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terça-feira, fevereiro 05, 2008

Era Uma Vez na China III Aka O Sonho do Guerreiro/Once Upon a Time In China III/Wong Fei Hung ji saam: Si wong jaang ba – 黃飛鴻之三獅王爭霸 (1993)

Origem: Hong Kong

Duração: 107 minutos

Realizador: Tsui Hark

Com: Jet Li, Rosamund Kwan, Lau Shun, Max Mok, Xiong Xin Xin, Paul Wakefield, Hung Yan Yan


"Wong Fei Hung"

Estória

“Wong Fei Hung” (Jet Li) viaja até Pequim, acompanhado do seu interesse romântico, a prima “Yee” (Rosamund Kwan), e do seu fiel discípulo “Lung Foon” (Max Mok). A sua intenção é rever o pai, o mestre “Wong” (Lau Shun).

Cedo os problemas começam a acontecer, com Fei Hung a ver-se envolvido numa disputa entre escolas de kung-fu, que almejam controlar o mundo das artes marciais. Para piorar ainda a situação, um diplomata russo chamado “Tomanski” (Paul Wakefield), começa a assediar a prima “Yee”, provocando desta forma os ciúmes de “Fei Hung”.


"Wong Fei Hung e a prima Yee"

“Tomanski” revela não ser tão dócil e bem intencionado quanto parece, pois está envolvido numa tentativa de assassinato dirigida ao primeiro-ministro chinês. Cabe mais uma vez a “Fei Hung” tentar salvar o dia, impedindo para o efeito o crime que “Tomanski” está a planear. Igualmente convirá dar o passo decisivo na relação com a prima “Yee”, assim como vencer o torneio da dança do leão, organizado pela imperatriz.


"Fei Hung em luta contra as escolas de kung fu rivais"


"Review"

É sempre um grande risco fazer uma sequela de um filme, porquanto as comparações com a película que iniciou a respectiva série serão inevitáveis, levando a primeira longa-metragem normalmente a melhor. Quando enveredamos por um verdadeiro “franchising”, composto por 6 filmes, o risco multiplica-se exponencialmente, e muito provavelmente iremos nos aperceber que a fórmula está gasta, não valendo a pena continuar.

Surpreendentemente, Tsui Hark teve o grande mérito de fazer com que as películas da saga “Era Uma Vez na China” mantivessem uma certa frescura, e que à medida que ia aparecendo um novo filme, igualmente existisse algo de renovador e que fixasse o interesse. E é por esta razão que “Era Uma Vez na China III” consegue ser um filme razoável, e que nos prende um pouco a atenção. É certo que não se pode comparar aos primeiros dois episódios da saga, mas sempre se aproveita alguma coisa.

O pano de fundo histórico continua a ser o mesmo. Estamos perante uma China que se está a abrir para as potências ocidentais, em nome da modernização. No entanto, as grandes potências mundiais da altura, pretendem na realidade dominar o país e aproveitar ao máximo as riquezas e a mão-de-obra que o mesmo tem para oferecer. Isto leva às naturais clivagens sócio-culturais, e os sentimentos nacionalistas florescem. Como já foi aludido aquando da crítica ao primeiro e segundo filme, a saga “Era Uma Vez na China” tem um pendor fortemente nacionalista, usando para o efeito um dos principais heróis populares chineses, Wong Fei Hung. Desta vez, são os russos que andam a urdir conspirações e para aumentar um pouco o interesse, os chineses têm acesso pela primeira vez a mais uma inovação tecnológica, a máquina de filmar.



"Fei Hung Vs. Pernas de Trovão"

Vamos agora ao renovador, as lutas. É certo que mantêm o mesmo pendor tradicional, sustentado por cabos e por acrobacias impossíveis. No entanto, o que é interessante é que sempre se consegue inovar qualquer coisa, dentro do já previamente estabelecido. E neste filme, Tsui Hark resolveu usar e abusar da espectacular dança do leão para introduzir mais alguns golpes dignos de se ver, reinventando assim, de alguma forma, o estilo. Jet Li aparece numa forma espectacular, e longe de qualquer repreensão no que toca à parte mais física da actuação. De facto, no que toca às artes marciais, os anos ’90 foram sem dúvida a época de ouro do actor. Favorece muito o espectro da acção, a participação do actor Xiong Xin Xin, que apesar de não ser dos intérpretes mais conhecidos no que toca ao cinema asiático, é fabuloso nas cenas de kung-fu. Gostei imenso do seu papel em “The Blade”, e aqui o homem volta a demonstrar que tem uns excelentes golpes para vender, e um jogo de pernas do melhor que há. Aqueles pontapés são demais!

