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quinta-feira, junho 18, 2009

The Warlords - Irmãos de Sangue/The Warlords/Tau ming chong - 投名状 (2007)

Origem: China/Hong Kong

Duração: 127 minutos

Realizador: Peter Chan e Raymond Yip (co-realizador)

Com: Jet Li, Andy Lau, Takeshi Kaneshiro, Xu Jinglei, Guo Xiao Dong, Shi Zhao Qi, Wang Kuirong, Wang Yachao, Gu Bao Ming, Guo Xiaodong, Zhou Bo

"Pang"

Sinopse

Na China do século XIX, a rebelião dos cristãos Taiping imergiu o reino Qing no caos. O general “Pang” (Jet Li) é o único sobrevivente de uma batalha com os opositores ao imperador, fingindo-se de morto entre os corpos dos homens que comandava. A sua vergonha e covardia perseguem-no, mas “Pang” encontra coragem e redenção numa noite que passa com “Lian” (Xu Jinglei). Esta parte pela manhã, sem deixar pistas acerca do seu destino.

“Pang” parte outra vez sem direcção, até travar conhecimento com “Wu Yang” (Takeshi Kaneshiro), um jovem salteador que é liderado por “Er Hu” (Andy Lau). Os bandidos ganham a vida roubando comida aos soldados e, por vezes, assassinando-os. Demonstrando que tem capacidades de luta muito acima da média, “Pang” junta-se ao grupo de “Er Hu”, ficando chocado quando descobre que “Lian” é a mulher daquele. Quando a aldeia chefiada por “Er Hu” é saqueada pelo exército “Qing”, a ameaça de fome torna-se bastante elevada. Contudo, “Pang” sugere que os salteadores se alistem como soldados, de forma a que possam ter comida, dinheiro e porventura fama e heroísmo.


"Er-Hu"

“Er Hu” e “Wu Yang” concordam, mas atendendo a que “Pang” é novo no grupo, insistem em fazer um juramento conjunto, de forma a assegurar a sua lealdade. Em virtude deste facto, tornam-se irmãos de sangue, unidos por um pacto inquebrável, cuja violação dará direito à morte. Cedo, o grupo começa a ganhar notoriedade, devido a importantes batalhas que conseguem vencer contra os Taiping. No entanto, a amoralidade da guerra, a traição advinda da política e a paixão que tanto “Er Hu” como “Pang” nutrem por “Lian”, irão pôr em causa a amizade assumida pelos três heróis.


"Wu Yang"

"Review"

De há dois anos para cá, confesso que “The Warlords” foi dos filmes que geraram mais expectativas na minha pessoa, fundamentalmente por dois aspectos: é um épico de guerra e possui um “cast” fortíssimo, onde pontificam três dos meus actores asiáticos favoritos. Profusamente premiado em variadíssimos festivais de cinema asiático, Peter Chan para levar a cabo esta empresa baseou-se no clássico “Blood Brothers”, filme que remonta a 1973, assinado por Chang Cheh. O filme impressiona pela sua grandiosidade, e detém mesmo alguns momentos de tirar a respiração. Contudo, não se encontra isento de aspectos menos bons e que a certa altura defraudam um pouco. Diga-se de passagem, e repito, que a obra estava tabelada por cima e o anseio era elevado.

Em Hong Kong, Peter Chan é mais conhecido pelo seu especial jeito para as longas-metragens que lidam mais com o romance, embora já tenha tido incursões por outros géneros. À primeira vista, julgo que o exemplo mais emblemático passará por “Comrades: Almost a Love Story”. Apesar de “The Warlords” ser um épico, não deixa de ter bem presente uma faceta desenvolvida no tocante à história de amor. Os caminhos escolhidos enveredam muito mais pelo platonismo, do que propriamente pela parte mais física da relação, fazendo com que nos apercebamos crescentemente que “Lian” a mulher de “Er Hu”, será uma das causas principais para que a irmandade sofra um abalo. Desde já se iliba “Lian” de alguma actuação maléfica ou propositada para que tal suceda. As coisas simplesmente tomam o rumo que lhes está destinado. No que toca à amizade supostamente existida entre os três vectores do triângulo do pacto, a mesma não convence muito. “Pang” e “Er Hu” estão demasiado agarrados aos seus códigos de honra e objectivos pessoais. Quanto a “Wu Yang”, o mesmo parece um ser ingénuo, que precisa de orientação. Não se sabe muito bem é onde ele a irá buscar. Os únicos reflexos sintomáticos, embora algo desajustados face ao referido anteriormente, passa pela união dos três guerreiros numa batalha que parece estar irremediavelmente perdida, assim como a tentativa de “Er Hu” de salvar um “Pang” supostamente em perigo de vida. O que é um facto é que parece existir alguma falta de densidade, segurança e equilíbrio narrativo. Prova disto é que na parte final do filme, este dá um volte-face repentino e abrupto, saindo do campo do épico com cenas de acção memoráveis, e entrando na zona da intriga palaciana e da consumação da traição. Existe uma omissão no que concerne a uma ponte de ligação entre estas duas fases.

