"MY ASIAN MOVIES"マイアジアンムービース - UM BLOGUE MADEIRENSE DEDICADO AO CINEMA ASIÁTICO E AFINS!!!
segunda-feira, agosto 03, 2009
quarta-feira, julho 29, 2009

Atenção! Spoiler!
“Eleição 2” é a sequela de “Eleição”, filme já anteriormente criticado neste espaço AQUI. Pelo exposto, o texto abaixo poderá conter “spoilers” em relação ao primeiro filme. Se não viu ainda “Eleição”, não deverá continuar a ler este escrito.
Sinopse
Dois anos após “Lam Lok” (Simon Yam) ter saído vitorioso sobre “Big D” (à altura interpretado por Tony Leung Ka Fai), na disputa sobre o comando da tríade Wo Sing, é tempo de eleger um novo líder para a organização, considerando que o mandato está a chegar ao fim. A liderança de “Lok” foi considerada bastante positiva, mas a tradição exige que se mude de chefe de dois em dois anos. Os candidatos que se chegam à frente são “Kun” (Gordon Lam) e “Jet” (Nick Cheung), mas ambos revelam ser marionetas de “Lok”. Por outra via, existe uma falange forte da tríade que pretendia que “Jimmy Lee” (Louis Koo) assumisse os destinos da Wo Sing, mas este apenas importa-se com os seus negócios pessoais.
Na realidade, “Lok” não se mostra predisposto a deixar o lugar de chefe da tríade, e começa em maquinações para renovar o seu mandato, desafiando todas as regras da organização. Acontece que “Jimmy Lee” recebe um golpe muito duro nos seus proveitosos ganhos, quando o inspector chinês “Xi” (You Young) lança-lhe um ultimato, afirmando que ele só poderá continuar no seu negócio dos dvd piratas, se obtiver uma posição mais importante no “ranking” da tríade. Face a esta perspectiva das coisas, “Jimmy Lee” entra na corrida para líder da Wo Sing. Cedo, “Lok” e “Jimmy Lee” convencem-se que a única forma de serem eleitos, é matarem o rival. Uma batalha sangrenta tem o seu início.
"Review"
Um ano após o sucesso de “Eleição”, um dos mais importantes filmes acerca do quotidiano das tríades, Johnnie To daria corpo a “Eleição 2”, uma película que visa concluir de certa forma os eventos passados na primeira obra, assim como selar o destino tanto de “Lok”, como de “Jimmy Lee”, tendo esta última personagem um protagonismo central na história. “Eleição” constituiu um marco na compreensão do “modus operandi” das organizações do submundo do crime de Hong Kong, tendo demonstrado ser um bom produto de entretenimento, mas igualmente imbuído de um factor cultural bastante assinalável. “Eleição 2” faz jus à notoriedade do seu predecessor, e encarna muito do espírito do primeiro filme. Simplesmente, entendo que consegue ser, na generalidade, uma película mais violenta e brutal. A cena do canil é bastante ilustrativa deste aspecto.
A guerra que a certa altura desencadeia-se entre os outrora aliados “Lok” e “Jimmy Lee”, é um conflito sem quartel e que impressiona imenso o espectador. À semelhança da primeira película, o conflito não é corporizado em gloriosos “stand off” à John Woo ou batalhas infernais onde as saraivadas de balas ditam a lei. Os confrontos são travados com argúcia e engenho, onde as movimentações nos bastidores do crime e as jogadas políticas marcam o passo. E quando se passam a coisas mais sérias, de um ponto de vista de acção, a mesma é exposta de uma forma crua e fria, mas muito mais palpável e realista. A tensão é enorme, pois sentimos que apesar de muito do que nos é apresentado passar pelo jogo duplo da traição, a presença do “banho de sangue” está sempre presente e poderá emergir a qualquer momento. Não existem causa justas, ou qualquer espaço para a moralidade. O que subjaz passa apenas por conseguir os objectivos, e usar as pessoas como meros peões para a obtenção do prémio máximo. “Os fins justificam os meios”, já dizia Nicolau Maquiavel, e “Eleição 2”, encarna muito bem esta premissa. Tanto “Lok”, como “Jimmy Lee” não vão em pruridos, e dá-se um autêntico embate de gigantes onde, inevitavelmente, só um poderá sobreviver.