Outro factor de extremo interesse e que causa alguma pasmo, tem a ver com a relação romântica mantida entre “Fei Hung” e a prima “Yee”. Existe um evoluir considerável, fazendo com que “Fei Hung” perca a timidez e finalmente decida avançar para o casamento. A pressão exarada pelo vilão “Tomanski” contribui para o facto. O que é verdadeiramente de nos deixar siderados é que “Fei Hung” é beijado na boca pela prima “Yee”! Porquê que o espanto é tanto? Meus amigos, em quantos filmes vocês se lembram de ver Jet Li a ser mais audaz nas cenas mais apaixonadas? O homem é extremamente púdico nestas questões, e as más-línguas costumam afirmar que a influência da esposa Nina Li não é alheia a este facto. Mas quando nos deparamos com Rosamund Kwan a “espetar” um “chocho” na boca de Li, a surpresa emerge automaticamente.

Oferecendo-nos mais uns grandes momentos de artes marciais, “Era Uma Vez na China III” é indicado para os fãs do género, em especial para aqueles que apreciam o trabalho de Tsui Hark nesta saga que viria a marcar uma posição incontornável no espectro de Hong Kong.



"A dança do leão"

Trailer, The Internet Movie Database (IMDb) link

Avaliação:

Entretenimento - 8

Interpretação - 7

Argumento - 6

Banda-sonora - 7

Guarda-roupa e adereços - 8

Emotividade - 8

Mérito artístico - 8

Gosto pessoal do "M.A.M." - 7

Classificação final: 7,38




4 comentários:

Nuno disse...

Caro Jorge,

Como já sabes vi a triologia (sei agora que afinal são 5) e o facto é que me diverti com os 3 filmes. Não sou um grande admirador do Jet Li, mas nestes fimes e em início de carreira, não esteve mal. Sempre gostei deste tipo de filmes "Wuxia". Divertem-me, e algumas vezes é necessário que os filmes ...só nos divirtam (sem terem que ser comédias), que não seja obrigatório deixarem-nos grandes mensagens e porem-nos a pensar durante 3 semanas seguidas.
Este é um dos filmes que me divertiu, e do qual já nem me lembrava bem da estória... foi preciso a tua magnífica análise( mais uma) para relembrar-me. Necessito disto... de vez em quando.

Um Abraço
Nuno

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

Sem dúvida Nuno! Por vezes sabe muito bem ver filmes que não nos obriguem a grandes esforços mentais, e que visem sobretudo nos divertir.

A saga "Era Uma Vez na China", da qual este filme faz parte, é das que nos oferecem um grande entretenimento. Gosto de ver Jet Li neste tipo de filmes, que marcaram imenso a sua carreira em Hong Kong.

Um grande abraço!

PS: São 6 filmes, Nuno. 4 protagonizados por Jet Li e 2 por Vincent Chiu.

Anónimo disse...

Nunca tive motivação para ver esta saga e acho que isso se deve a três aspectos: não sou particular fã de Jet Li; já sabemos que Tsui Hark é capaz do melhor e do pior (apesar de não serem todos dele); e em regra geral estas "séries" vão diminuindo de qualidade de filme para filme!

Abraço!

Jorge Soares Aka Shinobi disse...

A saga é sobretudo um bpom entretenimento, e que toca em alguns aspectos históricos bastante interessantes. É interessante a abordagem que é feita aos mesmos, assim como os mecanismos de defesa que a cultura chinesa arranja para se defender face à influência ocidental.

No entanto, temos de conceder que a qualidade vai diminuindo de filme para filme, embora este terceiro episódio ainda se aproveite alguma coisa.

Quanto a Jet Li, sou admirador do seu trabalho, essencialmente na sua carreira de Hong Kong (a de Hollywood achei infeliz), sendo um actor incontornável. Muito provavelmente é o grande ícone do cinema de artes marciais actualmente. Claro que para quem não gosta do género, Jet Li será um actor sofrível. Relativamente a Tsui Hark, embora reconheça a sua grande importância no cinema asiático, não aprecio muito a sua obra. Provavelmente a grande excepção será os filmes que realizou nesta saga e pouco mais.

Abraço!