"Pang caminha sobre a morte"

Outro aspecto que carecia de algum melhoramento, passa pela explicação mais científica e histórica acerca da época em que ocorre a trama. Isto com certeza irá reflectir-se mais perante a audiência ocidental, da qual eu e a maior parte dos que visitam este espaço fazem parte. A rebelião Taiping, que se iniciou em 1850 e prolongou-se por 14 anos, teve muito de cultural e ideológico. Resumidamente, estamos a falar de uma revolta liderada por Hong Xiuqian, um chinês convertido ao cristianismo, e que visou criar um suposto reino que professasse aquela ideologia. Xiuqian desencadeou uma luta contra o império Qing, tendo-se auto-proclamado rei divino e irmão de Jesus Cristo. Tudo viria a ter um fim com a vitória dos exércitos do imperador em 1864. Ora na película, nada disto é explicado e apenas é induzido através de alguma simbologia como as cruzes de cristo. Existe uma claro focar nos temas da guerra, irmandade e romance, algumas vezes com bons resultados, outras assim-assim. A aposta pareceu, à primeira vista, numa maior internacionalização desta longa-metragem, visando agradar o público estrangeiro. Julgo, pelas razões que expliquei, que o desafio não foi completamente ganho pela perda de profundidade em que resultou.

Visualmente, o filme é muito excitante. Existem cenas de batalha excepcionais, muito sangue e algum realismo brutal, embora por outra via se tenha de admitir um certo exagero em nome do aumento da espectacularidade. Pense-se em Jet Li de uma assentada a cortar os pés a cinco ou seis oponentes. No tocante às paisagens, não nos é oferecido as verdejantes florestas de bambu de “O Tigre e o Dragão”, O Segredo dos Punhais Voadores” e tantos outros. Igualmente, não existe a sumptuosidade de “A Maldição da Flor Dourada”, ou o mundo de cores de “Herói”. O que nos é oferecido são desertos e cenas desoladas pela guerra implacável, num registo que de certa forma se aproxima um pouco de “Ashes of Time”. No entanto, a beleza árida ou crua de “The Warlords” não é nada inferior aos mencionados exemplos. Simplesmente, manifesta-se de uma forma diversa, mas muito pungente. No que concerne à actuação dos actores, julgo que os maiores créditos terão de ser atribuídos a Jet Li, e não devido à parte mais física da interpretação, pois “The Warlords” não é uma típica obra de artes marciais ou “Wuxia”. Jet Li desempenha muito bem o seu papel de homem amargurado pela derrota até à ascensão na hierarquia da dinastia Qing, podendo actualmente considerar-se um actor completo. Domina bem a expressividade, que está bastante talhada para papéis mais circunspectos, e sabe expôr verbalmente as suas emoções. Li foi, sem dúvida alguma, um actor que evoluiu imenso durante os últimos anos e cuja melhoria neste aspecto começou-se a notar mais a partir de “Herói”. Andy Lau e Takeshi Kaneshiro, à partida, sentem-se mais à vontade no tocante à representação mais tradicional. Contudo, aqui pedem meças a Li. Lau não tem oportunidade para evidenciar os seus inquestionáveis méritos como actor, e não parece se sentir muito à vontade num papel importante, mas um tanto ou quanto relativizado em relação a Li. Kaneshiro, por outra via, só desponta quando passeia a sua faceta de menino bonito do cinema asiático, que faz suspirar as moças todas. Não quero com isto dizer que Kaneshiro não é um actor de nomeada. Muito pelo contrário. Simplesmente aqui não mostra o que já evidenciou em muitos outros filmes.

