"MY ASIAN MOVIES"マイアジアンムービース - UM BLOGUE MADEIRENSE DEDICADO AO CINEMA ASIÁTICO E AFINS!!!

quinta-feira, novembro 27, 2008

Realizador Asiático Preferido - Votação

Apresento-vos mais um realizador asiático, sujeito ao vosso escrutínio no quadro de votações mais abaixo à direita. Não custa relembrar que podem escolher mais do que uma opção, antes de clicarem e submeterem o(s) vosso(s) voto(s). Igualmente podem sugerir outros nomes para serem postos a votação.
Shuji Terayama

Informação

Filmografia enquanto realizadores (caso exista alguma crítica, o título estará assinalado a cor vermelha. Para aceder ao texto , basta clicar):

  1. The Cage (1964)
  2. Emperor Tomato Ketchup (1971)
  3. The War of Jen-Ken-Pon (1971)
  4. Throw Away You Books, Rally in the Streets (1971)
  5. Young Person's Guide to Cinema (1974)
  6. Pastoral: To Die in the Country (1974)
  7. Hoso-tan (1975)
  8. Labyrinth Tale (1975)
  9. Les Chants de Maldoror (1977)
  10. The Eraser (1977)
  11. The Boxer (1977)
  12. Private Collections (1979)
  13. Les Fruits de la Passion (1981)
  14. Video Letter (1983)
  15. Grass Labyrinth (1983)
  16. Farewell to the Ark (1984)


4 comentários:

Anónimo disse...

O Terayama vai muito além de um mero realizador. Ele é sobretudo um multifacetado artista que expõe nos seus filmes esses seus delirios e provocações numa visão que eu diria verdadeiramente única no cinema nipónico! Trata-se de facto de uma figura impar (ninguém se exprime daquela forma) capaz de nos desafiar com as suas tenebrosas "curtas" ou até mesmo de nos chocar e violentar com a sua infame obra "Emperor Tomato Ketchup".
Um esteta excêntrico e libertador que atinge o pico da sua filmografia com as suas duas obras-primas, tanto nessa surrealizante jornada "Pastoral: To Die in the Country", como nessa caótica narrativa em "Throw Away You Books, Rally in the Streets" que como o titulo denuncia possui uma fúria contagiante que se materializa em episódios surreais e desafiantes estímulos sociais, politicos e culturais! Conta ainda com uma das mais brilhantes OST´s de sempre!!
Mais tarde uma obra maldita, "Fruits of Passion", uma verdadeira orgia (a todos os niveis) com apenas alguns fogachos do seu génio que não sobrevivem no entanto a tão disforme projecto.
"Grass Labyrinth" uma "média-metragem" ainda preenchida por algum desse universo mais brilhante - nomeadamente do Pastoral - e como último sopro mais uma delirante meditação com "Farewell to the Ark"
Podem palmilhar o que quiserem que jamais encontrarão no cinema nipónico um génio com tão profundo e sobretudo singular modo de expressão!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá tf10!

De facto reparei que Terayama é extremamente multifacetado no que toca à arte em geral. É mais um dos vários realizadores japoneses que tu e o Miguel Patrício sugeriram aqui, que vou ter de descobrir. Aliás, devido às vossas sugestões, já tenho na prateleira algumas coisas para ver :) !

Abraço!

Miguel P. disse...

Primeiro uma indicação subjectiva por respeito à pessoa em causa: Terayama é o artista que recentemente mais me tem marcado, revelado, e cunhado com visões de espelho, reflexos de que a linguagem do próprio pode ser simultaneamente linguagem colectiva.

De facto, o título de realizador é mero acidente no percurso de Terayama Shuji. Especialista em fundir diversos media, Terayama é antes do mais, um dramaturgo e um poeta apaixonado pelo caos e obcecado com imagens de crianças face à diacronia perversa, que as obriga a crescer e (falando nos seus modos) a "ver, num cemitério, que a os homens morrem". Assombrado pela figura materna (real e simbolicamente), Terayama joga toda a sua existência nos objectos que produz, recria biografias prepositadamente mal-contadas para poder, enfim, escapar ao trauma sexual que percorre toda a sua vida, e que figura na sua obra como violações, ataques sexuais em cenários escatológicos, metade oníricos, metade reais .

Tudo nos leva a crer que o carácter do corpo artístico de Terayama é inteiramente subjectivo, na senda do artista que olha seu umbigo e nada mais. Mas Terayama não é inteiramente autista, porque esse trauma latente impulsiona o ridículo como auto-defesa. Defensor inato da "experiência mística" do teatro Artaudiano da crueldade, Terayama e o (seu) teatro Tenjo Sajiki tinham o solene objectivo de "instigar, propagar fantasia colectiva" (do manifesto). E é justamente isso que o seu cinema (como tudo o resto) também faz. Desde violações dentro e fora do ecrã com "Emperor Tomato Ketchup" e "Fruits de la Passion", passando pelas suas curtas-metragens experimentais, chegando a obras-primas como "Throw away..", "Pastoral: To Die in the Country" e "Farewell to the Ark", o objectivo do cinema de Shuji Terayama é não só resolver as suas questões ultra-pessoais, como trazer-nos a nausea do desespero, ridicularizar o mundo inteiro (porque ele não tem, essencialmente, nenhum sentido). É desta forma que "os outros" em Terayama (e, num dos seus manifestos teatrais, ele cita Sartre: "o inferno são os outros")são objectos de um colectivo que urge em se libertar, através da imaginação, capacidade sagrada de nos evacuarmos do real, esse inteiramente demoníaco, desmistificado e mecânico (como esquecer as imagens do martelo, dos pregos, nas suas obras...).

Como meu artista de eleição (e realizador também, por arraste), Shuji Terayama é a revelação que nos chama para revivermos estados adormecidos e anestesiados. E porque a infância é o lugar predilecto da não-identidade (porque, justamente, se pode ser tudo), essa obra de que vimos falando é extremamente ambígua, causando em nós uma inquietante redescoberta de fabulosas cegueiras. Como poeta, dramaturgo, cineasta e tudo o mais, foram esses estados esquecidos (reprimidos pelo tempo e pela sociedade, como ele bem refere nos seus escritos) que Terayama abraça. É nesse caos insolúvel e constante que Terayama vive e nos quer sugar.

(posto isto, ficava ele com um dos meus votos).

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Olá Miguel!

Percebe-se pelo texto, o que este realizador significa para ti! Aconselhava, na minha humilde opinião, que estes e outros fossem publicados no "Retroprojecção".

Abraço!