Realizador Asiático Preferido - Votação
Apresento-vos mais um realizador asiático que está sujeito ao vosso escrutínio, no quadro de votações mais abaixo à direita. Não custa relembrar que podem escolher mais do que uma opção, antes de clicarem e submeterem o(s) vosso(s) voto(s). Igualmente podem sugerir outros nomes para serem postos a votação.
Filmografia enquanto realizador (caso exista alguma crítica, o título estará assinalado a cor vermelha. Para aceder ao texto , basta clicar):
- My Son's Youth (1952)
- The Thick-Walled Room (1953)
- Sincerity (1953)
- Three Loves (1954)
- Somewhere Under the Broad Sky (1954)
- Beautiful Days (1955)
- The Spring (1956)
- I'll Buy You (1956)
- Black River (1957)
- The Human Condition I (1959)
- The Human Condition II (1959)
- The Human Condition III (1961)
- The Inheritance (1962)
- Seppuku (1962)
- Kwaidan (1964)
- Samurai Rebellion (1967)
- Hymn to a Tired Man (1968)
- At the Risk of My Life (1971)
- Kaseki (1975)
- Glowing Autumn (1979)
- Tokyo Trial (1983)
- Family Without a Dinner Table (1985)
4 comentários:
No cinema japonês do pós-guerra até aos finais de 50, é sabido, deparamo-nos com um problema usual: os motivos do entretenimento absorvem o radicalismo e a longevidade política das obras. Não só porque o Japão, a pouco e pouco, se habituava a um regime democrático (sem a presença activa do Imperador) como a imposição da "pax americana" sujeitava os heróis revolucionários dos antigos jidai-geki (veja-se um Orochi ou as produções obscuras de Tai Kato)a conterem-se.
Porém, Masaki Kobayashi é um realizador que, sendo clássico, é também estranhamente um revolucionário, contradizendo a fórmula dos seus contemporâneos, Akira Kurosawa , Hiroshi Inagaki entre outros. As suas obras adquirem um sabor muito particular, onde os "idealistas" ganham relevo. Nos seus "chambaras", por isso, persiste sempre o tema da rebelião (em Harakiri - obra cuja grandiosidade nem admite classificações - ou Rebellion mas também em Inn of the Devil). Os mais fracos sacrificando-se por essa vingança, uma espécie de "mise-en-scéne" caótica contra os homens no poder, cegos de ambições.
Se a experiência da guerra marcou todos os realizadores desta geração , no caso de Kobayashi (ao contrário de Kurosawa que centra o diálogo apenas na ambiguidade dos valores morais) esse horror transforma-se num activismo de heróis que são mártires, por morrerem por uma causa nobre, que os transcendem. A sua trilogia épica "A Condição Humana" é um feito cinemático inegável onde a bondade do protagonista (um Tatsuya Nakadai - formidável como sempre) contra os terrores da guerra o torna num mártir numa época descontroladamente desumanizada.
Mesmo em Kwaidan há certas marcas de um autor sempre pronto a reiventar-se, e em Black River (outra obra mais antiga) o "noir" é quase cinema-social como as primeiras aventuras de Shohei Imamura.
De salientar a participação já mencionada de Tatsuya Nakadai - "alter-ego" de Kobayashi - herói, revolucionário e louco. E também as hipnotizantes bandas-sonoras de Toru Takemitsu (participação que foi sendo cada vez mais regular nas suas obras).
Abraço!
Olá Miguel Patrício!
Como sempre, mais um texto que nos ajuda perceber a importância da obra de um realizador, neste caso de Kobayashi. Pessoalmente, vi "Kwaidan" e "Rebellion" e fiquei agradado com a sua obra!
Um abraço!
Quando se fala de Masaki Kobayashi a primeira coisa que me recordo é do "peso" e imponência do seu cinema!
São normalmente obras longas com narrativas pertinentes e sempre de uma densidade extraordinária. Além disso, é, dentro dos mais "clássicos" talvez aquele com maior agilidade em termos estéticos, demonstrada nesses intensos episódios do Japão feudal como o sombrio "Inn of Evil", a obra-prima "Harakiri" (Nakadai, meu deus!) e o furioso "Samurai Rebellion" onde além da provocação ao sistema (e ao espectador) se consegue vislumbrar algumas marcas quase ao estilo new wave!
Mesmo assim, o seu auge estilistico foi "Kaidan", justamente porque todo o filme se baseou na sua beleza hipnotizante
com aqueles cenários fulgurantes, sendo sem dúvida esse o seu trunfo mais forte uma vez que em termos narrativos não é tão cativante.
Teve ainda tempo para nos oferecer "Black River", esse bem interessante - apesar de esquecido na sua obra - diário do pós guerra, em tempos de caos social! E para terminar foi responsável por uma das mais longas experiências cinematograficas que tive oportunidade de experimentar, nas épicas mais de 9 horas de filme divididas em 3 partes (ou 6 se quiserem) nessa herculeana jornada The Human Condition!
É mesmo caso para dizer que se trata de um peso-pesado do cinema Japonês!
Olá tf10!
Antes de tudo, mais um excelente comentário que complementa muito bem o veiculado pelo Miguel!
Como já disse no comentário anterior, vi o "Kwaidan" e o "Samurai Rebellion" e fiquei agradavelmente impressionado com os filmes. Seguindo o vosso conselho, vou experimentar "A Condição Humana" e logo digo da minha justiça :) !
Abraço!
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