Apesar de ser um épico de pendor belicista, “The Warlords” tem uma clara mensagem contra a guerra, dando a entender que um conflito em grande escala, não apenas espalha miséria a título global, mas também marca o mundo pessoal de cada um. Sendo uma obra de Peter Chan, é inevitável que não se consiga desligar dos aspectos mais sentimentais. Trata-se de uma película que será bastante consensual, mesmo para aqueles que não estão familiarizados com o cinema asiático. Apesar de ter méritos inegáveis e ser passível de considerarmos um bom filme, confesso mesmo assim, que estava à espera de algo mais.

A ver!

"Wu Yang ergue a cabeça de um inimigo"

The Internet Movie Database (IMDb) link

Trailer

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 7

Argumento - 7

Banda-sonora - 9

Guarda-roupa e adereços - 9

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,88





10 comentários:

Takeshi Age of Asia disse...

Na minha humilde opinião, Peter Chan conseguiu atingir seu objetivo de trazer emoção e fazer um grandioso filme de guerra. O conhecido kung fu estilizado não fez falta nesta obra, foi uma ótima experiência para Corey Yuen com toda a certeza!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá Takeshi!

Regra geral, acho que o filme merece nota positiva.

Simplesmente acho-o um tanto ou quanto desequilibrado, a nível da explicação do contexto histórico e narrativo.

Abraço!

Patyka disse...

Oi, Jorge!

Há quanto tempo!^^

Como o Takeshi, eu também achei que o Peter Chan conseguiu fazer um belo filme, equilibrando o horror da guerra com o teor sentimental e os conflitos dos personagens. Adorei o trabalho de fotografia do filme e o tom, digamos mais "realista" da guerra, algo que pelo menos eu não estou acostumada a ver em filmes épicos asiáticos com este tema. Não demserecendo o trabalho do Andy Lau e do Takeshi Kaneshiro, certamente é o Jet Li que mais impressiona. Ele se desenvolveu muito como ator e teve um desempenho notável neste filme!

Beijins!

H. disse...

Estamos mais ou menos de acordo caro Jorge! Também me parece uma obra com algum interesse mas longe de ser isenta de imperfeições (nomeadamente na questão do contexto).
Escrevi mais sobre o filme aqui:
http://oveupintado.blogspot.com/2009/02/warlords.html

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá, Patyka!

Já pensava que te tinhas esquecido aqui do blogue, eh, eh, eh!
Não duvido que o filme tenha exposto bem o drama do horror da guerra e das respectivas agruras, mas sinceramente mantenho a minha opinião que o filme sofre de algum desequilíbrio e falta de densidade narrativa.
Contudo é um filme que se vê bem, e não se dá pelo tempo passar.

Beijinho!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

É mesmo isso que eu penso, H.!

Já vou juntar o "link" do teu texto, ao espaço do "post" que reservo para outras críticas em português.

Beijinho!

Filipe Machado disse...

Já li em várias críticas que este é o desempenho da vida de Jet Li.

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá, Filipe!

Na minha opinião, essas mensagens passadas pelas revistas, estão longe de ser verdade.

Independentemente da minha preferência por estes filmes, julgo que "Fearless", "Fist of Legend" e "Herói" serão os melhores papéis de Jet Li, e aqueles em que ele alia muito bem as suas capacidades de luta, à representação mais convencional. No entanto, ele também está a grande nível, em "The Warlords".

Abraço!

Abraço!

Dewonny disse...

Achei muito bom esse épico, Jet Li está ótimo de vilão, mas o elenco todo está sensacional, recheado de grandes astros, aqui no Brasil, o filme se chama "Os Senhores da Guerra"!
Abs! Diego!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá Diego!

Na minha opinião, o filme tem os seus altos e baixos, embora no final o balanço seja positivo.

Jet Li é o actor que se exibe a melhor nível. Takeshi Kaneshiro e Andy Lau, julgo estarem abaixo do que nos habituaram em outras películas.

Abraço!