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segunda-feira, dezembro 17, 2007

The Moon Warriors/Zhan shen chuan shuo - 戰神傳說 (1992)

Origem: Hong Kong

Duração: 85 minutos

Realizador: Sammo Hung

Com: Andy Lau, Anita Mui, Maggie Cheung, Kenny Bee, Kelvin Wong, Yi Chang, Chin Kar Lok

"Fei"

Estória

O governante “13º príncipe Yen” (Kenny Bee), é destronado pelo seu irmão maléfico, o “14º príncipe” (Kelvin Wong), sendo obrigado a fugir com os seus apoiantes, de onde se destacam “Hsien” (Maggie Cheung). Tendo caído numa emboscada a meio da floresta, “Yen” vê-se em apuros, mas é salvo devido à intervenção de “Fei” (Andy Lau), um pobre e gentil pescador, com grandes habilidades nas artes marciais e que possui como melhor amigo uma orca chamada “Wei”.


"O 13º príncipe Yen"

Necessitando desesperadamente de ajuda, “Yen” pede a “Fei” que vá ao encontro do imperador aliado “Lam Ning” (Yi Chang) e da sua filha “Yuet” (Anita Mui), tendo em vista a união de esforços contra o “14º príncipe”. “Fei” não evita apaixonar-se por “Yuet”, mas o seu amor é impossível, pois a princesa está noiva de “Yen” desde tenra idade.

Quando o “14º príncipe” descobre onde o seu irmão está refugiado, congrega as suas forças para dar a estocada final. A derradeira batalha pelo domínio do reino irá começar, e cabe a “Fei” ajudar “Yen” a sair vitorioso.

"Yuet e Hsien"

"Review"

Dotando-se de uma equipa técnica e de um “cast” bastante apelativo, o lendário Sammo Hung despe a capa de mestre e actor emblemático das artes marciais, e mais uma vez decide tentar a sua sorte na realização, aventurando-se desta vez no mundo do “Wuxia”. A premissa da estória está longe de ser uma novidade no género, ou seja, um monarca bondoso é destronado por um ente familiar do pior que existe; é ajudado por um homem simples mas uma verdadeira máquina com um sabre na mão; existe um triângulo (ou melhor um quadrado) amoroso pelo meio, mas que a honra impede que vá muito além; entretanto o vilão aparece para o confronto final, e pois…já estamos conversados! O desenrolar da trama é bastante típico dos “wuxias” dos anos ’90, com as falhas argumentativas do costume, umas mais evidentes do que outras. Mesmo assim, sempre lá aparece umas frases mais significativas pelo meio, e que nos ficam na memória. Neste caso em concreto, ficar-me-á mais gravado a explicação dada por “Fei” à princesa “Yuet”, acerca da razão pela qual os campos por onde passam serem bastante floridos. As flores têm tendência a nascer profusamente nos sítios onde descansam os restos mortais de muitos seres.

Um dos elementos distintivos desta película em relação às congéneres, passará pelo carácter marcadamente romântico pela qual a mesma envereda, e que apenas detém um rival à altura nas cenas de luta. É certo que os “wuxias”, em regra, têm um pendor que se reconduz bastante a este aspecto mais sentimental, e que se pensarmos bem, constituirá uma marca distintiva do género, em conjunto com o habitual “glamour” heróico e o extremo uso dos guindastes nas cenas de luta. No entanto, sou obrigado a admitir que “Moon Warriors” acentua mais do que o normal esta veia trágica, e que porventura não me admiraria que os seus comparsas do século XXI fossem buscar inspiração em parte a esta longa-metragem. Há que dar o mérito a algo, e “Moon Warriors” indubitavelmente merecerá algum.


"O perigo vem das alturas"

Quanto às lutas, garanto que os fãs do género, nos quais me incluo, não sairão defraudados. E tendo por responsáveis pelas cenas de acção os aclamados Ching Siu Tung e Corey Yuen, para além da inevitável contribuição de Sammo Hung, nada menos que bom seria de esperar. Os combates são de tirar a respiração, tal o envolvimento e a fúria que é posta no ecrã pelos intervenientes. Claro que poderá ser afirmado que os verdadeiros intervenientes nos combates não serão os actores principais, até pelo facto de Andy Lau, Anita Mui ou Kenny Bee, por exemplo, não serem reconhecidos praticantes de artes marciais. Contudo, posso declarar que as lutas em nada ficam a dever a outras películas do género, superando bastante a maior parte das mesmas. Uma “nuance” fora do comum passará pela intervenção de “Wei”, a orca que é a mascote de “Fei”.É que ela também intervém num combate, ao sair da água e acertar com a cauda na cara do infame “14º príncipe” (ninguém percebeu que era feita de borracha, eh, eh, eh!), fazendo com que estejamos perante uma espécie de “Free Willy” das artes marciais!?. Embora seja de saudar a intenção da cena, pois a amizade da personagem de Andy Lau com o animal é uma vaga de ar fresco nesta categoria de filmes, sempre se poderá dizer que soou um tanto ou quanto ridículo! Os cenários e as paisagens ajudam imenso ao meu gosto pela película. “Moon Warriors” é, sem margem para dúvida, um dos “wuxia” mais agradáveis à vista. A vila piscatória está muito bem concebida, o túmulo da família “Yen” fenomenal, e tudo muito bem complementado pelas costumeiras florestas de bambu e pelos campos povoados de belas flores.

