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segunda-feira, maio 12, 2008

Bang Rajan - The Village Warriors/Bang Rachan -
บางระจัน (2000)

Origem: Tailândia

Duração: 113 minutos

Realizador: Tanit Jitnukul

Com: Jaran Ngamdee, Winai Kraibutr, Theerayut Pratyabamrung, Bin Bunluerit, Bongkoj Khongmalai, Chumphorn Thepphithak, Suntharee Maila-or, Phisate Sangsuwan, Theeranit Damronggwinijchai

"Nuat Kheo, o líder dos combatentes de Bang Rajan"

Estória

No ano de 1765 o reino da Birmânia (actual Myanmar) decide anexar o vizinho do Sião (agora Tailândia). O exército birmanês é composto por uma força de 200.000 homens, fortemente treinados e armados. Os atacantes são divididos em dois corpos, compostos por 100.000 combatentes cada um, que visam cercar Ayutthaya, a capital do Sião.

O exército que segue pelo Norte, espalha o caos e a destruição, mas inesperadamente é atacado e travada a sua progressão em Bang Rajan, uma aldeia composta por agricultores e caçadores. Durante uma das escaramuças, o chefe de Bang Rajan, o valente “Taen” (Chumporn Thepphitak) é ferido gravemente. O guerreiro idoso e sábio, apercebe-se que não está em condições de dirigir a resistência contra os birmaneses, e aconselha a procura de um líder forte e destemido.

"O casal Sa e Inn"

A solução é encontrada na aldeia vizinha Nang Bat, na pessoa de “Nuat Kheo” (Jaran Ngdandee), um guerreiro destemido. “Nuat”, imbuído de um espírito patriótico, aceita a tarefa que lhe é incumbida e consegue fazer com que um pequeno grupo de homens e mulheres consigam se opôr com ferocidade a um inimigo muito mais poderoso.

Os birmaneses, estarrecidos com a resistência fazem sete investidas contra a aldeia de Bang Rajan, mas são sempre inevitavelmente rechaçados. No entanto, o desequilíbrio das forças em confronto torna-se cada vez mais evidente, em ordem ao resultado final.

"O valente Tong Menn"

"Review"

“Bang Rajan” é mais um épico tailandês, impregnado de nacionalismo, que visa expôr a história de uma vila a cuja designação o filme foi buscar o seu título. Baseada em factos verídicos, a narrativa encontra-se alicerçada num evento ocorrido em 1765, que viria a inspirar o patriotismo de todo um povo. Como decorre da sinopse, o exército birmanês, no seu costumeiro conflito com o Sião, resolve invadir um reino que na altura se encontra fragilizado. Inesperadamente, a maior resistência que encontra, provém de uma vila que encontra na sua marcha para Ayutthaya, a capital, e que o obriga a travar oito onerosos combates. Eventualmente, a destruição dos valentes aldeões acabaria por chegar, atendendo à desproporção de efectivos e armamento. No entanto, os custos traduziriam-se numa “vitória de Pirro ou pírrica”, ou seja, uma vitória obtida à custa de um alto preço que eventualmente comportará prejuízos irreparáveis. Estamos pois perante uma espécie de “Fort Alamo” tailandês, onde à semelhança da célebre batalha travada na localidade texana, muito poucos acabariam por fazer tanto. É este o espírito presente em “Bang Rajan”.

A película teve uma boa expressão internacional, tendo sido exibida nos festivais de Toronto, Seattle, Vancouver, Havai e Montreal. Neste último, viria a ser considerado o segundo melhor filme asiático em exibição, sendo apenas suplantado por um rival de peso, “Sympathy For Mr. Vengeance”, de Park Chan-wook, e superando “Musa, the Warrior”, que se ficaria pelo 3º lugar (uma clara injustiça!). Mesmo assim, não há nada como um realizador norte-americano de nomeada reparar num filme asiático, e num gesto de altruísmo, atribuir-lhe a chancela “qualquer coisa presents”, e expondo-o na montra do cinema dos Estados Unidos da América. Quentin Tarantino fê-lo com “Herói” e Francis Ford Coppola com “A Lenda de Suriyothai”. O senhor amável, seria nada mais nada menos que o conhecidíssimo Oliver Stone, que viria a patrocinar uma exibição de “Bang Rajan”, por algumas salas de cinema norte-americanas.

“Bang Rajan” é mais um épico tailandês, à semelhança de “King Naresuan” ou “A Lenda de Suriyothai”, que evoca o espírito lutador do povo tailandês contra o vizinho do lado, o reino da Birmânia. A abordagem à questão conflitual que nos é facultada por “A Lenda de Suriyothai”, é mais polida e política, sendo por este motivo uma película mais refinada. “Bang Rajan”, pelo contrário, aposta muito mais na acção em detrimento do factor argumentativo. E esta premissa é revelada logo no início do filme, em que apenas nos é facultado um pequeno enquadramento histórico, em jeito de narração, para passarmos logo a assistir um ataque dos aldeões da localidade tailandesa a um esquadrão birmanês. Nada de introduções para que nos possamos ambientar e compreender verdadeiramente o que está em jogo. É logo pancada de meia-noite! Pessoalmente, não sou afã deste estilo de realização, tanto nos épicos como nos filmes de acção. Tenho uma clara preferência por aquelas longas-metragens que nos expõem as situações que estão em causa, de forma a que estejamos habilitados a percepcionar o remanescente do filme, num sentido crescente e controlado. Existem excepções, é claro, mas “Bang Rajan” não é uma delas.