"Lam Lok, rodeado dos membros da tríade"
À semelhança igualmente do primeiro filme, em “Eleição 2” não existem heróis, embora se reconheça alguma simpatia não desmedida pela causa interesseira de “Jimmy Lee”. No meio de tanto fora-da-lei, sempre se poderá tomar algum partido. Contudo, não repugnará que alguns fiquem do lado de “Lok”, desafiando as tradições instituídas e criticando os motivos de “Jimmy Lee” no ataque à liderança. No meio de tanta amoralidade, e alguma imoralidade, com certeza que eventualmente haverá algum partidário da lei e da ordem, que pugnaria pela extinção completa da tríade Wo Sing, e das suas actividades criminosas. Mas esta questão é claramente secundária. O que interessa é que, mesmo sem conhecimento prático de causa, é minha firme convicção que Johnnie To conseguiu capturar o verdadeiro espírito da vivência das tríades, tornando a saga “Eleição”, um documento de reputável interesse.
“Eleição 2” continua o bom trabalho evidenciado na primeira obra, e um dos seus grandes méritos foi não cair na tentação que muitas sequelas infelizmente prosseguiram. Ambos os filmes foram provavelmente os maiores feitos do género “tríade” dos últimos anos. Não caem na tentação da violência fácil. Outrossim, tentam nos imbuir num espírito mais realista no sentido de percebermos o que realmente são as organizações do submundo de Hong Kong e o seu impacto na sociedade. Por outra via, To teve o condão de reunir um grupo de actores que perceberam efectivamente qual o espírito da película e a interpretam muito bem. No caso particular de Louis Koo, estamos perante um dos melhores papéis da carreira do actor. No fim, só resta declarar que a mensagem da primeira película, mantém-se essencialmente a mesma. Há quase sempre alguém que nos suplanta em algo, assim como, de uma forma ou outra, todos somos vítimas dos nossos próprios desígnios. Nas tríades, pelos vistos e em razão da sua natureza intrínseca, estas realidades têm um campo natural de aplicação!
A ver, juntamente com “Election”, num “2 em 1” eivado de qualidade!
The Internet Movie Database (IMDb) link
Avaliação:
Entretenimento - 8
Interpretação - 8
Argumento - 8
Banda-sonora - 8
Guarda-roupa e adereços - 8
Emotividade - 8
Mérito artístico - 8
Gosto pessoal do "M.A.M." - 8
Classificação final: 8
Publicada por
Jorge Soares Aka Shinobi
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7:00 da tarde
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Etiquetas: Andy On, Eddie Cheung, Gordon Lam, Hong Kong, Johnny To, Lam Suet, Louis Koo, Mark Cheng, Nick Cheung, Simon Yam, Tam Ping Man, Thriller, Wong Tin Lam, You Young
segunda-feira, julho 27, 2009
Beldades do Cinema Asiático - Miho Kanno
Publicada por
Jorge Soares Aka Shinobi
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8:34 da tarde
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Etiquetas: Beldades do cinema asiático, Miho Kanno
sábado, julho 25, 2009

"Mika e Daigo"
Sinopse
“Daigo Kobayashi” (Masahiro Motoki) é um violoncelista profissional, que toca numa orquestra de Tóquio. As audiências das actuações são cada vez menores, e chega o dia em que o grupo de músicos é desmantelado. Desempregado e com um violoncelo de 180 milhões de ienes para pagar (cerca de 136.000 euros!!!), “Daigo” vê-se obrigado a devolver o instrumento que era um sonho de uma vida. Sem objectivo imediato na capital, decide partir acompanhado pela sua mulher “Mika” (Ryoko Hirosue) para Sakata, Yamagata, a terra onde nasceu.
Ao consultar os classificados de um diário, “Daigo” fica animado com o anúncio de um emprego que parece promissor. Trata-se de uma estabelecimento que lida com “partidas”, e “Daigo” fica firmemente convencido que se trata de uma agência de viagens. Cedo, o protagonista tem uma desagradável surpresa, pois o que está em causa é a despedida do mundo. O objecto da firma em questão, a “NK Agent”, consiste em proceder a uma cerimónia em frente dos membros da família do falecido, que passa por embelezar e tornar apresentável o cadáver, antes de o mesmo ser depositado no caixão.
