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terça-feira, agosto 21, 2007

Happy Birthday - Sun yat fai lok - 劉若英 生日快樂 (2007)

Origem: China/Hong Kong

Duração: 107 minutos

Realizador: Jingle Ma

Com: Rene Liu, Louis Koo, Richard Ng, Lawrence Chou, Bowie Tsang, Carl Ng, Sonja Kwok, Wei Wei, Li Qinqin, Yuya Kudo, Lam Suet, Macy Chan, Richie Ren

"Mi"

Estória

“Mi” (Rene Liu) é uma rapariga solteira de vinte e tal anos, que possui talento para tocar piano. A jovem dá-se bem com a solidão, apesar de ter o apoio de alguns amigos e do pai (Richard Ng). No entanto, quando se aproxima a data do seu aniversário (7 de Junho), “Mi” entra em polvorosa, pois o seu ex-namorado “Nam” (Louis Koo) envia-lhe sempre uma mensagem de aniversário pelo telemóvel.

Num longo “flashback”, acompanhamos o início do relacionamento de “Mi” e “Nam” ainda nos tempos da faculdade. “Mi” era uma rapariga tímida, que passava despercebida, enquanto “Nam” era um rapaz extremamente popular entre o sexo oposto. O improvável acontece, e ambos encetam um relacionamento. Chega a altura em que o rapaz, filho de boas famílias, vai para os E.U.A. uma temporada, esfriando bastante o relacionamento. No entanto, no aniversário de “Mi”, chega sempre o aguardado “SMS” de parabéns.

"Nam"

Posteriormente, “Nam” regressa a Hong Kong, e chega a altura de “Mi” partir para Tóquio, tendo em vista o aperfeiçoamento da sua técnica de piano. A distância mantém-se, embora “Nam” chegue a visitar “Mi” ao Japão, mas por alturas do aniversário de “Mi”, a inevitável mensagem chega sempre.

“Mi” eventualmente acaba por retornar a Hong Kong, e tudo parece se proporcionar para que o casal reate o relacionamento. No entanto, um evento inesperado acontece. “Nam” telefona a “Mi” a dizer que conheceu uma rapariga que ama bastante, indo-se casar com ela e partir para Xangai. O rapaz aconselha-a a esquece-lo.

No entanto, todos os anos “Mi” continua a receber a sua mensagem de aniversário. Qual será a razão para que “Nam” se casasse com outra rapariga, quando era óbvio que amava desmesuradamente “Mi”? Se disse para esquece-lo, porque é que as mensagens continuam a chegar no dia 7 de Junho?

"O casal defronta-se com os seus medos e anseios"

"Review"

Jingle Ma é um realizador extremamente versátil, e que considero, no que toca aos dramas, um dos realizadores mais “coreanos” da cena de Hong Kong. A sua apetência e habilidade para os filmes de “puxar a lágrima ao olho”, definiram objectivamente a minha opinião. Vários exemplos poderiam ser aventados, mas pense-se apenas em “Fly Me To Polaris”, esse drama de fazer chorar as pedras da calçada.

Baseado na novela “I Want to Go With You”, da autoria de Rene Liu (exacto, é a actriz principal deste filme), o argumento é bem feito e a trama verdadeiramente enternecedora. Quem ler a sinopse acima exposta, poderá pensar que estamos perante um monte de “baboseiradas”, do género novela mexicana, mas asseguro-vos que isto não é bem assim. É certo que “Happy Birthday” pretende ser o que se chama de “tearjerker”, levando a que inevitavelmente algumas cenas sejam eminentemente forçadas, e que nos façam pensar que de facto estamos perante mais um bando de “clichés” que visam fazer com que gastemos o “stock” de lenços de papel que temos à mão. Asseguro-vos igualmente que isto constitui a excepção e não a regra. O drama em regra é bem conseguido, e deveras cativante. Posso-vos dizer que em geral, a película me emocionou de certa forma. Mas isto tem uma explicação adicional, e sem querer revelar em demasia a minha vida, debruçarei-me um pouco mais sobre o argumento.

A ideia do casal apaixonado que não tem um final feliz está longe de ser uma novidade. Qualquer um de nós já experenciou, assistiu ou pelo menos ouviu falar de relações entre um homem e uma mulher que não deram certo por razões extra-amor. As circunstâncias vivenciais, a insegurança, os rumos diferentes que cada um quiseram dar à sua vida, a incompatibilidade de feitios, etc., etc., etc., não raras vezes conseguiram com que uma união bonita acabasse. Estou-me a lembrar de dois casos relacionados com amigos meus, com namoros de anos, terem terminado pela razão de eles quererem fazer a sua vida pós-universidade na terra que os viu nascer, a ilha da Madeira, e as namoradas de Portugal continental igualmente pretenderem construir a sua vida nas cidades de que eram provenientes (legitimamente diga-se). Não houve consenso, a teimosia imperou, e o resultado está-se mesmo a ver. Planos de vida…incompatibilidade de feitios…chamem-lhe do que quiserem!

