a sua namorada, a popular cantora “Tracy” (Carina Lau) e põe fim ao relacionamento de ambos.

"Min"

“Kit” muda-se para um apartamento bem mais modesto, e tenta reiniciar a sua vida. No andar de baixo do prédio vive uma família de músicos que se dedica à execução de espectáculos de rua, a maioria versando a ópera chinesa. Cedo “Kit” faz amizade com “Min” (Anita Yuen), o elemento mais novo da família, que revela ser uma rapariga com uma alegria e optimismo enormes. A convivência com “Min”, faz com que “Kit” adquira uma nova vontade de viver, e ambos inevitavelmente apaixonam-se.

Contudo, devido à doença grave que aflige “Min”, a felicidade dificilmente irá durar para sempre...

"Min é confortada por Tracy"

"Review"

Premiadíssimo com seis “Hong Kong Awards”, na 13 ª edição edição deste certame ocorrida em 1994, “C'est La Vie Mon Cheri” é considerado por muitos uma das maiores histórias de amor de sempre, provenientes da industria cinematográfica da actual região administrativa chinesa. Antes de a Coreia do Sul monopolizar quase tudo o que signifique películas de “fazer chorar as pedras da calçada” (por ora, exclui-se “Bollywood”), tanto o Japão como Hong Kong produziram obras de algum vulto, cujo objectivo imediato era partir-nos o coração em dez!


Com um título em francês, provavelmente para acentuar ainda mais o pendor romântico desta obra, “C'est La Vie (...)” poderá parecer à partida o clássico “tearjerker” asiático, em que o tema já bastante familiar das doenças terminais (e um verdadeiro subgénero) marca pontos. No entanto, esta premissa não passa de uma primeira impressão, e o filme vai muito mais além do que isto. É certo que a trama assenta em muito numa bonita paixão, mas foca-se em igual medida na importância da amizade e do gosto pela vida. Esta longa-metragem faz questão de fugir dos estereótipos “pirosos” que marcam muitas vezes o género, apresentando um conjunto de personagens envolventes e realistas, que somos perfeitamente capazes de identificar no quotidiano e, porque não dizê-lo, com nós próprios. Aqui não estamos perante um cenário idílico, povoado por pessoas que nem parecem fazer parte do mundo real, e que de repente uma tragédia qualquer faz cair o paraíso. Pelo contrário, em “C'est La Vie (...)” os eventos parecem tudo, menos artificiais. Estamos a falar de seres palpáveis, cujas agruras no dia-a-dia bem entendemos, e que com avanços e recuos, felicidades e infelicidades, percebemos que a vida ou a morte seguem o seu rumo natural.

O realizador Derek Yee, cujo trabalho já tive aqui a oportunidade de analisar no competente “One Nite in Mongkok”, incide inteligentemente nos aspectos positivos da vida, e com equilíbrio não teme revelar a outra face da moeda. Este ritmo próprio da película, em muito é ajudado pela esforçada interpretação dos actores principais Anita Yuen e Lau Ching Wan. “Min” é uma rapariga pobre, que tem alguma consciência das suas debilidades físicas e psicológicas, mas que vive sob um cativante signo da esperança. Ela não assume uma posição fatalista perante a vida, mas pelo contrário espalha a alegria por tudo e por todos, irradiando um charme irresistível. Por outro lado, temos um “Kit” destroçado e pessimista, mas que na realidade não tem metade dos problemas de “Min”. Mesmo assim, é esta que faz com que a confiança de “Kit” renasça, através de uma força e fé interior, que é capaz de mover montanhas. Anita Yuen e Lau Ching Wan dão corpo a um dos casais mais bem conseguidos do cinema de Hong Kong dos anos '90, merecendo destaque a cativante performance da actriz. É um facto quase indiscutível que “C'est La Vie (...)” constituiria a longa-metragem que definitivamente abriria as portas do estrelato a Lau Ching Wan, e principalmente a Anita Yuen, transformando esta última intérprete, durante algum tempo, numa das estrelas mais cintilantes do burgo.

"Um abraço sentido"

Cabe ainda relevar neste filme, o seu teor musical bastante premente. Estando a trama em parte alicerçada num músico frustrado, assim como numa rapariga que pertence a uma família com tradições na ópera chinesa de rua, está dado o mote para que ao longo da trama nos deparemos com um manancial de melodias que vão desde ao jazz, passando pelo “cantopop” e pela ópera chinesa. Este pendor não se revela apenas na banda-sonora, mas igualmente nas histórias laterais relacionadas com a cena musical de Hong Kong, a nível da indústria discográfica, dos concertos e dos bares. É um registo bastante interessante, e que serve de importante pano de fundo para as questões ditas mais centrais do enredo

Sendo um “remake” de um filme de 1961, intitulado “Love Without End”, assinado pelo realizador Tao Qin, “C'est La Vie Mon Cheri” é um drama envolvente, que conseguirá tocar os corações mais empedernidos. Para além de ser uma enternecedora história de amor, não se cinge apenas a este aspecto e vai muito mais além. Deambula pelos caminhos da amizade e da redenção de uma forma louvável, transmitindo-nos uma mensagem de esperança e de optimismo, mesmo que no fim se assista a um trágico ocaso. Destarte, e apesar de nos sentirmos tentados a derramar uma ou outra lágrima, tudo flui natural e suavemente sem melodramas aparentemente demasiado excessivos. Neste aspecto, deixar-se-á as despesas da casa por conta do ambiente por onde a película caminha.

Uma boa proposta!

"Ópera chinesa"

The Internet Movie Database (IMDb) link

Cena do filme

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 8

Argumento - 7

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 10

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 8,13