Aragami, the Raging God of Battle/Aragami - 荒神 (2003)
Origem: Japão
Duração aproximada: 78 minutos
Realizador: Ryhuei Kitamura
Com: Takao Osawa, Masaya Kato, Kanae Uotani, Tak Sakaguchi, Hideo Sakaki
“O samurai”
Sinopse
No Japão feudal, numa noite tempestuosa, dois samurais bastante feridos procuram refúgio num templo, e são acolhidos pelo casal residente. Um dos guerreiros (Hideo Sakaki) morre em consequência das maleitas que lhe foram infligidas. O outro (Takao Osawa) recupera miraculosamente e em breve conhece o seu salvador, um homem chamado “Aragami” (Masaya Kato), e a sua companheira (Kanae Uotani).
“Aragami”
Após uma noite de bastante ingestão de álcool, “Aragami” faz um pedido pouco convencional ao samurai: que o mate em combate. Cedo se conclui que “Aragami” não é um ser humano, mas o deus das batalhas e do combate, sendo por este motivo supostamente imortal. Acontece que o deus está cansado da vida e anseia ardentemente pela morte. Contudo, o estatuto que detém e a sua própria natureza, impedem-no de cometer suicídio, pelo que a única de maneira de findar a sua existência é ser morto em combate. O samurai fica aturdido com a exigência de “Aragami”, mas não tem outra saída senão desafiar o oponente mais formidável que já enfrentou.
“A mulher misteriosa”
“Review”
“Aragami” foi um dos dois resultados do denominado “Duel Project”, tendo o outro sido a película “2DLK” do realizador Yukihiko Tsutumi. Tudo começou após uma noite de....deixemo-nos de rodeios...bebedeira! No festival de cinema de Berlim, Kitamura e Tsutumi encontraram-se e à noite entregaram-se aos prazeres do álcool. Num discurso inicialmente cordial, feito de elogios mútuos, uma discussão gerou-se entre os dois, acerca de quem seria capaz de fazer o melhor filme que versasse sobre um duelo até à morte. O produtor Shinya Kawai lançou então o desafio aos dois realizadores, e ambos os contendentes deram a vida às suas obras. As premissas: duas ou três personagens; estas têm que lutar umas com as outras e uma tem de morrer; um cenário praticamente permanente; uma semana para rodar as respectivas obras.
Não é usual ver um filme de Kitamura em que 80% do tempo da obra assenta em diálogos. É do conhecimento geral que o realizador japonês aposta muito mais no estilo e na espectacularidade dos seus produtos, do que propriamente num argumento cuidadosamente urdido. Apesar de as conversas mantidas entre “Aragami” e o samurai dominarem a quase totalidade da película, sempre se dirá que esta não tão longa-metragem não se torna cansativa pelo excesso de conversa, e chegam a existir momentos bem interessantes que versam sobre a vida do demónio e os seus anseios. Um dos aspectos de saudar, passa pelo aumento de tensão que progressivamente vamos sentindo à medida que o filme vai seguindo o seu rumo, assim como existe o apelo a algum humor intermitente que desanuvia de certa forma o aspecto referenciado. Como já anteriormente referi, o cenário é basicamente sempre o mesmo, ou seja, o templo onde reside “Aragami”. Contudo, sendo um factor que também poderia potencialmente cansar o espectador, o mesmo não se faz sentir muito, a que não será alheio o facto de a película ser de duração relativamente curta e a trama ter uma dinâmica muito própria, mas apreciável.
“O prelúdio de um duelo”
Finda a conversa, inicia-se o embate final e é aqui que Kitamura está no seu campo de acção, e evidencia onde se sente mais à vontade. É-nos apresentada um duelo revestido de grande espectacularidade, com “katanas” a flamejar, acrobacias sobre-humanas e muita ferocidade à mistura. Não é um clássico duelo “chambara”, pois tal se torna incompatível com o estilo de Kitamura. E “estilo” é a palavra chave, como é apanágio do autor japonês. Os fãs mais puristas de Kitamura rejubilarão com o o duelo travado entre “Aragami” e o samurai, e sentir-se-ão finalmente recompensados por uma espera que reputarão de longa. Se não são masoquistas, neste caso em concreto, mais vale carregar o botão “forward” do vosso leitor de dvd, e avançar logo para o electrizante duelo final. Os restantes, poderão apreciar a “agradável” argumentação travada entre os dois oponentes da história, e no fim, também não ficarão defraudados com as estonteantes cenas de acção.
Com interpretações aceitáveis, de Osawa, Kato e até de uma silenciosa/tenebrosa Uotani, “Aragami” está longe de ser uma película de antologia. Contudo, a sua abordagem interessante nos diálogos dos intervenientes, a atmosfera negra e sufocante, para além do “stand off” final, valerá uma espreitadela descomprometida. Se não ficarem satisfeitos, também não perderão muito tempo. Este “chambara” de Kitamura não chega a oitenta minutos, portanto...
“Combate”
Nota: 6.7/10 (1.218 votos) em 12/01/2010
Avaliação:
Entretenimento – 8
Interpretação – 7
Argumento – 7
Guarda-roupa e adereços – 8
Emotividade – 8
Mérito artístico – 8
Gosto pessoal do “M.A.M.” – 7
Classificação final: 7,50
2 comentários:
Esta é das melhores coisinhas de um realizador bastante medíocre como é o Kitamura! São dois exercícios (Aragami e 2LDK) que valem a pena.
Embora reconheça que Kitamura está longe de ser um realizador de corpo inteiro, tenhom que confessar que gosto da maior parte dos filmes dele.
Descontraem-me imenso, e o "estilo" superficial que mete nos seus filmes, colhe imenso o meu agrado ;)!
Abraço!
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