"Natação relaxante"

O tema não é novo e já foi explorado em centenas de filmes.

O que me atraiu com uma violência magnética, no sentido de querer adquirir esta longa-metragem, foi o modo como o rapaz expressava o seu desejo de proximidade: as mensagens de telemóvel enviadas no dia de aniversário da ex-namorada. Fiquei estarrecido pelo simples facto de a minha pessoa de há uns anos para cá viver uma situação extremamente parecida (pelo menos nesta parte). Eu tive uma ex-namorada que não tenho pejo nenhum em admitir que amei bastante, e de há cinco anos para cá, o único contacto que mantenho é precisamente aquela mensagem de aniversário que faço questão de enviar por SMS no dia correspondente. Em 5 anos (este incluído), asseguro-vos que não falhei uma única vez. Estava criado o ambiente para que ansiasse o visionamento de “Happy Birthday”.

Embora não me tivesse identificado completamente com os sentimentos e as peripécias vividas pelo casal “Mi” e “Nam”, e ainda bem (mais não digo, senão desvendaria muito o enredo), revi-me bastante noutras, especialmente na ânsia e na expectativa de receber o bendito “SMS” no dia do meu aniversário (é verdade, também tenho direito a essa gentileza por parte da mesma pessoa), consubstanciada num olhar sub-reptício de meia em meia-hora para o telemóvel.

A fotografia e a ambiência com tons preferencialmente brancos (indicará pureza?) estão belíssimas, ajudando imenso os momentos mais melancólicos da película. As melodias, quase exclusivamente atinentes às músicas de piano tocadas por “Mi”, são comoventes e desempenham bem o seu papel.

O desempenho dos actores é bastante competente, indo as maiores honras para Rene Liu que nos oferece momentos de excelente representação. Não será alheio o facto de ter escrito a estória e porventura tal facto ter ajudado a sentir e a expressar o melhor que podia o interior e exterior de “Mi”.

Aconselhável!

"Notícias preocupantes"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Avaliação:

Entretenimento - 7

Interpretação - 8

Argumento - 8

Banda-sonora - 8

Guarda-roupa e adereços - 7

Emotividade - 9

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 8

Classificação final: 7,88

Nota 1: Dedicado à pessoa a quem eu religiosamente envio um SMS de aniversário todos os anos.

Nota 2: Apesar de não ter nada a haver com o texto acima exposto, aproveito o ensejo para parabenizar a minha localidade, o Funchal, que comemora hoje 499 anos da sua elevação a cidade. Já só falta um para o meio milénio!





4 comentários:

Bracken disse...

Olá, Shinobi! O "The Host" estreou por territórios insulares? Se sim, não percas!
Grande abraço,
Bracken

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá Bracken,

o "The Host" não estreou na Madeira e sinceramente desconfio que isso suceda, pelo menos no Funchal...

De qaulquer forma tenho o DVD do filme e já o vi. É giro. Um dia destes faço uma crítica.

Grande abraço!!!

Anónimo disse...

Fiquei com alguma curiosidade de ver este filme quando li esta tua crítica há uns tempos. Pois vi-o hoje e, embora não o ache particularmente original nas soluções narrativas, conseguiu tocar-me com a sinceridade dos desempenhos, sendo também interessante por coisas que à partida passam despercebidas como a necessidade de ir estudar para fora para "alargar horizontes" e outros hábitos culturais de uma China contemporânea.

E acho que a moral a reter da história é apenas: não deixar passar o tempo certo das coisas, porque elas podem ser impossibilitadas por circunstâncias imprevistas...

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá H.!

Eu sou obrigado a confessar que este foi dos textos menos objectivos que coloquei neste blogue, e que porventura deixei-me levar um pouco pela emoção e pelas experiências vivenciais. Mas daí, excluindo a minha actuação no meio profissional (e por vezes nem aí...), eu sou pouco objectivo por natureza...

Concordo com a tua análise e acima de tudo com a conclusão! De facto não podemos deixar o tempo certo das coisas. O problema é ter a sagacidade e a sensibilidade necessárias para identificar "o tempo certo".

´jinhos e obrigado pelo excelente comentário!