Como epílogo deste texto, deixo apenas mais duas curiosidades que de certa forma me espantaram, mas depois de reflectir até fizeram algum sentido. A primeira passará pelo facto de George Lucas ter supostamente afirmado que de entre os vários filmes que se inspirou para fazer a mais recente trilogia de “A Guerra das Estrelas”, uma delas foi “Moon Warriors”. A segunda passará por alegadamente existir um epílogo em que a personagem interpretada por Andy Lau falece. Pelos vistos, o filme com este fim foi passado para uma plateia que se desmanchou em lágrimas, e protestou de tal forma, que o mesmo foi retirado.

“Moon Warriors” merece um lugar destacado na vaga de “Wuxia” de Hong Kong, que muito foi acentuado nos anos ’90, embora normalmente se tenha a tendência a elevar filmes como “Swordsman II” ou “New Dragon Gate Inn”. Constitui um esforço digno de Sammo Hung como realizador, e já agora, é uma oportunidade para vermos uma senhora chamada Anita Mui, um ícone de Hong Kong, e que infelizmente já não nos faz companhia neste mundo, tendo vindo a falecer no dia 30 de Dezembro de 2003, devido a um cancro.

"Fei com a sua mascote e amigo, a orca Wei"

Trailer, The Internet Movie Database(IMDb) link

Outras críticas em português:

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 7

Argumento - 6

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,38





6 comentários:

Nuno disse...

Jorge,

Confesso que não conheço a obra de
Sammo Hung como realizador...e mesmo como actor vi pouco . Pelos visto não perdi grande coisa, pelo menos este que analisaste não me parece que o tenhas como uma obra-prima e me aconselhes a comprar.

Um Abraço

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Não é nenhum Yimou, com certeza!
Valerá apenas adquiri-lo se fores um fã dos "wuxia" dos anos '90, tipo a saga "Swordsman", "New Dragon Gate Inn", e afins. Dentro do seu segmento é um filme bastante razoável, mas julgo que não o apreciarias muito!

Mesmo assim, se decidires arriscar, nunca a um preço superior a € 5,00, ou então, sacá-lo da net!

Grande abraço!

Nuno disse...

Jorge,

Não desgosto do género "wuxia", e não tenho problemas em assumir que gosto daqueles filmes (feitos à pazada ) do Yuen Chor e do Chang Cheh ( são todos iguais) que devem estar para o Cinema Asiático como as fotonovelas de Corin Tellado estavam para a literatura (já não é do teu tempo, és um puto) principalmente aqueles realizados na década de 70 e princípio de 80. Eu acho que têm alguma piada por isso mesmo...serem da década de 70, com cenários "que até parecem verdadeiros"... com heróis quase imortais, autênticos atletas do salto em altura ( qualquer salto com menos de 5 metros é para crianças ) com armas que nem lembra ao diabo.... Não tenho problemas em dizer que tenho uns quantos filmes dessses...e me diverti ao vê-los.

Abraço

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Então sou obrigado a reformular o meu comentário anterior.

Por lapso, estava convencido que a tua "onda", passe a expressão e com as devidas excepções, reconduzia-se mais aos dramas de Wong Kar Wai e Kim Ki-duk, ao novo "wuxia" (q colhe mais a minha preferência), assim como às obras do trio grande de japoneses (Kurosawa, Mizoguchi e Ozu).

Eu tb. tenho alguns filmes do período que mencionaste, e não tenho problemas nenhuns com isso, até pq. os mesmos, à sua maneira, têm uma beleza própria que não é de desprezar, assim como entretêm bastante. Aliás, um dos meus "wuxia" preferido e que constitui um marco para tudo o que se fez a seguir é "A Touch of Zen" (1969), do realizador King Hu.

Mesmo assim, "Moon Warriors", apesar de ir buscar influências aos "wuxia" dos anos '70 e '80, tem as características próprias da sua época. Portanto, se gostaste de filmes como a saga "Swordsman", "New Dragon Gate Inn", "Butterfly & Sword" e afins, julgo que não sairás defraudado do filme, pois é um bom representante do género. Se pelo contrário, não foram assim tanto do teu agrado, é de evitar completamente.

Abraço!

PS: Nunca ouvi falar de Corin Tellado...mas quanto às fotonovelas tenho a longínqua ideia de as ver à venda em algum sítio (tens razão, sou um puto, eh, eh, eh!).

Nuno disse...

Jorge,

Acertaste em cheio nos meus gostos preferenciais do cinema asiático: os dramas de Wong Kar Way e Kim Ki Duk, os filmes de Yimou Zhang e dos sensacionais Kurosawa, Mizoguchi e Ozu. Estes são, para mim, "La creme de la creme" mas há outro tipo de filmes que me divertem, e um desses é o Wuxia... dos anos 70 e 80.

P.S. Corin Tellado é uma escritora asturiana de novelas romanticas, provavelmente a mais famosa da década de 60 e 70, cujos novelas eran adaptadas a "fotonovelas", que era um tipo de literatura com grande sucesso naquela época. Depois vieram as radionovelas (não sei se chegaste a ouvi-las) e por fim as Telenovelas... Não te esqueças que é a escritora espanhola mais lida no mundo, depois de Cervantes... Entrou no Guiness de Recordes em 1994 como a autora mais vendida em língua castellana. As fotonovelas (que existiam lá em casa quando era eu miúdo) era do mais "piroso" que possas imaginar, mas era muito popular, fácil de ler, tinha as fotos que faziam com que a imaginação não fosse tão necessária porque identificavas o Francisco a Maria e a Amante... e eram baratas. Só não lia quem não queria...e havia algumas revistas que traziam episódios....tinhas que comprar a revista segunte.

Que grande enchimento levaste...rsrsrsrsrsrsrss. Desculpa lá, não volta a acontecer...lol

Abração

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Fiquei completamente esclarecido, eh, eh, eh!

Quanto ao enchimento, não te preocupes. Escreve à vontade!!!

Abração!