"Daigo, acompanhado pelo mestre Sasaki"
"Review"
Na edição dos óscares de 2008, o favorito para ganhar na categoria “melhor filme estrangeiro” era sem dúvida “Waltz With Bashir”, o candidato de Israel. Para além do “frisson” todo gerado à volta desta película, havia o quase determinante facto de a mesma ter sido a vencedora na categoria de melhor filme estrangeiro, nos “Globos de Ouro”, considerados com propriedade a antecâmara dos óscares. Foi pois, com alguma surpresa, que o vencedor do galardão da academia seria “Okuribito”, uma longa-metragem japonesa que nem sequer tinha defrontado o filme israelita na “pool” derradeira dos “Globos”. A vitória de “Okuribito” constituiu um grande feito para o cinema nipónico, pois foi o primeiro filme japonês a vencer esta importante distinção. É certo que em 1955, “Samurai I: Musashi Miyamoto”, de Hiroshi Inagaki, tinha obtido um prémio honorário da academia que visava honrar a melhor película estrangeira. Mas o que é certo é que a categoria só viria a ser oficialmente reconhecida no ano seguinte. Quanto à surpresa pelo facto de “Okuribito” ter ganho o galardão referenciado, esta sensação só ocorrerá para quem ainda não visionou o filme.
Remotamente baseado na obra “Coffinman: The Journal of a Buddhist Mortician”, “Okuribito” demorou, imagine-se, dez anos a ser filmado! Durante todo este tempo, o actor Masahiro Motoki estudou os rituais de preparação do cadáver tendo em vista a sua inumação, assim como aprendeu a tocar o violoncelo de uma forma bastante competente. Por sua vez, o realizador Yojirô Takita, assistiu a várias cerimónias fúnebres, de forma a tentar perceber melhor a consternação das famílias dos falecidos. Pelo facto dos aspectos relacionados com a morte e os funerais serem uma espécie de tabu no Japão, Takita confessou que ficou um pouco reticente quanto à receptividade do filme perante o público. Embrenhando-me um pouco mais numa das temáticas principais desta obra, todos nós temos um pouco a noção que o país do sol nascente é uma terra de rituais. “Okuribito” foca-se num dos seus costumes mais fascinantes, a arte do Nokanshi, um profissional cuja função é, como já acima induzi, preparar o corpo antes de ser colocado dentro do caixão. É deveras fascinante observar os nossos Nokanshi, “Daigo” e o mestre “Sasaki”, a exercerem o seu ofício. Uma tarefa que não tem nada de simples, é exercida com um cuidado e uma elevação espantosa. Podemos observar os homens com uma indelével delicadeza, a limpar e a vestir o corpo dos falecidos. Trata-se de uma espécie de cerimónia refinada, praticada com movimentos elegantes, que verdadeiramente transmitem compaixão e um enorme respeito pelo ser humano e a sua memória. Com a sua arte muito própria, sentimos que o Nokanshi consegue dar um semblante de vida ao falecido e uma alegria aos seus seres amados.
Sendo um misto extremamente bem equilibrado de muito drama e alguma comédia, “Okuribito” é uma película quase infinitamente enternecedora, que merece algumas lágrimas derramadas (algumas foram-me confessadas) durante o seu visionamento. Está longe de ser uma obra “lamechas” ou de sentimento artificial. Constitui, isso sim, um desfilar de sentimentos tão díspares, mas ao mesmo tempo muito caros e próximos de qualquer ser humano que se preze como tal. Neste particular, e acreditem que para quem me conhece é um grande elogio, apenas “Cinema Paraíso” e mais meia-dúzia de películas me fizeram sentir assim. Ninguém consegue ficar indiferente à forma como o realizador Yojirô Takita, expõe brilhantemente o drama pessoal de “Daigo” no exercício de uma profissão supostamente desonrada, ou a dor progressiva e atroz, até à rendição total, que os familiares sentem à medida que os seus entes queridos são preparados para a derradeira viagem. E o culminar de tudo chega com o significativo epílogo, em que nos curvamos totalmente quão muro já carcomido que é finalmente derrubado. Parafraseando uma pessoa com a qual troquei impressões acerca do filme, “é um filme que fala sobre a morte, mas que diz muito sobre a vida.” (Rodrigo C. Palma dixit).