"Rodeados na batalha"

“Bang Rajan” tem elementos que nos fazem lembrar “Sete Samurais”, na parte em que uma vila inferiorizada perante um inimigo externo, consegue fazer face às adversidades graças a um punhado de guerreiros dotados de uma grande alma e força de vontade. Terá igualmente algum do espírito presente em “Braveheart”, essencialmente devido às sangrentas batalhas que nos são apresentadas e que constituem sem dúvida alguma, o ponto forte do filme. Os combates são impregnados de um grande realismo, e o que faz mais impressão sem dúvida nenhuma, é a maneira como os guerreiros tailandeses combatem. Fazem-no sem qualquer tipo de protecção como uma armadura. Marcham para a guerra em tronco nu, armados com os seus sabres e machados extremamente afiados. Estas armas quando entram em acção ao cortar a carne do oponente, só nos fazem lembrar o talhante lá do bairro a fazer o seu trabalho. Brrrr..... O realizador Tanit Jitnukul filma as lutas em larga escala, mas igualmente intimista e de uma forma um tanto ou quanto desorganizada. Isto acaba por ter efeitos positivos na película. A câmara acompanha a ferocidade dos guerreiros de muito perto e com movimentações que acentuam a acção. Inclusive, nos combates travados em lama, as lentes ficam completamente conspurcadas quando os guerreiros tombam. Qualquer tipo de guerra convencional não parece existir, mas antes uma guerrilha organizada e tribal, eivada de uma violência quase sem precedentes.

Os “clichés” e estereótipos da ordem encontram-se presentes, de forma a possibilitar que esta longa-metragem conquiste uma certa empatia perante quem a visiona. Existe “Tong Menn”, o homem que caminha e pena pela estrada da vida da vida, agarrado ao álcool e à sua miséria pessoal, tornando-se desta forma a personagem trágica do filme; “Nuat Kheo”, o herói relutante, que acaba por corajosamente assumir a responsabilidade pelos destinos de um povo que à partida tem o seu destino selado; “In”, o conscencioso guerreiro que ama a sua esposa, mas ciente do seu dever para com a comunidade, tudo faz para equilibrar os seus deveres familiares com a sua honra no campo de batalha.

O epílogo já se está mesmo a ver que apostará tudo no drama exacerbado e nas cenas emblemáticas. Por mim, tudo bem! É das facetas que gosto mais dos épicos asiáticos, confesso! No entanto, afigura-se-me que a forma como os “tearjerkers” foram inseridos, acabaram por tornar as cenas potencialmente mais fortes do filme, numa piroseira que deve bastante à credibilidade. Embora reconheça que sou bastante permeável a estes jogos sentimentais que os realizadores asiáticos adoram fazer (é uma questão cultural, acima de tudo), e que tal constitui um factor importante para o meu propalado gosto por esta cinematografia, haverá sempre que distinguir o excelente, do bom, do mediano e do mau. Não nego que fiquei tocado pelos amantes moribundos a rastejarem num campo de batalha, de forma a se poderem tocar por uma última vez. Simplesmente entendo que se calhar é preciso reinventar um pouco o género. Em defesa de “Bang Rajan”, sempre se poderá invocar que o filme é de 2000, e portanto antecedente de muitas obras célebres que enveredaram pelo mesmo diapasão. No entanto, fico com a franca impressão que a nível de representação e do caminhar pelas estradas do “jogo de lágrimas”, os tailandeses terão ainda muito que aprender com as restantes cinematografias asiáticas de eleição.

“Bang Rajan” constitui um épico aceitável, cujo visionamento se aconselha. Isto assume mais acuidade, quando a edição de dvd de dois discos da Contender é um verdadeiro mimo, com extras fenomenais!


"Monumento aos heróis de Bang Rajan"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 7

Argumento - 7

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,50




4 comentários:

Nuno disse...

Amigo Jorge,

Este Tanit Jitnukul nem sabia que existia. Não sei como desencantas estes filmes, mas pelo que fui pesquisar deste realizador, viste o seu único filme "visionavel" ( com prémio e tudo). Eu dentro do cinema asiático gosto muito do cinema Tailandês, não me perguntes porquê, talvez porque já lá estive 5 vezes...não sei, mas a verdade é que não encontro muitos filmes tailandeses disponiveis.
Pela tua análise (mais uma sensacional) este pode ser um filme bem interessante. Resta-me descobri-lo...

Um Abração... já tenho saudades de tomarmos umas cervejas....ou Jameson

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Caro amigo Nuno,

eu também não conhecia Tanit Jitnukul, mas já andava há uns dois anos para encomendar e visionar "Bang Rajan". Lembro-me que na altura visionei o "trailer" e fiquei bastante impressionado.
Finalmente pude vê-lo há dias, e embora o filme seja bom, fiquei um pouco aquém do que eu esperava. De qualquer forma, julgo ser uma boa proposta.

Quando estiveres por aqui, apita para tomarmos um copo! Grande abraço!

Su disse...

eu só vim para saber das novidades......pois....é feitio....ou defeito...sei lá:))

jocas maradas para os meninos

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Cara amiga Su,

és sempre muito bem vinda a este espaço :) !
Com certeza que é bom feitio!

Beijinho!