Os restantes aspectos artísticos de “Okuribito” são, à falta de melhor expressão, um sonho. A banda-sonora é de uma qualidade extrema, a que não será alheio o facto de ter sido um trabalho com a marca de Joe Hisaishi. O compositor tem um currículo enormíssimo, tendo arquitectado o som que ouvimos em vários filmes desde os anime de Miyazaki, passando pelas películas de Kitano, entre muitas mais, num conjunto de cerca de setenta registos. No caso particular de “Okuribito”, Isaishi aplicou-se ao máximo e destaca-se no seu trabalho, o som do violoncelo que penetra no âmago das nossas pessoas, exteriorizando exemplarmente a aura desta longa-metragem. À medida que escrevo este texto, vou ouvindo-a, enterneço-me ainda mais, o que me faz perder um pouco alguma objectividade que é necessária quando opinamos acerca de um filme. Por sua vez, a fotografia é belíssima, onde predominam as paisagens invernosas, num misto de cinzento e branco, que anuncia um pouco a tragédia, o saudosismo e a tristeza.
Os actores destilam sobriedade, competência e acima de tudo são autênticos. Já tinha aludido ao esforço enorme que o actor Masahiro Motoki dispendeu na preparação para a sua personagem. Imagino que não será nada fácil embrenhar-se no mundo dos Nokanshi, ou a aprender a tocar um instrumento como o violoncelo. Para além destes aspectos, Motoki convence-nos da sua vergonha inicial pela profissão, da sua escondida dedicação pela esposa, mas acima de tudo pelo seu fenomenal desempenho nas cenas em que tem de exercer o seu ofício e na paixão que começa a ganhar pelo mesmo. A actriz Ryoko Hirosue é um encanto, e possui um dos sorrisos mais queridos que já vi. A sua serenidade e acima de tudo a maneira como exterioriza o apoio e preocupação pelo bem-estar do marido é algo de bastante assinalável. Destacaria igualmente o veterano Tsutomu Yamazaki, no papel do mestre “Sasaki”. O seu ar rezingão, mas orgulhoso de “Daigo”, e as experiências que vive com o jovem, provocam dos momentos mais cómicos e desafogados do filme, mas também dos mais introspectivos e com mais significado. Por vezes, assume o papel do conselheiro e, porque não dizê-lo, do pai que “Daigo” tanto recrimina, mas que lhe fez falta na vida , tratando-se de um aspecto que lhe revestiu a personalidade de algum ressentimento.
Que dizer mais? Apenas que “Okuribito”, mais do que um marco, é um grande triunfo do cinema japonês. Facilmente considero-o um dos melhores filmes que tive a felicidade de ver nos últimos anos. Posso dizer que raramente vejo uma película até acabar o genérico. De atordoado, só despertei quando o leitor voltou ao menu inicial...
Um pecado mortal se não o verem!
The Internet Movie Database (IMDb) link
Outras críticas em português/espanhol:
Avaliação:
Entretenimento - 8
Interpretação - 9
Argumento - 9
Banda-sonora - 10
Guarda-roupa e adereços - 9
Emotividade - 10
Mérito artístico - 9
Gosto pessoal do "M.A.M." - 9
Classificação final: 9,13
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Jorge Soares Aka Shinobi
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6:42 da tarde
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Etiquetas: Drama, Hiroyuki Kishi, Japão, Kazuko Yoshiyuki, Kimiko Yo, Masahiro Motoki, Mitsuyo Hoshino, Miyuki Koyanagi, Ryoko Hirosue, Takashi Sasano, Tarô Ishida, Tsutomu Yamazaki, Yojirô Takita
Beldades do Cinema Asiático - Jeon Do-yeon
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Jorge Soares Aka Shinobi
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6:31 da tarde
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Etiquetas: Beldades do cinema asiático, Jeon Do-yeon
terça-feira, julho 21, 2009
Banda-sonora de Okuribito - Memory
Amei a música e o filme! É por estas e outras razões que não consigo viver sem cinema.
O próximo texto aqui no "My Asian Movies" é sobre "Okuribito - Departures", e posso desde já adiantar que a opinião é muito, mas mesmo muito, positiva!
Publicada por
Jorge Soares Aka Shinobi
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8:59 da tarde
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sexta-feira, julho 17, 2009
Quiz: Que personagem do cinema asiático és tu?
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Jorge Soares Aka Shinobi
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12:22 da tarde
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Etiquetas: Devaneios